The CEO's - Talvez Seja Você

By Ggambinii

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[COMPLETA] #1° em CEO. 16/08/2020 #3° em romance. 16/08/2020 #2° em romance. 19/08/2020 #1° em violência. 18... More

THE CEO'S
P E R S O N A G E N S
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C o n t i n u a ç ã o
o s ó c i o d o m e u p a i
Amor sobre rodas
Revisão e insta dos livros

21

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By Ggambinii

— Quero que mire no centro, Loira. — Ivan aponta para o círculo vermelho no meio do homem feito de papelão. — Mantenha o pulso firme, caso contrário, a arma poderá voltar com a pressão e acertar em cheio o seu rosto.

— Tudo bem, avise quando for para atirar. — Grito um pouco por estarmos com aqueles protetores de ouvido. Ivan faz um sinal positivo e cruza os braços se afastando. Encaro o homem de papelão e imagino o rosto do Declan nele.

Atiro duas vezes.

Ivan aperta um botão que faz o boneco se mover até poucos metros para perto de nós. Não acertei no meio, mas cheguei perto.

— Foi bem. Não acertou o meio, mas com certeza matou o cara. — Ele aperta outro botão e o boneco volta para o fundo da ampla sala. — Agora mire no joelho.

— Eu nunca vou acertar os joelhos, Ivan! — Protesto, mas não adianta nada. Ivan continua olhando para o boneco, esperando que eu realize seu pedido. Suspiro e volto a olhar para frente.

Está tudo bem. Não deve ser tãooo difícil assim.

Miro mais demoradamente, e por fim, decido tentar dar um tiro em cada joelho, isso aumentaria minhas chances de acerto.

1...2...3..... Atiro.

Abaixo a pistola e Ivan traz o boneco para perto. Acertei apenas uma das canelas do boneco.

— A canela serve, mas o joelho é mais definitivo. Um homem sem conseguir andar, é praticamente um homem morto em casos de confronto. A canela furada o desestabilizaria, e o deixaria mais lento, mas ele ainda conseguiria andar se arrastando.

— Você já matou muitas pessoas? — Questiono curiosa. Ivan olha para mim de rabo de olho, e balança a cabeça em afirmativo.

— Sou um mafioso, Loira. Isso vem no contrato. — Ele sorri e volta com o boneco. — Agora mire na cabeça. Isso é o mais importante. Um tiro bem dado no meio da testa mata qualquer um.

— Mas, matar não é difícil? Quer dizer, a consciência não pesa? — Franzo o cenho. — É outro ser humano.

— Apenas o primeiro é difícil. E não se engane, Loira. Existem seres humanos que não possuem humanidade alguma. Agora, atire.

Não prolongo a conversa. Faço o que ele manda e acerto em cheio. Recebo um sorriso orgulhoso em troca. Eu estou pegando o jeito dessa coisa. Gostei disso.

Duas horas se passam e decidimos parar por hoje. Ivan é um bom professor, é paciente e sabe ensinar. Ele é uma boa pessoa, infelizmente nasceu em uma máfia. Ele poderia ser um bom cidadão, mas não acho que honestidade tenha a cara dele, muito pelo contrário, ele tem cara de mafioso mesmo.

— Estou com fome. — Resmungo. — Tenho que almoçar antes de ir para o consultório.

— Como está o bebê? — Ele pergunta com os olhos atentos na estrada.

Theodore arranjou uma sala de treinamento de tiros para policiais, eu não sei como, mas permitiram que eu e Ivan treinássemos sozinhos. Tenho uma leve impressão que Theo contribuiu com alguma quantia generosa para que isso fosse possível.

— Acho que está bem. — Pouso minha mão sobre meu ventre. — A ficha ainda não caiu que sou mãe, mas eu sei que sou e tudo que eu queria era que eu e Theodore pudéssemos curtir essa fase como qualquer outro casal normal, sabe?

— O bebê não veio em uma boa época. — Afirma. — Mas vai dar certo, não se preocupe. Nada acontecerá com essa criança, isso eu prometo.

— Como pode ter certeza? Se o Desmond me matar, o bebê também morre.

