Dante - Em busca da redenção...

By MainyCesar

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Dante Voyaller, mais conhecido como dragão de Veneza, herdeiro e chefe da máfia Italiana, não mede esforços p... More

Esclarecendo dúvidas
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 1 (Parte 2)
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 4 (Parte 2)
Capítulo 5
Aviso

Capítulo 2 (Parte 2)

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By MainyCesar

Dante Voyaller

— Tudo certo por aqui senhor. — Ouço Rocco avisar através da escuta e ergo o olhar para o cargueiro atracado nas docas enquanto observo Max dando ordens para os nossos homens dentro do galpão.

— Quero esses contêineres na estrada ainda hoje — disse Max enquanto Rocco descia do cargueiro com seu Tablet anotando todas as informações.

— Nenhum imprevisto Rocco? — Questiono olhando um dos meus melhores soldados, responsável pela verificação da saída e entrada dos navios da máfia.

— A princípio tudo limpo, a polícia estava rondando os cargueiros vindo do Sul com cães farejadores depois do aumento de entorpecentes distribuídos nos becos, mas conseguimos desviar a "Solar" para doca G9, como eles estão focados nas baias C3 não prestaram atenção no lado oeste, Royal e Mattia os mantém entretidos enquanto terminamos os serviços por aqui, mas isso atrasou um pouco o cronograma.

— Esses ratos do governo às vezes são irritantes demais. — Indago com irritação. — Informe o senador Edoardo para que despiste a polícia do nosso pé.

— Entrarei em contato com ele o mais breve possível. — Rocco guarda seu Tablet e Max caminha em minha direção com cara de poucos amigos.

Meu celular toca dentro do bolso do terno e com um aceno de cabeça dispenso Rocco que sai logo em seguida.

— Damasceno, a que devo a honrosa ligação.

— Dragão. — Cumprimenta. — Preciso de um favor.

— Depende do que está em jogo.

— Um Jaguar XK120-C — Todo o meu interesse se volta para Damasceno ao ouvir aquilo, a anos procuro um Jaguar XK, mas poucos exemplares foram produzidos e os que têm, não querem vender. — Preciso que consiga algumas peças para mim para um comprador.

— E onde eu saio ganhando nisso? — Questiono.

— Você é o primeiro a saber sobre o XK, o vendedor quer se desfazer dele para aumentar sua coleção com outros modelos, um verdadeiro desperdício, mas sei que está atrás de um carro como esses há anos.

— Quanto ele quer?

— Quinze milhões de euros.

— Não pago mais do que doze, convença-o e assim que conseguir me envie as informações do vendedor. Envie também uma lista das peças para o meu e-mail — ordeno e ele concorda.

— Vou convencer Antonello sobre abaixar o valor e retorno a ligação.

Confirmo e desligo o celular logo em seguida sentindo parte de mim vibrar, mas a euforia dura pouco quando vejo Max caminhar em minha direção com uma expressão de que iria matar um a qualquer momento e isso realmente não era bom.

— Que merda aconteceu agora?

— Ratos de Donzel foram capturados próximos às áreas industriais abandonadas, espreitavam o carregamento de armas subterrâneo que partirá com os navios rumo às Filipinas.

— Onde estão agora?

— Sendo transferidos para sala 371.

— Entrem pelo subterrâneo, não quero Eva envolvida nisso, ela é sagaz demais e presta atenção em cada palavra que dizemos. Não quero envolvê-la tão afundo no nosso mundo, não mais do que ela já está envolvida — ordeno.

— Avisarei nossos homens e mandarei Royal para lá.

Observo o relógio de pulso e vejo que ainda tinha algumas horas para o meu encontro com Eva.

— Pode deixar que cuido disso pessoalmente, foque em tirar esses contêineres do porto e despistar os policiais.

Max concorda e volta para o seu trabalho enquanto sigo para o Jaguar estacionado ao lado de fora da G9 seguindo de volta para casa. 

***

Arrumo a gravata em frente ao espelho abotoando o terno logo em seguida. A conversa com os homens de Donzel demorou mais do que previa, pois, brincar com o inimigo às vezes é realmente prazeroso, contudo os dois não tinham informações realmente úteis para passar. Eram meros soldados recolhendo informações sobre as cargas que tínhamos, a fim de roubá-las na tentativa de enfraquecer nossos contratos com o exterior.

