SUPER ¹ ━ peter parker

By _gwldn

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𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑 ━ ❝não é preciso ter poderes para ser um super-herói❞ SAVANNAH EVANS TEM um segredo. ... More

𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑
━━ CAST & SOUNDTRACK
━━ GALLERY
━━ EPIGRAPH
𝐀𝐂𝐓 𝐈
01. the avengers are the bad guys
02. how to almost run someone over
03. a new case
━━ 1K
04. beautiful irony
05. the double date
06. worries
07. the not so amazing spider-man
08. honesty... or something like that
09. reputation
10. africa by toto
12. a couple of cupids
13. to be a hero
14. the girl in the spider's web
15. are you more like major or spider-man?
16. partners for one night
━━ 21K
17. catch me if you can
18. patience is a virtue
19. the best sandwich in queens
20. snooping around
21. a smelly situation
22. bad luck
23. peter tingle
24. the popcorn battle
25. night terrors
26. inner storm
27. this is halloween
28. dancing with a vigilante
29. trick or treat?
30. fugitive
31. web of lies
32. wanted
33. hostage situation
34. just friends
35. what would major do?
36. celebrate
37. starry night
38. falling for a friend
𝐀𝐂𝐓 𝐈𝐈
39. she knows
40. the burden of memories
41. emergency contact
42. partners in crime
43. the tony stark
44. gaslight, gatekeep, girlboss
45. busted
46. rumor has it
47. romeo and juliet
48. investigating
49. down at the docks
50. seeing red

11. a supername

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By _gwldn

EMBORA AINDA FOSSE quarta-feira e nada de muito importante tivesse acontecido desde aquele domingo em que Savannah conversara com o Homem-Aranha, Lia visivelmente estava começando a sentir os efeitos das patrulhas noturnas: nem mesmo a maquiagem conseguia cobrir as grandes olheiras debaixo dos seus olhos, adquiridas somente após algumas noites de vigilância. Ela, sentada em frente à Savy em um dos bancos de madeira que havia do lado de fora da escola, cobriu a boca ao soltar um grande bocejo.

— Não sei como você consegue — murmurou enfim, apoiando a cabeça nas mãos. Claramente referia-se ao fato de a amiga não estar quase dormindo sentada.

A menina também não sabia dizer como não estava quase morrendo ali mesmo. Talvez por fim estivesse acostumada a toda aquela correria, apesar de aquilo não significar que não ficasse cansada. Em decorrência disso, ela somente deu de ombros, sem tirar os olhos de sua apostila. A garota deveria estar aproveitando os poucos minutos antes de o sinal tocar para finalizar a tarefa de Cálculo — a qual lhe foi dada fazia uma semana, só para constar —, mas, ao invés disso, ela havia se distraído e começado a rabiscar coisas aleatórias no caderno, desde pequenos desenhos de estrelas a possíveis codinomes de heroína. Havia escrito, por exemplo, Sombria e até algumas patentes militares, tais como cabo e general.

Tinha esperanças de que alguma das alcunhas ali fosse fazê-la ofegar e pensar "É isso!", no entanto, nada aconteceu. Todas pareciam vazias, desprovidas de significados, e ela queria algo que tivesse algum valor para si. Encarou a folha riscada, um pouco frustrada, para então balançar a cabeça e fechar o livro.

Percebeu, pelo rabo do olho, Amelia piscar diversas vezes a fim de se manter acordada. Provavelmente, o vento matinal que açoitava o rosto das garotas era a única coisa que a impedia de cair no sono ali mesmo.

— Eu estava pensando... e se eu tivesse um codinome também? — Bennett soltou após dar mais um bocejo. — Sabe, para quando nos comunicarmos nas missões. Não é como você pudesse me chamar de Lia ou Amelia.

Na noite anterior, por causa de um pequeno problema ocorrido durante uma perseguição, as duas haviam estabelecido uma maneira de se falarem enquanto Savannah trabalhava: por baixo da touca, a vigilante usaria o fone de ouvido sem fio conectado ao celular, que por sua vez estaria em uma chamada com Lia. Não era nada como os comunicadores existentes em filmes de espiões nos quais elas se inspiraram, mas era o melhor que tinham disponível no momento; ademais, aquela era uma técnica apenas para certas situações, até porque as contas telefônicas das adolescentes viriam uma fortuna se fizessem aquilo a cada patrulha.

