~Megan~
Um sorriso brota em meus lábios quando vejo o semblante preocupado que o Adam solta na minha direção antes de me deixar a sós com a Emma. Não me senti mau, ou inferior por ele me olhar assim, como se eu fosse de alguma maneira fraca e não pudesse lidar com a situação.
Na realidade, um sentimento quente e perigoso preencheu meu coração.
Ele se importa comigo.
— Pela sua cara agora, acho que vai ser bem fácil você ultrapassar a barreira que eu criei... — Emma dá um sorriso fraco.
— Como?
— É preciso que a magia seja compartilhada entre dois dominadores para que a barreira não os mate.
— Matar?! — um calafrio percorre a minha coluna.
— Bem pouco provável que o Tobias deixaria uma magia dessa dando sopa para que qualquer pessoa pudesse colocar as mãos... Claro que ele tomou medidas para que mesmo que as pessoas descobrissem sobre esse poder, ele ainda teria vantagem e elas não o pudessem obter...
— E como as pessoas que estão sedentas por poder normalmente não o querem dividir com mais ninguém... Pouco provável pensarem que para ultrapassar essa barreira precisarão da ajuda de uma outra pessoa — digo, compreendendo o pensamento do Tobias.
— Exatamente. E como ele não tem escrúpulos, e um domínio poderoso da mente, é fácil para ele ultrapassar as barreiras.
— E o que eu tenho que fazer?
— Na realidade é bem simples. Os encantamentos mais poderosos normalmente são assim. Você só vai precisar segurar a mão do garotão e dizer algumas palavras em sua mente.
— Como eu posso ter certeza que isso não vai me matar?
— Olha, sinceramente, os riscos são um pouco elevados caso as pessoas que forem passar pela barreira não estiverem devidamente ligadas. Só acho que não é o caso entre você e o garotão.
Ela tinha razão, por mais que a situação entre os dois estivesse num estado de suspensão, sei que o Adam deve ser uma das poucas pessoas com que tenho esse tipo de ligação sem fazer muito esforço.
— Não acho que a conexão entre vocês venha a ser um problema, mas temo dizer que possa vir a ter outros efeitos colaterais. — ela diz tão séria que fico esperando o pior.
— E que efeitos seriam esses?
— A magia de vocês vai ser compartilhada. Vai ser uma coisa momentânea, mas você vai senti-lo dentro de você e vice-versa. Não é uma coisa tão clara como se os sentimentos fossem ditados na mente um do outro, ou uma sensação física como um beijo ou contato, mas ainda sim é uma experiência bem íntima.
— E tinha que ser uma coisa tão íntima assim?
— Como você mesma disse, num mundo onde o poder fala mais alto, é uma impossibilidade para a grande maioria se mostrar assim para uma outra pessoa. É uma saída simples, e quase genial!
— Entendo.
— Preste muita atenção nas palavras que eu direi agora, você vai ter que repeti-las em sua mente, segurando a mão do garotão e esperar fazer efeito.
— Como eu saberei que está fazendo efeito.
— Acredite em mim, você saberá quando a magia começará a ser compartilhada.
— E o que eu tenho que falar?
— Ko toku rohe, naku. Nau ano, homai mai hoki ki au. Maatau ka taea e taatau te kite i nga mea kaore i mohiotia e taatau e hiahia ana.*
Ela teve que repetir algumas vezes as palavras até que consegui assimilar todas as palavras e repeti-las com a melhor pronúncia que consegui com meus poucos minutos de treino.
— A sua capacidade de aprender as coisas é impressionante Megan. Agora entendo o medo que o Tobias tem de você.
Apenas dou um meio sorriso e respiro fundo reunindo coragem dentro de mim.
Mal apareço na porta e já sinto o olhar de Adam em mim, e se eu não tivesse tão atenta aos seus movimentos talvez tivesse perdido a relaxada que seus ombros deram.
Mais uma vez sinto coisas despertarem e aflorarem quando o Adam concorda em me ajudar, isso quando eu ainda nem tinha dito em quê eu queria o seu auxílio. Aquela concordância confiante me quebrava.
