A teoria do caos

By AyzuSaki

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Alguns eventos moldam as pessoas. Acontecimentos que transformam o caminho de alguém totalmente, por terem um... More

Capítulo I - O homem que trabalha com lixo
Capítulo II - O menino que brinca com lixo
Capítulo III - Que tipo de herói você quer se tornar?
Capítulo IV - Os gatos de rua de Hosu
Capítulo V - Aqueles encontros predestinados
Capítulo VI - Desvios imprevisíveis
Capítulo VII - Convergindo
Capítulo VIII - Endeavor precisa esfriar a cabeça
Capítulo IX - Sua mãe nunca te ensinou a mentir, mas deveria
Capítulo X -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte I
Capítulo XI -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte II
Capítulo XII - O gato e o novelo de lã
Capítulo XIII - A órbita de um Midoriya
Capítulo XIV - O poder por trás de um nome
Capítulo XV - Os rolês aleatórios de Nora
Capítulo XVI - Um interlúdio antes da desgraça
Capítulo XVIII - Aquelas reuniões familiares com parentes que tentam te matar
Capítulo XIX - O menino e os monstros
Capítulo XX - As promessas que fazemos e que nos quebram
Capítulo XXI - O Inverno está chegando
Capítulo XXII - O paradoxo de Epicuro
Capítulo XXIII - Uma fúria feita de gelo
Capítulo XXIV - O inverno está aqui
Capítulo XXV - Efeito bola de neve
Capítulo XXVI - O guia prático de como criar caos, por Izuku Midoriya
Capítulo XXVII - Um cego guiando um cego
Capítulo XVIII - A ponta do fio
Capítulo XXIX - Os galhos da árvore
Capítulo XXX- Izuku é uma calamidade de bolso

Capítulo XVII - O paradoxo da força irresistível

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By AyzuSaki

"A maioria dos grandes triunfos e tragédias da história são causados não por pessoas sendo fundamentalmente boas ou fundamentalmente más, mas por pessoas sendo fundamentalmente pessoas."

Good omens, Terry Pratchett e Neil Gaiman

Um ano, cinco meses e dois dias atrás

A história repete a si mesma, como um ciclo sem fim. Talvez fosse pelo fato de os humanos terem uma terrível memória, mas a verdade é que todos os erros cometidos, já foram cometidos mais de uma vez.

Isso era um pensamento que assustava Izuku. Debruçado sob os livros da história do surgimento das quirks, ele conseguia enxergar um padrão nos eventos que aconteceram: um grupo em minoria sofrendo ostracismo, uma rebelião, o desmoronamento social para ressurgir um novo cenário.

Era como um espelho, o passado e o agora, apenas com papéis invertidos. Ele conseguia ver o caminho com clareza, e um ponto em comum em tudo isso: Pessoas que não estavam satisfeitas em seguir leis as quais não acreditavam.

— E assim começou a blitz.

Takashi assentiu em concordância, certa expressão em seu olhar com sua empolgação no assunto.

— Há muito que não vai encontrar nos livros de história, pessoas com quirks no início não tinham direitos, então horrores como experimentação humana e campos de concentração eram comuns. Havia um medo constante. Apenas à medida que a balança pendeu para um lado, que mais e mais crianças nasceram com a mutação, as coisas começaram a mudar. – Takashi fechou o livro enquanto se debruçava nas anotações. – Claro que os livros escondem isso, somos bons em diminuir os horrores que cometemos.

—Com isso começaram a surgir os vigilantes?

— Era a resistência. Eventualmente o Estatuto das Quirks foi escrito, na escola eles ensinam como se isso fosse uma carta de libertação de um governo bondoso, mas a verdade é que eles não tinham escolha alguma, a população havia pendido totalmente para um lado na balança, era xeque mate. Os vigilantes que foram perdoados receberam licenças, e assim nasceram os primeiros heróis, mas não apenas isso.

Virou o rosto, interessado. Takashi o olhou de forma paciente e mordeu o lábio pensativo.

—Vilões?

—Também. – O tio concedeu. – Nem todos os vigilantes foram perdoados, e alguns não aceitaram as limitações claras que a lei colocou neles, era uma coleira em quem antes tinha a liberdade para usar a quirk como bem queria. Então sim, os vilões nasceram aí, mas não apenas isso. Já se perguntou como eles escolheram quais vigilantes receberiam a licenças e quais não? Mesmo dentre os que aceitaram a nova lei, nem todos conseguiram esse benefício.

—A quirk. – Respondeu em entendimento.

—Quirks vistas como heroicas foram aceitas, as que não seguiam essa lógica foram jogadas de lado. Algo que se vê até hoje, o preconceito com as quirks ditas como 'impróprias'. A sociedade cria seus próprios vilões. Eles criam...

—... Seu próprio lixo.

E isso não soava familiar?

— Se não existe isso nos livros, como sabe que aconteceu? – Perguntou, já com desconfiança da resposta.

