Loki - A Profecia Do Infinito

By adri_bertolin

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Uma das poucas boas ações, sem segundas intenções, de Loki, o deus das travessuras, o levou direto ao maior t... More

Olá, senhor Loki...
Você está horrível
Humanos são tão tolos
Você não recebe ordens de ninguém
Você não tem ideia de como ela é preciosa
Essa parte de mim tem muitos nomes
Boom diia
Você confia em mim?
Ela é incrível
Ela parece quebrada
Eu era muito bobo e inocente
Eternidade vai nos destruir
Mas é claro, princesa!
O que sabemos sobre ela afinal?
Que a caça ao tesouro comece.
Vocês demoraram muito para vir me buscar
Você está além das barreiras que impomos
Asgard está sempre nos surpreendendo
O nome dele... és Loki.
Quem é Lin?
Amanhã será um longo dia.
Nós tínhamos um acordo
Ninguém aqui está fugindo.
Vai se foder...
Nemesis
Multiverso
Behkimo...?
Talvez você entenda um dia
Eu sou inevitável
Você não está mais sozinha
Parte da jornada é o fim...
Você deu um susto bem grande em todos nós.
Cena extra 1
Cena extra 2
Opa opa

A humana do Loki

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By adri_bertolin

Lin se perguntava de quem foi a ideia "genial" de a levarem em uma festa, afinal, o que poderia dar errado? Não é como se ela fosse uma bomba relógio vestida de vermelho não é mesmo? Ok, ela não está vestida de vermelho ainda.

Se fosse uma circunstância normal a resposta da Stark a proposta da comemoração seria um belo e sonoro não, mas ela estava fazendo um bom papel até agora, não queria estragar isso e, portanto, ela fez com que todos acreditassem que ela estava feliz com a grande ideia.

- Sorrir, apertar mãos, beber socialmente... Não vai ser tão difícil assim. – A mulher sussurrava para si mesma enquanto tentava achar uma aparência humana que agradasse aos seus olhos e combinasse com suas roupas, mas que ao mesmo tempo não se diferenciasse tanto de como ela realmente era.

Pepper mais cedo trouxe um belíssimo vestido, um par de saltos altos e muita maquiagem, provavelmente ela acreditava verdadeiramente que a mais nova tem alguma ideia do que fazer com todas aquelas coisas.

Quando Loki voltou a aparecer no cômodo ela ainda se encarava no espelho agoniada sem saber como continuar a se arrumar. 

A Stark estava inquieta com o fato de ter que interagir com muitos humanos nesta noite, ela não sentia vontade nenhuma de descer para se juntar aos convidados. 

Seu amigo a olhava de longe, ele não a ajudaria com esse tipo de coisa a menos que ela pedisse e era óbvio que Lin faria isso mais cedo ou mais tarde. Loki estava simplesmente maravilhoso de se ver, ele conseguia muito bem esbanjar sua beleza de deus quando queria, o estilo dele a agradava e as vezes a humana tinha vontade de soca-lo por ele ser tão lindo, mesmo que sua verdadeira aparência de gigante de gelo continuasse sendo a sua favorita.

- Pode sair daqui por favor? – Lin questionou frustrada – O seu brilho está me cegando! – Ela tampou os olhos dramatizando.

- Seria isso um elogio, monstrinha? – Loki rebateu sem se mexer onde estava, aliás Lin odiava ser chama de monstrinha e era por isso mesmo que ele a chamava assim.

- Não. - Ela franziu o cenho. – Parece que jogaram purpurina em você.

Adorável como sempre, o "asgardiano" considerou ironicamente, mas ele sabia que a mulher não se importava nem um pouco com a forma com que ele se apresentava fisicamente, mesmo que a visão a agradasse Lin era o tipo de pessoa que não dava a mínima para a aparência de alguém. Ela aprendeu muito cedo que o mais belo corpo normalmente vinha acompanhado das mais questionáveis intenções, seu melhor amigo era um exemplo perfeito disso e exatamente por isso era estranho para Loki que ela estivesse se esforçando para parecer bonita.

