Profundo

By potterfxck

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Louis Tomlinson vê sua vida se transformar em um pesadelo quando o ex-namorado espalha fotos dele nu na inter... More

Avisos
A N T E S
S E T E M B R O
S E T E M B R O - part 2
O U T U B R O
N O V E M B R O
N O V E M B R O - part 2
F É R I A S D E A Ç Ã O D E G R A Ç A
D E Z E M B R O - part 2
F É R I A S D E I N V E R N O
J A N E I R O
F E V E R E I R O
M A R Ç O
M A R Ç O - part 2
F É R I A S D E P R I M A V E R A
A B R I L

D E Z E M B R O

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By potterfxck

L O U I S

Às vezes eu me pergunto por que não conseguia ver o que estava acontecendo. Quero dizer, era óbvio para absolutamente todo mundo. Deveria ser óbvio para mim. Depois daquela noite no telhado, não consegui pensar em mais nada por dias. Só na forma como ela terminou, em como meus lábios ficaram macios e diferentes por horas depois, em como eu continuei tocando neles. No acordo ridículo que fizemos. Na minha impaciência para Liam sair logo para a aula nas terças e quintas de manhã, para eu ficar sentado na cama esperando a batida dele. Duas batidas, sempre duas.

Eu ia até a porta e a abria, e lá estava ele, acabando com o medo que eu tinha de aquele ser o dia em que ele não apareceria. Lá estava ele deitando na minha cama e correndo a boca por todo o meu corpo, passando as mãos por todo o meu corpo, respirando ofegante e quente no meu pescoço enquanto eu fingia que meu coração não estava prestes a explodir com os sons, o cheiro e o gosto dele.

Não sei por que eu não compreendia. Acho que estava com medo. Nunca imaginei que pudesse haver tanto êxtase no medo.

Ele está me evitando há uma semana. Mais de uma semana. Dez dias. A princípio, não me dei conta. Estava cego demais sobre o que quer que estivesse acontecendo, então fui encontrar meu pai para um brunch. Ele queria conversar sobre o “meu futuro”. Só que a conversa foi mais desconfortável do que nunca, porque parte de mim assentia alegremente, pensando Sim! Vou conseguir um ótimo estágio no verão, mas outra parte só ouvia o coro de cretinos dizendo Não com a sua bunda na internet!

E, enquanto isso, a nova parte do meu cérebro dedicada a só pensar em Harry estava ocupada comemorando feito uma adolescente: Eu fumei um baseado e fiquei com Harry no telhado, ahmeudeus. Isso quer dizer que viajei várias vezes durante a conversa, disse coisas estranhas e recebi como resposta algumas franzidas de testa do meu pai, que não entendia por que eu estava tão esquisito. Voltei para a universidade no domingo à tarde e mandei uma mensagem de texto para Harry avisando que tinha chegado. Ele respondeu: Bacana.

Bacana.

Quem é que diz bacana?

Não sei, mas me convenci de que era até bom ele não parecer tão animado para me ver. Nós provavelmente precisávamos de algum tempo separados, alguns dias para entender o que aquele episódio no telhado significava. E como eu havia acabado de ter uma conversa séria com meu pai, admito que imaginei que talvez fosse melhor ficar um pouco afastado de Harry, para pensar no que iria fazer.

Assisti muito a TV e vi um monte de filmes ruins com o Liam. Fui ao quarto de Niall com Zayn, bebi cerveja e dei risada com Madrugada Muito Louca. Não pensei no que estava fazendo. Também não apareci na padaria. Teria ido na terça à noite, mas Harry em geral me manda uma mensagem perguntando se eu vou, e não mandou. Então não fui. Preferi dormir. A noite toda, como uma pessoa normal. Fiz o mesmo na quarta à noite. Na quinta, mandei quatro mensagens, mas ele não respondeu.

Na sexta, mandei outra. Porra, Harry?

Ele respondeu três horas depois. Desculpe. Ocupado.

Sábado, domingo – nada. Fui ao treino de rúgbi e consegui fazer meu primeiro bloqueio de verdade. Depois saí com Niall e Liam. Perguntei ao Niall se tinha visto Harry depois do feriado e ele respondeu:

– Sim, por quê?

Por nada.

Na segunda, porém, todas as coisas em que eu não queria pensar ficaram evidentes. Eu estava começando a me sentir péssimo. O coro de cretinos ficou mais barulhento. Você sabia quando o convidou, eles diziam. Sabia quando pediu que ele levasse a maconha. Você queria que ele comesse você em cima daquele telhado. Queria? Não me lembro. Não consigo decidir. Tudo parece muito nebuloso. Naquela noite, eu desmoronei e contei ao Liam o que havia acontecido. Ele ficou furioso com Harry.

– Ele não pode tratar você assim! Não está certo!

Ele me convenceu a ligar para Harry. Deixei um recado furioso na caixa postal. Mandei outra mensagem de texto, exigindo que ele entrasse em contato. Liam agarrou o telefone da minha mão e o chamou de “escroto”, pelo que eu pedi desculpas depois, mas mesmo assim ele não me respondeu. Não consegui dormir depois disso. Enquanto Liam roncava baixinho na cama dele, peguei meu celular e digitei: Estou me sentindo péssimo pelo que aconteceu no telhado.

Estou me sentindo sujo.

Envergonhado.