— Ele não vai matar você, e nem ninguém. Escute, Loira, eu gosto de você. — Ele para em um sinal vermelho e vira o rosto para mim. — Gosto mesmo, é uma mulher incrível, passou por coisas que, muitas mulheres se passassem, não aguentariam o tranco, mas você aguentou e superou, é corajosa e eu admiro isso. Entendo o porquê de Theodore ter escolhido você, ele sabia que seria arriscado manter um relacionamento no meio dessa merda, mas ele sabia que você aquentaria o tranco, e você não só aguentou como está lutando também. — O sinal abre e ele volta seu olhar para frente, acelerando o carro. — Eu não acho que somos amigos, Mackenzie, mas quero ser porque gosto de você, e por isso eu prometo que nada vai te acontecer, e muito menos com essa criança, até depois que ela nascer.

— Obrigada, Ivan. — Seguro em seu ombro e sorrio com ternura. — Eu te considero meu amigo. — Algo que se parece muito com um sorriso surge em seu rosto, mas logo some. É um cara durão apenas por fora, tem seus demônios, mas é um torrão de açúcar por dentro.

— Conversou com seu namoradinho sobre o tio? — Acabo rindo com o desprezo em falar sobre Theo.

— Sim. Ele concordou que faz bastante sentido ser Desmond, mas precisa ter certeza. Ele saiu com o tio hoje, Logan e Jason também foram. Vão tentar arrancar algo dele por maio da lábia.

— Desmond não é idiota, e não acha perigoso eles saírem com ele assim?

— Levaram cinco brutamontes atrás, armados até os dentes. Não acho que Desmond fará algo nessas circunstâncias, também por ser em local público. Theodore também não é idiota. — Suspiro. — Ele decidiu afastar o Thon.

Ivan vira o rosto para mim, surpreso pela notícia.

— Como isso aconteceu? Achei que Theodore confiasse a vida dele nas mãos desse cara.

— Eu pedi. Ele perguntou o motivo, mas eu apenas pedi para que confiasse em mim. Tenho medo que Thon esteja trabalhando com Desmond. O caso dos pais do Theo já devia ter sido concluído há muitos anos. Com todo o dinheiro que meu namorado tem, essa palhaçada do Dom misterioso já era para ter sido resolvido, mas Thon sempre diz que não está dando em nada as investigações. Theodore tem uma das melhores equipes de segurança que o dinheiro pode pagar, investigadores de alto nível, como não dá em nada?

— Isso é verdade. Mas se Thon trabalha para Desmond, quer dizer que Desmond já deve saber que eu estou do lado do Theodore.

— Eu tenho uma ideia. — Suspiro. — Só tem um jeito de descobrir se Desmond é o Dom e o Thon é um infiltrado.

— Como?

— Plantando falsa evidência. Vamos entregar uma informação falsa para Thon, se por algum acaso Desmond falar sobre, saberemos a verdade.

— É uma boa ideia, mas como fazer Desmond falar algo que o incriminaria?

— Não precisa ser algo grave. Desmond está de olho nas empresas do Theo e nos bens dos irmãos Grader. O meu plano é o seguinte, Theodore, Logan e Jason estarão conversando sobre uma possível venda das empresas na sala de casa, eu farei com que Thon ouça essa conversa. Talvez pedindo para que ele pegue algo meu que ficou na sala. Thon contará para Desmond, que com certeza comentará algo com Theodore.

— Entendi. É um ótimo plano, Loira. Pode funcionar. Isso precisa ser colocado em prática o quanto antes, não sabemos o que Desmond planeja.

— Depois do almoço eu e Theo iremos à minha obstetra. Conversarei com ele e com os meninos sobre isso depois, quero colocar o plano em prática essa noite.

— Mantenha-me informado. — Assinto. — Tenho notícias sobre o Declan. — Sinto um pouco de incômodo ao ouvir o nome do filho da puta, não como antes, mas ainda é ruim lembrar dele. — Ele fugiu.

Meu corpo treme de medo.

— Sabe aonde ele possa estar? — Ivan nega e assinto, engolindo minha saliva com dificuldade. — Acha que é um plano do Dom para me assustar?

— Não acho que é para assustá-la. É para desestabilizar o Theodore. Quando ele descobrir que seu ex fugiu, irá até o inferno para encontrá-lo. Usar Declan como isca para atraí-lo. Desmond não veio para os Estados Unidos apenas sondar os Grader, veio porque quer dar fim ao plano dele, deixou Declan fugir porque o plano está perto de ser concluído.

— Isso quer dizer que está no fim?

— Não. Isso quer dizer que começou.