Ele observou os olhos diferentes que encaravam o espelho, sentada em uma confortável cadeira e com a magia fluindo por sua pele em uma constante mudança de forma, ela ainda não consegue manter as transformações perfeitas por muito tempo, mas não é como se ela fosse admitir isso para o verdadeiro feiticeiro. Por curiosidade Loki acabou reparando em um caderno aberto em cima da cama do quarto em que ela se preparava, uma certa raridade vinda de alguém com tanto acesso à tecnologia como ela. Ele passou algumas folhas reparando que o conteúdo era nada menos que uma enorme lista com fotos, nomes e outras dezenas de informações sobre muitos empresários famosos.

- Andou pesquisando sobre a vida de seus possíveis convidados? – Um sorrisinho zombador brotou no rosto dele. – Acho que você exagerou um pouco, tem gente demais aqui e a ruivinha do Stark prometeu que o evento não teria mais que quinhentos convidados. – Lin pareceu paralisar por alguns segundos e Loki por um momento achou que ela ainda não estivesse à vontade para falar sobre seja lá o que for aquela lista.

- Acredita que esses humanos podem estar lá? – A pergunta veio sussurrada e ele reparou quando a amiga levou as mãos até os joelhos, fincando as unhas que tinha lá para conter a raiva. Nenhuma parte de seu corpo pareceu ficar verde, ainda bem.

- Não vejo problema nestes humanos... – O deus diria mais alguma coisa se não tivesse virado uma página e reconhecido um dos rostos. Foi a vez dela ver o corpo do amigo travar em ódio.

- Isso não é um relato completo sobre possíveis convidados. – Lin comentou com o humor ácido e a voz dolorida. – É a lista de vingança que me pediu.

A lista de vingança, é, aquilo fazia sentido. Loki já estava impaciente com a demora dela para lhe entregar seus alvos, mas nem ele, que acompanhou a vida da Stark de perto por tanto tempo, tinha noção de que eram tantos. Dois mil oitocentos e sessenta e três páginas, cada uma com o máximo de dados que ela conseguiu reunir dos humanos que colocaram as cicatrizes em sua pele. Já faziam mais de dezenove anos que esperava para retribuir a cada um deles o que fizeram a sua garota, provavelmente se tornaria um inimigo de Midgard outra vez quando os danos começassem a aparecer, mas Loki nunca sentiria nenhum ressentimento por isso.

O deus se aproximou da humana que deixou o teatro de lado por hora, apenas porque era ele a estar por perto. Ele a transformou com sua magia a deixando com o mesmo ar de deusa que ele emanava por tamanha beleza. A roupa que Pepper trouxe foi drasticamente modificada mas se olhasse bem ainda seria possível ver um pouco da peça original. Loki fez suas marcas desaparecerem e deixou sua pele com um bronzeado que fornecia uma aparência mais natural do que sua pele normalmente pálida poderia oferecer, alongou seus cabelos e fez com que brilhassem em um cacheado quase perfeito, os lábios já carnudos não mudaram muito, mas agora conservavam o tom escarlate. Ele não mudou muito a estrutura de seu corpo porque sabia que Lin detestava o ideal de beleza dos humanos. Ela se tornou elegante e parecia realmente o que as pessoas interpretariam como uma mulher poderosa, brilhante e genial.

- Deixe que te vejam. – O jotun sussurrou com um tom de ira próximo ao seu ouvido. – Se reconhecer algum dos desgraçados sabe o que fazer com isso. – O deus conjurou uma de suas mais imperceptíveis adagas e a prendeu próxima ao decote de seu belo traje, o cheiro do veneno de Asgard foi logo reconhecido por Lin e não, ele não a obrigou a usar um vestido por mais que os humanos quisessem ver isso. – Estará cercada pelos aliados de seu pai, ninguém desconfiará de suas mãos ágeis para matar.