Por que você não está falando comigo?

De manhã, queria poder apagar aquelas mensagens. Meio dramático demais, não é, Louis?

Mas elas haviam sido enviados e pronto. Ele me responde na terça depois da aula. O celular toca quando estou deitado de bruços, olhando fixamente para as unhas das mãos e tentando reunir algum ânimo para almoçar.

Não tem nada de sujo naquilo, ele escreve.

Uma frase inteira. Que tal?

Então por que está me evitando?

Não estou. Estou ocupado.

Isso nunca atrapalhou você antes.

Desculpe.

Espero para ver se ele vai me dar uma explicação melhor, mas isso não acontece e eu estou de saco cheio. De saco cheio dele. De saco cheio de mim mesmo também. Como estou permitindo que isto aconteça? Depois do que Nate fez, eu não deixei a tristeza me derrubar. Eu agi. Agora, um beijo de Harry e eu fico reduzido a esta pessoa que implora atenção através de mensagens de texto? Foda-se.

Venha até o meu quarto para conversarmos, escrevo. Agora.

Tenho aula.

Olho para o relógio.

Só daqui a uma hora.

Por um instante, nenhuma resposta. Repasso os balões verdes e azuis da nossa conversa, tentando me reconhecer naquelas exigências. Tentando reconhecer o Harry que massageou o meu pescoço na casa dele, que pôs a mão na minha coxa e me perguntou o que devia fazer a respeito de mim. O Harry que disse “Isto também é totalmente culpa minha” pouco antes de me beijar enlouquecidamente.

Ok, ele responde.

Então fico esperando. Tudo bem: visto uma calça jeans, ajeito os cabelos e então fico esperando. Não sei por que costumamos usar como exemplo de demora o tempo que a água na panela leva para ferver. Seria melhor usarmos o tempo que o garoto que beijamos no telhado demora para chegar e se explicar. Péssima comparação, eu sei. Por fim, depois de uma eternidade, ele bate duas vezes. Abro a porta e fico paralisado. Os olhos claros são os de Harry, o rosto é o de Harry, e eu penso como pude ficar dez dias inteiros sem vê-lo. Como pude me esquecer do efeito que ele causa em mim?

Eu quero afundar nele, enrolar meus dedos nos dele, beijar seus olhos e lhe dar boas-vindas.

Mas não faço isso. Não estou louco. Porém a vontade está ali, opressiva como uma mão me puxando para baixo. É meio bonita também. Desvio o olhar, desesperado para me controlar. Ele está usando um casaco que à primeira vista parece cinza, mas quando me aproximo vejo que é preto e branco, com listras bem finas, numa estampa tipo chevron. Não consigo imaginar onde alguém arranjaria um casaco como aquele, exceto talvez no armário do meu avô. Deveria ser estranho ou feio, mas, como tudo o que Harry veste, faz com que pareça sexy. Como se casacos de velho fossem a tendência da moda.

– Belo casaco.

Ele me lança aquele olhar indiferente, como se eu fosse o homem que passa o cartão dele no refeitório. Alguma pessoa desconhecida.

– Obrigado.

Dou um passo para trás. Harry nunca entrou no meu quarto. É surpreendente como o ambiente fica menor só com a presença dele.

– Quer tirá-lo?

Ele tira o casaco de velho e o joga no sofá. Então se joga ao lado dele. Uma das sobrancelhas está um pouco levantada, o que imagino que queira dizer E então, Louis?

Eu me sento na cama. Coloco meu travesseiro no colo e fico puxando a fronha com estampa dos Smurfs. Era para ser uma fronha irônica, mas talvez seja o mesmo caso da calça irônica com estampa de baleias: uma impossibilidade. Lembro a mim mesmo por que fiz Harry vir até aqui. Porque fiquei com Nate e ele pôs minhas fotos nu na internet. Depois fiquei com Harry e ele parou de falar comigo. Estou cansado dessa merda.

– Qual é o problema com você?

– Nenhum.

– Você está bravo comigo.

– Não estou.

Ele olha fixamente para um ponto no chão, como se todos os segredos do mundo estivessem escritos ali, em letras minúsculas.

– Você está com nojo de mim.

– Não.

– Queria jamais ter me beijado.

Ele me encara por uma fração de segundo e volta a fitar o ponto secreto no chão.

– Queria. – Mas então olha de novo para mim. – Não.

– Qual das duas coisas?

– As duas.

– Como eu devo entender isso, Harry?

Ele suspira. Os cabelos dele caem para a frente, cobrindo seus olhos, e ele prende as mãos entre os joelhos. Vejo a pulseira com o nome dele escrito, um símbolo de tudo o que não compartilha comigo.

– Eu disse para você desde o começo como seriam as coisas entre a gente.

– Você disse que não tocaria em mim. – Ele assente, mas não me encara. – Mas tocou – acrescento.

– Eu sei, Louis. Que merda.

– Não fique nervosinho comigo. Você não tem esse direito. Nós dois estávamos lá em cima. Nós dois nos beijamos.

– É, mas fui eu que precisei pular da varanda, não foi?

– É por isso que está puto comigo?

– Eu não estou puto com você!

Finalmente ele está olhando para mim, mas isso não ajuda em nada. A testa enrugada e a boca contorcida significam que ele está bravo com algo. Se não é comigo, então é com quê?

– Mas parece.