Takashi sorriu com certa diversão: — Seu pai me contou tudo isso, Izuku. Ele tinha uma opinião bem formada sobre o que achava dessas leis. Mesmo com as mudanças que ocorreram ao longo dos anos, ele sempre achou o Estatuto bem restrito.

Um grupo menor sofrendo ostracismo e sendo subjugado, até alcançar a maioria e reverter a situação. Pessoas sem quirk provavelmente nunca seriam a maioria novamente, mas eles não eram os únicos insatisfeitos, eram? E era algo comum em toda revolução, a insatisfação de uma parte.

— É um pensamento perigoso em se ter. – Takashi comentou e soube que estava murmurando seus pensamentos sem perceber. Ele o olhava de um jeito já familiar. Por vezes, o pegava fitando de uma forma diferente, com cautela, de uma maneira que não conseguia entender.

Izuku o lembrava alguém, e de alguma forma isso não era uma coisa de todo boa. Takashi havia comentado uma vez que a família deles tinha um histórico de andar em cima do muro, na zona cinza, sem pender para um dos lados no cenário das coisas, mas que quando eles pendiam, dependendo para que lado ele caísse, podia acabar em glória ou em destruição, porque eles excediam no que focavam. Sempre.

Se perguntava as vezes se Takashi o olhava assim esperando para ver de que lado ele iria cair.

— O desapego ao que existe para gerar a ordem só pode culminar em caos e caos atinge todas as partes.

—Isso é meio hipócrita, tio Taka. Eu pensei que havia dito que nossa família tem um histórico de vigilantismo?

Seu tio ergueu os lábios em um pequeno sorriso, Catchan sentado em seu colo. Para quem disse que odiava gatos, ele sempre os pegava juntos nos últimos dias.

—Verdade. Inclusive sua mãe.

—Eh?!

Takashi riu, o fitando da poltrona com diversão: — Ela aguentou só uma semana, Inko nunca foi muito de violência, ela sempre foi inteligente demais para isso. – Ele suspirou, a expressão ficando distante. – Era uma pena, nós dois juntos...sempre foi o ideal. Ela nunca entendeu o quanto a quirk dela e a minha tinha um potencial tremendo juntos...ela parece ter apagado de propósito esse conhecimento, ou talvez ela nem mesmo lembre disso. Ela nunca quis lembrar muito do que sua avó falava. Foi melhor assim.

Izuku o fitou atentamente, porque quando seu tio ficava nesse humor entregue ao passado, sempre aprendia coisas interessantes. Takashi nunca fora particularmente chegado em guardar informações importantes de Izuku, conhecimento era poder aos olhos dele, e poder podia o deixar seguro, mas o assunto sobre os avôs de Izuku sempre foi a exceção disso.

— Como a da vovó era atrair e repelir?

— Por aí. Quirks tem várias facetas, elas podem ser um conjunto da dos pais, vir de um deles, ou uma mutação dos dois...mas você é o especialista em quirks, hum?

Tentou não se demonstrar decepcionado com a mudança de assunto descarada e a tentativa de o tirar da tangente que estavam colocando seu assunto favorito no meio.

—Tem muita coisa que não se sabe sobre quirks ainda, tecnicamente hoje em dia o gene que carrega a quirk é dominante, então o fato de eu não ter uma quirk nunca fez sentido, geneticamente falando, já que meus avôs e meus pais apresentaram quirks.

—Como sabe que seu avô tinha quirk?

Izuku tentou não sorrir, para alguém tão inteligente Takashi continuava caindo nisso. Notou quando seu tio percebeu e rolou os olhos.

—Então ele não tinha? 'Tinha', quer dizer que ele já morreu? Se diz isso é porque sabe quem ele foi.

—Izuku, você é uma criança terrível as vezes.

—Já ouvi isso em algum lugar.

—O que quero dizer. – Seu tio falou. – É que talvez isso não seja tão complicado quanto parece.

—Isso não faz sentido algum...

— Bom.

—Takashi. – Ele o fitou tristemente. – Diz ao menos se ele morreu?

A expressão dele ficou séria tão rapidamente que Izuku se empertigou. Seu tio hoje em dia não o assustava tanto como quando o conheceu, por isso às vezes se pegava esquecendo o quanto a aura dele podia ser perigosa.

—Izuku, eu vou falar isso apenas dessa vez, e da forma como sua avó me disse quando eu fiz essa mesma pergunta, porque eu queria ter ouvido ela quando tive a chance.

Takashi se inclinou e o fitou nos olhos, fechando o livro na sua mão suavemente.

— "Para nós ele está morto, para o mundo seria melhor se ele estivesse."

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Quarta-feira, 15:12 da tarde

Você não pode prever o quanto suas ações podem alterar o curso de certos eventos.

— MIDORIYA!

Ou a natureza do caminho que se abre quando alguém toma uma decisão que muda esse curso.

—DEKU!

Mesmo nos eventos constantes, detalhes do acontecido podem mudar. Basta apenas uma pessoa em um diferente lugar em um preciso horário.

Essa mudança pode ser para algo melhor ou pior.