Matar era uma palavra fraca demais, aquele veneno faria com que seu alvo implorasse pela morte. Loki jamais deixaria que um dos homens maus partissem tão facilmente.

- Eles vão me olhar com aqueles olhos desejosos... isso ainda me incomoda, você sabe disso. Deveria deixar meu rosto como realmente é, para que tenham medo e não queiram me tocar. – O motivo da mulher preferir sua verdadeira aparência era este, ela abominava a ideia de ser desejada por outros humanos, por mais que conseguisse entender que nem sempre as mulheres sentiam tanta dor ao serem tocadas por alguém e que muitas vezes também sentiam prazer com isso, mas para ela isso nunca poderia ser possível. Talvez um dia conseguisse se submeter a essa situação que tanto temia por vontade própria, por esse tal prazer e por instinto, mas jamais conseguiria se deitar com um humano.

- Você é uma vingadora, isso é motivo o suficiente para não passarem de olhares. Além do mais terão outras pessoas muito atraentes por perto, nem todas as atenções vão estar em você.

- É, você tem razão... – Era obvio que Loki estava sugerindo que quase ninguém olharia duas vezes para ela porque alguém com o nível de beleza dele estaria por perto, por isso ela não resistiu em alfineta-lo. – Thor vai estar lá, com certeza vai ser o centro das atenções com aquele corpo perfeito.

- Como é?!

- Alguém por aqui não precisa de magia ou de maquiagem para ficar tão incrível! – E mais uma vez ela conseguia fazer o clima ruim desaparecer apesar de Loki ainda estar irritado. – Não me olhe com essa expressão! – Ela ergueu as mãos com o maior ar de inocência enquanto se aproximava da janela e o deus lhe encarrava de um jeito assassino, mas Lin não conseguia sentir nenhum pingo de medo quando era ele a olha-a assim, sabia que o amigo não estava bravo com ela de verdade. – Você sabe que é verdade! Quem se sentiria atraído pela sua cara feia? – Parecia que ele a atacaria a qualquer momento e quando Loki começou a se aproximar de fato ela se sentou sobre o parapeito da janela. – Já que você foi tão benevolente em me ajudar eu não vou mais perder tempo aqui, quanto mais cedo eu aparecer por lá mais cedo posso ir embora e além do mais eu tenho uma entrada triunfal para fazer!

Lin se jogou para trás, para o quase mini ataque cardíaco alheio, mas o deus travesso se sentiu meio idiota por se preocupar com ela quando chegou ao local de onde ela caiu e viu a armadura dela voando para longe enquanto acenava divertida. Aquela noite tinha uma promessa de ser desastrosa, mas aqueles dois tirariam proveito dela as suas formas, haviam algumas poucas coisas que serviriam como entretenimento até que o tédio conseguisse vence-los de fato.

(...)

A ideia original era que o evento fosse simples, algo apenas para apresentar a Garota de Ferro para a população sem que ela precisasse aparecer formalmente na frente das câmeras, mas até parece que o padrão Stark consegue ser algo pequeno. Loki, assim que apareceu no tapete vermelho que levava para dentro da área reservada da festa, foi logo cercado pelos fotógrafos e pela mídia em geral, claro que nenhum deles foi ousado ao ponto de chegar muito perto dele, ainda o temiam bastante pelo atentado em New York mas a maioria tinha tanto fascínio por conseguir imagens dele quanto tinham de Thor, não era sempre que um deus ficava tão perto de meros mortais. O feiticeiro em particular gostava um pouco da atenção que ganhava sempre que sua presença era divulgada em algum lugar, ele já mantinha o papel de bom moço a tanto tempo que muitas daquelas passaram a idolatra-lo, humanos eram tão facilmente manipuláveis que chegava a deixar de ser divertido apesar dos benefícios.

Depois de sorrir para os mortais e deixar que eles espalhassem a sua magnitude, Loki de fato entrou no evento e entendeu imediatamente porque a amiga parecia tão ansiosa, festas midgardianas conseguiam ser muito tumultuadas e barulhentas para o gosto de ambos.