Seguro a sua mão e antes que eu possa começar a falar as palavras, ele fala.
— Precisa de mais alguma coisa? — meu coração se agita diante da pergunta, deixando clara uma resposta que eu não queria pôr em palavras.
Nego com a cabeça, tentando manter meus pensamentos em ordem e sob controle. Quando eu tive plena certeza que meus sentimentos tinham se acalmado, começo as palavras começam a ecoar na minha mente.
E Emma tinha razão, eu senti assim que começou.
A magia de Adam veio subindo com uma velocidade impressionante pelo meu braço, e antes que eu percebesse, deu um golpe certeiro e indolor no órgão que batia forte em meu peito.
Eu pensei que eu e Adam já éramos ligados por uma força invisível, mas aquilo era diferente de tudo que eu sentia, e ainda mais distinto de tudo que eu poderia um dia imaginar.
Consigo sentir um nervosismo, mas estamos tão juntos que não sei se é meu, ou se é dele. E tudo o que eu quero fazer é segurar mais apertado a sua mão e pedir para que ele não solte a minha.
Adam abre um sorriso incrível e então seus dedos apertam ao me redor.
Sua magia me inundou e fiquei me perguntando como é que um dia eu consegui dizer que me sentia completa se eu nunca tinha me sentido assim. Aquilo conseguia ser conhecido e o maior pulo na escuridão. Quente como um vulcão e devastador como um furacão, e ainda sim, calmo e pacífico como o mar depois de uma tempestade.
As palavras continuam a fazer o seu trabalho e eu começo a me movimentar. Conseguia ver a barreira agora claramente. A parede acinzentada se erguia firme diante dos meus olhos.
Mas ao esticar e tocá-la, ela se tornou névoa ao nosso redor e bastou dois passos para que ela ficasse atrás de nós. E assim que a névoa se solidificou atrás de nós, a pressão me atingiu.
Nunca tinha sentido tanta magia presa em um só lugar. Já tinha ficado próxima a uma barreira, e sentido o poder que emanava dela, e ali eu reconheci a magia, mas do modo como eu sentia os pelos do meu braço estavam se arrepiando, sabia que o perigo ali era real.
Não seria uma opção viável de destruir aquele cristal, tenho a impressão que aquilo acabaria com boa parte de Nihal se tivesse a chance. E mesmo com a opção de deixar a magia escapar e voltar para sei lá aonde, Emma disse que tem mais cristais desses, e quem me garantia que a magia saindo daqui não seria armazenada neles?
E ainda tinha a pior opção, que é a magia acabar.
Creio que não estou preparada para isso.
Só que Adam me dá a boa ideia de levar o cristal. Com a vantagem de estarmos no nosso terreno, conseguiríamos proteger e manter aquela magia longe das mãos do Tobias.
E é isso que fazemos. Minha mente começa a trabalhar para pensar sobre todos os pontos que eu tinha que colocar em prática para fazer o plano dar certo. E eu ia esquecendo de Emma, mas ela, com todas as verdades que ela contou, conquistou a liberdade que ela tanto quis.
Acabei me surpreendendo quando ela pede para continuar a nosso lado. Ou ela realmente quer a sua vingança contra o Tobias, ou isso é um plano muito bem arquitetado por ela.
Só que para o seu azar, eu não estou com tempo para olhar de perto para saber onde é que a lealdade dela reside. Mas Dante e Cassius se dispõe. E eu fico feliz, pois se a lealdade dela estiver do nosso lado, acabamos de ganhar mais uma aliada poderosa.
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Coisa momentânea uma ova!
Sem ao menos fechar os olhos, sem ao menos precisar me concentrar, não preciso fazer o menor esforço para sentir.
Tão fortemente quanto eu segurei a sua mão, eu ainda consigo sentir a magia do Adam em mim. A noite está sendo longa, e olhando o relógio, vejo que a madrugada não está com a menor pressa de passar.