—Nomu, ataque.

Em um outro universo, um em que Izuku Midoriya estava na classe de heróis, eles sairiam daquele ataque traumatizados, mas inteiros e reconhecidos. A classe que em seu primeiro ano sobreviveu a um ataque de vilões. Um grande feito durante um evento que sempre seria uma constante.

Nesse universo Izuku Midoriya não estava na classe de heróis.

Nesse universo um portal se abriu em um lugar diferente.

Nesse universo, alguém morreria.

—IZUKU!

Shigakari gritou quando torceu seu braço e deslocou seu ombro, os olhos arregalados nos seus quando finalmente o tirou de cima dele e o jogou longe com um ataque do repulsor, a força o dando impulso em direção ao herói desacordado.

O visor caiu em pedaços enquanto corria, totalmente desintegrado. Depois ele diria que seu corpo se moveu por conta própria, ele nem mesmo lembraria em como chegou tão rápido ali. Seus olhos captaram o Nomu que vinha em sua direção, e sabia que dessa vez não escaparia apenas com algumas costelas quebradas.

Naqueles segundos Izuku ponderou suas decisões, ainda assim se manteve firme entre o monstro e Eraserhead, a adrenalina percorrendo seu corpo enquanto se preparava para um último truque.

Naquele universo, All Might chegaria tarde demais.

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Mais cedo

Quarta-feira, 1:45 da manhã

Izuku sempre havia sido fascinado por paradoxos, um deles em especial sendo o Paradoxo da Força Irresistível: "O que acontece quando uma força irresistível encontra um objeto inamovível?" O dilema recaí que, se a força é irresistível, o objeto não é inamovível, pois ele não poderia resistir a ela, em inverso, se o objeto não pode ser movido, então a força não é irresistível.

A primeira vez em que havia lido sobre esse paradoxo ele havia pensando em Shigakari e nele mesmo. Ele era a força irresistível, pois nada iria o parar do que ele pretendia conseguir. Shigakari, por outro lado, era um objeto inamovível, preso nas convicções dele de destruição gratuita.

Ele lembrava de comentar isso com seu tio, e em como ele havia concluído que isso tornava a existência de um deles a anulação da do outro. Era um pensamento terrível de se ter, mas não tão longe da verdade.

Izuku pensava nisso agora, sendo cuspido em um carpete sujo e cercado de vilões, fitando os olhos vermelhos por trás do seu visor e tentando não piorar a situação delicada em que se encontrava. Shigakari parecia mais velho do que deveria, um sorriso sinistro em seu rosto, o que não era exatamente uma novidade. Ele notava que a obsessão por mãos dele ainda continuava a mesma também.

Ele tinha que ser cuidadoso se queria sair dali inteiro, seu último encontro com Shigakari provava bem isso, nunca se sabia o que podia o fazer perder o controle de si mesmo.

— Se queriam tanto levar um gato para casa, tem vários no abrigo precisando de um lar.

Maldita boca fora do controle quando ele ficava nervoso.

Shigakari sorriu mais, os dedos flexionando sendo a prova de que ele queria muito foder com ele no momento, mas ainda assim ele apenas sorriu ainda mais maníaco.

—O gatinho tem garras.

Izuku olhou ao redor com calma, notando que estavam em um bar. Um bar de vilões, quão original ele podia ser? Seus olhos recaíram no homem feito de sombras que estava do outro lado do balcão limpando copos, notando a semelhança em cor com o portal que havia o levado até ali.

'Isso é uma quirk bem perigosa de se ter nas mãos de um vilão.'

—O nome é Shigakari, fico feliz que tenha arranjado uma brecha na agenda, temos que conversar.

Como se ele tivesse escolha.

Shigakari sentou no banco de frente ao balcão e Izuku o seguiu em falsa calma, porque levando em conta que sua saída dali era mesmo o homem sombra, ele tinha que se manter inteiro até lá.

No momento o importante era tentar não entrar em pânico com quem estava em companhia.

Izuku olhou para os pés pendurados no banco ignorando algumas risadas ao redor com isso.

—Algo para beber?

A voz era educada, com uma flexão que conhecia de pessoas bem-criadas. Parece que eles tinham um burguês no meio. Os olhos amarelos o fitavam com simpatia.

'Hum'

—Tem leite?

Ignorou mais risadas.

—Então, imagino que sejam a liga dos vilões que tanto falam.

—Não sabia que a informação já tinha se espalhado?

Ele parecia muito animado com isso.

—Os pombos correios eram falantes. O que a liga quer com um gato de rua que nem eu?

Shigakari ainda não havia coçado o pescoço, o que era bom. Ainda assim ficou de olho em outros sinais de impaciência.

—Uma proposta. Nora tem os olhos das pessoas nele, eu quero os olhos das pessoas na liga.

—Quer que eu faça a mídia do grupo de vocês?

'E lá vai a mão coçando o pescoço. Eu vou morrer desse jeito.'

—O que Tomura Shigakari quer dizer, é que isso é um convite formal para se juntar a nós...