O evento começaria com uma apresentação formal, onde a Garota de Ferro conheceria oficialmente pessoas importantes dos mais diversos ramos no mundo inteiro, Lin como sucessora de Tony Stark era vista com receio por todo o planeta, a família Stark tem o hábito de ser tão imprevisível quanto genial e por isso todos esperavam ter uma primeira impressão agradável para confiarem a proteção de Midgard a ela. Depois que toda a formalidade fosse deixada de lado a festa continuaria mais tranquilamente com apenas os vingadores e as pessoas mais próximas destes.

Loki mal esperava para ver Lin atuando como a submissa boazinha que aqueles abutres desejam que ela seja, a sensação de saber que ela conseguia por conta própria enganar a todos o deixava satisfeito ao ponto de não se importar nem um pouco com os seres ao seu redor por mais que planejasse cortejar alguns humanos enquanto apreciava o show que a sua favorita proporcionaria.

- Irmão! – Ouviu aquela voz tão familiar lhe chamar. – Hey Loki! Aqui! – O feiticeiro decidiu imediatamente que o ignoraria e fugiria para o outro lado do salão, mas Thor conseguia ser muito insistente quando queria e não foi surpresa nenhuma quando Loki sentiu seus ombros sendo envolvidos e seu corpo sendo levado para a mesa em que o irmão estava com algumas midgardianas. – Garotas, esse é o meu irmão Loki!

Com um suspiro profundo o deus travesso pensou em se transformar em uma ave para enfim conseguir ir para longe da coisa loira, mas então se lembrou do corpo trêmulo de desespero do irmão, da forma como ele sempre quebrava quando ficava sozinho a noite e de como ele cada vez mais se parecia com um idiota para esconder toda a dor que sentia. Thor se culpava pela destruição de Asgard, pela morte do povo, pela morte de Odin e de Frigga, pela morte de Hela por mais que ela fosse uma irmã que mal conheceu, pelo câncer de Jane, por todos humanos que não conseguiu salvar, por não ter agido quando o irmão disse que Lin estava em perigo e Loki sabia que o deus do trovão também se quebrava todas as vezes que acreditava que não foi forte o bastante para salva-lo também. Thor não era como a sua humana, Loki jamais demonstraria carinho ou gratidão a ele, mas não era como se o trapaceiro não ligasse por mais que fingisse não ver. O mundo não seria tão divertido sem o irmão para irritar e por isso, só por isso, Loki se deixou levar para o meio das midgardianas, sua falta de reação nada tinha a ver com uma possível consideração por Thor, claro que não, sentimentos são uma fraqueza.

O irmão parecia se divertir com aquelas estranhas que tanto o admiravam, mesmo que não fosse uma alegria sincera. Internamente Loki fez uma anotação mental de que ajudaria Lin a encontrar um companheiro canino para o loiro, os cachorros de Midgard são infinitamente melhores que seus humanos e nunca seriam tão interesseiros quanto as mulheres estavam sendo agora.

Loki também estava sendo descaradamente desejado pelas midgardianas e pelos midgardianos que os cercavam, mas ele perdeu completamente o interesse que qualquer corpo poderia oferecer e decidiu apenas provocar o irmão como passatempo até que o grande momento chegasse. Não era qualquer ser que despertava o seu desejo e não havia nenhuma motivação para fingir isso com alguém nesta noite.

Os vingadores eram quem mais se destacavam entre a multidão, suas presenças eram tratadas de formas completamente diferentes do que seria normal com quaisquer outras pessoas, todo mundo sabia quem eles eram e o que eles eram, todos os respeitavam por isso e fingiam gostar de estar com eles. A verdade era que a grande maioria temia a equipe de heróis, apenas agiam como se eles fossem idolatráveis porque eram eles quem mantinham o planeta a salvo. Mentirosos como eles nunca seriam bons o suficiente para enganar um mentiroso como Loki.