Meu coração ainda deve estar batendo em sincronia com o dele, já que mesmo agitadas, as batidas me acalmam.
Sua força, tão intensa e aparentemente indestrutível estava se enraizando. A intensidade era tanta, que se ele quisesse poderia facilmente destruir qualquer coisa dentro de mim, mas contrariando alguns pensamentos meus, aquela força surtia um efeito contrário.
Eu estava sendo fortificada.
A cama não consegue segurar o meu corpo cansado, então apenas caminho pelo quarto, com passos leves, querendo ultrapassar o estado de exaustão do seu corpo e apagar quem sabe se eu tivesse sorte.
Posso andar por toda a extensão do quarto, tento distrair a minha mente com diversas coisas, mas acabo voltando sempre para me encostar na parede pintada com uma cor clara.
Não é uma parede qualquer, essa é a parede que eu divido com ele, e por conta dos acontecimentos de hoje, me sinto tão atraída por aquela divisão. Será que ele não consegue dormir também? Se eu batesse com a mão na parede, será que haveria alguma coisa do outro lado?
A ideia de derrubar a parede também passou em alguns momentos na minha cabeça, mas apenas encosto a mão, com suavidade, com medo de fazer um barulho e não escutar nada em retorno.
O coração dá mais um pulo e mais uma vez aquela dúvida de não saber se sou eu ou ele me faz bater os pés no chão, e soltar um suspiro baixo.
Sem conseguir me segurar mais, acabo saindo do quarto, seguindo poucos passos depois da minha porta, pelo corredor silencioso. Estou parada na porta, com a mão erguida pensando novamente se vale a pena bater ou não.
A vontade ganha e minha mão bate com suavidade na madeira. A madrugada está silenciosa demais, e se ele tiver acordado vai ouvir, mas caso não, eu volto pro quarto e fico me contentando em olhar para as paredes.
Fico feliz quando a porta abre.
— Oi Meg — Adam sorri e nem pergunta se quero entrar, apenas abre caminho para que eu passe por ele e entre em seu quarto.
— Pensei em tentar a sorte e ver se você ainda estava acordado. Não estou conseguindo dormir.
— É por conta disso né? — ele aponta para o peito e sei bem o que está atrás de tudo aquilo.
— Meio louco... Pensei que fosse ser uma coisa invasiva, e tem tudo para ser, mas de algum modo...
— Não é — Adam completa simples.
E era aquilo mesmo. Simples.
— Por um momento eu pensei que fosse só uma coisa minha, mas acabei de perceber que passamos por isso juntos, então é justo que nós dois nos sentíssemos assim.
— E você tem alguma ideia do que podemos fazer Meg? — Adam diz dando um longo suspiro.
— Na realidade não, mas só de saber que não estou só, me com que me sinta melhor.
— Você só ficaria só caso se esforçasse bastante — e lá estava mais uma vez, aquela palpitação no peito, aquele sentimento aquecido.
Se veio de mim, Adam não demonstrou nada. Não sei se ele sentiu aquilo e preferiu ignorar. Não sei se veio dele e ele já está acostumado em filtrar as suas emoções e feições.
— Não tenha tanta certeza disso Adam — dou um sorriso triste e nem percebi que estava me aproximando tanto assim dele.
— Certas coisas a gente só sabe — ele insiste e eu deixo o assunto por ali mesmo.
Ele também vem se aproximando.
Passos com pés descalços abafados pelo tapete nos deixam cara a cara. Não tinha muito o que falar. Parecia que não precisava mais estender a mão para sentir o seu toque.
Ele amanava um calor, quase uma luz e fui atraída por ela.
— Adam — seu nome sai pelos meus lábios e tantas coisas queriam vir atreladas a ele, tantos sentimentos, queria agradecê-lo. Queria tanto dele, mas não tinha como oferecer nada.
— Sim — e ele deu o passo que faltava para fazer do calor dele o meu.
Deveria ter feito mais do que isso, mas minhas mãos já estavam o abraçando apertado. Enterrei o meu rosto no seu peito e respirei aquela fragrância de algodão e Adam que quase fez minhas pernas bambearem.
