Gelatina e Prótons

By BiiStyles

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Pessoas boas também magoam as outras. Naomi é uma boa pessoa. More

Prólogo
Compras da semana
Um escorregador e a garrafa de vinho
É linda
Vestido ordinário
Hipótese

Precioso pudim

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By BiiStyles

OI OI! Estou postando os dois últimos capítulos de novo porque de acordo aqui com o meu wattpad esse do pudim estava só como rascunho e ele vem antes do próximo, me desculpe o transtorno, espero que entendam!

BOA LEITURA!!! <3 BEIJO

***

Parada com a bandeja na mão, meu olhar míope por detrás do óculos varria o refeitório na procura da mesa qual Brandon estaria sentado, no começo da semana todo mundo se rende ao refeitório - já que provavelmente grande parte gastou todo o dinheiro com farra no final de semana - e isso faz com que achar alguma mesa vazia seja complicado.

- Justo onde bate sol?- Praguejei baixo quando encontrei um braço acenando em minha direção, permitindo que encontre meu querido amigo numa das piores mesas.

- Desce lado bate menos - Vi o rapaz levantar encolhendo os ombros, e ceder o lugar onde estava.

- Era isso ou se juntar com a galera burguesa safada.

- Dom, você é burguês safado - Arqueei as sobrancelhas.

- Mas eu sou legal, aliás quem parece burguesa é você.

- Eu não tenho culpa se meu rosto odeia o sol e piora minha rosácea. Queria eu ser burguesa, não estar sofrendo porque o fim do mês chegou e tenho um total de vinte e três reais para sobreviver nos próximos dias.

- Por falar em salário, conseguiu conversar com o seu chefe?

- Não, no começo da semana ele sempre está estressado, sem contar que nem é certeza que vou conseguir a vaga.

- Você estuda feito louca pra isso desde que descobriu a possibilidade de trabalhar com a Senhorita Gosling no laboratório, e isso já vai fazer um ano - Me tranquilizou enquanto colocava seu pudim ao lado da minha bandeja - Que foi? To de dieta.

- Não sei... Ela é um ícone muito exigente, sem contar que fazer uma redação comentando aquele artigo de Desenvolvimento embrionário é uma responsabilidade gigante, tô parada no segundo parágrafo há quase um mês e o prazo é semana que vem.

Massageei minhas têmporas por míseros segundos enquanto mentalizava que iria dar tudo certo. Claramente, esse estágio remunerado com uma das minhas professoras preferidas, na minha área preferida, no meu laboratório preferido, seria um sonho, afinal, a maioria deles não são tão bem pagos e em certos casos, nem sequer remunerado, mas esse, além de bem remunerado abriria portas inimagináveis.

- Eu super boto fé que você vai pas...- Vejo o rapaz de cabelos alaranjados interromper o discurso motivador, e acompanhar com o olhar algo ou alguém, em seu campo de visão acima do meu ombro - Eita que seu ex ta olhando pra cá, mulher.

- Que ex?- Por um instante meu cérebro congela.

Em algum momento da vida eu lá sequer tive um namorado?

Por um impulso idiota virei meu corpo de lado para acompanhar a causa do absurdo que havia sido dito, encontrando Jiwon parado com a mochila pendurada nos ombros, a poucos metros de distância de nós. Meu peito pulou, puxei na memória o fim da noite anterior, e conclui que não tinha passado nenhuma vergonha muito grande no trajeto até a porta do meu prédio qual ele me acompanhou pós cartas na mesa e muito vinho.

O vejo acenar sorridente e então retribuo o gesto de longe, atônita, pedindo com todas as forças para que não viesse até nós, já que não havia comentado com Brandon sobre o ocorrido de ontem e estava tão perdida que não seria capaz de formular uma frase.

Felizmente, ele apenas sorriu e se juntou a uns caras do time de basquete, que inclusive, já vi tanto na república onde morava que meu estômago revira. Cruzar com Gabriel Duncan quase toda semana pelas manhãs, não é algo tão memorável quanto metade dessa universidade acredita que seria.

- Quando você falou ex eu juro que quase acreditei ter sofrido um acidente e perdido a memória - Soltei todo o ar que nem percebi estar segurando.

- Ex crush, ex peguete, ex contatinho...

- Quem é ex de quem?- Dante colocou a mochila no chão e então se juntou ao lado do ruivo.

- Sua namorada te abandonou e você resolveu lembrar que tem amigos? - Debochou Dom na primeira oportunidade, me fazendo rir.

- Deixa de ser otário, ela tá tirando xerox e já vem, e eu só sumi da quinta pra sexta, para de bancar o emocionado que a sentimental aqui é a Naomi.

- Não me coloca no meio dessa DR.

- Já tava toda tendo um treco vendo o Bobby, claro que é.

- Bobby? - Questionou o moreno.

- O ex dela.

- Não é ex.

- Aquele cara que ela teve um encontro, depois saiu correndo porque demonstrou interesse e no final acabou se sentindo culpada.

- Falei com ele.

- Por que não contou? Como foi? - Os cotovelos de Brandon apoiaram na mesa.

- Você não chorou né? - Questionou o recém chegado, quase certo da resposta.

- Não chorei - Disse orgulhosa e para surpresa de todos - Foi ontem, ele meio que ouviu uma parte da conversa minha no telefone, acabei aproveitando o sinal do universo e deu no que deu.

- Você deu?

- Que? Não! Só se for motivos pra virar piada.

- O nome do cara não era Jamie, Jonny, sei lá?

- Jiwon - Corrigi mais baixo do que já estávamos falando pra não correr o risco dele ouvir, mesmo que localizado muitas mesas longe de nós.

- Bobby é apelido - Concluiu Dom.