Algo realmente ridículo vindo de Donzel com tanta experiência e poder, mas isso só provou que ele está desesperado por não conseguir chegar perto dos seus objetivos e quer de alguma forma criar alarde em nosso território para nos obrigar a enviar homens diminuindo assim, o número de soldados na mansão para um possível ataque, mas acredito que ele se esqueceu com quem está lidando, não sou ingênuo a ponto de cair em um plano tão ridículo quanto esse.

Disperso os pensamentos observando o relógio e descarto as roupas sujas de sangue em um compartimento especial para serem queimadas, como tinha o compromisso com Eva aproveito o vestuário que fica nos fundos da sala que reserva algumas peças de roupas minha e dos meus irmãos, afinal, não é bom ficar andando pela casa banhado em sangue inimigo, o melhor a se fazer é descartar todos os vestígios aqui mesmo evitando possíveis falhas ou situações inesperadas.

Passo as mãos pelos cabelos e caminho em direção ao quarto, subo as escadarias do porão e do hall de entrada avistando a porta fechada logo a frente e somente agora uma pontinha de euforia se instala em meu interior, não que esse fosse um sentimento comum, muito pelo contrário, jamais presenciei isso depois de sua possível morte, mas agora ela está aqui e finalmente podemos ficar juntos, então achei justo levá-la a um passeio, mas não imaginei que isso de certa forma me causaria um certo nível de ansiedade, sentimento que não costumo nem mesmo passar perto.

Dou um leve toque na porta e entro após sua confirmação. Eva estava de costas retocando seu batom no espelho e deste ângulo tenho o maravilhoso vislumbre do seu vestido que trançava suaves fitas de cetim negro em suas costas, caindo em um laço na altura do seu quadril. Ao se virar não contenho o sorriso ao analisá-la minuciosamente, o pano emoldurando seus seios e cintura caia em uma leve saia rodada e os cabelos soltos balançavam na altura dos ombros.

— Você está maravilhosa — confesso e ela sorri segurando seu sobretudo. — E eu tenho que dizer que amo seus cabelos soltos.

— Obrigada! — Caminha em minha direção e apoio as mãos em sua cintura contornando suas curvas até espalmar minhas mãos em suas costas.

— Não agradeça, estou dizendo a verdade. — Selo seus lábios com os meus em um beijo suave.

Eva apoia suas mãos em meus ombros deslizando seus dedos por meus cabelos com suavidade, mas logo se afasta me observando com curiosidade.

— Você mudou sua fragrância? — Questiona surpresa.

— Não, sempre usei este, não costumo mudar por quê?

— Sempre amei o cheiro do seu perfume. — Seus dedos deslizam por meu rosto e subo minhas mãos por suas costas sentindo sua pele em contato com a minha.

— Nunca mudei, pois o cheiro dele me lembra dos nossos melhores momentos, do seu rosto deitado em meu peito no gramado da mansão Becker, dos seus dedos acariciando minha bochecha e do seu nariz enterrado na curva do meu pescoço apenas para senti-lo mais de perto. Sempre soube que ama este perfume e ele sempre me aproximou de você mesmo você estando tão longe. — Confesso e um misto de emoções percorre seus olhos.

— Você nunca desistiu de nós dois, não é mesmo? — sussurra emocionada.

— Em nenhum momento Eva, nem em um único segundo da minha vida. — Deslizo o polegar por sua bochecha e ela encosta o rosto em meu peito me abraçando com força, inspirando profundamente.

— Obrigada por lutar e não ter desistido, te amo Dan. — Ergue o rosto selando meus lábios em um beijo suave, sem malícia, mas carregado de paixão, amor e confiança.

Confiançaque um dia foi quebrada por mentiras e falsidade, por ódio e poder, por domínioe luxúria, mas venceu em meio ao caos que era nossa vida e história.

— Não me agradeça por te amar.  