THEODORE

— Ainda não vi sua adorável namorada. — Desmond suspira e leva a taça de vinho aos lábios. Repito seu ato e levanto os olhos para encara-lo. — Ela está morando com você, sim?

Mackenzie não chegou a ver meu tio, ela não quis sair do quarto por nada quando disse que Desmond estava no apartamento, e, depois dela me contar sua teoria sobre Desmond, achei melhor que ela não chegasse perto dele.

— Está.

Não me lembro de ter dito nada sobre Mackenzie morar comigo para ele.

— Ela não estava em sua casa quando cheguei. — Franzindo o cenho, relaxo meu corpo deixando as costas totalmente apoiadas no encosto da cadeira.

— Não entendo sua curiosidade com ela. Achei que estivesse aqui para ver o que restou da sua família. — Tento não soar cínico.

— Mas, ela agora faz parte da família, não é mesmo? — Ele sorri. O mesmo sorriso que dava para meu pai quando dizia a ele que não estava interessado nas empresas dele, antes de matá-los, claro. — Ela está sozinha agora? Quer dizer, no apartamento?

— Não. Eu cuido muito bem da minha mulher, Desmond. — Minha voz sai em tom de aviso e percebo Desmond se afastar sutilmente e levantar o queixo, olhando-me com superioridade. Ele abre a boca para falar algo, mas é interrompido pelos meus irmãos, que chegam de forma nada elegante.

— Theodore, avisa ao Jason que ele não pode comer a secretária dele em pleno horário de trabalho? — Logan senta ao meu lado e Jason ao lado de Desmond. — Olá, tio.

— Do que está falando, Logan? Theodore me disse que viu você transando com a Judy, e que sua bunda faz um movimento estranho quando...

— Cala a merda da boca, Jason. — Logan rosna para ele e se vira para mim. — Em qual vez foi isso?

— Então quer dizer que teve mais vezes? — Continua Jason. Reviro os olhos e Jason parece notar a presença de Desmond. — Ah, oi, tio.

— E a Ohana? — Questiono.

— Não sou comprometido com ela. — Meu irmão diz e deixo para lá.

— Olá, meninos. Estou impressionado, viraram homens de verdade. — Desmond diz com falso orgulho. — Senti saudades de vocês.

— Desculpe não retribuir o sentimento. — Jason sorri com deboche. — Eu ainda era uma criança quando meus pais morreram e você sumiu, nos deixou para sermos criados pelo Theodore, que nem a faculdade havia acabado ainda. Não que eu guarde rancor, longe disso, ainda bem que meu irmão era maduro o suficiente para assumir as empresas, terminar a faculdade e criar uma criança e um adolescente. Tudo ao mesmo tempo. — Diz irônico.

— E ele fez um bom trabalho. — Meu tio me olha. — Eu não poderia fazer melhor.

— Eu concordo, não poderia. — Logan diz e levanta uma das mãos, chamando um garçom. — Mas, vamos ao que interessa. Duvido muito que tenha vindo até Seattle para compensar o tempo perdido, o que quer? — Ele é ríspido em sua fala, mal se importando com a presença do garçom. — Pode trazer duas taças de vinho?

— Sim, senhor. — O homem sai e Logan volta o olhar para meu tio.

— Eles se parecem com você, Theodore. — Desmond ri. — Um é direto e controlado, já o outro, explosivo e desaforado. Não sei qual se parece mais.

Sorrio de lado, orgulhoso dos meus meninos. Eu os criei bem, afinal.

— Está enganado. — Passo o dedo indicador pela borda da taça de cristal e uma nota começa a soar suavemente. — Somos exatamente iguais, a diferença é o temperamento. — Apoio os dois cotovelos na mesa e encaro Desmond dentro os olhos. — O que quer conosco, Vladimir? — Uso seu nome verdadeiro e Desmond arqueia as sobrancelhas, parecendo surpreso.

— Então vocês sabem... — Murmura e contraio o maxilar, perdendo a paciência.

— O quer? — Repito.

— Eu vim apenas para ver meus sobrinhos. — Reviro os olhos e volto para minha posição relaxada. — Não compreendo a desconfiança.

— Não é óbvio? — Jason se vira para ele. — Resolveu aparecer após tantos anos, logo após as empresas Grader estarem no seu auge. Por acaso quer algum cargo de relevância? — Desmond olha para mim e aperta os olhos, sorrindo.