'Senta lá que vou.'

—...Com algumas condições. – Shigakari interrompeu. – Não confio em você, muito amiguinho dos heróis.

Izuku engoliu em seco, porque ele tinha a impressão que dizer não na cara dura não seria beneficial para sua saúde em tanta desvantagem. Ele contava que com a voltagem correta aplicada ele poderia render quem tivesse em contato com o balcão em segundos e poderia correr para a porta, mas ele não tinha ideia de onde estava para isso.

Ele precisava de mais tempo.

— Infelizmente, não vai participar da festa amanhã, da realização do objetivo principal da nossa organização. – O sorriso dele ficou ainda mais sinistro. – E só vai entrar se realizar uma tarefa 'especial' para mim.

'Nossa, que generoso. Obrigado.'

Izuku sentiu suor frio em suas mãos, fitando o outro atentamente. Ele parecia muito seguro de si sobre a realização desse objetivo, e se Izuku lembrava bem, só havia uma coisa que Shigakari queria mais que tudo, e ele duvidava que ele tivesse mudado de ideia.

'Objeto inamovível.'

Como ele parecia tão seguro que ia destruir All Might?

Izuku lembrou de forma repentina da barreia em U.A destruída. Desintegrada. U.A, onde All Might trabalhava.

Sua mente trabalhou rapidamente, sentia-se entre a cruz e a espada, e prestes a tomar uma decisão terrível para si.

Alguns acontecimentos mudam sua vida, reformam seu caminho. Alguns momentos são essenciais para isso, em que uma decisão faz o mundo girar. Como contar ao seu pai sobre querer ser um herói, ou retornar àquele prédio caindo por sua mãe, ter retornado ao Japão. ou se tornado amigo de Shigakari.

Izuku sentia que esse era um dos momentos.

Ele sabia exatamente o que tinha que fazer para destruir a liga. Para parar Shigakari de vez.

"O que acontece quando uma força irresistível encontra um objeto inamovível?"

—Que condições?

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Quando Izuku saiu do portal em um beco sujo uma hora depois ele se sentia exausto, e ainda assim mais alerta do que nunca.

—O que diabos eu acabei de fazer? Akira vai me matar.

Ele subiu a escada de incêndio e respirou o ar da noite, os olhos fitando Hosu enquanto organizava seus pensamentos.

"Eu quero que traga Izuku Midoriya para mim."

Bem, isso ia ser um problema dos grandes agora.

Em um susto ele lembrou de outro problema: — Mei!

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Izuku quase rolou os olhos quando abriu a porta apenas para ver Shinsou sentado na poltrona com os gatos em cima dele. Mei olhava as câmeras, a expressão mais séria do que o normal para ela.

—Como?

O outro sorriu de forma presunçosa.

—Coloquei um rastreador no seu gato. Vantagens de ter uma colega com uma quirk que cria as coisas.

Izuku olhou Catchan que o fitava de forma desinteressada de onde estava sentado no colo do outro. Ele devia ter feito de propósito, o sacana.

—Traidor.

—Então, isso quer dizer que estou dentro?

Na verdade, isso era bem providencial.

—Você tem aula com All Might.

O outro ergueu uma sobrancelha em questionamento, mas assentiu.

— Estudos heroicos básicos, segundas e quartas. O que...o que é essa cara?

—Bem-vindo a equipe. – Ele deu uma batidinha no ombro do outro. – Temos trabalho a fazer. Mei, descubra onde o Detetive Tsukauchi está para mim. Shinsou, sua primeira missão é amanhã.

— Mas...

Mei já estava nas câmeras, Izuku atrás dela olhando as coordenadas e virando uma caixa do que iria precisar no chão.

— Tem uma grande possibilidade de um grupo de vilões atacar sua turma. Mei? Vamos usar aquilo. Sim, aquilo. Pare de me olhar feliz assim, é assustador. Sim, Shinsou. Toshi. Hichan? Vou te chamar de Hichan mesmo. Hichan, você tem que me colocar na sua aula a todo custo.

— O que?!

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Quarta-feira, 3:54 da manhã

A fumaça subiu no ar atrás do beco e tentou não se sentir mal por estar fumando. Podia quase sentir o olhar reprovador de Yagi, e ele não estava nem ali no momento.

Nada como um cara sem um pulmão para te fazer se sentir mal por fumar.

Naomasa estava tendo uma noite relativamente tranquila, então era óbvio que isso não iria durar.

— Detetive Tsukauchi.

Sentiu sua alma sair do seu corpo por alguns segundos, tinha certeza. Sua mão foi ao coldre de imediato, e mesmo quando viu quem era ponderou em apertar o gatilho.

De alguma forma, mesmo com a máscara, ele tinha a sensação que o outro sorria com o susto que havia lhe dado. E o quão descarado era Nora para vir fazer uma visita no beco do outro lado da delegacia?

Recuperou o controle e viu o vigilante no final do beco o fitar da penumbra, as luzes do letreiro do hotel refletindo no visor alaranjado, a única coisa que conseguia ver dele com clareza no momento. O merdinha se mesclava a escuridão facilmente.