Ele se levanta. Anda para a frente e para trás algumas vezes. Olha para o beliche, para a mesa de trabalho vazia de Liam, para a minha, cheia de coisas. Pega o porta-retratos com a foto em que estou com meu pai e minhas irmãs na minha formatura do ensino médio e a devolve ao lugar.

Aponta para a foto.

– Sabe o que eu disse a ele?

– A quem, ao meu pai?

Ele cruza os braços.

– Eu disse: “Então aquela é o seu filho?” Isso foi depois que eu carreguei você para cá e a coloquei na cama. Eu fiquei parado em pé, olhando para as suas coxas, e falei: “Meu quarto é aí em frente. Cara, dormitório misto... Isso vai ser muito bom.”

Ele usa sua voz de traficante, a voz de chapado – absolutamente falsa quando conhecemos Harry, mas terrivelmente convincente quando não o conhecemos. Consigo imaginar muito bem o que meu pai deve ter pensado. Que seu garotinho ia morar na frente de um estuprador ou, no mínimo, de um tarado nojento. É um milagre que meu pai tenha me deixado ficar aqui.

– Por quê?

– Para que você tivesse um bom motivo para ficar longe de mim.

– É, isso eu entendi, mas não entendi por quê. E não me venha com alguma desculpazinha sobre eu ser rico e você ser pobre ou sobre você ser nobre demais ou coisa parecida.

Ele faz uma careta. Vai até a janela e fica de costas para mim.

– Eu não sou nobre.

– Então o que você é?

Nenhuma resposta. O silêncio baixa sobre o quarto, o relógio de Putnam de Liam marca os segundos – um, dois, três, quatro, cinco, nada de resposta –, até que de repente Harry se vira e diz:

– Eu sou uma porra de um egoísta, está bem? Eu tenho planos para o futuro e você não está neles. Nunca vai estar, Lou, então faz mais sentido eu ficar longe de você para conseguir focar no que é importante.

No que é importante. Que não sou eu. Olho para a Smurfette no meu colo, com os cabelos dourados, o vestido e os sapatos idiotas, e quero dar um soco nela. Quero dar um soco em mim mesma, bem onde dói, bem onde as palavras de Harry penetraram na dor que eu já conheço tão bem, naquele ponto vital em que ele continua batendo de propósito sem nem se importar.

Ele não está tentando me magoar. Ele só é egoísta.

– Não fique com essa cara – diz.

– Eu fico com a cara que eu quiser – respondo, pronunciando cada palavra lenta e cuidadosamente, porque não quero que ele saiba que me magoou.

Viro o travesseiro. Contorno o chapéu do Smurf Gênio com o dedo. Eu sempre me identifiquei com ele.

– Lou...

– Talvez seja melhor você ir embora.

Ele pega o casaco e vai até a porta. Fico esperando que saia, esperando pelo começo da minha vida sem Harry. Mas ele fica ali parado, então se inclina na direção da porta e a chuta três vezes com tanta força que dou um salto. Os pelos nos meus braços se eriçam. A violência me deixa em estado de alerta. É o anúncio de que algo está começando, de que alguma coisa foi libertada.

Ele se vira para mim.

– Eu não quero ir. Está bem? Este é o meu problema, Louis. Eu nunca quero ir.

– Então o que você quer?

Estou quase chorando, quase berrando, porque não sei. Nunca soube. Ele se aproxima de mim, larga o casaco na cama de Liam, segura a estrutura de metal do beliche com as duas mãos. Está com os pés afastados ao lado dos meus, bloqueando a luz do teto. Não consigo ver seu rosto, mas quando ele diz “Eu quero beijar você de novo”, ouço a suavidade em sua boca. Quase consigo sentir.

Harry toca no meu pé com o dele, prende meu joelho.

– Eu poderia dizer que quero isso porque acho que você precisa de alguém que mostre que não está estragado, que é lindo, sexy e safado no bom sentido, como uma pessoa normal. Eu poderia dizer isso, e seria verdade, mas a realidade mesmo é que eu sou egoísta e quero você. Não sei como parar de querer. Só estou muito cansado de tentar.

Ele se mexe um pouco, deixando um pouco de luz passar. A luz ilumina sua orelha e me me deixa ver seus olhos. Estão duros, brilhantes e cheios de algo que vi uma centena de vezes, mas nunca soube o que era. Necessidade. Desejo. É assim que Harry fica quando deseja algo. Quando me deseja. Não consigo pensar. Só consigo dar conta de respirar. E de olhar para ele.

– Eu te quis desde o primeiro minuto em que nos vimos – continua ele. – Eu te quero agora, e você mal consegue me suportar. Eu mal consigo me suportar, e não sei por que você aguenta as minhas merdas. Mas mesmo neste momento em que eu me odeio e em que você está furioso comigo, ainda quero empurrar você nesta cama, tirar suas roupas e entrar em você. Entrar fundo, e depois mais fundo, até estar tão dentro de você que a gente não saiba mais quem é quem.

Ele se agacha, cruza os braços em cima das minhas coxas e se aproxima. Nossos narizes estão quase colados. Quero virar a cabeça para o outro lado, só que não faço isso. A boca dele fica tão perto da minha que parece que estamos nos beijando quando ele diz:

– É isto que eu quero, Louis. É isto que eu nunca disse a você. Vejo o seu rosto toda vez que fecho os olhos. No feriado, quando me ligou, eu me masturbei ouvindo sua voz. Eu sou egoísta e não sirvo para você, não tenho nada para oferecer e a minha vida não tem espaço para você. Mas eu te quero mesmo assim.

