- Mil duzentos e cinquenta e seis... – Anotei o valor em uma folha embaixo de vários outros valores que complementavam minha enorme dívida.
Estava sentada na escrivaninha que tinha na suíte de hóspedes que Harry me ofereceu. Amanhã é segunda-feira, e irei encontrar um tal de Nate, que compõe a equipe de Harry. Ele irá fazer um tipo de entrevista, mas apenas por formalidade, pois segundo ele o emprego já é meu. Harry havia saído de manhã e agora o relógio marcava seis da tarde e nada no garoto de olhos verdes aparecer. Eu já tinha arrumado a casa, colocado minhas roupas no roupeiro e agora estava atualizando a lista de dividas que tenho, e o que consegui até agora pagar.
Suspirei quando vi que todos os meses trabalhados no Starbucks não pagaram nem 1/3 do que eu devia. Amassei o papel totalmente frustrada e decidi descansar os olhos um pouco me deitando me enrolando no gigante edredom branco da enorme cama.
Me senti mais consciente quando senti como se alguém estivesse tirando os meus cabelos que caiam e meu rosto. Abri os olhos lentamente encontrando Harry sentado em meu lado me olhando como se estivesse concentrado.
- Desculpa, não queria acordar você. – disse baixinho. – Queria perguntar o que gostaria de jantar.
- Qualquer coisa está bom. – me espreguicei enquanto Harry levantava.
- Podemos cozinhar algo. Nos últimos dias apenas pedimos comida. – balançou os ombros.
Fazia cinco dias que fomos ver o meu carro e decidimos que eu ficaria aqui. Nesses dias Harry passou fazendo coisas relacionadas a banda, como entrevistas para promover o novo álbum e algumas apresentações. Mas todos os dias jantávamos juntos assistindo algum programa de tv. Harry me contava sobre o seu dia, e eu contava sobre o meu que basicamente era ficar em casa descansando o dia todo. E nessas conversas sempre surgia histórias de quando éramos pequenos e assim fomos nos conhecendo um pouco mais. E assim se passou cinco dias de que eu estava morando com um cantor famoso.
- Acho uma boa ideia. – respondi levantando fazendo um coque no cabelo. – Como foi seu dia? – perguntei enquanto descíamos as escadas lado a lado.
- Foi bom, tive apenas algumas reuniões. – Harry começou a abrir os armários de madeira escura que contrastava com as cores claras do resto de sua cozinha e pegou alguns ingredientes. – O que você acha de massa?
- Eu amo massa. – sorri sentindo meu estomago revirar de fome. – O que posso fazer para ajudar? – observei quando ele já preparava o molho.
- Que tal abrirmos um vinho? – Harry falava concentrado cortando algumas cebolas. – As taças estão no armário da esquerda. – disse apontando com a faca.
Levantei pegando duas taças e vi Harry pegar o vinho em sua pequena adega instalada na cozinha, o abriu nos servindo e logo batendo sua taça na minha, sorriu voltando a cortar suas cebolas.
- No que posso ajudar? -perguntei logo dando um gole no vinho tinto suave que Harry havia escolhido e fechei aos olhos ao sentir o sabor doce o apreciando.
- Não precisa, é bem rapidinho. E então, o que fez hoje? – Harry agora estava na mexendo nas panelas enquanto eu estava sentada nos bancos altos do balcão que se encontrava na sua frente.
Contei a Harry o filme que assisti a tarde sobre destino, onde tudo que acontecia com o rapaz do filme era controlado por agentes, que controlavam o seu destino. Logo eu e Harry estávamos sentados lado a lado enquanto ele nos servia.
- Espero que goste, é uma receita da minha mãe. – disse colocando a massa em meu prato. Coloquei uma garfada na boca e fechei os olhos quando senti o gosto incrível da comida.
- Meu deus, essa massa vai ser a janta de todos os dias. E o almoço, e o café. – peguei mais uma garfada enfiando na boca enquanto Harry ria também comendo a massa.