Adam me mantinha firme e tão próxima a ele quanto era possível.
Seus dedos sobem do local onde fazia um carinho distraído nas minhas costas até a minha nuca, onde ele brinca com os cabelos que escaparam do coque que eu tinha feito para dormir.
Ele não diz nada, apenas me continua a me fazer carinho, e todo toque, por mais suave que eu recebia, mais dentro de mim aquela vontade crescia.
Como eu quero beijá-lo...
O pensamento me trouxe alívio ao mesmo tempo que assustou.
Os dedos do Adam congelaram na minha nuca, e a sua mão direita deslizou para frente, para o meu queixo e ergue o meu rosto para que eu encare aqueles olhos hipnotizantes.
— Você realmente quis dizer aquilo? — Adam pergunta num sussurro que quase me vira do avesso.
Ele escutou o meu desejo. Se eu falei alto, ou se ele escutou pela nossa "conexão", não importa.
Admitir uma coisa na minha cabeça é uma coisa, mas conseguir colocar isso em palavras, conscientemente é outra história.
— Espero que sim, pois se não vai ficar uma situação muito chata daqui a uns minutos... — Adam diz e se inclina na minha direção.
Claro que eu quero aquilo, e fico na ponta dos pés para diminuir ainda mais o caminho.
Se fosse um tremor mais fraco, eu poderia até pensar que era apenas a minha expectativa, mas quando até as paredes tremeram, o beijo ficou apenas na metade do caminho.
— O que é... — antes que eu complete a frase, a janela do nosso lado explode.
O impacto nos joga para trás, mas consigo erguer uma barreira de terra para nos proteger dos destroços da janela, e Adam me abraça agora com um intuito completamente diferente do que alguns segundos atrás, nos fazendo flutuar antes que nos chocássemos no chão.
— Você está bem? — Adam diz, nos fazendo flutuar ainda mais e nos coloca no chão.
— Sim. Obrigada — sorrio, mas já me preparo para o combate. — O que diabos aconteceu aqui?
— É o que vamos descobrir agora!
Olhamos para o local do impacto, e não tinha sido apenas a janela que explodiu, na verdade, boa parte da parede, teto e chão tinham virado pó. A nuvem de fumaça tornava as coisas turvas.
Adam resolveu rapidamente isso. Usando o seu domínio do ar, ele fez com que aquela fumaça e destroços se afastassem, indo pelos ares para um lugar longe de nós.
Quando consegui ver o que tinha feito aquilo, percebi que não era "o que" e sim "quem".
Tobias estava no centro da bola de destruição que se abriu no quintal da Laura. Ele estava próximo. A destruição tinha sido intensa, mas extremamente controlada, bem a cara dele.
— Ora, ora. Nos encontramos mais uma vez Megan White — Tobias diz com uma voz calma e tudo em mim ferve.
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Olá dominadores! A espera foi menor do que a passada, e espero que menos agonizante! HAHAHAHAH Mas ainda sim sei que tenho que trabalhar um pouco mais para que essas esperas sejam controladas!
Ok ok ok, sei bem que o modo como esse capítulo terminou não vai ser nada bom para a espera de vocês pelo novo capítulo, mas tentem entender o lado da autora que tem que manter vocês por aqui, mesmo demorando para vir.
E claro que eu não poderia deixar para lá a tradução sobre as palavras que a Megan repetiu, aqui está o significado: *Meu domínio é seu. O seu, me dê também. Só assim poderemos passar pelo invisível em busca daquilo que nem sabíamos que desejamos*
Profundo? Talvez. Demorei um tantinho pra pensar sobre as palavras que derrubariam aquela barreira, mas acabei que fiquei satisfeita com elas. E o que acham que vai acontecer agora que o cramunhão tá ali do outro lado da janela?
Quero saber o que vocês acham que vai acontecer agora! Beijos e até o próximo capítulo (que rezemos pra sair rápido)