— Quero. — Travo o maxilar e meus punhos se fecham. — Quero o cargo de tio dos meus sobrinhos. Apenas.

— Sei... — Resmunga Jason.

Sinto meu celular vibrar no bolso interno do meu terno e levanto-me para atender a ligação.

— Preciso atender, já volto. — Digo tirando o celular do bolso e vendo a foto da minha loira na tela. Assim que consigo uma boa distância, atendo a ligação.

— Oi amor, tudo bem?

— Tudo. Ainda vai comigo hoje à consulta? Tem um homem aqui, é uma pessoa importante e quer uma reunião com você para depois do almoço.

— Minha filha é mais importante, vou. Já chegou na empresa?

— Já, faz duas horas. Ouço algumas vozes no fundo.Ele não poderá nesse horário, senhor. Pode ser amanhã às sete.

Preciso falar com Theodore Grader e hoje, sua loira inútil. Sinto meu sangue ferver na hora.

Quem esse filho da puta pensa que é para falar assim da minha mulher? E foda-se que é a minha mulher, poderia ser qualquer pessoa, ele não tem esse direito.

— Passe o telefone para ele, agora.Ordeno.

Não, eu resolvo, sou sua assistente. — Rosno.

— E eu sou seu chefe, porra. Passa logo essa merda de telefone, Mackenzie. Ouço ela praguejar, mas acata minha ordem.

Finalmente fez algo que preste. — Ele diz, provavelmente direcionado a ela. — Senhor Grader, sou o...

Cale a boca. Corto sua fala. — Não tente mais mandar em meus funcionários e muito menos ofendê-los. Você deu o azar de ofender logo a minha mulher, eu estou pouco me fodendo para quem quer que seja, saia da minha empresa e não volte.

— Tem noção de com quem acabou de falar? Seu sotaque é britânico, um tanto forçado.

Poderia ser com o príncipe da Inglaterra, eu não retiraria minhas palavras. Devolva o telefone e faça o que mandei.

— Vai se arrepender, Theodore. Acabou de perder uma fortuna.

Não preciso da sua fortuna, eu faço uma à cada hora que passa. Saia, agora, ou prefere ser escoltado com seguranças?

Ele pragueja, mas assim que ouço novamente a voz da minha doce namorada me xingando, meu corpo se alivia e sorrio de maneira abobada.

Você só pode ser louco, Theodore.

— Nunca neguei o contrário, meu amor.Ouço um barulho de vozes e viro o rosto, vendo meus irmãos voltarem a brigar. Preciso desligar, Jason e Logan estão brigando feito animais hoje.

Estão mesmo. Acredita que eles vieram até mim assim que cheguei? Parece que o Jason comeu alguma funcionária da empresa, hoje mais cedo. Eu não pude nem falar nada, você me come direto no seu escritório. Sorrio safado.

E eu adoro fazer isso. Preciso realmente desligar, meu anjo. Espere-me dentro do hall de entrada, assim que eu sair daqui passo para te pegar, vamos direto para o consultório, não posso demorar muito.

— Ficaremos no máximo uma hora lá. Vai chegar a tempo para os compromissos da tarde, não se preocupe. Te amo, até daqui à pouco.

— Te amo também. Até. Desligo.

Volto para mesa e Logan e Jason continuam sua discussão, já meu tio, olha para eles como se fossem dois panacas. Desmond nunca gostou muito de nós, mas muito menos dos mais novos.

Mackenzie estava certa quando disse que era ele. Só preciso de provas para começar agir.

— Então, Desmond, quanto tempo vai ficar nos Estados Unidos? — Interrompo a discussão dos dois, que bufam e cruzam os braços em desagrado.

— Não sei exatamente, o tempo que for necessário, acho.

— Necessário para que? — Logan é mais rápido.

— Para ter a confiança dos meus sobrinhos. Sei que errei quando decidi me afastar de vocês, eu não soube lidar com a morte do meu irmão e vocês três me lembram muito ele, mas vi que errei e quero que sejamos uma família novamente.

Isso seria lindo, se não fosse uma mentira completa.

Desmond e meu pai sempre foram parecidos. Ambos possuem o mesmo jeito de falar e as expressões faciais eram as mesmas em casos parecidos, como este, por exemplo.

A diferença é que Desmond sempre foi mais carismático, já meu pai, não. Ele era sério, arrogante, e a maneira como mandava nos outros dava medo às vezes, porém, nunca fora assim com a esposa ou os filhos, apesar da péssima personalidade, era um bom marido e foi um ótimo pai.