- Espera provar a que a minha mãe faz, é mil vezes melhor. – ele disse ainda concentrado em comer e eu tomei um grande gole de vinho quando percebi o que ele falou. Esperar para provar a comida da mãe dele? – Quer dizer, n-não... – passou a mão pelos cabelos tentando explicar. – Minha mãe vem me visitar final de semana que vem, gostaria que conhecesse ela. Bom, você está aqui, não é como se eu fosse te esconder. Não dizendo que te esconderia de alguém, eu... Eu só acho que você vai gostar dela e ela de você. – Harry já estava virado para mim gesticulando enquanto explicava.
- Eu... – mexi no cabelo nervosa. – Não quero que você tenha que envolver sua família também. Eu não quero atrapalhar o momento que você tem com sua mãe. – sorri nervosa.
- Liza, eu quero que você conheça ela. Ela vai te adorar e você vai adorar ela. – ele sorriu colocando sua mão sobre a minha que estava apoiada no balcão.
- Tudo bem. – olhei para mão dele em cima da minha quando senti um arrepio pelo seu toque.
- Filme? – perguntou tirando sua mão da minha envergonhado e levantou pegando as louças.
- Claro! – sorri o ajudando a colocar na lava louças.
- Você pode ir escolhendo enquanto troco de roupa? – Assenti vendo Harry subir as escadas.
Puxei os acentos do sofá, deixando maior do que já era e sentei ligando a tv. Escolhi uma comédia romântica e avistei Harry descendo com uma calça de moletom cinza e uma camiseta branca enquanto carregava uma grande manta para nos manter aquecidos. Sentou ao meu lado nos tapando e eu dei play no filme.
Harry e eu dávamos gargalhadas ao longo do filme. E eu só conseguia pensar o quão gostosa a risada dele era de ouvir. Assim como era bom ouvir sua voz, e ver seu sorriso. Harry se mostrou muito atencioso ao passar dos dias, e senti que estávamos mais íntimos depois de tantas histórias compartilhadas. Assim que os letreiros apareceram olhei para Harry que estava há alguns centímetros de mim e ele ainda olhava para a tv. Encostei minha cabeça no encosto do sofá sorri em notar que ele claramente estava perdido em seus pensamentos.
- Hey. – cutuquei ele que ficou na mesma posição que eu encostando sua cabeça no sofá. – Tudo bem?
- Sim. – Ele sorriu.
- Você não adora filmes assim? Eu adoro ver o quanto um romance pode ser bom. – suspirei admirada enquanto via Harry sorrir olhando nos meus olhos.
- Temos uma romântica aqui então?
- Talvez, não que eu tenha experiencia ou vivência. Mas é bom sonhar em como vai ser quando a pessoa certa chegar, não acha?
- Minhas experiencias estragaram um pouco com o sonho. – Ele balançou os ombros olhando para frente agora. – Minha carreira sempre interfere nos meus relacionamentos. – sorriu triste. – Há um tempo eu não me permito gostar de alguém, ou tentar ter algo além de uma noite. E você? Já quebrou muitos corações? – virou seu rosto me olhando.
- Não, na verdade. – brinquei com os dedos envergonhada. – Nunca tive um relacionamento. – Harry levantou as sobrancelhas surpreso. - Já tive minhas paixonites, claro. Mas nada sério.
- Vinte anos e você nunca namorou? – mordi os lábios negando com a cabeça. – Uau. Por essa eu não esperava. Quero dizer... olha para você. – sorri envergonhada olhando para a tv assim que ouvi o nome do Harry ser dito. E então meu sorriso desapareceu.
O canal foi trocado em algum momento da conversa, e estava passando notícias. E então eu me vi na tv. Fotos minhas e do Harry saindo do restaurante, eu no carro com ele, eu entrando na sua casa.
"Fontes dizem que a garota que acompanhou Harry alguns dias atrás ainda está na sua casa! Ainda não temos informações da garota misteriosa. Mas o que podemos dizer é... Será que depois de tanto tempo solteiro, alguém finalmente conquistou o coração do cantor?..."
A tv foi desligada e vi um Harry suspirando.
- Me desculpe. Não queria isso para você.
- Ei, olha pra mim. – botei a mão em seu ombro e sorri. – Olha tudo que você está fazendo por mim. Deixa que falem, nós sabemos o que acontece aqui. Eu não me importo que saibam quem eu sou ou a minha história mais.
- Tem certeza? – sua feição era preocupada. – Porque vão ir atrás da sua história. Eles nunca param.
