chá e renda

By apolomusegetes

60.5K 4.8K 227

e o farei suavemente, ou não farei por nada. viver nesse mundo, caprichosa como sou, experienciar esse longo... More

o jardim do poeta
arcadismo
a Vênus noturna e quando me deparei com Eros
uma carta de amor
sonhos liquidos
perséfone
sobremesa
psiquê
leve-as, as cordas, e deixe apenas minhas mãos
apolo e as nove musas
venus-netuno
morfeu
a inocência
do hino homérico a Apolo Délio
2:37
ouves-me, deus sol?
época de peixes
pão saído do forno
minha forma
início da manhã
sentimentalidades
versículo
sumo galacteo
como posso julgar Deus
ao meu lado
sol
se te abraço quando choras, se recito quando dói
rêverie
supremo sonho
o que eu teço
algo belo e intangível
equinócio de outono
a pureza
jardins
minha suavidade
tão longe tão leve
meninas, mulheres, a lua
o rio eu
Me Encontrei Rezando
lista de afazeres
me desintegre e encontrarás...
manhã de inverno
segredo
locus amenus
saudades de casa
devaneios de onze de abril
green wheat fields, auvers
esse mundo e o próximo
permita que eu me desmembre para que entenda
evolução
boitatá
lagos
voltarei pra casa
minha suavidade II
uma noite de verão, 21:37
armageddon
amor de Arcádia
"Como Ser Bonita Em 1 Simples Passo"
mãe, messias, alicerce
lembrei de uma queda antiga
a paz da verdade
a menina afogada
erato fantasmagórica
A Estrela XVII
alegoria da paz
La Belle Dame Sans Merci por John Keats
Bola de Cristal
veranico
allegory of peace
E Dioníso assume seu trono no Olimpo
minha suavidade III
minha suavidade IV
Inverno
Primavera
quimeras de agosto/cachoeira de fântaso
eliza ii.
Suíça
Epigrama N.2 por Cecília Meireles
Rascunho: Apolo-Morfética Pureza
Setembro
O Diabo XV
Uma Carta do Príncipe de Além-Colina II
Uma Carta do Príncipe Além-Colina III
Sobre Fé e Livre-Arbítrio
Réquiem
Te Encontro Em Uma Clareira No Alto da Noite
Ofertório
O Zigoto Sonha
Natureza Morta
I Regret Killing The Fly [ENG]
Me Arrependo De Matar A Mosca [PORT]
A Aurora Admite
Prólogo de "Jardins de Netuno"
Caça À Beleza
Je t'adore à l'égal de la vôute noturne
Dezembro
Anúncio
O Espírito da Névoa
Cerco, Um Conto
No fim do dia deixamos a caverna para ver o sol
ECLIPSE LUNAR PENUMBRAL
Consolo
Menina, Devorando
Uma Lista Incompleta de Possíveis Últimas Palavras

Uma Carta do Príncipe de Além-Colina I

309 16 6
By apolomusegetes

Meu trevo,

Perdoe a breve demora!

Escrevi-lhe uma carta assim que deixei os calores amenos de teus braços. Aquela noite, tão escura e tão fresca, cobriu minha partida com deleite, mesmo que a vista de tua sombra desaparecendo entre as dobras da noite fosse fonte de melancolia. E essa junção agridoce de emoções, devo dizer-lhe que ali descobri a fórmula da poesia.

Escrevi uma carta linda. Verdadeiramente linda. E não entenda errado o que digo; não estou atribuindo a mim mérito de grande escritor, mas a ti o papel de suprema musa. Deixar o veranico do teu corpo e mergulhar nas águas da viagem e do futuro, isso colocou seus contornos claros contra um fundo de breu noturno, fez de ti ainda mais real em minha memória. Foi como se o tempo que passei contigo tivesse sido um sonho que pude compreender apenas depois de acordar. E devo dizer-lhe, o acordar foi doloroso, mas em sua dor, magnífico.