'Talvez seja a quirk dele?'

—Veio se entregar?

—Hum, agora não. Talvez depois. Fumar mata, sabia?

—Nessas horas, agradeço por isso. – Ponderou de forma sofrida olhando para a bituca antes de a esmagar no sapato. – Me da esperanças.

—Está tudo bem? – A voz dele foi de falsa preocupação. – Precisa de alguém para conversar?

—Noraneko...

O outro ergueu as mãos de forma rendida. Naomasa já estava acostumado a lidar com a peste, mas ainda assim sempre era sofrido. Se perguntava o porquê de não o prender de vez.

Odiava admitir que talvez estivesse apegado.

—Eu tenho notícias.

Pausou com isso, porque apesar de ser algo comum o vigilante deixar casos para ele, ele nunca comentava pessoalmente. Sempre vinha na escuridão feito um drama queen, deixava o dossiê e se mandava antes que pudesse o capturar.

E com certeza nunca o ouvira tão sério.

—Já ouviu falar da liga dos vilões?

—Rumores nas ruas. Movimentos estranhos.

Noraneko assentiu.

—O líder me procurou hoje. – Naomasa arregalou os olhos com isso, Nora vez sinal para que esperasse. – Eles têm potencial para se tornar algo muito perigoso. Mais perigoso do que qualquer coisa.

Naomasa conseguia ler entre as entrelinhas o que estava acontecendo. Eles procuraram Nora, um vigilante conhecido, que estava causando impacto recentemente.

—Por que está me contando isso?

—Porque eu confio em você, Detetive. É o único em que eu confio da polícia.

—Por quê?

O outro pareceu ponderar, os ombros tensos.

—Porque você foi se importa com quem ninguém mais dá a mínima. Quer fazer a coisa certa.

Não sabia o que falar disso.

— E porque eu preciso de uma conexão para passar as informações que vier a conseguir, porque logo muita gente vai estar na minha cola, mais do que o normal.

Era isso que Naomasa temia.

—Eles pediram para você se juntar a eles. – O outro assentiu. – E você vai aceitar.

Foi instintivo a vontade de ordenar o outro a não fazer isso, mas mordeu a língua. Noraneko não era um subordinado seu, na verdade longe disso, ele era um criminoso, e se algum superior seu soubesse do contato que tinha com o vigilante teria explicações para dar. Essa onda repentina de preocupação que abafou o deixou ligeiramente mistificado.

Quando conseguiu controlar o sentimento estranho para pensar racionalmente concedeu o tom ideal de suspeita em sua voz: — Por quê?

—Porque as vezes o melhor jeito de destruir algo é por dentro.

E era isso que temia. Porque isso era um plano ideal, era algo que ele mesmo faria.

— É o jeito mais fácil de morrer também. Se você for pego...

—Eu sei. – O outro concedeu de forma solene. Se esse bando era tão perigoso quanto Nora dizia, isso era uma missão perigosa. Do tipo que ele já vira pessoas não voltarem.

Viu o vigilante virar o rosto levemente e então dar uma pequena risada: — Se não soubesse bem, diria que está preocupado comigo, detetive.

—Você é um criminoso. – Bufou disfarçando a verdade. Porque ele estava preocupado. Assim de perto ele tinha cada vez mais certeza que Noraneko era jovem, jovem demais para estar fazendo esse tipo de coisa. – Não esqueci disso.

—Verdade. – Ele voltou a conceder. – Mas criminosos também merecem pessoas que se preocupem com eles, não é verdade? Principalmente os que tentam fazer a coisa certa?

—Certo e errado é relativo.

—Bem e mal também. Eu ser um vigilante não faz de mim um monstro, assim como ser um herói nunca fez de ninguém um santo. Tem exemplos debaixo do seu nariz, se prestar mais atenção a sua volta, detetive.

E o que isso queria dizer? E como diabos terminou um dia tão bom discutindo conceitos filosóficos com um fora da lei?

—Não muda o fato que quebra a lei.

— Leis estúpidas merecem ser quebradas, mas pode dizer qual é o meu crime?

— Nunca leu as leis de vigilantismo, Noraneko? Talvez eu posso ler para você se me acompanhar?

O outro recuou com uma risada.

—Estou bem aqui. E li sim, li muito bem. – Olhou suspeitamente para o tom de humor dele nisso. – E se me prender, perdeu seu interno.

O nível de atrevimento era surpreendente.

—Você não é meu interno. Eu não sei se confio em você, Noraneko.

—Ficaria decepcionado se confiasse, mas tenho um favor a pedir. Eu tenho o sentimento que talvez eles se movam logo, mas não tenho certeza.

—Preciso de mais informações que isso para confiar em você.

O outro tirou algo do bolso e colocou no chão, ainda sem se aproximar.

—Se isso mostrar um sinal amanhã, vai ser um pedido de socorro. Vai saber que não é uma armadilha pela localização.