- Tenho. Não se preocupe comigo, ok? – ele pegou em minha mão que estava em seu ombro e assentiu. – Vamos dormir?
- Vamos. Amanhã tenho apenas uma reunião. Podemos fazer algo depois da sua entrevista se quiser. – disse enquanto subíamos as escadas.
- Por mim pode ser, seria bom. – encostei a cabeça no batente da porta.
Harry sorriu e entrou em seu quarto. Resolvi tomar um banho. Enquanto a água quente envolvia meu corpo inteiro pensei em Harry e no que ele disse. Ele não se envolvia romanticamente com ninguém. E pensei que eu também nunca me permiti aprofundar em uma relação também. Depois de tudo que passei, sempre tive medo de ter mais um coração quebrado para a minha lista, por isso eu simplesmente não olho para os lados para ver se tem alguém interessante.
Após colocar um pijama mais curto essa noite pelo aumento de temperatura, me deitei tentando dormir. Passou uma hora, duas e na terceira decidi levantar, frustrada por não conseguir dormir. Pensei em fazer um chá e logo já estava descendo as escadas silenciosamente para não acordar o meu companheiro de casa. Coloquei a água a esquentar e fui atrás de algum chá. A cozinha de Harry deveria ter mais de quinze armários, eu ainda não sabia onde ficava as coisas, mas então na quarta tentativa achei o que estava procurando. A caixinha de chá estava em uma prateleira mais alta, fiquei na ponta dos pés tentando alcançar e apenas empurrei mais para trás. Bufei irritada e me estiquei para tentar mais uma vez. Senti uma mão na minha cintura e gelei.
- Precisa de ajuda? – a voz rouca do Harry soou baixa em meus ouvidos fazendo eu me arrepiar. – Aqui está. – ele apenas esticou o braço e eu me virei pegando a caixinha em sua mão. Estávamos a centímetros um do outro.
- Te acordei? – sussurrei devido a nossa proximidade.
- Não. – Harry pegou uma mecha de meu cabelo que estava indo para o meu olho e colocou atrás da minha orelha. – Gostei do pijama. – Mordeu os lábios me olhando de cima a baixo e fechei os olhos sentindo seus dedos passarem pelo meu rosto.
Abri os olhos assim que senti seus dedos passarem pela minha boca entreaberta devido a minha respiração acelerada. O seu olhar estava em minha boca, e logo se alternou para meus olhos.
- Harry... – sussurrei agora olhando para seus lábios entreabertos assim como o meu. Sua mão continuava na minha cintura e ele deu uma leve apertada quando ouviu seu nome.
- Eu não consigo parar de pensar em como deve ser o seu gosto. – minha respiração vacilou em ouvir suas palavras e instantaneamente minhas mãos alcançaram a volta do seu pescoço entrelaçando em seus cachos.
- Nós não devemos fazer isso. – minha voz saiu fraca e ele concordou com a cabeça, mas não se afastou.
Harry conseguiu se aproximar mais do que já estava, me colando entre o balcão e ele e senti o seu volume em mim. Suspirei pesado e puxei seus cabelos involuntariamente. Fechei os olhos quando sua mão foi para meus cabelos e ele deu uma leve puxada nos mesmos. Ele estava incrivelmente convidativo em todos os sentidos naquele momento. Em um movimento rápido Harry me levantou e me colocou sentada no balcão ficando entre minhas pernas e sorriu sacana quando entrelacei as mesmas em sua cintura. Senti sua respiração na minha enquanto seu nariz passava de leve entre minha bochecha e meu nariz. Fechei os olhos me rendendo a ele finalmente, e quando senti de leve o toque dos seus lábios prontos para me atacar a chaleira apitou nos assustando e ele se afastou rápido.
- E-eu – ele foi se afastando coçando a cabeça. Seu volume estava aparente e eu mordi o lábio totalmente extasiada ao ver a cena. – Desculpa. – disse e saiu rápido da cozinha.
Respirei fundo tentando controlar minha respiração acelerada e me encostei no balcão. Vi um Harry totalmente diferente dos outros dias. Ele estava mais feroz, mais quente. Ele estava excitado por mim. Há quanto tempo ele se sentia assim?
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Espero que tenham gostado. Até o próximo!