Estou imóvel. Totalmente paralisado, porque tenho que assimilar o que ele disse. Não tanto para entender. Vou levar um tempo para isso e, neste momento, não me importo. Só preciso sentir no meu corpo o que ele disse, porque o desejo de Harry – sua necessidade – está ao meu redor, tocando a minha pele, e meu coração quer guardá-lo. Fundo e depois mais fundo, exatamente como ele disse. Então, enquanto ele espera, guardo suas palavras no coração. Sei que não devo, porque não são as palavras certas. É perigoso querer tanto Harry a ponto de aceitar qualquer migalha que ele me dê – qualquer pedaço profano e estragado dele – e transformá-la em uma carta de amor. É perigoso, ruim, estúpido e errado.

Eu não me importo. Não me importo.

– Harry – sussurro.

– Oi.

Nossos lábios estão se tocando. A boca dele roça na minha quando ele fala e depois... Acho que depois significa que isto é um beijo, embora eu não tenha admitido estar aberta a mais beijos.

– Você é um péssimo amigo.

– Nós não somos amigos.

As mãos dele estão no meu rosto de novo, segurando meu maxilar, emoldurando minha orelha, deslizando os dedos pelos meus cabelos.

– Você seria o pior namorado na história dos namorados.

Ele cai de joelhos no chão, envolve meu quadril com um braço e me puxa para mais perto de modo que eu quase caio da beirada da cama, só que ele está ali para me segurar. Harry está com a boca aberta, a língua quente, me lambendo e pedindo que eu o deixe entrar.

– Não vou ser seu namorado.

– Então o que... O que...

Não é uma pergunta. Não consigo me concentrar o suficiente para lhe fazer uma pergunta, porque estou caindo em cima dele, encontrando um espaço entre seus cotovelos e suas mãos para ficar mais perto dele, o corpo mais junto do dele. Meus lábios se rendem à língua de Harry. Estou pulsando, quente, alerta, flutuando, perdido e tonto, e isto é melhor do que qualquer coisa. Ele está com um dos joelhos entre as minhas pernas e me puxa para cima da coxa dele com as duas mãos na minha bunda. Harry me beija com força, com tanta força que chega a doer, mas eu não me importo, porque tudo o que quero é que ele fique mais próximo. Não me importo que ele puxe a minha cabeça para trás e morda meu pescoço enquanto eu olho para o teto, onde a luz é tão forte que machuca meus olhos. Fecho os olhos, zonzo, e a claridade fica piscando como um estroboscópio por dentro das minhas pálpebras. Como o flash de uma câmera.

Isso é uma loucura. É imprudente.

– Harry – digo.

– Louis – sussurra ele.

– Pare.

Ele para.

Quando levanta a cabeça, seus olhos estão chapados de sexo e sonolentos. Os lábios estão vermelhos, a pele por baixo da barba por fazer no queixo está corada e eu sinto pinicar no ponto do meu pescoço onde ele a estava roçando. Quero que ele faça isso por todo o meu corpo – que o deixe marcado, que me faça sentir cócegas e dor e depois cure isso tudo –, e não reconheço essa versão de mim mesmo. Não sei quem sou quando fico assim.

– Eu preciso...

Ele põe as mãos nos meus ombros e me afasta. Mas me mantém ali, à distância de um braço.

– Do que você precisa?

– De regras. Limites. Preciso ter alguma ideia... do que seja isto.

Ele olha para baixo, mas seu olhar se fixa nas minhas coxas. Olho para baixo também e vejo o sorriso malicioso tomar conta de seu rosto enquanto ele sobe seu olhar e encara meus mamilos duros embaixo da blusa.

– Pare com isso – digo.

– Você está a fim de mim.

– Cale a boca.

– Você está muito a fim de mim. Aposto que está duro agora.

– Você também está duro.

– Parece que o martelo do poderoso Thor está dentro da minha calça. – Ele diz isso com um sorriso.

– O martelo não tinha um nome?

Harry diz algo parecido com Mol-nir.

– Soletre.

– M-j-o-l-n-i-r.

– Meu Deus. Por que você sabe isso?

– Uma pergunta melhor seria: por que estamos falando sobre isso?

– Por que os homens gostam tanto de falar sobre quão grandes e duros são seus martelos?

– E sobre o que querem fazer com eles. Não se esqueça disso.

Me afasto das mãos dele e me sento na cama de novo.

– É. Tem essa parte.

Harry senta ao meu lado, mas me dá um tempo para pensar. Então eu penso. Sobre a mão dele em seu martelo.

– Você fez mesmo aquilo quando nos falamos pelo telefone?

Ele sorri, mas parece um pouco encabulado. Não é uma expressão que eu costume ver em Harry com muita frequência.

– Quero dizer, de verdade? Não disse isso só para me agradar?

– Se eu quisesse agradar, diria que você fica bem com esta blusa. Ou que seus olhos são bonitos. Alguma coisa que fosse, sabe, legal mesmo.