—Preciso mais do que isso.

—Se eu contar não acreditaria em mim, mas detetive? E eu espero mesmo estar errado. Se isso piscar, venha rápido.

Naomasa pegou o dispositivo com cautela.

Quando ergueu o rosto o outro tinha sumido.

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Quarta-feira, 10:00 da manhã.

A quarta-feira começou como um dia qualquer para Maijima, o que incluía olhar as melhorias no equipamento da turma de heróis feito por sua turma.

E, claro, controlar a explosão ocasional criada por algum deles. Pelo menos Hatsume e Shimizu pareciam menos perigosos, mais focados. Os dois pareciam ter finalizado o exercício e agora estavam trabalhando em um projeto próprio.

Pausou nas bancadas fitando a armadura no corpo de Shimizu com interesse. Verde e vermelha, ela parecia feita de um material leve, mas resistente. Fortificada nas articulações, notou as fissuras em detalhes que percorria a placa peitoral em uma cor avermelhada, indo até as luvas.

— Isso é um repulsor?

Shimizu assentiu, flexionando o braço enquanto Hatsume ajustava algo no visor do que parecia ser um capacete.

— Mei está tentando introduzir nanobots em algumas partes, mas ainda não chegamos lá.

Impressionante. Pegou uma das placas na bancada e notou com interesse o quanto era mais pesado do que havia pensado a princípio.

— Para quem é essa?

Não recordava de nada assim nos uniformes que haviam chegado, o designer era marcante o suficiente.

— Para Izuku. – Mei respondeu por trás do protetor no rosto, o barulho da usina a fazendo falar mais alto. – É o uniforme de herói dele.

Maijima piscou aturdido, fitando os dois sem saber o que dizer.

— Uniforme de... O festival?

— Uhum.

Hum. Maijima não sabia o que pensar sobre isso. Ele não havia cogitado que Shimizu planejava sair do departamento de suporte.

— Vamos ajudar Deku a entrar na turma dos heróis. – Hiro comentou atrás dele enquanto arrastava um pedaço de equipamento. – Ele vai vencer o festival.

Era engraçado como Maijima não tinha dúvida alguma que ele faria isso, ainda mais com aquelas 10 cabeças juntas. O problema é que isso significava que ele perderia Izuku para Aizawa, porque ele não tinha nem dúvidas que se ele fosse para uma turma, seria a de Aizawa.

Fitou o menorzinho da turma, tentando não suspirar ao notar o gato no braço dele. De novo.

—Shimizu, eu já disse que é proibido trazer animais para U.A, não posso ficar fechando os olhos para essas coisas.

—Mas eu não trouxe? – olhos verdes o fitaram de forma sincera, o visor levantado enquanto fazia carinho no gato com a cara mais antipática que já tinha visto na vida. Era um grande contraste entre os dois.

—Eu estou vendo o gato, Shimizu, você trouxe. De novo.

—Unuh, eu não trouxe. Ele veio sozinho.

Maijima piscou aturdido e olhou para Aya na ponta da bancada, que apenas deu de ombros.

—Ele não mentiu, sensei. Deku chegou aqui sem ele.

Será que era assim que Aizawa se sentia ao tentar lidar com as 'crianças problema' dele? Era um pouco exaustivo.

Decidiu fingir que não via nada, era menos problemático.

— Maijima-sensei, acha que posso testar algumas coisas com a turma de heróis? Tem muita coisa que fiz para eles, queria ver em funcionamento.

Aqueles olhos verdes eram mortais, se pegou assentindo sem pensar.

— Vou ver o que posso fazer.

É, agora teria que pedir alguns favores ao Aizawa. Embora duvidasse que ele fosse se opor muito a isso.

Achava difícil alguém se opor aqueles olhos gigantes. Tentou ignorar alguém rindo dele atrás, iria pelo menos fingir que tinha alguma autoridade na sua turma.

—Ei, Deku! Leva algumas coisas minhas também se for.

—Minha também!

—Oê, eu tenho esse escudo que é apenas perfeito para...

Que ótimo.

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Quarta-feira, 11:20 da manhã

Aizawa se sentia inquieto desde a ligação de Tsukauchi.

Ele vinha notando um aumento da atividade de vilões já há algum tempo, e parece que os rumores sobre eles estarem se organizando se mostravam verdade. O detetive não havia lhe passado todas as informações sobre a situação, mas sabia que tinham um possível informante e que saberia dos detalhes na próxima reunião dos dois, mas pelo tom do outro já sabia que não ia gostar nada do que estava por vir.

'—Fique de olho ao redor. Eles podem tomar uma ação logo.'

E isso não era um tanto preocupante? Quem seria esse informante que o bom e velho detetive estava tão relutante em falar sobre?

Então, Aizawa estava inquieto e a aula que se seguiria naquela tarde não ajudava nisso. Sua cabeça não estava exatamente no lugar para ter que lidar com 20 crianças problemáticas e ainda o loiro idiota.

—Aizawa, seu filho trouxe o gato de novo.

E falando em problema.