***

Eva desce do carro assim que estaciono em uma vaga privativa próximo ao grande canal, ela observa cada detalhe das casas ao redor com um brilho de satisfação e saudades no olhar. As ruas bem iluminadas, a movimentação do local, a música ao vivo nos barzinhos mais próximos deixa o ambiente leve e isso me faz relaxar um pouco enquanto observo Eva apreciar cada detalhe com um grande sorriso no rosto.

— Faz onze anos que não venho aqui. — Ela sorri abertamente voltando seus olhos para o céu. — Não houve mudanças drásticas no local, pensei que tudo estaria tão diferente, mas as lojas continuam com o mesmo estilo e padrão de antigamente.

— Os turistas gostam desse ar antigo, eles preservaram bem a cultura e os prédios para manter a arquitetura original. — Coloco as mãos nos bolsos da calça voltando meu olhar para o céu assim como ela.

— Está próximo do feriado de "Nossa Senhora da Saúde" — diz rindo e faço uma careta voltando minha atenção para ela.

— Nunca gostei desse feriado.

— Nem eu, mas ainda me lembro dos meus pais atravessando a ponte de barcas em direção à basílica para uma oração. Como se isso fosse apagar o pecado que eles carregavam nas mãos. — Volta seu olhar para mim e acabo rindo encolhendo os ombros.

— Acho que não somos tão diferentes agora. — Me aproximo e toco a base da sua coluna sentindo o pano do sobretudo em contato com meus dedos, confesso que preferia sua pele em contato com a minha, mas a temperatura vem caindo dia após dia e hoje não era diferente.

— Senti saudades de tudo isso, de nós dois, dos passeios que fazíamos com os colegas de classe. — Ela retira minha mão das suas costas apenas para entrelaçar nossos dedos enquanto caminhamos em direção ao grande canal, mas sua parada repentina me faz levar a mão livre por dentro do sobretudo em busca das minhas armas. — Lembra quando viemos com a escola e decidimos passar na "Le Caffè" sem avisar ninguém? — Seus olhos se voltam para minha mão e relaxo ao ouvir seu comentário lembrando da bronca que tomamos por sumir por mais de meia hora.

— Está armado? — Questiona.

— Não saio sem elas. — Balanço os ombros e ela ri.

— Deveria sentir ciúmes? — pergunta com um lindo sorriso dançando em seus lábios e seus olhos perspicazes se voltam para os meus divertidos.

— Acredito que elas sabem me dividir com você. — Brinco e ela bate levemente a mão em meu peito. — Exibido. — Revira os olhos, envolvo meu braço em volta da sua cintura puxando seu corpo ao encontro do meu.

— Como se você também não estivesse armada. — Desço minha mão livre pela lateral do seu corpo e deslizo meus dedos para parte interna da sua coxa em direção a sua virilha sentindo o coldre de facas preso ali.

— Tire essa mão daí e vamos nos divertir um pouco garanhão. — Ela brinca e deixo que se livre do meu aperto voltando a entrelaçar nossos dedos e caminhar em direção a lancha que estava à nossa espera.

— Pode apostar que me divertiria muito com meus dedos onde estavam — sussurro próximo a sua orelha e o sutil estremecimento que percorre seu corpo não passa despercebido por meus olhos.

— Anseio por isso quando chegarmos em casa.

Solto um suspiro audível sentido os efeitos da sua provocação diretamente em meu pau, mas procuro dispersar aqueles pensamentos, afinal, estávamos ali para um passeio a dois e um pouco de diversão que não envolvessem a máfia ou nosso passado, apenas um casal comum aproveitando a noite e tudo que ela nos reservava.

— Cesare está à nossa espera. — Indico a lancha logo à frente e Eva segue ao meu lado até embarcarmos.

Eva se acomoda no espaço social que possibilita a visão do grande canal e da cidade que despontava logo à frente. Antes de me sentar ao seu lado seguro a garrafa de champanhe que descansava no balde de gelo e sirvo duas taças entregando uma em sua mão. Conforme nos aproximávamos do centro de Veneza, onde turistas passeavam de vaporetto e gôndolas, a iluminação baixa e aconchegante dos restaurantes e casas deixava tudo mais romântico e sinceramente não me lembrava de como as coisas eram lindas por aqui, pois assim como Eva há muito tempo não me permito um dia de descanso ou folga.