— Dado o seu histórico com nomes, só posso esperar o pior — Savy alfinetou.

Lia, além de ter revirado os olhos, chutou-a por baixo da mesa. Evans soltou um muxoxo enquanto voltava os olhos para a outra, que simplesmente a ignorou e prosseguiu:

— O que você acha de Relâmpago?

A heroína inclinou a cabeça para o lado e franziu o beiço, pensativa.

— Não é tão ruim, na verdade — admitiu. Em seguida, adotou um tom divertido. — Qual o motivo? É por que você vai ser tão rápida quanto um relâmpago para me ajudar? — caçoou.

— Eu só estava pensando no Relâmpago McQueen, mas a sua explicação é mais legal...

A revelação fez uma gargalhada escapar da boca de Savannah, que logo foi acompanhada por Lia. As risadas somente cessaram, ainda que gradativamente, quando Betty Brant surgiu no campo de visão delas, aproximando-se das duas com papéis coloridos em mãos. Seus cabelos estavam impecavelmente repuxados para trás por uma tiara escura, a qual combinava com o casaquinho que usava por cima de um vestido.

— Ei, Betty! — cumprimentaram em uníssono quando a garota parou em frente a elas.

— Oi, meninas! — sorriu. Graciosamente, a jovem estendeu o braço, oferecendo à dupla dois folhetos coloridos, um laranja e um verde. — Escutem, meus pais saíram da cidade, então amanhã vai ter uma festinha lá em casa... Seria ótimo vê-las por lá!

Savannah animou-se assim que ouviu a palavra "festa"; fazia um bom tempo que ela não ia a uma — afinal, com a vida dupla que andava levando, dizer que sua agenda estivera um pouco apertada nos últimos dois meses seria um eufemismo. Por isso, a possibilidade de sair para se divertir fez com que um sorriso estampasse sua face.

Além do mais, não era como se Nova York fosse entrar em colapso se ela não montasse vigília por uma noite, e as ruas da cidade andavam consideravelmente tranquilas nos últimos dias. Ela achava que aquela seria uma folga merecida e, levando em conta a aparência de sua melhor amiga, Lia precisava de uma pausa também. Sendo assim, ela pegou os panfletos.

— Iremos sim, obrigada! — confirmou.

O sorriso de Betty alargou-se no rosto e, logo após uma despedida, ela afastou-se do banco. Os olhos de Savannah imediatamente se voltaram ao papel de cor laranja que segurava, e ela lia as informações impressas quando ouviu Bennett pigarrear. Isso fez com que erguesse o olhar para Amelia, a qual olhou para os lados antes de inclinar-se para frente e sibilar:

— Mas, Savy, e a nossa vida de vigilante?

— Não foi você que disse que temos que manter uma vida social apesar de tudo? Vamos lá, vai ser legal! — chacoalhou o folheto verde próximo ao rosto de Lia até que ela o arrancasse de seus dedos. — E o Ned pode estar lá...

Por um breve momento, uma sombra, um indício de aflição, cruzou o rosto de Lia, mas foi algo tão breve que Savannah pensou ter imaginado. Porém, ficou mais do que claro que havia alguma coisa de errado quando a outra, evitando olhá-la diretamente, insistiu mais uma vez que não deveriam pular uma noite de patrulha. Diante daquele comportamento estranho — afinal, Amelia nunca rejeitava festas —, Evans estreitou os olhos.

Não foi preciso muito mais para entender o que estava acontecendo.

— Você está usando as nossas atividades para se esquivar do Ned, não está? — arqueou as sobrancelhas.

Puff, não! Claro que não! — aquilo conseguiu ser pior do que as desculpas apressadas de Savannah. — Não é como se eu estivesse com medo das coisas darem errado. Quem foi que disse isso?

— Você. Agora mesmo.

