HÁ 6 MESES
Anelise Evans
Estar atrasada não é algo que faça parte dos meus planos, infelizmente, não posso mudar o fato de ter acordado tarde e ser inteiramente vaidosa a ponto de me atrasar mais e mais.
Se possível.
O dormitório está tão silêncioso e esse silêncio agoniante me faz ter mais certeza ainda de que se tiver mais alunas da Universidade nesse lugar, são poucas. Talvez eu seja a única nesse prédio espaçoso cheio de quartos, e isso me faz apressar os passos.
Eu sou tão acostumada a usar saltos, isso é uma das coisas mais importantes no meu dia a dia, quando cheguei nesse lugar eu sabia que as pessoas me achava patricinha, e isso sempre me faz sorrir. Porque eu sou mesmo.
Provavelmente o primeiro pensamento das pessoas diante de mim é que eu tenho dinheiro, me julgue, nesse quesito eu sou culpada. Anos atrás quando eu era mais nova e irresponsável - Não que eu seja super responsável hoje em dia, eu achava que dinheiro poderia comprar tudo.
Obviamente eu estava enganada. Dinheiro não compra tudo. Não compra tempo por exemplo, que é o que eu menos tenho no momento para chegar à minha primeira aula nessa manhã.
Mas apesar de anos de experiência andando sob saltos saltos, eu ainda sim, com à pressa que estava, quase ia caindo por falta de equilíbrio.
A porta do quarto que eu passava do lado abriu bem na hora, e antes que eu pudesse de alguma forma atingir o chão e machucar meu rosto, talvez quebrar um nariz e possivelmente ter que pagar milhões em uma cirurgia para anos mais tarde ficar horrorosa quando eu ser idosa, dois pares de mãos me agarraram.
Forte e firme.
Me impedindo de ficar toda desfigurada, mas não a ponto de impedir que meus fios loiros ficassem totalmente bagunçados.
Quando eu me equilibrei novamente e olhei para meu salvador, um arrepio passou por mim.
Esse belo porém frio par de olhos azuis me fez questionar toda e qualquer beleza desse mundo, e principalmente ter a certeza de que quanto mais eu olhava mais hipnotizada eu ficaria.
Deus, como eu ficaria.
Esse par de olhos provavelmente me assombraria o dia inteiro. Eu não sei se isso é bom, ou não.
Esse cara não sabe o quão bonito seus olhos são. Não sabe quão bonito ele por inteiro é.
No entanto, ele me parece familiar. Esses cabelos pretos me fez questionar por um segundo se meu cabelo é realmente bonito como eu exigo pensar.
Eu já sei quem ele é. O irritante, gostoso, fumante, e Principalmente, excitante, Connor James.
É inevitável descer meus olhos por seu corpo. Analisar ele enquanto ainda tenho um pingo de noção e completa falta de vergonha na cara.
Eu ficaria horas admirando sua beleza, admirando sua expressão de cara impaciente. Nunca imaginei o quanto isso é sexy.
Isso só me faz querer ele. Pra mim.
Céus Anelise, cadê seus modos?
- Seu cabelo está bagunçado. - Ele diz
Eu arregalei os olhos pronta para arrumar. Quando finalmente estava apresentável de Novo eu abri meu melhor sorriso e estendi a mão.
Se ele não me conhece é minha missão fazer ele me conhecer.
- Meu nome é Anelise, obrigada por me salvar de quebrar a cara.
Ele olhava para minha mão, seu olhar desceu por meu corpo, subiu de novo e voltou para meu rosto.
Ele não apertou minha mão em momento algum. Eu sinceramente não me importei, adorei ter seus olhos focados em mim. Gente, que olhos quentes.
- Você é Connor James, imagino. - Eu me apresso a dizer tentando puxar algum assunto. Minha noção dizendo que estou mais do que atrasada para a aula e minha Anelise safada que tem dentro de mim mandando ela ir a merda.
- É o que parece.
- Ainda está aqui - Uma garota surgiu atrás dele, colocando as mãos em seus ombros. Eu poderia ficar sem graça mas não fiquei, ele está no dormitório feminino, e acaba de sair do quarto de alguém, é óbvio que estava transando minutos atrás.
Uma pena que não era comigo.
- Mas já vou embora- Ele disse para ela mas os olhos estavam em mim.
- Ok - Ela sorri mesmo com ele de costas, olha pra mim e ergue uma sobrancelha - Quem é você?
- Moro aqui no dormitório.
Ele assente
- Eu vou entrar, tenho muita coisa pra estudar. - Ela sussurrou algo no ouvido de Connor mas não foi tão baixo quanto ela esperava. Ela disse que estaria esperando ele de portas abertas, sempre.
No meu caso seria de pernas abertas.
Ela entrou para dentro de seu quarto e sobrou apenas eu e ele. De novo.
Olhar para Connor James me faz subitamente pensar em algum jogo de mistério, me faz sentir as sensações de quem joga, me faz pensar no quanto quero me aprofundar naquilo e descobrir cada pista para no fim, desvendar tudo que me tem direito.
- Anelise, certo? - Ele questiona arrumando sua jaqueta escura em seu corpo
Assinto
Ele aproxima, um pouco, um pouco mesmo, seu rosto do meu. E esse pouco foi capaz de me deixar excitada e intimidada na mesma medida.
- Você está na minha frente.
Eu dei um espaço para ele passar. Ele assentiu e saiu andando.
Não apertou minha mão. Não demonstrou nenhuma emoção. Não demonstrou nenhum interesse, o que só me faz ter a certeza de que Connor James é extremamente difícil.
E é aí que eu lembro novamente da Anelise irresponsável e adolescente que eu era anos atrás, que achava que dinheiro comprava tudo.
Dinheiro não compra tempo.
Não compra disposição.
E não compra a coisa que mais quero no momento. Connor James.
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