Olho para meus joelhos e sorrio. Penso no que quero e de que preciso, o que posso suportar e o que não consigo viver sem. Talvez eu esteja traumatizado. Talvez esteja sendo irracional. Sei lá. Mas eu quero Harry. Qualquer versão dele que eu possa ter, de qualquer forma que ele me dê. E, de qualquer maneira, se ele estivesse disposto a me dar tudo, eu não poderia aceitar. Como meu pai me lembrou há bem pouco tempo, tenho que pensar no meu futuro. Aí entra a minha reputação, que eu realmente não posso colocar à prova namorando o traficante do campus. Não quero namorar Harry. Quero que ele me mostre qual é a sensação de ir mais fundo.

Fundo e então mais fundo. Até o fim.

– Tudo bem – digo. – Eis o que vamos fazer.

Duas vezes por semana. Terças e quintas, das dez às dez e cinquenta da manhã, enquanto Liam está na aula, Harry está no intervalo e eu não tenho compromisso nenhum até a hora do almoço. Não vamos namorar e não vamos contar a ninguém. Essas são as nossas regras. Na quinta, antes de Harry aparecer, passei o tempo todo com a cabeça longe. Tipo, eu fico achando que tenho tudo sob controle, mas aí minha mente vagueia como uma criança perdida e eu não consigo evitar. Liam não para de perguntar o que aconteceu com Harry, mas não posso contar. Ele e eu fizemos um acordo. E, de qualquer maneira, o que eu diria a ele? Que decidi ser amigo colorido de Harry? Que ele é meu pau amigo? Que nós vamos fazer um programa de treinamento duas vezes por semana para colocar o Louis de volta no mercado?

Sou inteligente o bastante para saber que qualquer pessoa acharia a ideia péssima. Liam não aprovaria. Meu pai teria um ataque. Os cretinos da internet, previsivelmente, acham que eu sou apenas uma bunda precisando de um pau ou coisa parecida. Estou ficando meio de saco cheio dos cretinos da internet. Eu sei como as pessoas direitas fazem, e não é assim. Mas, de qualquer maneira, coloco na minha agenda: cinquenta minutos duas vezes por semana, que eu arredondei para uma hora e colori de laranja porque laranja parece ser a cor dele. Harry, digito.

Liam e eu penduramos luzinhas de Natal na janela do quarto. Vou ao mercado e compro um fio extra para enrolar na madeira da cama e pendurar nas beiradas. Depois que Liam sai, apago a lâmpada do teto e vou para debaixo do meu cobertor. As luzes brilham, verdes e vermelhas, azuis, amarelas e laranja.

Fecho os olhos e passo os dedos pela pele, pensando em Harry. Nunca me senti tão excitado. Ele aparece logo depois da aula. Bate duas vezes, abre a porta e entra. Está com aquele casaco de novo, um livro e um caderno embaixo do braço. Não olha direito nos meus olhos.

– Estive pensando... – diz, sem preliminares.

Ô-ôu.

– Eu não quero que isso... prenda você. Então acho que devemos combinar que só faremos isso até... até você se sentir pronto. Para alguma coisa normal.

– Tipo... o quê?

– Scott. Você tem que me prometer que quando estiver pronto para sair com Scott, ou com outro cara como ele, alguém que queira levá-lo para jantar e, tipo, conhecer seu pai e essas coisas, você vai me dizer. E a gente para.

Com Harry no meu quarto, acho difícil lembrar quem é Scott ou por que eu desejaria alguma outra coisa além do que está acontecendo. Mas reconheço que ele está tentando agir corretamente. Até onde isso é possível, pelo menos. Eu meio que adoro isso nele. Ele diz que não é nobre, mas tem o próprio código de ética e precisa de limites, de regras, tanto quanto eu. Nós vamos fazer isso, mas primeiro vamos encontrar uma forma de tornar a situação aceitável. De fazê-la funcionar.

– Tá beeeem – digo a ele.

Com isso resolvido, ele desamarra as botas e as deixa ao lado da porta. Eu nunca o vi sem elas antes. Suas meias são simples, de cor cinza, e não me dão motivo para criar expectativas. Nenhum motivo. Harry deixa suas coisas em cima da minha mesa e pendura o casaco na cadeira. Tira o celular do bolso e também o coloca em cima da mesa, bem ao lado da cama, perto do meu travesseiro. Eu vou deitar a cabeça naquele travesseiro. Harry vai me beijar e então vai olhar por cima de mim para o celular e verificar quantos minutos ainda temos. Antes, cinquenta minutos pareciam um tempo razoável. Nem muito, nem pouco. Agora, minha sensação é que eu pisco e eles já passaram. Tudo o que fiz foi beijá-lo, mas ninguém beija por cinquenta minutos. Isso é loucura.

Olho para Harry em busca de conforto, mas ele não está ajudando. Seus olhos encontraram o mesmo ponto mágico no chão que ele ficou encarando na última vez que esteve ali. Para mim, penso. Olhe para mim. Como ele não olha, vou até o ponto específico que ele se acostumou a encarar e fico ali.

Fico ali porque, loucura ou não, eu me preparei para este momento. Acendi as luzinhas de Natal. Vesti minha calça jeans preferida, uma blusa branca um pouco mais justa do que seria confortável, uma boxer bonita. Mas não calcei sapatos. Estou descalço, e quero que Harry veja meus pés e pense no resto do meu corpo nu. Quero que confesse seu desejo de novo, apesar de já ter dito vezes suficientes para que eu acredite. O jeito como me agarrou há dois dias, me puxando para ele... Ainda fico arrepiado só de lembrar.

