Como Se Declarar Para o Paque...

By luvcress

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Midoriya já não podia mais esconder a paixão que nutria por Todoroki, seu colega de classe; então numa noite... More

01. Escreva um bilhete!
03. Peça ajuda com algo.
04. Preste atenção.
05. Mantenha a calma.
06. Tenha coragem!
07. Enfim, boa sorte!
08. Bônus: Independente do medo, fale.

02. Apresente a ideia sem dizer nada.

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By luvcress

Era noite e Midoriya estava, novamente, sentado em sua cama com o notebook em mãos. Se sentia o mais trouxa dos trouxas por estar novamente pegando dicas na internet, mas como a ideia do bilhete havia falhado, ele estava decidido a seguir o próximo passo.

Bakugou Katsuki tinha acabado com seu plano de se declarar para Todoroki na sala de música, e Midoriya y não queria passar por todo aquele nervosismo de novo. Estava, além de constrangido, muito irritado com o loiro.

Afastou os pensamentos e entrou no mesmo site da noite anterior.

2 – Apresente a ideia sem dizer nada.

• Desvie do seu caminho regular para se encontrar com ele "por coincidência".
• Faça contato visual.
• Demonstre interesse pelo que ele faz e gosta.

– Mas que bosta, o cara vai pensar que eu sou um doido maníaco e stalker – disse para si mesmo.

Frustrado, Midoriya se perguntava por quê era tão difícil estar apaixonado.

•°O°•

– Deku, preciso falar com você.

O dia mal havia começado e Izuku já imaginava que não seria dos bons. Estava no corredor da escola indo para a sala de aula ao lado de Uraraka quando Bakugou o chamou num tom mais calmo que o normal, uma calmaria que não era característica do loiro. Uraraka olhou de um para o outro, parando seu olhar em Midoriya, perguntando silenciosamente se estava tudo bem deixá-los sozinhos.

Midoriya assentiu, como se dissesse com o olhar "está tudo bem, ele não vai me matar", e ela foi andando na frente. A preocupação de Uraraka o confortava, mas também o fazia se sentir um covarde. Ela acabava lhe tratando como uma criança indefesa e isso o incomodava às vezes. Mas não falaria isso pra ela.

Voltou sua atenção para Katsuki.

– O que foi? – perguntou impaciente. Seu tom seco impressionou até a ele próprio. Queria ir logo para a sala. Queria ver Todoroki, e quem sabe, colocar em prática as novas dicas, por mais que as achasse meio inúteis.

– Quero me desculpar pelo que fiz ontem – disse Katsuki, realmente aparentando estar envergonhado. – Não foi certo.

Se, no dia anterior, Katsuki agiu semelhante a um predador perigoso, agora ele parecia um animal acuado, envergonhado pela bagunça que fez.

– Ah, tá bom – foi só o que saiu da boca de Izuku no momento.

Ambos não sabiam muito bem o que fazer.

O sinal tocou.

– Só mais uma coisa – Bakugou disse de repente –, sobre aquilo que eu falei, esquece.

Izuku se lembrava bem do momento em que Bakugou lhe pediu, quando estava o prensando na parede – de uma forma bem constrangedora, parando para pensar. "Me ajude a entender o que eu sinto sobre uma pessoa". Aquilo o fez refletir bastante na noite anterior, antes de pegar no sono. Afinal, a quem Bakugou estava se referindo naquele momento? Quem poderia ser a pessoa a conquistar o garoto mais explosivo que Izuku já tinha conhecido em toda sua vida?

– Tá… – respondeu, hesitante – mas se precisar de ajuda, sei lá, eu posso fazer o possível.

Sua relação com Bakugou nunca foi boa. Quando crianças, eram muito próximos, brincavam juntos sempre, colados um ao outro como unha e carne. Até ambos entrarem numa escola diferente, na quinta série, e o loiro mudar completamente seu comportamento.

De repente, Katsuki se distanciou dele, começou a andar com outras pessoas, gente popular. Izuku se sentiu traído na época, mas apenas o deixou de lado depois de um tempo, convenceu a si mesmo que era normal se afastar das pessoas, e então conheceu Uraraka e Iida.

Mesmo não tendo contato com Katsuki, percebeu sua mudança de longe. Ele tinha se tornado um garoto muito bonito, porém muito explosivo e cabeça quente, às vezes parecia um animal irracional. Muitos de seus novos amigos acabaram se afastando dele, mas ele não parecia se importar.

Ao lado de Bakugou, sobraram poucas pessoas, mas pelo menos, eram, pelo que Izuku observava, um grupo de amigos unidos. Pareciam compartilhar um único neurônio entre si, sempre com um ar positivo. Suportavam os ataques de raiva de Katsuki, pois gostavam da presença dele apesar disso. E era mútuo.

E Izuku achava isso foda.

Foi desperto de seus pensamentos quando Katsuki o respondeu.

– Não acho que eu vá precisar de ajuda – dito isso, saiu andando, parando após poucos passos para olhar pra trás e completar. – Mas de qualquer forma, obrigado. E, de novo, foi mal.

E sumiu no corredor.