De onde estava o deus trapaceiro tinha uma boa visão da equipe principal em geral, conseguia ver Sam e Scott conversando isoladamente em um canto, Wanda interagindo com os repórteres que tanto odiava, o rei de Wakanda T'Challa cumprimentava o velho amigo lobo branco Bucky, sua equipe de guerreiras ria de qualquer coisa contada por pela Valquíria, que é a atual rainha da Nova Asgard, Shuri conversava animada com alguém que não estava no lugar através de um de seus aparelhos e Loki desconfiava que esse alguém era a grande atração da noite, Lin Stark. Bruce estava bem longe da multidão, na varanda principal onde podia ter uma bela visão da cidade, ninguém o contestou quando ele optou por se manter longe do aglomerado de pessoas. Barton e James eram os únicos que não conseguia ver, mas Loki não se preocupou com eles, já sabia que eles eram os responsáveis pela vigilância e segurança do lugar. 

Porém entre todos os vingadores quem o jotun mais permitia que lhe causasse preocupação era Carol Danvers. Não haviam muitas informações disponíveis sobre ela e definitivamente a mulher não era como os outros, ela era mais forte que seu irmão e o Hulk juntos. Atrás de seu sorriso calmo e o olhar supostamente gentil estava a maior ameaça a seu plano, a Capitã Marvel.

O deus ainda não conhecia formas de testa-la, de saber seus pontos francos e em que feridas deveria mexer, não conseguia se aproximar sem ser repelido e mal podia manter seu olhar sobre ela por mais de um mero segundo sem que ela o encarasse de volta como se perguntasse qual era o motivo da atenção que lhe dirigia, seu sétimo sentido a tornava quase intocável para alguém que tirava vantagem dos mínimos detalhes como Loki, ela estava sempre alerta a tudo ao seu redor, conseguia ler o trapaceiro quase na mesma intensidade que Lin fazia e ela não confiava nem um pouco nele, apenas tolerava sua presença porque ele se tornou útil nos últimos anos. O segundo acabou e Loki desviou o olhar para um midgardano que tentava seduzi-lo, fingindo ter interesse nele apenas para sentir o olhar dela atingi-lo, pouco milissegundos a mais e ela saberia quem a observava.

Ele sabia que conseguiria sobreviver a um ataque da mulher se precisasse e até conseguiria manter seu poder no mesmo nível do dela por um tempo mínimo, mas em ambos os casos reduziria a sua magia à estaca zero quando o tempo acabasse, se tornaria um alvo fácil e por isso preferia nem arriscar irrita-la por enquanto, faria isso quando a melhor amiga conquistasse os poderes totais do Original, assim sabia que não correria riscos de morte se ela percebesse que eram inimigos. 

Às vezes Loki pensava que deveria encontrar uma arma que lhe servisse como o Mjölnir serviu ao irmão, algo que canalizasse seu poder e o deixasse mais fácil de controlar, muitos jamais imaginariam, mas o gigante de gelo de Asgard sempre foi o mais poderoso entre os príncipes, porém ele nunca conseguiu se manter por muito tempo em seu poder máximo e na maioria das vezes nem tinha vontade de fazer isso, aquela imagem de mais fraco o servia bem na maior parte do tempo.

Uma comoção geral foi ouvida, a multidão de fora e de dentro do evento apontava para o céu, todos maravilhados com um ponto brilhante voando acima da área da festa. "É agora" Loki pensou vendo a armadura se aproximar a toda velocidade, Shuri se encaminhou discretamente para varanda principal onde Bruce estava, pouco contendo a empolgação que sentia. Os civis lá fora se aglomeraram o mais perto possível para verem a chegada da Garota de Ferro e os convidados menos importantes não agiam de forma diferente, os humanos que cercavam os príncipes de Asgard se dispersaram para tentar ver também mas os irmãos apenas ergueram os olhos na direção de onde a mulher vinha.

