- Eduardo, eu disse talco e não álcool! - Rosna Luísa ao meu lado na sala de estar. -Céus, você troca fralda a quanto tempo? Um ano seu burro! Não vou parar de gritar!
Continuei mexendo em meu notebook, Sr.Persson havia me enviando algumas perguntas que eu deveria responder antes do fim da noite já que amanhã ele terá uma reunião que precisa do meu ponto de vista.
Estou começando a achar que tirar férias foi uma péssima idéia.
- Lily, toma aqui antes que eu jogue esse celular no chão! - Me passou o celular me interrompendo, ela estava realmente nervosa.
- O que ele fez? - respirou fundo, coloquei o celular na orelha- O que você fez?
- Ela me passou uma lista de compras ontem e na pressa para vir para casa trocar James eu li errado. Comprei álcool e agora o bebê está sem talco, não sei quando vou conseguir voltar ao mercado, James não para de chorar quando percebe que Luísa não está.
- Você que não sabe cuidar do seu próprio filho quando estou longe! - Luísa rosna tomando o celular da minha orelha - Eu sei que a gente funciona em parceria... Não, deixa eu falar! É a primeira vez em um ano que eu saio de caso e não tenho que voltar em uma hora as pressas, me deixa curtir minha viagem!
- O que está acontecendo? - John Piper pergunta sentando ao meu lado no sofá
- Crises da maternidade e de um relacionamento. - Eu respondo ao mesmo tempo que respondo com velocidade o e-mail do meu chefe.
- Ainda bem que não me casei com ela. - Ele zomba
Luísa ainda gritando com Eduardo, de canto de olho, vejo-a levantando o dedo do meio.
- Tudo bem, se vira! Cadê meu bebê? Então o deixe dormir. Beleza - bufou - Tá, também amo você. Nos falamos de noite, tchau.
- O que acha de irmos à praia? - John pergunta para nós duas
- Não vai rolar - Catarina diz parando diante de nós - Preciso de vocês!
- Pra quê? - Luísa pergunta
- Está tudo dando errado, a organizadora da festa vai cobrar muito caro se eu pedir para ela colocar alguns detalhes que eu preciso!
- Não tenho um centavo, gatinha- John disse já prevendo que ela fosse pedir dinheiro
- Não é isso, é o meu ensaio de casamento amanhã! Preciso das coisas básicas, Rodrigo foi pra Lisboa comprar as coisas importantes, mas não terei tempo de ir em todos os outros lugares. Vocês podem ir?
- Ir onde? - Perguntei fechando o notebook
- Aqui na cidade procurar as coisas que preciso, estou sem sinal então não consigo falar com Rodrigo para saber se já está vindo.
- Vamos nos dividir e ir. - Luísa propôs
- Não temos carro - Digo o óbvio - A cidade é distante daqui, andariamos muito.
- Eu vou passar a lista para vocês, Luísa vai com John e Bill já que ele me conhece melhor do que ninguém e, bom, Lily - coçou a garganta- Tem problema ir com Luke?
respirei fundo. Claro que tem problema. Tem milhões de problemas.
- Não - digo
- Ok, obrigada pessoal! - Disse agradecida e desesperada ao mesmo tempo. Se afastou alguns minutos, tempo suficiente de John ir calçar suas botas e chamar Bill, Luísa me encarou de sobrancelha erguida
- Achei que não queria ficar perto dele por nada nesse mundo.
- E não quero mas eu vim nessa viagem por consideração a Catarina, e por essa mesma consideração estou disposta a isso.
- Claro - Disse
- Estão prontas meninas? - Catarina veio até nós, assentimos levantando do sofá - Aqui está as listas, os meninos vão saber onde levar vocês.
Eu peguei uma e Luísa pegou outra. Enquanto Catarina saiu para falar com Luke eu subi rapidamente e guardei meu notebook. Desci as escadas e sai da casa respirando fundo. Tudo bem, Alicia. Não vai ser nada complicado.
Quando sai da casa, Luke estava me esperando em frente à sua caminhonete de braços cruzados.
- Está pronta? - Perguntou
- Estou, vamos.
Ele abriu a porta para mim, eu entrei e fechei. Quando notei ele já estava do lado do motorista ligando a caminhonete preta.
- Cadê a lista?
- Aqui- dei a ele que observou rapidamente
- Vamos passar no mínimo em seis lojas.
concordo olhando pela janela o veículo em movimento. Nos afastamos da casa deles em direção a uma estrada cheia de árvores que ligava diretamente a pequena cidade que no mínimo deve ser 1 kilometro de distância.