Naquele momento, o sinal bateu, anunciando que as aulas estavam para começar. A heroína começou a enfiar o material espalhado pela mesa na mochila, sem deixar de fitar Amelia inquisidoramente. Mas esta somente abaixou os olhos, evitando a encarada. Isso levou a menina a emitir um ruído exasperado no fundo da garganta.

— Lia, você gosta tanto dele! Do que possivelmente está com medo?

— Ah, sei lá, Savy — murmurou. — É que, não sei, as coisas deram errado no nosso primeiro encontro. Pode ser o Universo dizendo NÃO para nós.

Savannah tentou não revirar os olhos enquanto se levantava do banco de madeira.

— Quantas vezes eu já disse que isso não foi coisa do destino? Foi só uma gangue idiota tocando o terror. — Ajeitou a mochila no ombro. — Não existe essa coisa de sinal do Universo.

Amelia fez um ruído incrédulo e olhou para o céu, como se esperasse que um raio caísse na cabeça de Evans. Dessa vez, Savannah permitiu-se rolar os olhos.

— Você fala isso, mas — Bennett começou ao mesmo tempo em que elas passavam a se dirigir para a entrada do colégio — lembra aquela vez, três anos atrás, quando eu pedi ao Universo um sinal de que deveríamos entrar para as líderes de torcida? Era brincadeira, mas aí, dois dias depois, os testes recomeçaram!

— É, mas isso foi porque a Kelly O'Neil caiu da pirâmide e quebrou a perna, então várias das novas torcedoras ficaram com medo e desistiram.

Foi o Universo!

Com um ruído exasperado, Savannah estacou no gramado e segurou o braço de Lia para que ela fizesse o mesmo. Em seguida, segurou os seus ombros e a virou em sua direção, encarando-a com firmeza.

— Você só está com esse papo porque tem medo de que as coisas deem errado como no seu último namoro, não é? — Quando, não pela primeira vez naquela manhã, a amiga evitou o seu olhar, Savannah teve a sua resposta. Com um suspiro, ela passou a mão de maneira terna no braço de Amelia. — Eu entendo, Lia, sério, mas o Ned não é o Flash. Você sabe disso. E, além disso, você estava se divertindo no encontro antes do ataque, não estava? Só porque algo... que, inclusive, estava totalmente fora do seu controle... aconteceu, não quer dizer que vocês estejam condenados a darem errado.

A menina assentiu, ainda com o olhar baixo. Suspirando mais uma vez, a vigilante enganchou o braço no da amiga e voltou a andar. Ela entendia que Lia estava insegura, e também sabia que não havia tido muito tempo para falar direito com Ned desde o encontro, considerando tudo que ocorrera desde então... Mas ela não desejava que nenhum dos dois acabasse se magoando por conta daquelas inseguranças. Por isso, abraçando a outra um pouco de lado, ela falou:

— Olha, deixe comigo, ok? — Bennett olhou-a com as sobrancelhas franzidas, mas logo meneou a cabeça devagar. — Agora é a minha vez de te ajudar.

— Ainda não acredito que ela te chamou para a festa.

Aquela foi a primeira coisa que Ned disse depois que Betty Brant afastou-se às pressas, espremendo-se entre os estudantes até desaparecer na curva do corredor cada vez mais cheio. Peter laçou um olhar ao papel rosa que segurava: o convite para a festa que a loira daria em sua casa no dia seguinte.

O rapaz, depois, olhou para o amigo como quem dissesse "Cara!". Leeds sabia que Betty não guardava ressentimentos de Peter por ter largado a melhor amiga dela sozinha no baile de boas-vindas, como ela mesma um dia lhe dissera. Ela havia falado que o entendera depois de descobrir que Adrian Toomes era, na verdade, o criminoso Abutre — Peter achara um pouquinho de graça da adolescente ter assumido que o pai de Liz o ameaçara e tudo mais, embora aquilo não deixasse de ser verdade.

— Mas você vai?

— Não sei. — Deu de ombros. Peter não era exatamente experiente quando se tratava de festas... apesar de ser convidado para algumas, ele raramente conseguia ir por conta de seus deveres como Homem-Aranha; a última comemoração em que havia comparecido fora a de Liz, e nem naquela noite ele deixara as responsabilidades de lado. — Mas você deveria ir.