Lin chegou ao chão exatamente da mesma forma que o pai costumava fazer, estreando em uma armadura perfeitamente vermelha e dourada, a que mais se parecia com os modelos do Stark dentre todas as que havia feito. Ela parou na varanda principal como o combinado dizia e as pessoas agora gritavam em euforia e alegria por vê-la, Shuri estava lá ao seu lado como apoio, mas a outra mulher não precisou de ajuda e Bruce também serviu de amparo mesmo sem esse ser o seu propósito. O povo jamais se aproximaria em excesso se ele estivesse por perto. Quando a armadura se ergueu e o som que as pessoas faziam aos poucos foi acabando, todos a encaravam com muita expectativa.

Loki sabia bem como a companheira se sentia horrível com a sensação de estar sendo tão observada, mas também sabia que ela nunca se deixaria vencer por um incomodo como esse. A armadura se abriu devagar e de lá saiu a mulher que todos queriam ver, por mais que essa não fosse necessariamente a verdadeira Lin, eles queriam ver Tony Stark outra vez e foi isso que ela apresentou a eles. A humana deixou a armadura com toda a beleza e elegância que a magia lhe permitia e acenou para o povo com o sorrisinho sarcástico que todos sentiam falta, os flashes das câmeras vieram em grande quantidade e a multidão voltou a gritar por ela conforme ela interagia com o povo e caminhava para o evento. A armadura não demorou a se juntar novamente e partir ao comando de Sexta-Feira. Ninguém via o que ela era de verdade, eles apenas viam o que sua aparência e gestos sugeriam.

Ele não fez nenhum movimento que indicasse o interesse em se aproximar dela, apenas apegou a bebida que um garçom lhe oferecia e a provou devagar, o feiticeiro tinha certo apreço pela maioria das bebidas alcoólicas midgardianas, elas eram tão fracas ao seu paladar que as vezes para ele se assemelhavam a um simples chá. Loki não era alguém acostumado com as bebidas asgardianas como Thor, mas mesmo assim nenhuma das que os humanos normais poderiam lhe oferecer causariam o mínimo efeito em si, o que era um fato excelente, o deus trapaceiro detestava ficar bêbado. Seu irmão chamou sua atenção ao beber com gosto uma diferente bebida que o garçom trouxe especificamente para ele, ela parecia causar um certo efeito nele e isso intrigou o mais novo.

- Isso é uma coisa que o Stark fez pra mim a muito tempo. – Explicou quando notou o olhar questionador do outro sobre si. – Ele se indignou um dia por eu não conseguir ficar bêbado facilmente com a bebida mais forte de seu estoque, então criou essa aqui pra mim e entrou em coma alcoólico depois de se julgar forte o bastante para beber comigo. – Thor riu divertido lembrando da cena, era notável como Tony Stark fazia falta até para ele, Loki nunca entenderia.

O príncipe se questionava sobre os sentimentos humanos, afinal o Homem de Ferro era tão duramente criticado e era em quem as pessoas jogavam a culpa da morte de seus entes queridos se estes morreriam durante conflitos que envolvessem os vingadores, mas mesmo assim agora com ele morto o tratavam como um memorável herói e como um santo. Loki não conhecia Tony muito bem e mesmo assim podia dizer que ele não desejaria nada do que as pessoas estão fazendo em memória dele. Mas não é como se o asgardiano se importasse de verdade com isso.

Lin de longe fingia muito bem que estava confortável e feliz com o evento, Shuri e Pepper a acompanhavam de perto, eram as duas que apresentavam a Garota de Ferro para os convidados. O deus não prestava muita atenção na amiga, mas também não escondia o sorriso maldoso pelo comportamento dela, todos acreditavam tão facilmente em suas mentiras que deixava o trapaceiro presunçoso.

As horas foram passando, as pessoas menos importantes já haviam ido embora, a Stark não era mais exatamente o centro das atenções e havia permitido que alguns humanos que realmente despertavam o interesse dela se aproximassem. Loki não ficou perto da amiga em momento nenhum, mas não era como se ele não estivesse atento aos movimentos dela, mesmo enquanto socializava com alguns irritantemente importantes vermes. Por sorte nenhum daqueles rostos estavam na lista que sua humana fez.