— Ivi — sussurro pensativo e ela volta seu olhar para mim. — Você não sente falta do Japão? Do seu tio? — Questiono em dúvida e ela beberica o champanhe observando o fluxo lento dos barcos.

— Não é como se ele fosse uma figura paterna. A função dele era me treinar e matar todos os meus sentimentos, então como você deve imaginar ele não era muito carinhoso, muito pelo contrário, era rígido, mas devido aos fatos do passado isso não foi ruim. Queria vingança, então simplesmente me joguei de cabeça em seus ensinamentos, por mais que ele discordasse dos meus motivos. — Balança os ombros com indiferença. — Quando avisei que estava retornando para Itália para concluir minha vingança, ele pareceu decepcionado, afinal, esse é um sentimento mesquinho e afirmou que não precisava voltar.

— Não deveria ter tocado nesse assunto. — Tomo meia taça de champanhe querendo que fosse um copo de Whisky, mas a mão de Eva desliza por minha coxa acariciando suavemente minha perna.

— Não é como se eu realmente fosse voltar Dan, minha vida é aqui, sempre foi e isso não vai mudar.

— Acho que não saberia viver em outro lugar — confesso. — Fui criado para conhecer cada cantinho deste país e sinceramente amo cada pedacinho da Itália.

Eva encosta a cabeça em meu braço e deslizo minha mão pela parte interna da sua coxa em direção ao seu joelho.

— Pensei em preparar um jantar aqui enquanto navegávamos pelo grande canal, mas achei injusto quando podemos passear pela praça de "San Marco".

— Quero ir ao "Florian".

— Eu imaginei, você sempre amou o café de lá. — Acabo rindo enquanto retiro um cigarro da carteira levando aos lábios, mas Eva dobra ao meio jogando em cima da mesa a nossa frente. — Ei. — Protesto.

— Nada de cigarros e estamos sendo seguidos — comenta.

— E só por isso não posso fumar? — Questiono em um tom de brincadeira e ela ri voltando sua atenção para mim.

— Não pode fumar porque faz mal a sua saúde.

— Mas você sabe que a nicotina me acalma — reclamo guardando a carteira de cigarros, pois sabia que ela não cederia, não quando a questão é algo que interfere diretamente em minha saúde. Eva sempre foi assim.

— Achei que tinha parado com os cigarros Dante, você começou aos quatorze anos e eu sempre odiei.

— Não fumo sempre, só quando sinto vontade ou quando estou irritado. Queria uma noite sem problemas, sem interferência, mas acho que as coisas não serão assim. — Passo as mãos nos cabelos sentindo raiva, mas me surpreendo no exato momento que Eva monta em meu colo enroscando os braços, envolta do meu pescoço.

— Isso me distrai — sussurro subindo minha mão por sua coxa e paro em sua bunda onde faço suaves movimentos com o polegar.

— Seria imprudência da parte deles, nos perseguir sabendo quem você é.

— Poucos conhecem meu rosto e permanecem vivos para contar história. Se estão atrás de mim pela máfia, então algum chefe que me conhece está por trás disso e pode ser Donzel, mas eles não irão atacar, só estão observando de longe, espreitando o momento em que terão a oportunidade de se aproximar, mas Veneza é movimentada demais para uma troca de tiros, muitos olhos, ouvidos e bocas, chama a atenção da polícia e nem mesmo Donzel quer problemas com eles. Vamos curtir nossa noite e esquecer que estão ali. — Deixo um beijo em sua testa, mas ela envolve seus lábios nos meus em um beijo lento.

— Confio em você meu amor — confessa e sorrio com satisfação, pois jamais deixaria algo acontecer com Eva novamente, nunca em hipótese alguma, mesmo que custe tudo o que tenho.

— Cesare, nos leve para a praça de "San Marco" — ordeno através do ponto atrás da minha orelha e logo recebo confirmação enquanto mudamos a rota ganhando um pouco mais de velocidade.