Sinto mais um arrepio neste momento, vendo seus olhos subirem para as minhas pernas, pararem nos meus quadris, minha cintura, nos meus lábios. Aquela expressão de cobiça voltou a seu rosto. Ele quer me tocar. A questão é que nenhum de nós parece saber como. Parece até que somos virgens, e não um garoto famoso na internet por suas fotos sem roupa e... o que quer que Harry seja. Não um virgem, tenho certeza. Noventa por cento de certeza.

Ele senta na cama.

– Venha aqui.

Obedeço.

Sento-me bem ao seu lado, coxa com coxa, e olho para o rosto dele. Por cinquenta minutos, tenho permissão para olhar. Não sei ao certo o que mais tenho permissão para fazer, mas olhar está bom. O rosto de Harry é lindo. As luzinhas de Natal lançam um brilho sobre a pele dele, azul na maçã do rosto, vermelho atrás da orelha. Seus olhos, ligeiramente estreitados, parecem cintilar.

A palavra que surge na minha cabeça é ávido. Como se qualquer coisa que eu venha a fazer, não importa o que seja, ele fosse observar, aproveitar, pegar e levar embora. Gosto de ser o motivo da avidez de Harry, porque me sinto da mesma forma em relação a ele. O esforço que preciso fazer para não tocá-lo é como um zumbido baixo que estou sempre tentando ignorar. Só que agora não preciso ignorar. Assim que penso nisso, meus dedos sobem para tocar seu pescoço. Sinto a aspereza da barba por fazer, a textura irregular que vai ficando mais macia à medida que minha mão desce, até que encontro um ponto em que sua pele parece cetim quente.

– Posso fazer isso?

O que estou realmente perguntando é Até que ponto posso avançar? Quanto você vai me dar?

Ele sorri, uma bufada leve que não é nem uma risada nem uma crítica, apenas um ruído satisfeito.

– Pode.

Harry desenha uma linha ao longo do meu colo, acima dos meus mamilos.

– Daqui para cima.

Inspiro e sinto a linha subindo. O rastro do toque dele. Ele acaricia meu braço até a mão.

– E até aqui – diz, roçando o polegar sobre o osso do pulso.

– Aí?

– É onde vou tocar em você.

– Só isso?

Ele lança um olhar longo e intenso para o meu corpo. Cada parte de mim que estava adormecida desperta e diz Venha, venha, venha.

Ele dá um tapinha no meu joelho e diz:

– Daqui para baixo.

Escondo os olhos nos ombros dele, querendo reclamar. Ele vai pular as melhores partes.

– Existe algum motivo esquisito e pervertido para isso que eu não esteja compreendendo? – pergunto.

Harry põe a mão nos meus cabelos e levanta meu rosto para que eu precise encará-lo.

– É só... o que eu quero.

Sua expressão ao dizer isso é cautelosa. Como se confessar o que deseja fosse a coisa mais assustadora que ele fez desde que abriu a porta. Isso me dá a certeza de que ele nem sempre conseguiu definir os limites, nem sempre estabeleceu os termos. E faz com que eu me pergunte com quem ele esteve antes, e como.

– Quer que eu faça a mesma coisa? – Deslizo o dedo pelo peito dele. – Daqui para cima. – Desço pelo braço até o pulso, parando na pulseira. – Todo este caminho. – Dou uma palmadinha acima do joelho dele. – Daqui para baixo?

– Pode ser. – Ele contrai a coxa sob meu toque, que se transformou em uma carícia no músculo que encontrou. Quero acariciar acima dali, preenchendo minha mão com o jeans macio e o calor firme até chegar à virilha e daí decidir aonde ir. Mapeá-lo com o toque. – Ou você pode apenas seguir o fluxo e confiar em mim. Tento pensar em algo inteligente ou divertido para dizer. Mas aquelas palavras – confiar em mim – acabam com a minha segurança.

Apressadamente, penso nos motivos pelos quais não posso confiar. Mau hálito e cheiros corporais, zíperes fechados, mordidas. As palavras na tabela de controle de natalidade pendurada dentro dos cubículos do banheiro, que eu venho querendo pesquisar mas nunca pesquisei. Frottage. Anilíngua. Não sei o que significam, não de verdade. Não sei com quantas pessoas Harry fez sexo, e descobrir isso parece uma necessidade de primeira ordem para poder me comparar com elas desfavoravelmente. Há camisinhas na gaveta da minha mesa, mas elas podem ser do tamanho errado.

Confiar em mim, ele diz, e eu não consigo desligar meu cérebro. Na última vez que nos beijamos, eu estava chapado, então foi diferente. Agora eu não tenho defesa, nenhuma forma de me esconder da proximidade dos olhos de Harry, da exposição a eles. Era assim com Nate. Com o tempo, eu melhorei, mas o descontrole mental costumava estar sempre presente nos nossos amassos, até eu descobrir que ficava menos nervosa se bebesse um pouco antes. Então tentava planejar o máximo possível dos nossos encontros sexuais para festas.

Não lembro se algum dia fui beijado à luz do dia. Eu não confio nisso. Não confio em mim mesmo.

– Acho melhor ligarmos o som – disparo.