- São muitos Bobby's aqui, e acho que você nunca me mostrou de fato quem era esse.

- Não precisa ir muito longe pra ver, tá vendo aquele gatinho cheio de piercing com boné e moletom preto? - Enquanto o rapaz a minha frente apontava, eu só queria evaporar antes que fosse tarde demais.

- Aquele Bobby? - Assenti - O que era da liga de basquete no primeiro ano? Bobby Kim?

- Por que o choque, garoto?

- Você tá ligada que ele é a maior biscate do bairro né? - Instantâneamente o suco de laranja que eu bebericava juntamente com a informação súbita me fez engasgar.

- É o que? - Indaguei.

- Não tô surpreso.

- Caramba como você não sabe de uma informação dessas antes de ficar com alguém? Logo você, a dona do stalk.

- Gente?

- A amiga da Monise ficou com ele, depois esse cara sumiu e ela ficou toda sofrida, numa das conversas repletas de melancolia que fui obrigado a escutar, elas falaram um monte de coisa, porém não prestei atenção.

- Pergunta pra sua namorada como quem não quer nada, ela deve saber.

- Não, não quero que ela saiba - Comentei rápida e discreta, vendo a garota pontar no começo do refeitório.

- Ei, ela é confiável.

- Vocês namoram já vai fazer um ano mas ela mal fala com gente - Alego óbvia e ele parece compreender.

Conversa vai, conversa vem, o horário de pausa estava acabando mas passamos a nos perder no meio de assuntos aleatórios e nada de perguntas sobre a informação, qual Brandon claramente estava mais ansioso que eu para saber cada detalhe, esperando qualquer informação ser soltada pela moça.

- Amor, aquele Bobby Kim lá que saiu com a sua amiga, ele leva muita garota no papo? - Finalmente.

- Raramente o vemos com alguém, mas os boatos de que ele pega geral no sigilo e depois finge demência são grandes, por quê?

- É pro meu tcc - O sardento tomou frente, mas aparentemente Monise não entendeu a brincadeira.

- Gente preciso buscar meu jaleco que esqueci na sala, então já vou indo - Engulo o último pedaço do croissant às pressas, usando a verdade como desculpa para sair da mesa e surtar sozinha.

Após me despedir e receber olhares dos rapazes - que claramente imaginavam como minha cabeça estaria criando mais paranóias do que o imaginado - descartei o lixo da bandeja no latão mais próximo, e então segui apressada para meu destino.

Criando paranoias sim, levando bronca por entrar sem jaleco no laboratório jamais.

Na verdade, o sentimento não era bem de surto, estava apenas irritada, não pelo fato de saber que ele sai com muitas pessoas, se eu fosse menos traumatizada e mais sociável provavelmente aproveitaria para fazer o mesmo. O ponto é que enquanto eu me martirizava em pedir desculpas pelo que fiz, achando isso uma atitude lamentável, ele estava provavelmente agindo da mesma forma com outras pessoa, e tenho minhas dúvidas se chegou a sentir um sequer arrependimento por isso.

- Naomi! - Olho pra trás vendo Brandon apertar o passo em minha direção, com o pote de pudim na mão e a mochila lilás pendurada no ombro esquerdo.

- Meu precioso, como pude te esquecer?- Dramatizei em relação ao doce.

- Também estou chocado, como pode largar uma companhia ilustre como a minha bancando a tocha olímpica naquela mesa - A lágrima imaginária foi seca pelo dorso de sua mão - Ta brava né?

- Não - Me encarou - Um pouco.

- Claro que tá, o cheiro de morte até subiu.

- Segura, freia, olha o exagero - Resmunguei empurrando a porta da sala com as costas, já que minhas mãos estavam ocupada demais segurando aquele lindo pudim e abrindo o recipiente tentando não fazer lambança.

- O bad boy que não parecia bad boy mas na verdade é um pouco, nos tombou.

- Não to muito surpresa, homens o que tenho a ver só quero comer meu pudim em paz.

- Furiosa mas não surpresa, sua cara te entrega Nao - Alegou o mais baixo enquanto passava o indicador na lousa cheia de tópicos escritos na aula anterior.

- Eu não to furiosa, só acho que poderia ter evitado toda aquela conversa ontem, ele claramente não se dá o trabalho de fazer isso com cada garota que "fica e depois finge demência" sabe? Sem contar que eu estava lá toda dramática e ele no fundo devia estar rindo da minha cara e inflando o ego.

- Você pode estar tirando conclusões precipitadas, já parou pra ponderar a hipótese que nesse caso elas que foram as desesperadas da situação? E ainda mais, são só boatos, sabe como é, nem tudo que chega nos nossos ouvidos são a verdade por completa.

- Eu sei - Respondo pegando o jaleco, que se encontrava do mesmo jeito de quando o esqueci lá.

Espero não esquecer de respirar até o fim do dia.

- Você fez o que achou que era certo, ponto - Afirmou - E convenhamos que sumir pode até ser um vacilo, mas as pessoas fazem coisas bem piores, você se sentiu cruel porque não costuma se relacionar, mas é bem comum o outro cair fora quando a pessoa está querendo demais.

- Tá certo, já foi, todo mundo é grandinho e sabe onde se mete, sem contar que eu tenho mais com o que me preocupar - Dou mais uma colherada no pudim após enfiar o jaleco na bolsa, começando a caminhar em direção do bloco ao lado, para o último laboratório do dia.

- Mas você não acha esquisito ele ter ido pro refeitório hoje?

- A universidade toda vai pra lá de segunda - Acho.

- Ele tava é esperando você chamar ele pra sentar com a gente.

- Não viaja.

- Esse cara não me engana, tá afim sim.

- Sem tempo irmão.

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