(...)

- Eu imagino que você seja Jane Foster! – A grande atração da noite falou a doente e frágil mulher no recinto, ela sequer conseguia andar devido às consequências da quimioterapia, mas mesmo assim mantinha um constante bom humor.

- Me admira que Lin Stark tenha ouvido falar de mim. – Jane esboçou um sorriso lento e sincero, porém também cansado. As duas estavam mais afastadas do restante das pessoas e antes de voltar a responder a Garota de Ferro bebericou um drink que trazia consigo. Provavelmente era a primeira vez que experimentava aquele em específico pois até a outra conseguiu notar a dificuldade de Lin em esconder o desgosto pelo que bebeu.

- Mas é claro que ouvi! Afinal você já foi a humana do Thor e acho que gravei o seu nome por Loki tê-lo comentado, ele nunca disse nada sobre as namoradas do irmão fiquei curiosa em saber quem você era.

Aquela mulher era muito mais do suas palavras diziam, ela um dia foi a deusa do trovão, alguém mais digna do mjolnir que o próprio Odinson e que carregou o título de Thor com honra e bravura. O que a Stark sabia sobre ela era muito pouco em relação ao que ela realmente havia se tornado, mas desde que o martelo encontrou o seu fim pela segunda vez e os poderes de Jane desapareceram eram poucos os que comentavam sobre seus feitos. Seja por respeito ou por mera covardia o mundo decidiu se esquecer de sua grandiosidade como heroína, como se descem a ela a chance de uma vida normal e de paz aos seus últimos dias.

- "Humana do Thor"? – Jane franziu o cenho, pensando ter ouvido errado. – E você seria o que? A humana do Loki? – Ela retrucou irônica, sabia que aquele homem considerava humanos inferiores demais para se apegar a um deles. A Stark, para a surpresa dela, apenas riu baixo, assentindo.

- É, mais ou menos isso. – Lin teve a confirmação de que Loki a ouvia quando ele alargou um pouco mais o sorriso. – Ele com certeza está me evitando desde que o evento começou para eu não atrapalhar a noite dele com algum mortal qualquer.

- E você não se importa que ele transe com outras pessoas? – Ela arqueou uma sobrancelha e achou graça da expressão que a outra mulher fez por provavelmente imaginar seu companheiro na cama com alguém, por mais que não visse ciúmes em seu rosto.

- Loki não e eu não estamos juntos, quer dizer, estamos, mas não dessa forma... Somos amigos a muito tempo, mas não somos um casal. – Jane achou agradável de se ver a expressão constrangida e verdadeira da filha de Tony Stark, a humana supôs que aquela era a primeira vez desde que Lin chegou que esta não viu necessidade em mentir.

- Tem certeza? Eu estou aqui observando todo mundo desde que cheguei e o Loki sempre te olha quando acha que ninguém está prestando atenção nele. – Lin sentiu vontade de rir, o amigo não conseguiu fugir dos olhos da humana do Thor mesmo quando mais ninguém o via. – Não é como se a frágil e doente Jane pudesse fazer muita coisa além de observar.

- Entendo porque você chamou a atenção dos príncipes de Asgard. – Lin pareceu analisa-la um pouco mais agora. – Porque ninguém te curou ainda? – Ela parecia verdadeiramente confusa com isso. – Os humanos com certeza têm tecnologia o suficiente para trazer a sua saúde de volta.

- Você fala como se tivesse passado os últimos anos longe do nosso mundo. – Jane riu amarga – O meu câncer rende muito dinheiro para a indústria farmacêutica para que alguém se disponha a divulgar uma cura para ele.