Me levanto colocando Eva em pé e ela debruça seu corpo nas grades de proteção deixando o vento balançar seus cabelos. Encaixo meu corpo atrás do seu abraçando sua cintura e ela fecha os olhos apreciando nosso passeio.

— Nunca vou me cansar de Veneza, não importam o que digam, quanto critiquem ou desprezem esse é um dos meus lugares preferidos.

Eva envolve os braços no meu pescoço colando seus lábios nos meus, encaixo meus dedos em sua cintura aprofundando ainda mais o beijo, enroscando nossas línguas uma na outra com desejo e volúpia, sede de sentirmos um ao outro, mas somos obrigados a nos afastar quando sentimos a lancha diminuir a velocidade indicando que estávamos próximo à praça.

— Chegamos — afirmo beijando sua testa. — Cesare fique por perto e de olho em qualquer movimentação estranha — ordeno e logo recebo uma confirmação pela escuta.

Descemos de mãos dadas e seguimos em meio as pessoas, não queria passar insegurança a Eva, pois queria que aproveitasse o passeio, mas cada movimento a nossa volta chama minha atenção e não baixaria a guarda por mais rodeado de pessoas que estamos, Donzel é traiçoeiro, um rato desprezível que não se importa de machucar alguns inocentes para alcançar a porcaria dos seus planos, mas por incrível que pareça tudo está mais calmo do que eu imaginei, então me permito aproveitar a noite ao lado de Eva.

Eva

Andamos pela praça repleta de pessoas e Dante faz questão de me guiar pela multidão até nos sentarmos em um café com música ao vivo.

Conversamos por horas apreciando o clima nostálgico de Veneza, enquanto observamos os turistas aproveitarem cada cantinho para tirar fotos dos maravilhosos monumentos e tenho que confessar que a arquitetura é realmente maravilhosa.

A música deixa o clima leve e os homens que nos seguiam simplesmente desaparecem, permitindo assim relaxarmos curtindo a noite com um pouco de paz. Pelo menos ele parecia relaxado, mas seus olhos ainda percorriam o ambiente a procura de alguma ameaça, isso nunca iria mudar, era uma característica de Dante e chega a ser realmente fofo toda a sua preocupação, ele só não pode saber que penso assim ou seu ego de macho dominante e imponente se feriria.

Jantamos em um dos restaurantes e caminhamos pela praça apreciando a arquitetura, passamos no café Florian para comprar cornetto recheado de creme de avelã, pois eles faziam os melhores doces da região até voltarmos para a lancha. Dante não economiza carinho e atenção, me enchendo de beijos enquanto suas mãos ousadas passeiam por meu corpo sem pudor se atendo apenas a não chamarmos atenção.

O caminho de volta foi feito entre beijos e amassos até Cesare parar a lancha, indicando que nosso passeio havia chegado ao fim. Dante puxa meu corpo próximo ao seu enquanto caminhamos até o carro estacionado na vaga privativa, mas algo faz Dante parar e ergo o olhar vendo um homem parado à nossa frente com uma arma embaixo do casaco apontando para nós.

Dante encara o homem com ódio e com manear de cabeça ele indica para segui-lo, a contragosto caminhamos para um beco afastado dos turistas.

Quando saímos do local movimentado, entrando em um ambiente escuro, úmido e com cheiro forte de esgoto, meu estômago chega a embrulhar, mas em nenhum momento desvio meu olhar do homem à nossa frente. Um pequeno papel branco desliza dos dedos de Dante até o chão e por um milésimo de segundos o homem desvia sua atenção baixando a guarda, dando tempo suficiente para Dante lhe acertar uma cotovelada no nariz agarrando a arma que tinha embaixo do casaco passando-a para mim.

Com as mãos no nariz o homem à nossa frente geme se encostando na parede, mas Dante lhe acerta um soco no estômago fazendo-o cair de joelho. Engatilho a arma apontando para sua cabeça enquanto Dante obriga o rapaz a ficar de joelhos em meio a poça de água suja.

— Achou mesmo que me abordar desta maneira resolveria as coisas? — Dante segura os cabelos do rapaz o obrigando a olhá-lo. — Sabe quem sou e me desafia dessa forma? Chega a ser decepcionante.

O homem tenta revidar e enfio o cano da arma em sua cara.