Izuku só conseguiu pensar, naquele momento, que seja lá quem fosse a pessoa por quem Katsuki estava apaixonado, com certeza havia o mudado para melhor.

Saiu correndo para a sala quando percebeu que iria se atrasar.

•°O°•

Durante as primeiras aulas, Midoriya tentou colocar em prática uma das dicas que havia lido.

Fazer contato visual era complicado para ele. Primeiro que Todoroki se sentava várias carteiras à sua frente, então não teria como ambos ficarem se encarando em sala de aula. Segundo, Midoriya era um completo covarde, e não sabia se conseguiria manter a pose se ficasse mais que três segundos fitando aqueles olhos tão lindos.

– Meu Deus, como eu sou gay – murmurou, rindo de seus próprios pensamentos.

De qualquer forma, ele estava dividido se seguia as dicas do site ou não. Devia mesmo confiar num site de tutoriais da internet? Provavelmente não.

Aquela dica nova era uma completa bosta, em sua opinião. Manter contato visual? Mudar a própria rota para trombar com a pessoa? Isso é muito complicado. E sua mãe tinha lhe ensinado que encarar as pessoas é feio.

Mas ele estava decidido a levar aquilo até o fim e se declarar logo. Então, independente de tudo, seguiria as instruções do site. Mesmo com um alto potencial de dar merda.

Devia ter passado muito tempo observando as costas de Todoroki, pois o mesmo pareceu ter se sentido observado e olhou para trás, seu olhar encontrando o de Midoriya.

Foi nessa hora que o coração do pobre coitado deu um pulo de susto. E ele quase infartou quando Shouto lhe deu o mais belo dos sorrisos – ainda que fosse pequeno –, seguido de um aceno discreto, para logo se virar novamente para a frente.

Apesar do constrangimento por ter sido pego o observando, Izuku gritava internamente num surto quase incontrolável de emoções. Sorriu abobalhado. Aquele pequeno gesto de Todoroki era suficiente para deixá-lo super feliz.

Por causa de um sorrisinho e um aceno de mão, Midoriya passou o restante daquela aula com o rosto levemente corado, imaginando em sua cabeça, o dia em que finalmente diria tudo que sentia para o maior.

Com toda certeza, ele era exagerado demais.

•°O°•

Na hora do intervalo, Uraraka o chamou para um canto afastado do refeitório.

– Deku-kun, aconteceu alguma coisa? – ela perguntou.

Midoriya não ficou surpreso. Sabia que em alguma hora, a garota suspeitaria de seu comportamento mais estranho que o normal. Ela o conhecia bem, então ele já havia se preparado para aquele momento.

Não havia motivos para esconder algo de Ochaco, pois a amizade deles era baseada em uma confiança inabalável. Além disso, cedo ou tarde ela descobriria.

– Uraraka-chan, eu… eu pretendo me declarar para o Todoroki – foi direto.

A reação dela foi bem mais calma e controlada do que ele esperava. Um sorriso grande e convencido surgiu em seu rosto.

– Eu já estava esperando algo desse tipo – falou. – Finalmente vai desencalhar! Mas me diz, como pretende fazer isso?

Midoriya ficou com vergonha de dizer que ele estava seguindo dicas de um site de tutoriais.

– Eu ainda não sei…

– Ei, então acho que tive uma ideia – Uraraka disse visivelmente empolgada. Izuku se impressionava com a maneira que ela estava se envolvendo naquilo. Como se quisesse desesperadamente que ele conseguisse ficar com Shouto.

– Qual?

– Que tal a gente marcar com o pessoal de sair? Assim eu posso arrumar um jeito de deixar você e o Todoroki sozinhos. – ela respondeu, pensativa, já planejando todo um passeio em sua cabeça. – Um parque talvez? Ou o shopping… Não seria bem um encontro, mas pelo menos vocês se veriam fora da escola.

A ideia não parecia ruim. Ficar sozinho com Shouto, vê-lo em roupas casuais que não fossem o uniforme escolar, conversar sobre assuntos banais de adolescente… Parecia ótimo.

– Seria bom – comentou, também pensativo.

– Vou falar com os outros depois, pra ver se estão disponíveis nesse final de semana.

– Certo.

•°O°•

Izuku estava totalmente frustrado.

Não tinha conseguido colocar em prática nenhuma dica do site. Naquela manhã, não trocou nenhuma palavra com Todoroki. Não pôde conversar com ele para demonstrar interesse pelos seus gostos, e o único contato visual que fizera com ele não durou mais que cinco segundos.

Para piorar, estava chovendo e ele tinha esquecido seu guarda chuva. Maldito clima, que mudava do nada!

Estava parado, em pé, do lado de fora da escola. Iria esperar a chuva passar, pois era sua única opção. Seus amigos estavam ocupados com as atividades de seus clubes, e ele não queria incomodar ninguém.

– Ai Deus, eu sou um fracassado… – suspirou olhando para o céu nublado.

– Não é não – ouviu uma voz atrás de si.

Deu um pequeno pulo de susto, e quando se virou para trás, lá estava Todoroki, segurando um guarda chuva preto em mãos, lhe olhando fixamente, como se pudesse ver sua alma.

