Quando uma pequena listinha vermelha começa ser vista, meu braço é puxado para o lado contrário ao corte por um Jungkook nervoso, vermelho e puto.
— VOCÊ ESTÁ LOUCO? O QUE CARALHOS PASSOU PELA SUA CABEÇA? ESQUECEU QUE TEM FILHO? O QUE ACHOU QUE GANHARIA COM ISSO?
- Alívio...
— Ah Deus...
Jungkook agora chora, ele se abaixa e me coloca em seus braços me carregando até o banheiro. Não tinha percebido o quanto meu pé sangrava até ver o rastro de pingos vermelhos mancharem o trajeto.
Ele me deposita em cima da pia e traz o quite de primeiros socorros, por vezes ele precisa parar o que está fazendo, pois suas mãos estão trêmulas e acredito que suas lágrimas nublam a visão.
Quando termina de enfaixar os machucados ele para por um momento, e me assusto quando deita a cabeça no meu colo e chora copiosamente.
— E-Eu espero que a-amanhã se arrependa disso.
E ele estava certo...
Quando o dia amanhece e minha cabeça dói me levando a lembrar do vinho e de minhas ações, a vergonha me atinge, como pude acreditar que perder os poucos momentos fosse melhor? Caiu em mim de que não se trata de Jungkook... Minha família é o Jeontan, e por ele vou lutar até os últimos instantes.
Tento levantar para arrumar as malas e fazer o café mas meus pés estão muito doloridos, a porta é irrompida por Jeontan segurando uma pequena bandeja e logo atrás Jungkook vem empurrando um carrinho com comida.
" Papai disse que o senhor está dodói e hoje nós cuidaríamos de você"
- papai está melhor só em te ver, me perdoa?
Tiro a bandeja das suas mãos, está que contém alguns pães e o trago para meu colo abraçando firmemente. Ele é o alívio que preciso.
" O que você fez de errado mocinho?"
Ele coloca as duas mãos na cintura, uma cópia perfeita de quando preciso ser firme com o mesmo. Acabo sorrindo.
- só perdoa o pai...
" Está perdoado"
- eu te amo.
" Eu também"
- de que tamanho?
" Do universo."
Acaricio seus fios e o beijo inúmeras vezes. Meu bebê.
— Jeontan filho, termine de arrumar suas malinhas enquanto o papai Tae come.
"Certo"
Ele sai e logo trato de começar a comer evitando o olhar de Jungkook, e a conversa que sei que virá.
— o que tem a dizer sobre o que fez?
- Pra você nada.
— como não Taehyung? Sabe o quão preocupado fiquei? Como posso confiar em você futuramente com o Jeontan depois de ontém?
Só preciso de alguns minutos para absorver a pergunta, então todo medo e raiva vem a tona.
- não se atreva a tentar ameaçar tirar meu filho de mim seu filho de uma puta.
— não estou fazendo isso, não precisa ser assim...Mas não me assuste Taehyung.
- Não se preocupe...Foi apenas um lapso de bêbado, não vai se repetir.
Ainda estou comendo quando uma mão dedilha meu rosto, quase cuspo o cereal fora, em contrapartida também faço um esforço sobre humano para não demonstrar o quanto gosto e sinto falta dos seus carinhos.
Faço a egípcia e continuo comendo, no entanto, eu termino tudo e o carinho permanece, assim que agarro sua mão e o forço a se afastar.
- preciso arrumar minha mala.
— já fiz isso...Precisamos ir em um hospital e te conseguir um atestado, não há como trabalhar com os pés esfolados.
- tudo bem.
[•••]
Quando se é pai você precisa decorar todas as músicas infantis que seu filho ouve, o que não é difícil depois de assistir o DVD repetidas vezes em um único dia.
Eu canto a plenos pulmões a playlist de Tarzan e irmão urso, e reconheço que as letras além de bonitas, são profundas em se tratando de um desenho infantil.
Só parando quando chegamos no hospital e minha cantoria dá lugar aos gemidos de dor, porque o burro aqui não pensou que poderia ter cacos de vidros presos na carne.
Saiu de lá carregado e com uma dispensa de cinco dias, meu chefe vai amar... só que não.
Viajar é bom, mas já experimentou o prazer do retorno? Quase choro de emoção ao estar em casa, na minha cama, e de combo descansando.
Jungkook cuida da criança por todo a manhã, aparentemente ele pediu dispensa com a mesma quantidade de dias do trabalho, não sei se fico feliz ou ofendido com a possibilidade dele estar fazendo isso pelo acontecido de ontem, medo que faça algo a nosso filho.
