O Garoto da Torre

By matt_escritor635

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Raul em breve fará 18 anos, e o máximo que ele conhece são as paredes frias de seu apartamento, sem quase nun... More

PRÓLOGO
Capítulo 01: O Garoto-da-Torre
Capítulo 02: Alguém na Colina-das-Libélulas
Capítulo 03: Cicatrizes que nunca Curam
Capítulo 04: Chamado para Ir Além
Capitulo 05: Segredos e mais Segredos
Capítulo 06: Bibidi-Bobidi
Capítulo 07: Feliz Aniversário!
Capítulo 8: Lembre-se de Quem Você É
Capítulo 09: Mateus 6:28
Capítulo 10: Quando Tudo Desmorona
Capítulo 11: Mostre-me Quem Você É!
Capítulo 12: Vou Sair do Seu Espelho
Capítulo 13: Rumo ao Desconhecido
Capítulo 14: Sim, Capitã!
Capitulo 15: Todos a Bordo!
Capítulo 16: Pai VS Tutor
Capítulo 18: Tudo como num Sonho
Capítulo 19: Agora ou Nunca
Capítulo 20: Fazer o que é Melhor

Capítulo 17: Novas Estrelas

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By matt_escritor635

Raúl acordou de supetão, muito assustado. Ele estava numa das cadeiras de tomar sol no deck panorâmico do barquinho de papel, na beira da piscina. O Garoto-da-Torre estava desorientado, não sabia direito onde estava e nem quanto tempo tinha se passado, parecia que um caminhão tinha passado por cima dele.

O clima era sombrio. O céu estava num cinza escurecido, sem nenhum sinal do sol. Também havia uma névoa estranha em todo o lugar, o que deixava tudo mais fantasmagórico. Sem falar no silêncio quase mórbido que reinava por alí.

Raúl sentiu um arrepio percorrer a espinha quando viu um vulto se aproximando rapidamente pela névoa, em sua direção. Ele ficou estático, como se já estivesse se entregando a seja lá o que fosse aquilo. Foi então que Lírio saiu da névoa, correndo desesperado e agarrando o braço do jovem para que os dois fossem embora de lá.

- Lírio!? - disse o menino surpreso, enquanto esforçava-se para manter o ritmo da corrida do amigo.

- Raúl, aconteça o que acontecer, não olhe para trás! - exclamou o menino de cabelo arco-íris.

Eles correram por todo o navio, tanto pelo lado de dentro, quanto pelo lado de fora. A todo momento, se ouvia o som estridente de um apito. Raúl não fazia idéia do que estava perseguindo eles, e certamente não queria ficar ali para descobrir.

Chegando na porta principal, viram que estava trancada, então eles voltaram para o lado de fora, pela lateral. Os dois rapazes correram até a ponta da frente do barquinho. Foi aí que Raúl percebeu que eles não estavam navegando e que tinham alcançado terra firme. Era uma pequena praia que dava para uma floresta densa, sombria, como se quem entrasse nunca mais saísse, pelo menos não com vida.

Jhonatan os estava esperando, com dois cipós na mão, na ponta da frente da embarcação. Quando os garotos puderam enchergá-lo através da névoa, foram ao seu encontro. O amigo de Brie estava com uma cara de desespero.

- Venham depressa! - exclamou.

Assim que conseguiram chegar, Jhonn tratou logo de entregar os cipós para eles.

- Não se preocupem, eu dou cobertura, só saiam daqui. Agora!

Lírio foi o primeiro a saltar. O cipó estava preso a uma árvore. Num instante ele estava caindo, pendurado, no outro havia sumido dentro da mata fechada.

Raúl pegou seu cipó e olhou para Jhonatan.

- Eu não posso Jhonn! Estou com muito medo - O Garoto-da-Torre tinha muito medo de altura. Ele estava a uns 40 metros do chão - Quem está nos perseguindo? E você, o que vai ser de você?

