Aceite meu pão e meu vinho, ó Senhor
Quando delirante os ofereço nas
Formas intangíveis de versos lânguidos
E estrofes nefelibatas
É tudo que tenho, além deste altar
E é claro, Vossa Graça
Ambas construções de meu eu-lírico,
Santidades não-vulgatas
Em estrofes dispo-me da carne
E deslumbro-me Espírito —
Ser maior que meu ser, enorme
Aos pés de meu querer,
Cortando por entre fileiras
De exércitos fantasmas; o dever
Dissipado entre os dedos de carne
Viva,
Corro sem pés sobre a lama branca
Dos ossos de anjos
E cuspo nos lençóis das asas
Que o Outro Deus oferece
Sombra encantada d'uma deidade fóssil
De terras nebulosas, decanto-me
Em neblina, vomito palavras,
E silente rezo minha prece:
Cede-me musa!