— Não vou sem você, né? — o amigo disse como se fosse óbvio. — Seria como o Frodo ir sem o Sam para Mordor!

Peter, rindo da analogia, falou mais uma vez que Ned deveria ir mesmo que ele próprio não fosse. Não era justo privar o amigo de se divertir por conta de suas vigilâncias. Parker até mesmo pensou em usar a cartada "Amelia pode estar lá", mas desistiu ao lembrar como o amigo estava nervoso em relação a ela. Ele acreditava que a menina havia perdido o interesse nele depois do encontro de final desastroso, considerando que eles mal haviam se falado desde então.

O Homem-Aranha realmente não acreditava que aquilo fosse verdade, mas trazer aquele assunto à tona poderia fazer com que Leeds desistisse de aparecer na festa definitivamente e assim minasse qualquer chance que tivesse de encontrá-la por lá ou, simplesmente, de ir se divertir. Por isso, ele manteve-se calado enquanto esperava o outro fechar a porta do armário para que eles pudessem ir para o primeiro período.

— Falando nisso... o que, na verdade, não tem muito a ver — Ned mudou de assunto —, você encontrou de novo aquela garota, a tal da África?

— África não é o nome dela de verdade — Peter corrigiu prontamente. Ainda bem, pensou. — E não, ainda não encontrei.

— Sério? Achei que vocês fossem, tipo, associados agora.

Peter não conseguiu evitar uma careta.

— Eu ter me desculpado não faz de nós parceiros, Ned — explicou, sua mente voltando ao encontro que tivera com aquela mascarada no domingo. — Ela é um pouco... sei lá, irritante?

— Logo você dizendo isso? — o seu amigo caçoou, o que fez Parker lhe dar uma cotovelada de leve no braço. — E, bem, em defesa dela, você foi um idiota quando se conheceram.

Peter soltou um muxoxo. Ele sabia que Ned estava totalmente certo: ele havia sido um completo babaca com essa nova vigilante, coisa da qual se arrependia profundamente. Ele apenas estivera estressado com a volta das armas do Abutre, com os ataques que haviam acontecido e com a fuga do último membro da Gangue Fedora, de modo que acabara se deixando levar por seu temperamento. O Aranha, de verdade, não pensava que essa garota era menos capaz de se proteger por não ter poderes... o problema eram aquelas malditas armas.

O herói mal dera conta delas da última vez ao lidar com Toomes, acabando por causar estragos e colocar pessoas em perigo. Ele se preocupava que o mesmo pudesse acontecer novamente, em especial agora que as armas estavam sendo usadas, ao que tudo indicava, com o puro intuito de provocar destruição. Peter tinha o seu sentido aranha para alertá-lo dos próximos ataques das armas caso estivesse distraído ou ocupado com outra coisa, mas e quanto àquela garota? Se ela fosse machucada — ou pior — no meio de uma luta porque havia sido atingida por trás ou algo do tipo... Ele não a achava incapaz, mas sempre existia a possibilidade de ela, qualquer civil e até mesmo ele acabar se ferindo.

Era aquilo que aquelas armas faziam: arruinavam tudo ao redor. Elas eram terrivelmente perigosas, bem como quem quer que estivesse por trás de seu misterioso retorno.

— Eu sei, mas só me expressei mal! — O vigilante deixou os braços penderem na lateral do corpo, manhoso. Ele sabia que suas escolhas de palavra tinham sido duvidosas e já se sentia culpado o bastante sem ter alguém o lembrando daquilo. — Só acho que ainda é tudo muito perigoso, sabe? Não sabemos o que está acontecendo ou como as armas estão de volta... Por isso ir atrás delas e de quem as possui pode acabar em desastre.

Ned deixou um risinho escapar dos lábios.

— Desse jeito você até parece o Sr. Stark falando.

Peter interrompeu os passos, fazendo com que Leeds, um pouco mais à frente, virasse para ele. Com uma expressão completamente séria, o herói falou:

— Se você tentou me ofender, saiba que isso não funcionou nem um pouco — e deixou um sorriso tomar conta do rosto.