Atribuo sua personalidade ao passado criminoso, sei que meu pai deve ter feio muitas coisas que prefiro não descobrir. Mas apesar da diferença de personalidade, Dexter e Desmond possuem manias parecidas.

Desmond costuma falar rapidamente quando está em uma conversa normal, mas quando ele mente ou tenta manipular, sua fala se torna mais lenta. Ele lambe os lábios com frequência e toca seu rosto, talvez seja ansiedade.

Quando se trabalha cercado de pessoas interesseiras, manipuladoras e invejosas, você aprende a lê-las. No mundo em que vivo, minha realidade não me dá o luxo de ser idiota ou inocente, na verdade, o mundo em si não nos dá esse privilégio.

Desmond quer a mim e aos meus irmãos, mortos. Assim, tudo que meus pais construíram e eu dei continuidade, ira tudo para o único parente vivo, ele. Não acho que tentará matar Mack, já que ela não é um impedimento para os planos dele, afinal, nós não somos casados, ainda. Porém, o bebê na barriga de Mackenzie é, já que será o herdeiro legitimo. Não que Desmond ficará vivo tempo o bastante para saber que será tio-avô.

Aliás, preciso conhecer meus sogros, Mackenzie nunca falou da família dela.

Preciso lembrar de perguntar.

MACKENZIE

— Você é louco. — Digo assim que entro no carro pela porta do carona. — Ele ameaçou abrir um processo contra você, Theodore.

— Como vai, meu anjo? — Ele me olha preocupado e coloca a mão sobre minha barriga. — Soube que passou mal depois que nos falamos.

— Eu fui almoçar. — Sorrindo, coloco minha mão sobre a de Theo. — Parece que ela não gosta muito de arroz com brócolis. — Ele faz uma cara de nojo e eu começo a rir.

— Com certeza é minha filha. — Reviro os olhos para seu comentário e suspiro.

— Ela não está aceitando nada, Theo. — Resmungo. — Eu não paro de vomitar, está piorando todos os dias.

Colocamos na cabeça que é uma menina, ainda não sabemos, mas a convicção de Theodore chega a ser impressionante. Ele diz que é intuição de pai.

— Vamos ver isso com a médica hoje, deve haver algum tipo de remédio que ajude.

— É médico. — Theodore para no sinal vermelho e me olha com as sobrancelhas juntas.

Vai começar...

— Médico? — Confirmo com a cabeça e percebo sua expressão ficar séria e seu maxilar enrijecer. — Nem fodendo. Não, sem chances.

— Theodore, o Doutor Amell é o melhor obstetra do Estado, por sorte, o fato de eu ser sua namorada e mãe da futura princesinha de Washington, abriu um vasto espaço na agenda lotada dele.

— Foda-se o que ele é. Eu não quero outro homem entre as pernas da minha mulher, muito menos enfiando um pedaço de pau em você. — Mordo o lábio inferior na tentativa de prender o riso, mas isso parece irritá-lo ainda mais. — Eu estou falando sério, você só irá para essa merda de consulta com esse merda de doutro por cima do meu cadáver, Mackenzie. — Brada.

Theodore está emburrado ao meu lado, sentado na sala de espera do consultório. Infelizmente, não estamos à sós. Há várias mulheres aqui, a grande maioria está comendo meu namorado com os olhos.

— Essas mulheres não têm vergonha na cara não? — Rosno e cruzo os braços. — Theodore, eu vou avançar naquela ruiva de peitos falsos, estou falando sério. — Ele ri e passa os braços ao meu redor, depois aproxima o rosto do meu, beijando minha testa.

Culpo em parte a gravidez. Eu ando mais irritada e qualquer coisa me estressa, mas, o que mais me irrita é quando alguma mulherzinha dá em cima do Theodore, mesmo que eu esteja ao lado dele. É muita falta de respeito mesmo.

— Eu avisei que não era para virmos aqui. — Suspiro e concordo.

— Você tem razão. Vamos para casa. — Faço força para me levantar, mas praguejo ao sentir o braço de Theodore me prendendo à cadeira. — Merda.

— Agora já estamos aqui, vamos ficar e consultar. — Franzo o cenho e o encaro. Ele está muito calminho, por quê?