Eu jurava que essa caminhonete era nova, mas ao ouvir o som do motor que eu não sei descrever, sabia que era a mesma, só que reformada.
Há quatro anos essa caminhonete estava completamente velha, a cor meio laranja, meio ferrugem, não sei, dava essa impressão. Agora ela está totalmente preta e a porta do passageiro arrumada.
Suspirei, pensar no passado me leva a pensar em outras coisas que eu não acho ideal. Não agora.
A cidadezinha está como me lembro, tudo pequeno e simples. As pessoas andando na rua sorriem uma para as outras, uma grande diferença de cidade grande a cidade pequena.
Na cidade grande ninguém sorri para ninguém. Se sorrir e dizer bom dia, a outra pessoa vai achar que é louco.
Luke estacionou a caminhonete em frente à uma loja, fomos o trajeto inteiro em silêncio. Quando saímos da caminhonete fomos entrando, e naquele pequeno espaço de calçada até a porta, no mínimo cinco pessoas cumprimentaram ele.
O sininho da loja tocou quando eu abri a porta, avisando os donos do estabelecimento que novos clientes havia chegado.
- Luke Peterson! - Um senhor de óculos e sorriso grande se aproximou de nós
- Oi, Tim - Luke disse abraçando por um breve momento o senhor que olhou para mim
- Namorada nova? - Perguntou
- Prefiro não dizer. - Ele respondeu friamente
Tim me abraçou de surpresa.
- Sejam bem vindos, acabou de chegar nessa semana algumas coisas. Fiquem à vontade!
- Obrigado, Tim. Se a gente precisar chamamos você. - Luke respondeu andando por entre as prateleiras da loja de variedades, ao que parece.
Tim sorriu e se afastou. Eu segui Luke por entre as prateleiras, ele estava com a lista então eu não sabia o que viemos comprar aqui.
- Estamos procurando o quê?
- Jarros de flores, de preferência brancos que pareçam uma estrutura grega.
- Só uma irmã tem cada idéia - eu digo observando as coisas, tudo muito bonito - Grande ou pequeno?
- O quê?
- Os jarros. Lá na cidade tem aqueles que devem ter um metro e meio.
- É, mais não estamos na sua cidade.
Assenti, e me aproximei de uma decoração de vidro. Um coração médio, parecia um troféu, todo feito de vidro. Muito lindo.
- Acho que ela gostaria disso.
- Não está na lista.
- Eu vou levar - Dei de ombros - Pode ficar tranquilo, eu pago.
- Esqueci que você é uma mulher chique de negócios.
mordi o lábio. Eu não vou brigar, não vou discutir. Não vim aqui para isso.
- Isso é mais próximo de um jarro de estrutura grega que tem aqui - Peguei quando o vi, um jarro médio que caberia com certeza um buquê de flores - Vamos levar quantos?
- Quatro- disse vindo até mim, ele pegou dois e eu mais dois. Levamos até o caixa do Sr. Tim e eu voltei na prateleira para pegar o coração de vidro
- Vai levar isso mesmo? - Perguntou Luke impaciente
- Como você fez questão de lembrar, eu sou uma mulher chique de negócios, então sim- respondi sorrindo sem mostrar os dentes. Eu juro que não queria ser afiada, mas foi impossível.
Sr. Tim olhava para nós sob os óculos
- Mais alguma coisa? - Perguntou
- Mais alguma coisa que devemos procurar aqui, Luke? - perguntei
Luke estava me encarando, os lábios levemente frazidos.
- Só isso, Tim. - Disse pegando o dinheiro na carteira e fazendo uma careta - Tira um jarro caso contrário não sobrará dinheiro para as outras coisas.
- Eu compro o outro, sem problemas - puxei o jarro para meu lado de compras
- Catarina se vira com os três. - Respondeu
- Deixa de ser cabeça dura, é o casamento de sua irmã e ela quer tudo perfeito.
- Não existe tudo perfeito, deveria saber disso - Falou duramente - Só três Tim, por favor.
- Qual o problema de eu comprar o outro pra ela?
- Eu não quero nada do seu dinheiro.
- Caso não percebeu eu estou comprando para sua irmã e não para você - Ele continuou me olhando sério - Eu vou comprar um jarro e esse coração de vidro - Peguei meu cartão e dei para Tim - Débito, por favor.
Ele passou minhas compras e as colocou em sacolas.
- Obrigada, Tim - sorrio pegando meu cartão de volta - Te espero na caminhonete. - Digo para Luke e caminho para fora com minhas compras.
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