– T-todoroki-kun! – gaguejou – Pensei que já tivesse ido embora…

– Ah, precisei resolver umas coisas – ele disse, olhando distraidamente para o céu. – E você, por que ainda não foi embora?

– Esqueci meu guarda chuva… – respondeu constrangido.

Todoroki pareceu pensar um pouco, fitando o objeto que segurava.

– Quer o meu emprestado?

– Quê? Não! Pode ficar tranquilo, eu vou esperar a chuva passar – Midoriya negou, gesticulando com as mãos em frente ao corpo.

– Eu insisto – disse com um semblante decidido, já entregando-lhe o objeto.

– Não precisa… – Izuku tentou relutar, mas Todoroki lhe entregou o guarda chuva assim mesmo. O pobre coitado não sabia o que fazer. Começou a se sentir nervoso.

– Tá tudo bem. Eu não fico doente facilmente – Todoroki disse num tom de voz tranquilizador, com um pequeno sorriso nos lábios.

Então Izuku teve uma ideia.

– Que tal a gente dividir o guarda chuva, então? – disparou num impulso, antes que desistisse.

Aquela era uma boa forma de passar um tempo a sós com Shouto, por mais curto que fosse. E a situação acabaria proporcionando um clima romântico, já que normalmente apenas casais faziam aquilo – isso segundo grande parte dos animes shoujo.

– Ah, tudo bem então.

Todoroki segurou firmemente o guarda chuva aberto acima dos dois, começando a andar para fora da cobertura da escola e sendo seguido por Izuku, que caminhava ao seu lado.

Logo que as gotas de água atingiram o guarda chuva, Todoroki tocou em seu ombro o puxando para mais perto, fazendo seus corpos se encostarem levemente. Midoriya já estava trêmulo a esse ponto.

– Me desculpe. O guarda chuva é pequeno demais… – Todoroki tentou se justificar, percebendo o desconforto do menor.

– N-não, tudo bem, sem problema, na verdade isso é muito bom – disse tudo rapidamente, sem respirar. Logo percebeu que soou estranho. – Q-quero dizer, estar protegido da chuva, sabe?! Muito bom!

Todoroki riu. Não uma gargalhada, mas uma risada contida que durou uns poucos segundos. Midoriya se sentia cada vez mais envergonhado, mas foi bom escutar o mais alto rindo daquele jeito fofo tão perto de si. Logo, começou a rir baixinho também.

– Desculpe – novamente, o bicolor se desculpou. – Você é fofo, Midoriya – disse num impulso.

Os dois ficaram corados. Izuku desviou o olhar para o lado oposto, para que Shouto não percebesse o rubor de seu rosto.

– O-obrigado… – disse baixo. – Você também.

Ambos sorriram e não disseram mais nada por um tempo. O trajeto e até a casa do esverdeado não era longo, então chegariam logo. Andavam pela rua em silêncio, lado a lado, seus ombros se encostavam às vezes, e apenas aquele pequeno contato era suficiente para fazer Midoriya surtar internamente.

Um casal passou ao lado deles, também embaixo de um guarda chuva, conversando alegremente sobre algum assunto.

Midoriya se perguntou se ele e Todoroki estavam parecendo um casal também.

– Então... – Todoroki cortou o silêncio – sua casa é por aqui, né?

Só nesse momento Izuku percebeu que já estavam perto da rua onde ele morava.

– Sim, virando ali – apontou para uma esquina.

Se sentiu decepcionado por aquele momento estar acabando, apesar de estar completamente envergonhado. Quando chegaram em sua casa, ambos pararam em frente ao portão.

– Obrigado, Todoroki-kun – agradeceu.

Todoroki sorriu.

– De nada.

Desajeitado, Midoriya pegou as chaves no bolso traseiro de sua calça e abriu o portão, demorando um pouco no processo devido ao nervosismo que sentia que o deixava um tanto trêmulo. Assim que entrou para dentro, se despediu do maior com um "até amanhã" e um sorriso que não pôde conter em sua face, e o observou continuar seu caminho pela rua, logo saindo de seu campo de visão ao virar a esquina.

Sorriu bobo quando entrou dentro de casa, sendo questionado até mesmo por sua mãe, que nunca tinha o visto tão feliz antes. Respondeu apenas um "não é nada, mãe" e subiu as escadas para seu quarto, onde se trancou e se jogou na cama com uniforme e tudo, soltando gritinhos abafados abraçado ao travesseiro.

Poderia não ter cumprido direito as dicas que vira no site, mas teve seu momento a sós com Todoroki e dividiu o guarda chuva com ele!

Estava tão feliz, que poderia explodir. Por mais exagerado que fosse, não podia evitar tamanha felicidade que o preenchia.

Queria mais daqueles momentos com Shouto. Queria ouvir a risada dele. Queria conhecer coisas novas com ele, visitar lugares, assistir filmes, saborear comidas estranhas… Queria tê-lo para si. Queria ser dele.

E ele não desistiria de, ao menos, tentar realizar tudo isso.






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