— Por acaso você está gostando da atenção que está tendo, Theodore? É isso? Você quer aquela ruiva? Achou ela bonita? — Minha vista embaça devido as lágrimas. Merda, eu também ando muito emotiva.

Theodore assume uma expressão assustada e começa a limpar meu rosto molhado.

— Que merda você está falando, meu amor? Meu Deus, Mackenzie, para de chorar. Eu não quero ninguém, só você. — Ele diz desesperado e segura meu rosto entre suas mãos grandes, fazendo-me encará-lo nos olhos.

Nossa. Ele é tão lindo. Chega a dar raiva de tão lindo, não há defeito. Esses olhos azuis piscina, quero minha filha com esses olhos. E ele é tão gostoso, nossa... ele faz tão bem...

— Amor, para de me olhar assim. — Sua voz rouca me faz acordar do delírio. — Você estava chorando agora há pouco e agora está com cara de quem quer foder loucamente. — Sussurra.

— Eu quero. — Mordo o lábio sorrindo e ele pragueja.

— Senhora Grader! — A recepcionista chama e me levanto. Sim, usei o sobrenome do Theo para conseguir a vaga, e daí? — Pode entrar, o Doutor Amell está à sua espera. — Agradeço e caminho em direção à porta, mas não sem antes de encarar a mulher que não para de secar meu homem.

— Vamos, meu bem. — Ele segura em minha cintura e me faz continuar o caminho. Logo quando estava prestes a mostrar o dedo do meio para a siliconada. — Senhora Grader, Mackenzie? — Olho para ele, que me olha de canto com um sorrisinho nos lábios.

— Gostou?

— Eu amei. — Sorrio e giro a maçaneta da porta.

É um consultório lindo, fica no alto de um prédio e a vista é incrível das grandes janelas. Ouço Theodore suspirar com alívio e já até sei o porquê. O Doutro Amell já é um homem maduro, deve ter sessenta e poucos anos e ostenta em seu dedo um enorme anel de compromisso.

— Olá, Mackenzie. — Ele sorri com doçura. É um idoso adorável. — Posso chamá-la assim?

— Claro que sim. — Retribuo o cumprimento e me sento em uma das cadeiras confortáveis, Theo se aconchega ao meu lado. — É um prazer conhecê-lo, ouvi falar muito bem do senhor.

— O prazer é todo meu, minha queria. Esse deve ser o papai, sim? — Meu namorado confirma, sorrindo. Sinto meu coração palpitar de felicidade. — É sempre bom que o pai acompanhe a mamãe em todos os processos do pré-natal. — O médico diz em direção a Theodore. — Assim, poderá ajudá-la em todas as fases da gravidez, por mais que a mãe carregue a criança, o pai possui uma importância muitas vezes subestimada. Sabe de quantas semanas está, querida?

— Acho que acabei de entrar na sexta semana. — Faço as contas na cabeça, mas essa coisa de contar a gravidez por semanas é complicado.

— Ótimo, já poderemos ouvir o coraçãozinho do bebê. Mackenzie, retire a roupa e coloque aquela camisola horrível que já está lá. — Ele aponta para umas cortinas. — Quero ter um papinho com o pai, enquanto isso. — Olho para Theo, que engole em seco.

Levanto-me e caminho em direção as cortinas que dividem o ambiente. A camisola hospitalar está sobre a maca em que deitarei daqui alguns minutos.

THEODORE

— Você é um homem importante, Theodore Grader. — O médico diz, apenas concordo com a cabeça e deixo que ele continue. — Eu presumo que é muito ocupado e seu tempo é curto.

— Aonde quer chegar? — Questiono, mas sem ser grosseiro, ele é idoso e eu não sou grosso com idosos.

— Sua mulher precisará de atenção, os olhos dela estão avermelhados, suponho que Mackenzie andou chorando. Ela está no início da gestação e a tendência é que os hormônios fiquem cada vez mais desestabilizados, precisará ter paciência com ela, aprenda a usar bem as palavras, não a estresse, isso será importante durante a gravidez inteira, mas, principalmente nos três primeiros meses, que é o período de risco.

— Entendo. — Sou sucinto, o que faz o médico puxar o ar com força e apertar os olhos. — Algum problema, doutor?

— Na verdade, sim. Já ouvi falar da sua péssima reputação, senhor Grader. — Arqueio as sobrancelhas, surpreso. — Não o conheci pessoalmente para saber da veracidade dos boatos, mas olhando para o senhor, presumo que são verdadeiros.