Com o amigo rindo, os rapazes retomaram o caminho até a classe. As duas primeiras aulas foram História, mas a dobradinha passou de uma forma incrivelmente rápida. Foi somente quando o sinal do terceiro período tocou que os meninos tiveram de se separar: ao passo que Peter encaminhava-se para a sala de aula no fim do corredor, Ned dirigia-se para a escada.

Parker adentrou a sala de Física lentamente, vendo que a Sra. Warren já escrevia algo na lousa. Depois de tomar um assento em uma das últimas bancadas, ele puxou o laptop da bolsa e, enquanto se ocupava em ligá-lo, alguém se sentou ao seu lado. O rapaz surpreendeu-se ao ver que era ninguém mais, ninguém menos que Savannah Evans.

— Ei, Peter — ela cochichou. — Podemos conversar rapidinho?

O rapaz podia sentir a curiosidade invadi-lo com aquelas palavras, imaginando se teria alguma coisa a ver com o dia em que ela gritara em pleno corredor que havia se encontrado com ele. Talvez fosse pedir que ele a encobrisse mais uma vez? Ainda que o herói não se ressentisse do que a menina fizera, Peter, por algum motivo, esperava que seu palpite estivesse errado e que Savannah não estivesse ali esperando que ele a ajudasse a enganar Amelia mais uma vez.

Mas só havia uma maneira de descobrir, por isso, após olhar de relance para a Sra. Warren, que se preocupava com o quadro enquanto esperava a classe encher, Parker pigarreou enquanto dava um aceno com a cabeça.

— Olha, se você quiser combinar mais alguma história para contar à Amelia, eu acho melhor não...

— O quê? — Savannah o interrompeu, o cenho franzido em confusão. Porém, rapidamente pareceu entender do que ele falava, e então suas bochechas enrubesceram. — Ah, não, não estou aqui por isso! A Lia já sabe o que realmente aconteceu, já expliquei tudo para ela — ela mexeu no cabelo, encabulada. — Desculpe mais uma vez por aquilo, aliás.

Com um sorriso singelo, o rapaz acenou para sinalizar que não havia importância, mas ainda sentiu uma estranha sensação de alívio. Quanto à Savannah, ela remexeu na mochila que apoiava no colo e de lá tirou um papel laranja. Depois de desdobrá-lo, ela o deslizou pelo balcão, como se fosse um assunto confidencial, até parar ao lado das coisas de Peter, de onde um folheto igual, só que rosa, despontava.

— O que eu queria saber, na verdade, é se você e o Ned vão para a festa da Betty.

— Ainda não sabemos — falou a mesma coisa que tinha dito ao seu amigo. — Por quê?

— Hm, bem, eu estou tentando ajudar a Lia — confidenciou baixinho. — Meu plano meio que engloba a festa, então, se ele for...

Ela deu de ombros, deixando a frase pairar no ar. Peter, por sua vez, entendeu rapidamente o que estava querendo fazer. Ele não teve de pensar duas vezes para fazer a sua escolha: se antes ele estava indeciso, agora sabia, com certeza, que iria para aquela festa e que arrastaria Ned consigo. Ele, além de querer compensar por ter perdido o encontro duplo, desejava ajudar o garoto em toda aquela situação com Amelia. Se Savannah estava ali, só podia significar que a sua amiga queria sair com Leeds de novo, diferentemente do que ele pensava.

Então, decidido a cooperar com aquele plano, Parker sorriu e aquiesceu.

— Vamos estar lá.

Aquilo fez com que Savannah desse um sorriso brilhante, daqueles que chegam aos olhos. Ela pareceu se controlar para não dar um abraço nele ali mesmo, aparentando estar verdadeiramente ansiosa para ajudar Amelia. Inevitavelmente, Peter alargou o sorriso.