— Fique quieto — pressiono a pistola em sua cabeça.

— Quem é o seu chefe? — Dante pergunta com calma sacando uma de suas Taurus.

Os olhos do homem se arregalaram ao ver aquela arma e sei bem a sensação de desespero que elas causam, já estive nessa posição antes, mas hoje as coisas são completamente diferentes.

— Acha que pode invadir meu território e me caçar enquanto tenho um encontro com a minha mulher? — Os olhos irados de Dante me causam calafrios. — Você estragou um dos melhores momentos da minha vida depois de fodidos onze anos de espera. — Antes que houvesse respostas Dante acerta o rosto do rapaz com um soco fazendo-o gemer. — Vou perguntar mais uma vez: quem te mandou?

O silêncio não agrada o homem à minha frente e quando menos espero ele atira no ombro do rapaz segurando sua boca impedindo-o de gritar.

— Adoraria ouvir seus gritos, mas agora você me deve respostas e eu as quero rápido. — Pressiona o cano quente da pistola na bochecha do rapaz.

— Donzel me mandou para espiar sua mulher. — Respira com dificuldade, mas continua a falar: — Não sabia que você era o Dragão, jamais aceitaria se soubesse. — Entrega sem muito esforço.

— Conte mais. — Dante move a mão, esperando-o continuar.

— Ele está tão obcecado que foi até o Russo Abramovich...

— Russo se aliou a Donzel? — Dante pergunta erguendo o rosto do homem com a ponta da pistola.

— Pelo que fiquei sabendo não... — Ofega se contorcendo com a dor no ombro. — Russo não é o tipo de homem que se envolveria com Donzel, ainda mais para mexer com o Dragão.

Os olhos de Dante faíscam e ele arruma a postura acertando a cabeça do homem com uma coronhada fazendo-o cair no chão desacordado.

Dou um passo para trás e quando os olhos de Dante se voltam para mim, estão tomados de ira e raiva. Seu semblante carregado de escuridão me preocupa, nunca havia visto Dante daquela forma antes, não com tanto ódio e raiva acumulado prestes a explodir.

— Vou matar Donzel com minhas próprias mãos.

— Dante — sussurro tentando me aproximar, mas ele se exalta elevando o tom de voz.

— Você não percebe que isso tudo é porque ele te quer? Ir até Russo é um absurdo, ele está tentando juntar forças para me derrubar, mas se acha que será tão simples assim está muito enganado.

— Ei, se acalme. — Me aproximo passando os dedos por seu rosto tentando acalmá-lo, pois sei que esse descontrole é devido ao nosso passado e ao fato de termos ficado tanto tempo separados. — Confio em você e sei que não deixará Donzel chegar perto de mim.

— Não vou te perder novamente Ivi. — Encosta a testa na minha e apoio as mãos em seu rosto beijando seus lábios.

— Estou aqui, ninguém vai me levar, ninguém vai me tomar de você — afirmo e um alívio se instala em seu corpo.

— Vamos, vou pedir para Cesare levá-lo e arrancar mais informações dele.

Um carro preto para a nossa frente e minha primeira reação é apontar a arma, pronta para atirar, mas Dante apoia a mão sobre a minha me impedindo de continuar.

— É o Royal — diz e abaixo a arma.

Royal, abaixa o vidro do carro me olhando surpreso.

— O que faz aqui?

— Recebi informações de homens suspeitos nesta área e vim checar pessoalmente.

— Leve-o para a sala 371 e arranque o máximo de informações que conseguir. — Dante ordena.

— Certo irmão, mas você vive pegando no nosso pé para não sair sem rastreadores e você está sem. Se não fosse pelo rastreador de Eva nem saberia que estavam em Veneza. — Comenta e Dante lança um olhar furioso para Royal.

— Droga, ela não sabia?

— Saia Royal — Dante ordena e mais do que depressa ele nos deixa ali.

— Rastreadores? Sério Dante? — pergunto chateada. — Achou que eu fosse fugir ou algo assim?