A carta em questão, não posso mandar, por mais que você mereça minhas mais sacarinas e rebuscadas palavras. A verdade é que aquelas declarações não nos cabem mais. Teria sido certo mandá-la à época, mas não agora, quando já cheguei em casa e lentamente adentro os sapatos de príncipe. Procurei enviá-la assim que a tinta secou, mas uma séria questão entre as cortes e as aves se criou inesperadamente, e nossas habilidade de contato com o mundo humano dependem de forma quase perigosa nelas. Ensinei-o a falar comigo pelo fogo, pela água e pela sombra, mas essa forma é uma rua de mão única. Já que não és feito dessas coisas, não posso responder. E, infelizmente, durante a viagem — tais movimentações exigem emancipação da face física do existir — também não pude receber nada.

Sobre a viagem: foi agradável e rápida. Confio que não tenha sido impaciente durante esse tempo — a paciência é uma das muitas virtude que adornam teu espírito. Nunca é fácil atravessar a colina, mas enquanto voávamos e nadávamos e cortávamos o corpo da realidade entre névoa e nuvens e o vácuo, carregava comigo a visão de teus olhos castanhos sob a luz da meia noite, carregava comigo a memória de tua franja colada contra a testa ao emergir da piscina, carregava em minhas costelas o espectro do calor da tua mão, e essas coisas deram a tudo um aspecto tão romântico e denso que penso que poderia ter continuado a viagem pela eternidade.

A situação das aves não se resolveu ainda, e o futuro permanece incerto. Porém estou sendo um tanto rebelde e burlando algumas restrições para conseguir enviar pelo menos essa. Deveria ser uma carta de gratidão, por tudo que fez por mim, incutiu em mim, me ensinou. Mas, profundamente, é uma carta de capricho do coração. É uma carta de paixão.

Não parei de queimar desde que o deixei. Queimo com memória. Sombras de fumaça em meus olhos, fantasmas morando na ponta dos meus dedos. Sonho contigo. Vejo as mechas do seu cabelo entre folhas de verão. Sinto o cheiro do seu perfume, tão humano, em meios aos cheiros feéricos da corte. Esta carta é uma confissão tardia. Te amo. Te amo como príncipe da fadas, distante e admirado, Selene encarando seu Endimião, mas também te amo como o garoto de roupas estranhas que você encontrou no matagal. Te amo com a inocência d'uma estrela cadente que se encontra entre humanos, te amo com o ardor impudico das quimeras d'um menino colegial, te amo com a perfeição da própria quimera, te amo com a ternura de um namorico das férias, te amo com a devoção morna de esposo. Te amo em todas as fatias de existência que conheci e amei conhecer em minha estadia contigo. Te amo principalmente, e acima de tudo, como o príncipe-menino que deitava na varanda quando o sol se punha e lhe encarava as feições, quase anestesiado, até que me perguntasses "o que está olhando?" e eu respondesse "nada".

Nada! Estava a encarar tudo.

Somos distantes por nascença e agora estamos distantes por obrigação, e sei que inevitavelmente seguirás para além das brumas de meu amor, e logo se dissipará meu fantasma dos cantos de sua casa. Sei que deve seguir humano, efêmero, sei que tens deveres enfadonhos e um coração mais volúvel do que a relíquia que respira em meu peito. Mas espero que algumas de minhas pegadas ainda restem eternas nas tábuas da varanda, e algo do seus lábios lembre dos meus. Espero tão densamente, do fundo da jóia que me habita o intestino, que nunca se esqueça que eu fui real, que este verão não foi fábula, que me amor sempre será seu, tangível, concreto, verdadeiro e eterno.

Obrigada por tudo, meu trevo.

Apaixonadamente,

Seu lírio.

Continue Reading

You'll Also Like

2K 28 13
Todo dia uma filosofia
25.8K 801 59
Imagina o MC cabelinho aperece na sua casa do nd dizendo ser oh seu pai oq vc faria em como vc iria reagir a tudo isso oq como vc reagia a conhecer o...
16.4K 1.4K 107
Alguns poemas ou coisas assim de minha autoria (são meio depressivos kk). Eu não sou uma pessoa brilhante para escrever mas acho que dão pro gasto! E...
60.5K 4.8K 105
e o farei suavemente, ou não farei por nada. viver nesse mundo, caprichosa como sou, experienciar esse longo caminho com a calma de mãos maternas, é...