Savannah havia decidido deixar Amelia descansar naquela noite, e por isso lhe disse que não iria patrulhar. Aquela fora uma mentira descarada, porém, tamanho devia ser o cansaço de sua amiga que ela não questionou nem por um segundo. A heroína, então, sem sua carona, teve de andar pelas ruas do Queens, sem achar muita coisa para fazer. Preciso mesmo pegar o radiozinho de Kyle, pensou, frustrada.

Devia ser por volta de onze e meia quando a menina resolveu encerrar as atividades — ela desejava poder ficar mais, mas se o seu irmão percebesse que ela não estava trancada no quarto, iria surtar. Ela, enquanto traçava o caminho para casa, acabou parando em uma loja de conveniência a fim de comprar uma garrafinha de água. (Como Lia dissera-lhe uma vez, seja uma vigilante, mas seja uma vigilante hidratada.)

Quando adentrou o estabelecimento, o sininho no topo da porta tocou, fazendo com que as únicas três pessoas ali, o caixa incluso, voltassem os olhos para ela. Evans já estava ficando experiente em ignorar as encaradas alheias, e assim somente ocupou-se em andar até o fundo da loja, onde estava o frigobar cheio de bebidas.

Após mirar a sua tão desejada garrafa d'água através da porta transparente, abriu a geladeira. Foi naquele momento em que o tilintar do sino ecoou pelo ambiente, uma denúncia de que mais alguém entrara na loja. Savannah, normalmente, não teria dado bola àquilo, mas isso até ouvir o jovem atrás do balcão arquejar. Pela visão periférica, ela o observou empertigar-se e erguer as mãos, os olhos arregalados de medo. Surgiu, então, no campo de visão da menina, um homem com uma arma em mãos, dizendo que era para abrir a caixa registradora e entregar todo o dinheiro.

As outras duas pessoas que estavam no estabelecimento aproveitaram o fato de não terem atenção nenhuma sobre si e recuaram. Um rapaz, mais ou menos da idade de Savy, pareceu reconhecê-la e lançou a ela um olhar suplicante; no entanto, aquilo não foi necessário, uma vez que a menina já havia fechado a porta do frigobar e agora aproximava-se a passos furtivos. Depois de descartar a ideia de atacar o bandido logo de cara, já que ele apontava a arma para um civil, ela somente ergueu o bastão e pigarreou. Aquilo chamou a atenção do homem, que se virou de forma abrupta e apontou a pistola na altura do tórax dela.

— Largue a arma — Savannah disse, completamente séria.

Em resposta, o criminoso apertou o gatilho duas vezes seguidas.

Os estampidos altos que soaram pela loja fizeram os ouvidos da mascarada doerem. Mais rápido do que ela pudesse reagir, as balas a atingiram. O impacto levou os seus pés a deslizarem um pouco para trás, e ela teria caído se não tivesse se amparado em uma estante. As balas, no entanto, não a atingiram: o colete a protegera. O barulho da munição atingindo o piso foi encoberto pelo baque causado pelo bastão de beisebol quando este escapou dos seus dedos — ela, perplexa, não tentou segurá-lo. Estava completamente atônita. O cara tivera a audácia de lhe dar não só um, mas dois tiros!

A máscara de esqui cobriu a sua boca aberta em choque, mas não os seus olhos, que se tornaram tempestuosos, irritados. Ela levantou o olhar do chão, onde as balas estavam caídas aos seus pés, e o dirigiu ao ladrão, que parecia surpreso ao ver que ela não estava ferida. Depois de alguns segundos, ele ergueu a pistola mais uma vez, contudo, não teve a chance de apertar o gatilho. Agora, era a vez de Savannah. E ele não deveria ter atirado nela.

A garota, veloz e agilmente, avançou contra o bandido: agarrou-lhe o braço que segurava a arma e o empurrou para o lado enquanto lançava o punho livre na direção de seus olhos. Um tiro foi disparado, mas, devido à posição do assaltante, a bala atingiu o vidro da porta da loja, fazendo com que ele se estilhaçasse. Aturdido pela pancada entre os olhos, o homem não teve como impedir que a pistola fosse tirada de suas mãos em um golpe.