Harry suspira, então me empurra para a cama. Estou deitado de costas, com Harry em cima de mim, os olhos enevoados, a boca carnuda experiente e segura de si.

– Confie em mim – repete ele, antes de me beijar.

Então fica tudo bem. Muito mais do que bem. O beijo de Harry não tem nada a ver com o de Nate. A boca dele é quente e segura, e diz Cale a boca, Caro. Feche os olhos. Pare de pensar. Sinta. Eu obedeço. Não consigo não obedecer. Com a boca de Harry  na minha, sentir é a única coisa que sou capaz de fazer. Nós nos beijamos. O tempo passa e nós nos beijamos. Queria transformar este momento em palavras e imprimi-las na memória. O escorregar quente e molhado de língua contra língua, lábios macios e cabeças inclinadas, se ajustando e se reajustando. Essa pulsação linda, essa confusão úmida, esse desejo indistinto, quente e ansioso. Há mais formas de beijar do que eu imaginava, e eu quero todas elas. Eu as tenho. Tenho Harry, sua boca, seu peso, seu cheiro.

Nós nos beijamos.

As linhas que traçamos em nossos corpos para demarcar os limites não têm importância. São apenas fronteiras que precisamos estabelecer em torno desse sentimento que é tão grande que pode ficar assustador, se deixarmos. Beijar Harry é colocar as mãos em seus cabelos, em seu pescoço, em volta de seus ombros. É agarrar suas costas quando ele mergulha a língua na minha boca, encontrar sua cintura, enfiar a mão por baixo de sua camiseta para roubar o calor e a maciez de sua pele.

É ele em cima de mim, um peso que nunca é o bastante para compensar o tempo em que não esteve. É a palma da mão dele aninhando minha cabeça enquanto os dedos da outra mão se enroscam na manga da minha blusa, apertando o tecido com força, porque querem perambular pelo meu corpo e ele não vai deixar. São os olhos claros dele, a íris verde ao redor de pupilas imensas e escuras, os cílios longos e as pálpebras sonolentas. É o peso suspirante da testa dele contra a minha quando ele precisa respirar. Calor preguiçoso. Conexão. Segurança e silêncio num lugar onde estive sozinha e amedrontada e onde as vozes na minha cabeça gritavam fazia semanas. Meses. Ele lança um feitiço sobre mim, me joga em um transe maravilhoso em que eu poderia beijá-lo para sempre e ficar perfeitamente satisfeita com isso. Nós temos cinquenta minutos.

O pensamento funciona como dedos estalando na minha consciência. Cinquenta minutos. Quantos minutos restam? Sinto os lábios inchados, sensíveis e molhados. Não me lembro de ter beijado por tanto tempo assim. Devo ter beijado, nos primeiros meses de namoro com Nate, certo? Mas quando penso naquela época me lembro basicamente de discussões. Nós nos beijávamos, então ele queria mais, aí eu o interrompia e ele se distanciava, irritado, chateado. Você não sabe como é, Louis.

Harry apoia o próprio peso em um cotovelo, com as pernas e os quadris para o lado. Não sei se ele está duro. Não me importei com isso, não pensei nisso. Estava ocupado demais beijando. Provocador, dizem os cretinos da internet, mas desta vez eles têm razão. Eu simplesmente me esqueci. Eu me esqueci dele. Interrompo o beijo para olhar as horas no celular. Restam dez minutos. Estamos nos beijando há trinta e cinco, quarenta minutos. Mas dez minutos devem bastar, se precisarmos fazer alguma coisa diferente. Para aliviar Harry. A ideia é desconfortável.

– Você também está...? – pergunto.

– Hummm.

Ele está beijando meu pescoço. Não presta atenção nenhuma à minha tentativa de questioná-lo. Enrosco os dedos em torno do couro grosso do cinto dele. Toco na fivela, pesada e ameaçadora. Puxo o couro. A mão de Harry cobre a minha.

– O que você está fazendo?

– Se você estiver... você tem aula, então...

Harry rola para o lado e senta. Ele precisa abaixar a cabeça para não batê-la na cama de cima do beliche.

– Eu tenho aula?

– Eu não quero que você... – Não consigo dizer. – Deixe pra lá.

Ele agarra meu queixo, vira a minha cabeça e me faz olhar para ele. Não me deixa desviar o olhar. É muito irritante, e eu detesto isso.

– Confie em mim – diz. – Eu preciso que isso seja... Preciso que a gente faça isso direito. Você vai me dizer do que gosta e nenhum dos dois vai ficar tentando adivinhar ou fazer coisas que não queira. Preciso disso.

Não consigo negar. Nada de que ele precise. Por mais que deteste, preciso dizer a ele:

– Achei que talvez você estivesse desconfortável. De tanto... me beijar. Talvez isso estivesse deixando você... ereto, e como só temos alguns minutos antes da aula, seria melhor eu... terminar.

Ele fica ali sentado, olhando para mim com a testa franzida. Não consigo saber se está irritado ou frustrado, confuso ou talvez desejando estar em outro lugar. Com algum garoto que não fosse tão esquisito e cheio de questões. Então Harry se inclina na minha direção, me segura pela cintura e me puxa para o colo dele.

Beija os meus cabelos, bem ao lado da minha orelha.

– Ele realmente estragou você, não foi?

Penso em dizer Quem? ou Não, mas estou tremendo, com um gosto amargo na boca, então, sim. Acho que sim.