Quanto mais o tempo passava, mais a coisa que estava correndo atrás deles se aproximava, os rugidos e urros ficavam mais altos a cada minuto e o barco balançava.

Jhonatan sorriu sereno para Raúl.

- Não se preocupe Garoto-da-Torre, ficarei bem. Quando chegar a hora, ouça seu Coração de Melão. Estará com quem ama, do amor surgem as Novas Estrelas. Lembre-se disso - disse ele.

- Oi? - o garoto disse inclinando a cabeça, sem entender nada.

Não houve tempo para explicações, o Garoto-da-Torre estava segurado no cipó, Jhonatan o empurrou lá de cima.

Ele viu Raúl sumir na imensidão verde de plantas da floresta logo a frente, enquanto gritava. Então ele se virou e encarou o que quer que fosse aquilo.

Raúl conseguiu entrar na vegetação densa, com um pouso turbulento. Em seu caminho passou por folhagens e vários galhos que arranhavam. Quando chegou ao chão, quase tombando, estava com as roupas todas rasgadas. A primeira coisa que ouviu quando aterrizou foi um grito de terror, que vinha de onde ele mesmo tinha vindo.

"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!!"

Olhou em volta, muito assustado. A floresta era tão densa que nem a claridade do dia passava direito, estava muito escuro. Ele andou uns minutos na escuridão, olhando para todos os lados, mesmo que não conseguisse ver para onde estava indo.

- L-L-Lírio!!... L-LÍRIO!!! - ele chamava. Ninguém respondia. O medo do escuro o fazia tremer, medo maior ainda de estar sozinho ou de talvez ter perdido seu melhor amigo. Só de pensar nessa possibilidade, as lágrimas ameaçavam escorrer e a voz a embargar.

Certamenre que estava muito escuro, pois não olhou por onde andava e tropeçou num tronco de árvore caído. Mais a frente havia um barranco, por onde o jovem príncipe despencou.

- AAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!! - gritava de terror e dor, enquanto rolava morro abaixo, mas um último golpe ainda estava por vir.

BLAAAM!!!! Atingiu alguma coisa que amorteceu a sua queda. Quando abriu os olhos e conseguiu enchergar, ficou sem reação.

- Oii Garoto-da-Torre, estava chamando por mim? - disse o menino de cabelo arco-íris com um sorriso e uma voz sexy sedutora.

Lírio! Ao descer pelo barranco, Raúl deu de cara com Lírio, literalmente. O Garoto da Torre estava deitado sobre o peito do amigo, com seus rostos a poucos centímetros de distância. Dava para sentir a respiração um do outro, e até o bater do coração de Raúl, que estava acelerado. Ele não sabia como reagir, seu rosto estava mais vermelho do que uma rosa de um castelo amaldiçoado.

Rapidamente o sangue voltou a correr por suas veias e o Garoto da Torre saiu de cima de Lírio e ficou olhando para os lados, incompreendendo o que estava acontecendo consigo mesmo, era um calor que ele nunca havia sentido antes. O seu pior erro foi olhar para baixo. Além de sentir, ele conseguiu ver que algo começava a tomar forma sob a calça, rasgada e suja da queda e dos galhos que enfrentou quando deu uma de Tarzan.

"Fire!", pensou. Ele sacudiu a cabeça para que aqueles pensamentos parassem, enquanto Lírio se levantava e limpava a roupa. Era inegável que ele também estava passando pela mesma situação, a diferença é que ele parecia não se importar. Ele olhou para o menino do seu lado e percebeu algo de errado com ele.

- Raúl, você está bem, se machucou muito? - perguntou, enquanto pegava na mão do príncipe. O Garoto-da-Torre logo esquivou a mão. - Estou bem, estou bem - disse ele - Aonde estamos?

- Estamos perto de onde deveríamos estar, que seria no meio de lugar nenhum - concluiu Lírio, observando ao redor.