O objeto deslizou pelo chão até parar perto da entrada, em meio a cacos de vidro. Savannah sabia que não poderia simplesmente deixá-la ali, então foi rápida em segurar o criminoso pelos ombros e o deixar imóvel para que pudesse desferir uma joelhada em seu estômago. Em seguida, ela empurrou-o contra o balcão, e, depois de bater as costas na madeira, o ladrão caiu.

A vigilante correu para a arma. Segurando-a com cuidado, mal tinha se erguido quando um corpo colidiu contra o dela e a empurrou contra a porta. Esta escancarou-se, cuspindo tanto Savannah quanto o assaltante para fora, pedaços de vidro nos dois. Arma acabou escorregando das mãos da adolescente quando ela caiu, agora rolando dolorosamente pelo asfalto junto ao criminoso.

O homem se ergueu antes dela aos tropeços. Tentou chegar à pistola, mas Evans agarrou o seu tornozelo, fazendo-o cair novamente. Ela atirou-se sobre as costas dele e o imobilizou como pôde. Enquanto ladrão se debatia, a garota conseguiu alcançar as algemas improvisadas no bolso e o prendeu.

O assaltante continuou a se sacudir na tentativa de se soltar, mas Savannah não se importou, afinal, ele já estava detido. Com um grunhido, a heroína levantou-se, batendo em seu uniforme, cansada, para tirar os cacos de vidro.

A porta da loja de conveniência — ou o que havia restado dela — abriu-se mais uma vez, e todas as três pessoas que estiveram do lado de dentro previamente agora se aproximavam dela. O mesmo garoto que a encarara pedindo ajuda tinha um celular em mãos, e aparentemente estava filmando quando lhe disse:

— Isso foi incrível! — ele parecia animado demais para quem estivera correndo risco de morte. — Quem é você?!

Savannah olhou bem para ele, para a câmera, para os rostos de quem tinha salvado. Ela poderia ignorar a pergunta. Afinal, ainda era como se tivesse um codinome decidido.

Porém, por algum motivo, suas lembranças carregaram-na para vários anos antes: quando era apenas uma criança, ela dizia que queria ser como a sua mãe. Dizia que iria se alistar no exército — para o desespero de Angeline Evans, mas aquele havia sido apenas o desejo de uma garotinha ingênua que se espelhava na mãe e não sabia o que aquilo implicava de verdade —, e, por uma razão que ela não conseguia recordar-se no momento, seu pai começou a chamá-la de Majorzinha. Era como um código secreto para dois, ninguém mais sabia daquele apelido, e, conforme ela foi crescendo, o nome foi se perdendo — até ser esquecido completamente com a morte de seu pai.

Como Savannah não tinha pensado naquilo antes?

Ela sabia que, caso escolhesse aquele nome para si, irritaria muitas pessoas. Diriam que ela não tinha o direito de usá-lo ou usar o uniforme, que aquilo era um desrespeito ao sistema. Ela já havia visto alguns comentários dizendo exatamente aquilo sobre suas roupas. E honestamente? Ela não dava a mínima. A ideia, na verdade, de ser um incômodo para algumas pessoas a agradava muito. Ela misturaria aquela boa lembrança de seu pai, em uma época ingênua de sua vida, aos seus ideais e usaria como uma provocação. Savannah estava fora do sistema, mas ainda agiria melhor, com mais valor e honra do que muitas pessoas dentro dele, e debocharia daquilo como pudesse.

Então, com um sorriso oculto pela máscara, ela falou:

— Eu sou a Major.

[28/06/2019]

ok mas vocês sentiram o impacto desse nome?

eu simplesmente AMO o nome dela, gente, aiaiaiaiaiaaiaiaiai

o início do capítulo kkkjkjkjkj me perdoem, tem horas que a gente empaca mesmo e sai isso........... mas espero que vocês tenham gostado pelo menos um pouco né? eu amei a parte final, só sei disso

enfim, acho que o próximo capítulo não demora para sair, amém! até logo, galera szsz

beijos!

ps: SUPER CHEGOU A #3 EM MARVEL VOCÊS TÊM NOÇÃO DO QUANTO QUE EU BERREI? FRJWUFHWUHFURGFER OBG GENTEEEEEEEEEEEE

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