—Ele não é meu filho. E não devia estar falando isso para Maijima?

Ectoplasma coçou a cabeça, colocando uma pilha de papéis na mesa.

— Ele está em estado de negação, ama demais os alunos para dar alguma disciplina...

—Hey! Isso não é verdade. – Maijima protestou da própria mesa, e foi prontamente ignorado.

— Como pai, você tem que se meter.

Aizawa olhou de forma mortal para Nemuri. Maldita ela por espalhar esse rumor, e malditos, todos eles, por entrarem na brincadeira.

—...O mandei conversar com Nezu sobre essa situação.

Voltou atenção ao outro, e não soube a cara que fez com isso, mas ele colocou as mãos na frente do corpo em defesa.

— Não me olhe assim, ninguém estava tomando a frente, tive que fazer alguma coisa.

— Isso foi um pouco drástico demais, não acha. – Nemuri comentou de forma desgostosa e mordeu a língua para não concordar. – Maijima, diz alguma coisa.

— Shimizu e Nezu em uma mesma sala não é a melhor das ideias.

Por alguma razão o outro parecia realmente assustado. Interessante.

— Por quê?

Maijima apenas balançou a cabeça e mudou de assunto: — Diz, Aizawa, entrando no assunto tenho um pedido para fazer.

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Quarta-feira, meio-dia

— ... Está ciente de que animais de suporte são aceitos, mas que isso requer um animal treinado e certificado especialmente para isso, e, claro, a prova da necessidade de ser acompanhado por um?

—Uhum! – Olhos verdes grandes que olhavam ao redor interessados o fitaram aparentemente tímidos, o gato seguro em seus braços. – Mas veja só, Diretor Nezu, Catchan é um caso bem especial.

—Oh?

O gato sumiu das mãos do garoto, apenas para ressurgir na sua mesa segundos depois. Nezu virou a cabeça de forma atenta. Isso era inesperado, e um argumento aparentemente reservado para o momento certo da conversa.

— Vê?

Os olhos de Izuku Midoriya eram interessantes. Havia um brilho neles que era familiar, na expressão aparentemente inocente. Uma inteligência aliada a um toque manipulador e um poder de análise sem igual.

—Animais com quirk, algo incomum, mas não desconhecido. Ao contrário do que os humanos pensam, eles não são os únicos que podem evoluir, certo?

Ele sabia exatamente o que dizer, e quando dizer. Para uma criança ter essa capacidade...

Os olhos verdes o fitaram sem titubear. Nezu sorriu de forma amigável.

— De fato. – Ele se inclinou, as patas se tocando perto do seu rosto. – Se me permite perguntar, sua cicatriz?

Uma breve expressão passou pelo rosto da criança e o gato voltou aos seus braços. Ele inclinou o rosto levemente, provavelmente ponderando o que dizer.

— Uma prova que confiar nas pessoas tem um custo. – Ele olhou para sua cicatriz em retorno e Nezu sorriu. – Humanos sempre fazem algo por ganho próprio, e quando você não tem nada a oferecer, eles tiram a força.

Muito manipulador e observador, mais do que tinha pensado. O conhecimento de que Nezu, um animal com quirk, havia sido vítima nas mãos de humanos era um conhecimento público, mas era a primeira vez que alguém usava esse fato por ganho próprio na sua cara.

Um jogo perigoso, mas interessante.

— E por isso eu prefiro meus gatos. – Ele passou o queixo na cabeça do felino de forma carinhosa. – Eu posso prometer que não vou trazer Catchan, mas eu não tenho poder sobre as decisões dele. Ele sempre vem até mim quando preciso.

Nezu sorriu, ainda mais interessado.

— Entendo. E você precisa dele, você o considera seu animal de suporte. – O garoto assentiu, olhos grandes e inocentes – E qual seria a sua necessidade, Midoriya? Qual o seu problema, para precisar de ajuda de um 'animal'.

Nezu tentou não demonstrar todo o interesse que sentia no momento, os olhos pequenos brilhando. Sentia a energia percorrer seu corpo, era tão raro encontrar alguém que despertasse seu interesse assim ultimamente. As desvantagens de ser alguém de inteligência superior, tornava tudo chato demais.

O outro virou o rosto pensativo e sentiu que havia passado algum tipo de teste.

Naquele momento Nezu agradeceu por Izuku Midoriya estar em U.A, ele não podia imaginar o que uma mente como aquela faria em mãos erradas.

— Eu tenho muitos problemas, Diretor.

Os dois sorriram um para o outro, em total entendimento.

— Então, quem sou eu para negar ajuda a alguém que precisa?

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Quarta-feira, 12:50

—Para as habilidades de fundação heroica, vamos estudar hoje...

Hitoshi sentia o peso em seu bolso, suas mãos suadas tocando o objeto metálico durante toda a manhã. Repetia a si mesmo que aquilo tudo era só uma precaução, que nada iria acontecer.