- Do que vc está falando? - Raúl fez a cara de confuso novamente.

Lírio riu da cara dele. - Hahahahah...das Nova Estrelas, seu bobo. Hoje elas vão dar um espetáculo.

Raúl suspirou de susto. "... o amor surge das novas estrelas", era o que Jhonatan tinha dito antes de morrer, mas o que ele queria dizer?

Vendo que o amigo estava perdido em seus pensamentos, Lírio o puxou e começou a correr outra vez, por uma trilha que havia alí. Quanto mais eles corriam, mais a mata fechada ficava para trás e uma luz prateada passava por entre a copa das árvores. Foi então que os olhos de Raúl se maravilharam com o que havia a sua frente.

A floresta densa e assustadora dera lugar a um imenso prado campestre. Uma paisagem plana, dominada por grama. Algumas árvores jaziam por ali, grandes e fortes, espaçadas entre si, havia também um córrego em linha reta que saía da floresta. Mas o que chamava mais atenção dos garotos era o céu, era por isso que eles estavam alí, pelo céu. Os "vagalumes" podiam ser vistos mais claramente naquele lugar. E a companheira deles, a Lua, não poderia ficar de fora.

Ainda estavam de mãos dadas, na entrada da floresta, quando deram por si. Trataram logo de separá-las.

- Venha! - disse Lírio, andando pelo prado.

Raúl se apressou a acompanhá-lo. Agora eles estavam andando lado a lado, na direção do centro do campo. Os dois olhando para o chão. O coração do Garoto da Torre estava batendo cada vez mais rápido, ele suava. Estava um silêncio estranho entre os dois. Como se eles quisessem dizer alga coisa, porém a boca não respondesse ao comando.

Lírio tomou a iniciativa.

- É um lugar bonito, não é? - perguntou.

- Sim... é mesmo - Raúl murmurou - Eu nunca tinha visto um lugar assim, tão de perto, só na televisão. Nunca imaginei que estaria aqui, muito menos que teria alguém para partilhar desse mento incrível.

Ele se arriscou a olhar para Lírio e encontrou seus olhos azuis seduzentes. Involuntariamente, sorriu, quase se perdendo dentro deles.

- Chegamos! - anunciou o garoto de cabelo arco-íris. Eles estavam bem no centro da campina noturna. Raúl olhou em volta e não viu nada, apenas sentiu a leve brisa fresca da noite.

- O que estamos fazendo aqui Lírio?

Foi então que Lírio abriu os braços e se jogou para trás, com um sorriso no rosto e olhos fechados, caindo na grama fofa. - Você não vem? Kkkkkk - perguntou ele.

Raúl então fez o mesmo caiu bem do lado dele.Os dois riram juntos da situação. Suas mãos estavam bem próximas.

O pequeno príncipe olhou para o alto e viu aqueles pontos luminosos. Não dava mais, por mais que ele tentasse, não dava para entender a razão dele estar sentindo o que sentia. Ele suspirou e sentou, bem quando Lírio tentava pegar outra vez em sua mão. Ele viu que Raúl estava estranho, sentou também.

- Garoto-da-Torre, está tudo bem? - perguntou Lírio, colocando a mão no ombro dele.

- Não... - respondeu o garoto.

- O que aconteceu?

Nesse momento as lágrimas começavam a cair sobre o rosto do jovem, enquanto ele falava.

- É que eu não sei de mais nada, de mais nada! Eu me sinto estranho, eu sinto coisas quando estou perto de você que antes eu não sentia - Ele começava a elevar o tom de voz, embargada pelo choro, e ficava inquieto, frustrado consigo mesmo por não entender o que estava acontecendo - Não sei o que está acontecendo, não entendo porquê estou sentindo isso... Simplesmente não entendo - ele se entregou ao choro.

- O que você sente? - perguntou Lírio, com a voz mais pura do mundo.