— E posso saber quais são esses boatos? — Murmuro, tentando controlar minha pouca paciência.

— É um homem grosseiro. Muito arrogante. Eu não deveria, mas me preocupo que isso seja um problema para sua esposa. Como eu disse, não é bom que ela sinta fortes... emoções.

Esposa...

Porra, que delícia de palavra.

— Se sua preocupação é com a forma como trato minha mulher, senhor Amell, não se preocupe. Mackenzie é a mulher da minha vida e sou incapaz de tratá-la mal. — Ele assente enquanto me analisa, por fim, parece se dar por satisfeito.

— Tudo bem, então. Como anda a Mackenzie?

— Ela anda tendo muitos enjoos, sei que é normal, mas essa semana piorou muito, nada para dentro dela. — Ele escreve algo em seu computador.

— Passarei alguns exames, alguns mais específicos e outros de rotina. Senhor Grader, não deixe que sua vida agitada a estresse, tente ser o mais presente que puder e faça essa gravidez ser tranquila, isso poderá até prevenir uma possível depressão pós-parto.

— Tudo bem. — Ele se levanta e eu o imito.

Mackenzie já está vestida com a camisola e está sentada na maca, mexendo no celular e fingindo estar alheia à conversa que tive com o doutor, mas conheço bem esta mulher para saber que ela estava escutando tudo com a máxima atenção.

— Vamos lá, querida. — O obstetra tira o celular das mãos da minha mulher e entrega para mim. — Deite e coloque os pés nos apoios.

Mackenzie deita e fica na mesma posição de frango assado que a última vez. Eu ainda não gosto de outro homem vendo a boceta da minha mulher, mas ele é bem velho e parece ser bem profissional, isso já diminui um pouco o meu mal humor.

Ele começa a enfiar aquele troço estranho nela, que faz uma careta, mas depois olha com expectativa para a telinha preta.

— Vamos tentar ouvir o coração. — Ele mexe em alguma coisa no aparelho e um som começa a soar. Depois de alguns segundos, o coração da minha filha pode ser facilmente identificado.

Não consigo não chorar. Nunca pensei que sentiria isso. É o meu bebê, é o coração do meu bebê. Olho para Mackenzie, que não está muito diferente de mim, ela está dando o sorriso mais lindo que já vi em toda minha vida.

Franzo o cenho ao ouvir algo estranho. Uma batida diferente, em um ritmo diferente. Olho para o médico, e ele arregala os olhos, o que me assusta.

— O que é isso? Há algo de errado, doutor? — Mack questiona, olhando preocupada para o idoso.

— Não acho que tenha algo errado, e sim que deixamos escapar um detalhe. — Ele volta a mexer no aparelho e a imagem do útero da minha mulher aparece. — Foi o que imaginei, aqui está. — Ele aponta para dois pontinhos pretos na tela. — Não é um bebê, são dois bebês.

— DOIS BEBÊS? — Berra minha mulher.

Dois bebês... dois... eu vou ter duas filhas? Duas?

Eu vou enfartar antes dos cinquenta.

— Vocês serão pais de gêmeos, meus parabéns. — Quando saio do transe, sinto a maior felicidade que já senti na vida.

— PUTA MERDA AMOR, MINHA PORRA É POTENTE PARA CARALHO, SOU MUITO BOM DE MIRA! — Sinto a dor. — AI MACKENZIE, ISSO DÓI. — Passo a mão na minha pele agora avermelhada pelo beliscão que levei, isso vai virar um hematoma.

— Nossa atenção agora deverá ser dobrada. O pré-natal de gêmeos é mais específico, é uma gestação que possui mais riscos, portanto, teremos que ter mais cuidado. — O médico entrega um papel para Mack. — Marque a próxima consulta para o mês que vem. Nessa folha há todos os exames que deverá fazer e as vitaminas que deverá tomar, também como os medicamentos proibidos e os demais cuidados.

— Tudo bem, obrigada. — Ela diz quase sem voz. Ainda está anestesiada com a notícia

— Senhor Grader, o que conversamos deverá ser colocado em prática, porém, multiplique tudo que eu disse por dois. Tudo deverá ser dobrado.

— Entendi. — Acaricio a mão da minha mulher com a ponta dos dedos.

— Estão liberados, recomendo irem para casa e conversarem, se acostumarem com a ideia que terão dois filhos.

— Dois... — Ela sussurra.

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