Espanto a negatividade, fecho os olhos e logo adormeço. Quando desperto a noite já desponta, o meu quase ex vulgo marido adentra o quarto trazendo o jantar, mas ao invés de sair ele se senta ao meu lado e liga a televisão.
- onde está o Jeontan?
— com o Jimin, Jihyun disse que estava com saudades do amigo e fez o Minnie vir buscá-lo.
- Adorável.
Percebo pelo canto dos olhos como a mão de Jungkook está apertada uma a outra, sua boca se abre algumas vezes mas nada sai dela, dou de ombros e termino de comer.
- Jungkook pode me ajudar a chegar ao banheiro? Preciso de um banho e escovar os dentes, só precisa colocar uma cadeira lá que eu me viro.
Ele faz tudo que peço silenciosamente, se fosse em outro momento eu pararia tudo que estivéssemos fazendo e falaríamos sobre o que lhe aborrece, mas agora...Essa função não é mais minha.
É o que penso enquanto termino de fazer todas as minha higienes.
- Jungkook, acabei!
Me envolvo no roupão e espero que me coloque na cama, como o curativo molhou só me resta esperar que ele os troque, tem como ficar pior do que dependente de quem deseja distância?
— quer conversar sobre isso?
Ele passa os dedos sobre o corte do meu braço, quase imperceptível.
- não há o que conversar.
— Eu...me sinto culpado, me perdoa...Se não fosse pelo pedido de divórcio-
- pode parar, não é sobre você, confesso que a situação foi o gatilho...Mas não gira só ao seu redor.
— então me diz o que está errado, porque não lembro de você com problemas antes disso.
- como poderia Jungkook? Você estava mais preocupado em fugir dos nossos problemas, ignorar minha existência pra se sentir melhor com a consciência... Você não me conhece ou sabe sobre mim a muito tempo.
— Não fale como se eu fosse o único culpado pelo ponto em que chegamos, você sempre se recusou a conversar sobre nós, estava sempre arrumando fugas.
- Não, eu estava ocupado cuidando de um filho, frustrado, cansado, e com medo de te dizer palavras que não poderia retirar.
— Esse medo durou por anos Taehyung.
- já está na hora de você parar de arrumar justificativa para suas decisões. Quer ir apenas vá, falta apenas mais dois meses, só não espere que a vida com ele seja um mar de rosas. É muito fácil ser um bom amante quando há alguém que cuida em casa, segura as rédeas e fica com a pior parte da relação, enquanto ele tinha seu carinho eu recebia seu mau humor de um dia difícil. Só que agora, ele vai ter a sua versão completa, então boa sorte pra encontrar alguém melhor que eu.
—ninguém é melhor que você, ninguém será.
Pisco surpreso e estupefato.
- Eu não te entendo Jungkook...Pare de brincar comigo...eu...
Mas não termino de falar pois seus lábios tomam os meus, de início tento me afastar, o estapeio, protesto.
No entanto, eu sou frágil quando se trata dele...Quem já amou muito alguém vai entender que a falta de orgulho é sua cruz.
Eu estou o beijando mesmo sabendo que me odiarei mais tarde, estou puxando seus fios me permitindo esquecer por um momento o x da questão.
Minha língua encontra sua aprofundando o ósculo e todos os nossos momentos explodem em minha mente, suas mãos apertam minha cintura forte, como gosto de ser tocado.
Não vai passar disso, até porque eu tenho consciência e orgulho por menor que seja, mas é tão errado assim matar a saudade?
Chupo sua língua ouvindo um gemido soprado que absorvo com meus lábios, trilho um caminho de selinhos molhados do seu maxilar ao lóbulo da orelha, me sinto glorioso ao tê-lo tão entregue.
Desço até sua clavícula e sugo forte deixando uma marca vermelha, que mais tarde se tornará roxa formando o famoso chupão. Suas mãos puxam meus cabelos me trazendo de volta até sua boca, onde agora a intensidade diminui e nos movemos quase que carinhosamente, ele acaricia meu rosto, eu afago seu cabelo da nuca. Um último selinho até cair em si.
— Tae...
- me deixe sozinho...
Ele não contesta, se vai como tem feito por tanto tempo, acostumou a desistir no primeiro erro e agora não seria diferente.
Enquanto a mim, preciso aprender o real sentido de ser forte, porque parece que tudo que estou fazendo ultimamente é chorar e lamentar.
Carregando um cartaz no rosto de comiseração e piedade...Em um jogo de xadrez o que acontece quando uma peça atravessa o tabuleiro do adversário?
Isso mesmo, ela se torna um rei ou rainha capaz de engolir qualquer peça que se atreva a cruzar seu caminho horizontal. Decido que a partir de hoje estarei iniciando o xeque-mate.
Att dupla, mereço mimos no twitter não?
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@Tartarugaaleij