Eles estavam em um dos lugares mais seguros do Japão, a possibilidade de serem atacados era ridícula. E ainda tinha a chance de que All Might não tivesse classe com eles hoje, ele ensinava a turma B e ainda as turmas do último ano em heroico avançado.

—...Foi decidido que vocês serão supervisionados por uma equipe de três homens que compreende a mim, ao All Might e mais outra pessoa...

'All Might, então realmente... Parece que não tenho sorte'

—Sensei, o que vamos fazer?

—Ser os heróis dos quais todos precisarão, quer se trate de uma inundação, ou uma outra catástrofe qualquer, requer mais do que derrotar vilões, então hoje o treinamento de vocês será resgate!

' — E se estiver errado? Ninguém é louco de atacar U.A.

— Eu espero estar mesmo errado, Hichan.'

E mesmo que eles fossem, All Might estava lá. Quem podia contra All Might?

Eles ficariam bem.

Ignorou a conversa ao redor, mandando disfarçadamente a mensagem para Midoriya sobre a aula, embora conhecendo o outro não duvidava que ele já soubesse de algo sobre.

Pelo pouco que já sabia do garoto, ele tinha talento em saber de coisas que não deveria.

—... Cabe totalmente a vocês se querem ou não usar uniformes, alguns de seus uniformes não serão adequados para a tarefa em questão. A área de treinamento é bem longe, por isso vamos chegar lá de ônibus.

' — Como eles passariam pela segurança? É impossível.

—Eles passaram ontem, e existem aulas fora do campus.'

O desgraçado era um gênio. Ou pensava demais como um vilão, e não sabia o que era pior.

—Vão se preparar.

Shinsou não se sentia tão seguro quanto antes.

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Quarta-feira, 13:30

—... Para que todos permaneçam sem problemas no ônibus, sentem-se em fileiras de acordo com seus números!

Aizawa suspirou olhando os alunos entrarem no ônibus, alguns escapando das mãos do irmão de Tensei que se moviam intensamente. Olhou o relógio de forma exasperada, All Might devia vir no ônibus com eles.

Só esperava que o loiro idiota já estivesse em USJ.

—Hichan! Espere!

Os últimos alunos que entravam pararam na porta e olhou surpreso quem vinha na direção deles.

—Deku?! O que faz aqui, seu gremlin maldito?!

O garoto parou sem fôlego, uma bolsa enorme nas costas, vestido em um macacão do laboratório chamuscado e sujo de graxa.

—Hichan, esqueceu o aparelho que pediu. Oi Kacchan! Souchan!

Parece que todo mundo já tinha ganhado um apelido, Aizawa não sabia se isso era bom ou ruim. Midoriya acenou em sua direção timidamente.

—Desculpe, Eraserhead-sensei. Não queria atrapalhar. – Ele tirou algo da bolsa e entregou a Shinsou de forma animada. Os alunos dentro do ônibus colocaram a cabeça para fora, curiosos. – Minha aula terminou mais cedo, então resolvi entregar mais cedo. É uma pena que não vou poder ver em funcionamento...me diga depois como ficou.

Aizawa suspirou, olhando os olhos verdes tristes e ponderando o que estava pensando em fazer. Quando Maijima pediu o favor, pensou em algo mais para frente, mas porque não?

— Ei! É o irmão do Ingenium! Oi!

—Na verdade, Midoriya. – O outro o olhou de forma curiosa. Todoroki havia saído do ônibus, por alguma razão, e Bakugou estava segurando a criança problemática pela gola da camisa. Quase recuou com isso, mas aqueles olhos esperançosos... – Pode nos acompanhar.

—Sério?!

—Maijima falou comigo mais cedo, e eles precisam de alguém para resgatar, de qualquer forma.

—Kachan! Ouviu isso? Eu vou com vocês.

— É, é, entra logo antes que eu me arrependa, criança problema.

—Ele senta comigo.

—Meio-a-Meio! Larga o Gremlin!

Aizawa perdeu a troca de olhares entre Shinsou e Midoriya.

Mas não perdeu o gato que mostrou a cabeça para fora da bolsa do outro enquanto ele entrava.

Aizawa já estava se arrependendo.

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Quarta-feira, 14:15

Enquanto um portal se abria no centro da redoma em USJ, All Might tomava chá com Nezu, que questionava o que ele sabia de um certo Midoriya.

Do outro lado da cidade, Naomasa olhava o aparelho em sua mesa de forma pensativa. Em meia hora ele acenderia em alerta.

E para muitas coisas, isso seria tarde demais.

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Notas finais

....sorry.

Não me matem, o capítulo veio antes da hora :D Estava ficando enorme, por isso dividi e vou postar essa primeira parte enquanto finalizo a segunda.

Segunda parte vem no final do mês, então, nem tanta espera. Logo temos a conclusão de USJ, que como podem ver, será bem intensa!

Então, até lá.

P.S: Todo mundo que adotar Midoriya ou Nora.

P.S 2: Vou tentar fazer a armadura do Izuku, ela vai sofrer muitas modificações daqui para frente, mas vou tentar desenhar essa primeira versão.

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