- Minhas mãos sooam, não sei pra onde olhar, penso coisas que não consigo explicar...quando estou perto de você não sei como agir, fico vermelho, não sei o que falar, mal consigo olhar nos seus olhos sem me perder. E o coração...bem, ele...

- Dispara quando está perto de mim? - perguntou o garoto ao lado do príncipe. Ele pôs o dedo indicador curvado no queixo do Garoto-da-Torre e trouxe os olhos castanhos dele ao encontro dos seus. Estavam enxarcados pelas lágrimas, por isso brilhavam tanto quanto as estrelas do céu - Não precisa chorar por causa disso, eu entendo tudo o que você está sentindo, cada palavra, sabe por quê?

Raúl fez que não com a cabeça. Lírio suspirou e disse:

- Porque é o mesmo que eu sinto quando estou perto de você, Raúl - Ele enxugou uma lágrima que estava escorrendo pelo rosto do amado e apontou para o alto, para uma única estrelinha, que estava isolada num canto, longe das outras.

No mesmo instante, ela brilhou e começou a descer do céu. Conforme ela foi se aproximando deles, ia tomando uma forma cilíndrica e brilhante. Era uma lanterna. Ela foi se aproximando dos dois e pousou na mão de Lírio. Ele não sabia porque, apenas seguiu seu Coração de Melão e comecou a cantar.

- 🎶Tantos dias sonhando acordado, tantos anos vivendo a vida em vão. Tanto tempo nunca enchergando as coisas do jeito que são... Ele aqui, à luz das estrelas. Com ele aqui, vejo quem eu sou. Ele aqui me faz sentir que sei para onde vou...🎶

Raúl se juntou a ele, em uníssono.

- 🎶...Vejo enfim a luz brilhar! Já passou o nevoeiro. Vejo enfim a luz brilhar! Para o alto me conduz...🎶 - eles cantavam, olhando um para o outro, iluminados pela chama da lanterna, o que romantizava cada vez mais o ambiente. Eles deram as mãos, involuntariamente. Dessa vez Raul não as soltaria - 🎶...e ela pode transformar de uma vez o mundo inteiro... Tudo é novo, pois agora eu vejo, é você a luz.🎶

Eles começavam a se aproximar.

- 🎶 É você...a luz! 🎶 - terminaram juntos.

Era aquilo, o Raúl do Sonho não tinha mais dúvidas do que ele queria. Ele, ele queria o garoto que estava alí, na frente dele, pois ele o fazia feliz. Seu Coração de Melão gritava mais alto do que nunca, e ele ouviu.

Eles foram se aproximando...cada vez mais... até que...se beijaram. No momento em que seus lábios se encontraram, a lanterna que os dois seguravam se desfez em milhares de vagalumes, que se espalharam pelo prado, como milhões de estrela terrenas, as Novas Estrelas.

Com as mãos livres, um envolveu o outro, num abraço terno, enquanto o beijo acontecia. No início foi um selinho, durou um segundo, eles ligeiramente se afastaram, assustados. Ambos sentiam o calor crescendo e seus corpos se excitavam mais a cada minuto que passava. Quando olharam os vagalumes em volta e direcionaram o olhar outra vez um para o outro, viram que era para ser, desde o começo. Voltaram a se beijar, apaixonadamente.

Era perfeito. O sonho do Garoto-da-Torre havia se realizado, estava livre e com a pessoa que ele amava. A voz de Jhonn ecoava em sua mente: "...do amor surgem as Novas Estrelas". Nada conseguiria tirá-lo das nuvens em que estava.

Sonho realizado...

Sonho....

"Sonho...?"

Foi então que uma forte ventania começou a tomar conta do lugar. Os dois jovens se assustaram quando a terra começou a balançar, para cima e para baixo. Uma voz ecoava o tempo todo, chamando

"RAÚL!... RAÚL!.... RAÚL... RAÚL!..."


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