Não queria criar possibilidades desnecessárias em minha mente, mas dado o seu silêncio era exatamente isso que eu estava fazendo. Sei que é necessário termos a localização em caso de algum imprevisto, mas Dante nunca havia mencionado a utilização de rastreadores antes e porque exatamente quando vamos sair descubro que tenho um, o mínimo que eu esperava era ser informada antes.

— Não é isso que você está pensando, Eva. Vamos para casa que eu explico — apoia a mão em minha cintura e o sigo até o carro em silêncio.

Apesar do final da noite ter sido conturbado, o começo foi maravilhoso e eu amei passar um tempo a sós com Dante, porém a informação do rastreador realmente me irritou e me pegou de surpresa.

Entro no carro e Dante assume o volante com uma expressão séria, o caminho de volta é feito em um silêncio irritante que só me deixa ainda mais brava do que já estou.

Dante estaciona em frente à mansão e disfarço o meu descontentamento subindo as escadas em direção ao quarto, tentando organizar o mar de sentimentos que me assolam.

— Eva? — Dante me chama assim que entro no quarto, mas ignoro retirando meu sobretudo, pois sinceramente não sei se queria conversar sobre aquilo neste momento. — Ivi, todos nós somos monitorados. Isso não significa que não confio em você, além disso, os rastreadores foram instalados quando comprei as roupas para você. Isso ajuda em caso de sequestro.

— Eu sei que é necessário, mas você podia ter me contado antes de sairmos. Você sabia que o rastreador estava na minha roupa e mesmo assim permaneceu em silêncio Dante, por que fez isso? Achou que eu fosse fugir ou algo assim?

— Não, é claro que não, Ivi. Realmente sabia do rastreador, mas não achei que fosse algo importante para ser comentado.

— Por que você estava sem? — Questiono cruzando o braço.

— Porque desativei o rastreador e a escuta, ficando apenas com o ponto que me permitia comunicação direta com Cesare. Não queria que os homens de Jack ouvissem nossa conversa, não foi intencional, confio em você Eva, mas do que confio em mim mesmo. — Dante confessa e não preciso de mais nada que confirme sua sinceridade.

— Acredito em você Dan, só fui pega desprevenida com a notícia repentina, desculpa por ficar chateada sei a importância dos rastreadores só queria ter descoberto antes.

— Deveria ter avisado antes, também errei, reconheço isso — diz e me surpreendo com sua calma e sinceridade.

— Mudando assunto — falo enquanto desço o zíper do vestido — Preciso comprar um presente para Max e Royal, mas não sei o que posso dar a eles.

— Você vai presentear Royal? — pergunta duvidoso.

— Vou — afirmo.

— Preciso ver essa cena de perto. — Ri me abraçando.

— Não entendi. — O observo com a sobrancelha arqueada.

— Royal, não aceita presentes de ninguém e quando insistem muito ele simplesmente dá para Max sem ao menos abrir.

— Sério? Mas por quê? Deve haver um motivo.

— Com certeza, mas nem Max e Royal falam sobre isso, não adianta insistir, isso deve estar relacionado a algum fator que envolve diretamente Donatel e as porcarias que ele costumava a fazer conosco.

— Cada dia que passa o meu ódio por ele aumenta e se dependesse de mim, desceria naquela maldita cela e dava um fim de uma vez por todas naquele velho desgraçado.

— Tenha calma Ivi, esse momento vai chegar, mas você precisa ter calma. — Dante me abraça e beija o topo da minha cabeça.

— Calma é algo que venho tendo há muito tempo, já estou cansada de esperar para ver Donatel pagar por tudo o que fez.

— Sei como se sente e compreendo, também quero colocar minhas mãos nele, mas de nada adianta fazer as coisas com impulsividade sendo que isso vai gerar guerra com outros países, temos que ser pacientes e espertos.

— Você tem razão. — Solto o ar com força. — Vamos esquecer isso, tomar um banho e nos deitar. Hoje nosso passeio foi maravilhoso, não quero que esse velho estrague nossa noite.

Danteconcorda selando meus lábios com seus enquanto seguimos juntos para o banheiro. 

_________

Espero que gostem meus amores <3

Deixem seus comentários e estrelinhas, pois eu amo ler cada um dos comentários de vocês <3

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Beijos da May :*

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