Lin não nunca havia se interessado em procurar sobre esse assunto, mas ela sabia como os humanos eram cruéis, não estava surpresa com a informação. Na cabeça dela curar algo como o câncer não parecia tão complicado assim, ela fez uma anotação mental de pedir a Sexta-Feira para lembra-la de procurar por algo que desse fim a aquela doença mais tarde. A Stark mentia sobre Loki ter dito o nome de Jane em uma conversa, o amigo realmente não se importava com qualquer que fosse namorada do irmão. Foi uma das vozes que a levou até ali, a que entre as sete era quem conhecia a Foster e desejava importunar uma das poucas criaturas vivas que conseguia impressiona-la.

Realidade era realmente a voz mais travessa entre as que conversavam na mente de Lin, a humana costumava pensar que essa joia seria a que mais se daria bem com o príncipe de Asgard se este tivesse tentado usar o poder dela em algum momento. Jane estranhou o silencio repentino que se instalou sobre a nova vingadora, era como se ela de repente deixasse de estar ali na festa para ir para dentro de um universo próprio. A antiga Thor não poderia estar mais certa.

Os pensamentos de Lin vagavam para como cada uma das vozes tinha uma personalidade própria e completamente contraria as demais, com as informações que seu melhor amigo lhe passou ela começou a aprender cada vez mais a diferenciar de quem cada sussurro em seu subconsciente pertencia. Espaço era inconstante, teimoso e sempre lhe mandava imagens dos lugares em que já esteve quando percebia que a humana buscava inspiração para desenhar, Poder era bruto, instável, mas tão gentil quanto um filhote com aqueles de quem gosta, o que se resumia as outras cinco joias e estranhamente, Lin, Mente era a mais inteligente e genial, as vezes sussurrava ideias quando a Stark não sabia o que fazer, em geral era a que menos falava, Alma era sempre tranquila, dona das palavras mais suaves e lhe contava histórias sobre os grandes seres que ela matou ao longo dos bilhões de anos em que as criaturas a usavam e Tempo era o mais calmo, paciente e sussurrava estratégias infalíveis quando queria ajudar, foi quem decidiu manter as memórias da humana e de Loki as mesmas apesar das linhas temporais diferentes. 

As únicas coisas que partilhavam em comum era o apego um pelo outro, o ódio por aqueles que os usavam e a relutância contra a sétima voz, da mesma maneira em que querem chegar até ela. A sétima era a pior entre eles, era quem mais conseguia manipular as ações de Lin, quem com frequência tentava tomar o controle de seu corpo, quem fazia as demais vozes ficarem insuportáveis, era quem oprimia suas iguais e quem tornava a Stark tão perturbada. Na maioria das vezes as seis eram suas protetoras, mas a sétima mudava sua percepção, alterava as palavras que as outras queriam passar, machucava e também era quem mantinha a humana viva para o seu próprio bem.

O experimento com o soro de super soldado e com os raios gama só funcionou porque a sétima já havia alterado seu DNA a níveis gigantescos para que ela conseguisse sobreviver a qualquer outra alteração genética, também era ela quem implantava um alerta nos sentidos de Loki para que ele aparecesse para alegra-la sempre que Lin desistia de continuar a resistir, parte de tudo que a sétima fazia envolvia sua vontade de também proteger a humana, mas era ela quem mais a prejudicava sem notar.

Jane de forma confusa viu o olhar de Lin passar de sério e um tanto raivoso para sereno e divertido em um piscar de olhos, a Stark já não se lembrava mais sobre o que estava divagando momentos antes, em sua mente brilhava uma ideia engraçada para a distrair.

- Quer me ajudar a fazer uma brincadeirinha? – havia um sorriso maldoso brincando nos lábios dela e a Foster normalmente não aceitaria uma proposta dessas de uma até então desconhecida, mas Lin encarava Loki com a promessa de diversão as custas dele e desde que voltou a normalidade poucos contavam com a sua participação para alguma coisa, a tratavam como uma enferma e impediam de fazer até mesmo o que mais amava.

- Me diga o que tem em mente.

Que mal havia em fazer uma pequena trapaça para rir da cara do deus das trapaças? 

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