– Preciso ir daqui a pouco – diz Harry, baixinho. – Não quero, mas preciso.

– Eu sei.

– Eu gosto de beijar você, Lou. – Ele leva os lábios ao meu pescoço. Os braços estão nas minhas costas, a mão pesando no meu quadril. O peso desse toque é perfeito. – Você gosta de me beijar?

– Gosto.

– Ótimo.

A boca dele desce até meu ombro, para o pedaço de pele exposto na gola da minha blusa. Segue para a parte de trás da minha orelha e sua respiração me faz estremecer. Sua boca finalmente encontra a minha, e nossos lábios se colam de novo, quentes, molhados e perfeitos. Perfeitos.

– Você gosta disso?

A voz dele é um grunhido baixo e explícito como dedos entre as minhas pernas.

– Gosto.

– Então é isso. Você gosta. Eu gosto. Começo, meio, fim. Não tem o que terminar. Por ora isto aqui é tudo.

Como Harry está me beijando de novo, não consigo decidir se o que disse é verdade. Apenas enrosco os braços no pescoço dele, enterro os dedos em seus cabelos, contorno sua orelha com a ponta dos dedos e o beijo de volta sob as luzinhas de Natal, na nossa caverna. Beijos caçando beijos, mãos e bocas. Tudo. Tudo. E então nosso tempo acaba. Demoro para me dar conta de que o bipe que escuto é o telefone dele.

– Você programou o despertador?

– Eu sabia que não iria parar de outra forma.

Relutantemente, ele me tira do colo, pega o celular e silencia o alarme. Então se levanta, ajeita o cinto e calça as botas. Quando ergue a cabeça, seus olhos estão sonolentos e sensuais, os lábios inchados, o rosto corado. Olhar para ele faz alguma coisa louca comigo, me causa uma sensação quente e molhada entre as pernas, um calor que se espalha pelo meu corpo. Queria ter desabotoado a camisa dele quando tive a chance. Ter visto mais dele. Ter me encostado contra a pele nua dele. Da próxima vez. Meu Deus, espero que haja uma próxima vez.

– Você vai à padaria esta noite? – pergunta ele.

– Vou.

– Legal. Eu volto na terça. Se você quiser.

– Eu quero.

Ele pega o casaco na cadeira e veste. Quando está com a mão na maçaneta, diz:

– Só para você saber, Lou...

– O quê?

– Duro como uma pedra.

Ele sai pela porta e eu ainda estou sorrindo feito uma idiota quando Liam volta da aula. Terça-feira. Cinquenta minutos. Lá fora, o céu está escuro. Os flocos de neve caem inclinados, cinza e tristes. Pus Foster The People para tocar apenas para fazer Harry balançar a cabeça e fingir lamentar meu gosto musical.

Seus cabelos estão frios e úmidos, e o nariz está gelado quando encosta no meu, mas os lábios estão quentes. Seu sorriso, mais quente ainda. Estamos no quarto escuro, a cama cercada de cores, os pés entrelaçados, o corpo dele pressionando o meu. Trocamos beijos lentos e profundos que vão ficando cada vez mais profundos. Levanto a camisa dele e acompanho o caminho da coluna até o pescoço. Os músculos dos ombros se flexionam ao meu toque. Volto para baixo. Minha camisa se levanta. Nós nos beijamos e nos beijamos, e eu dou um jeito de me mexer até minha barriga nua tocar a dele.

Está sentindo isto? A sua pele e a minha?

Porque eu estou sentindo em todos os lugares.

Eu quero isto. Quero você.

Deslizo as mãos pelas laterais do corpo dele. Pelos seus ombros, por dentro das mangas da camisa até os bíceps rijos. Os quadris dele vêm na direção dos meus, a fivela do cinto me beliscando. Cravo as unhas na pele dele e me abaixo mais um pouquinho, em busca de um alinhamento melhor. Em busca da pressão entre as minhas pernas. Quero saber o que faço com ele, o calor do que fazemos um com o outro. Quando chego lá, ele geme e morde meu lábio. Seus olhos estão cerrados e suas narinas se alargam enquanto ele respira profunda e rapidamente.

– Louis.

Eu me levanto contra o monte quente dentro da calça jeans de Harry, adorando ser capaz de provocar isso nele. Adorando a pressão, o peso, a forma como seus beijos ficam mais profundos e mais desesperados e como nós nos movemos juntos, em movimentos sincronizados. Não é sexo. É melhor do que sexo.

É Harry.

-

Olá, leitores!!

Dei uma sumida porque estava extremamente atarefada, nem lendo mais pelo wattpad eu estava, mas então o coronavírus aconteceu e fui dispensada do curso e do serviço, agora temos que ficar em casa para nos prevenir e cuidar das pessoas que tem um risco maior. Logo, tenho mais tempo pra finalizar Profundo e dar continuidade em Intenso.

Espero que vocês estejam de quarentena em casa, se cuidando pelo bem de vocês mesmos e das pessoas ao seu redor! Não se esqueçam de lavar as mãos e esfregar do modo certo, e passar álcool em gel se precisarem sair (mas se não precisarem, não saiam ok?).

Não sei bem como vai ficar o fluxo de atualizações ainda, por isso não vou prometer nada a vocês mas vou tentar postar o máximo que eu puder.

Se cuidem!!!!!

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