O Garoto da Torre

By matt_escritor635

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Raul em breve fará 18 anos, e o máximo que ele conhece são as paredes frias de seu apartamento, sem quase nun... More

PRÓLOGO
Capítulo 01: O Garoto-da-Torre
Capítulo 02: Alguém na Colina-das-Libélulas
Capítulo 03: Cicatrizes que nunca Curam
Capítulo 04: Chamado para Ir Além
Capitulo 05: Segredos e mais Segredos
Capítulo 06: Bibidi-Bobidi
Capítulo 07: Feliz Aniversário!
Capítulo 8: Lembre-se de Quem Você É
Capítulo 10: Quando Tudo Desmorona
Capítulo 11: Mostre-me Quem Você É!
Capítulo 12: Vou Sair do Seu Espelho
Capítulo 13: Rumo ao Desconhecido
Capítulo 14: Sim, Capitã!
Capitulo 15: Todos a Bordo!
Capítulo 16: Pai VS Tutor
Capítulo 17: Novas Estrelas
Capítulo 18: Tudo como num Sonho
Capítulo 19: Agora ou Nunca
Capítulo 20: Fazer o que é Melhor

Capítulo 09: Mateus 6:28

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By matt_escritor635

Liam chegou em sua casa ás 2:00 da manhã. Ele tentou não fazer nenhum barulho, para não acordar seu pai. Mas ele falhou miseravelmente. Liam estava na ponta dos pés quando uma luz na sala de estar acendeu de repente.

- LÍRIO! LÍRIO DO CAMPO!!! – Esbravejou Walter, o diretor pedagógico do Colégio Leaf Clover.

“Essa não, tô ferrado. Ele só me chama assim quando eu faço besteira”, pensou ele.

- Pai, me desculpe, eu cheguei tarde, ok, mas o trânsito, ele estava...

- Você chegou muito tarde, eu sei, mas não é disso que eu quero falar. É sobre a sua postura ultimamente.

- Qual postura? Eu não fiz nada de mal.

- Nos últimos tempos eu não estou conseguindo te entender. Está muito inquieto nas aulas, ando vendo certas “anotações” nos seu material, uns desenhos estranhos de arco-íris no seu quarto, ouço você cantando aquelas músicas de “menininha” que eu já falei mais de mil vezes que não quero ouvir você cantando... – Liam ficou sem reação, dava para ver que ele sabia até onde seu pai estava querendo chegar.

- Quer dizer que agora o senhor anda mexendo nas minhas coisas pessoais? O que eu escrevo, desenho e canto aquilo que eu sinto, aquilo que sai do meu coração. Você poderia fazer parte disso, mas, já que você não se importa, então não se intrometa.

Walter perdeu a cabeça, deu um tapão no braço de Lírio pela resposta atravessada.

- NÃO ME RESPONDE MULEQUE!! – o garoto ficou com vontade de chorar, mas não se rendeu. Ele olhava, altivo, para o pai, com um brilho diferente no olhar – Mas a gota d’água foi hoje. Me contaram que você foi ao baile com um garoto. UM GAROTO! – Walter se exaltou.

Ele ficou confuso.

- E qual é o problema? Ninguém queria ir comigo.

- Não fosse no baile então! – exclamou.

- E fazer o quê, hein? Ficar enfurnado nessa casa, estudando para uma coisa que eu não gosto, ao invés de me divertir pelo menos uma noite? – Lírio disse, se afastando, dando as costas para o pai.

- Ia ser muito melhor do que isso. Já passou pela sua cabeça o que as pessoas vão pensar se virem meu filho junto com outro menino,como se fossem um casalzinho, o que o Comitê Escolar vai pensar?

- Então é por isso? O que vão pensar do senhor? Você só pensa em si mesmo.

- Você me decepcionou muito, garoto. Pensa bem no que você está fazendo, você não me conhece, eu posso te tirar tudo.

Ao ouvir essas palavras, Lírio resolveu agir por impulso. Olhando bem nos olhos de Walter, ele disse:

- Você está errado. Desde que a minha mãe morreu, eu te conheço melhor do que ninguém. Você pode enganar os outros, a mim não! Muito pelo contrário, quem não me conhece é o senhor, nunca se preocupou em me conhecer.

O pai ficou mudo. Ele ficou olhando enquanto Lírio ia para seu quarto, totalmente fora de si.

BLAM!!! A porta bateu atrás de Liam. O menino a trancou.

Seu quarto era a única parte da casa inteira que ele se sentia seguro e confortável para ser quem ele era de verdade. Ele se esparramou em sua cama, não pôde evitar de deixar uma lágrima cair.

Olhando para o céu estrelado pela janela do quarto, ele começou a falar consigo mesmo:

- Eu não pedi nada disso. Tudo o que eu quero é amar. Essa é a minha missão aqui, não é?

Lírio começou a andar pelo quarto. Suas paredes eram roxas e azuis, repletas de desenhos que ele fazia. Suas maiores paixões eram escrever, como Raúl, e desenhar. Ele desenhava de tudo. Desde personagens de seus programas favoritos, até sonhos que ele tinha.

Nas suas prateleiras haviam diversos livros, de quase todos os gêneros. O garoto era apaixonado pela literatura infanto-juvenil brasileira, sempre que saía um novo livro que ele gostasse no Brasil, ele comprava pela internet.

E lá estavam eles, em suas prateiras, fora seus bichinhos de pelúcia e outras coisas de quando era criança.

Ao caminhar pelo quarto, era como se os seus objetos o confortassem e o consolassem, fazendo ele ficar mais calmo. Quando chegou no movelzinho, do lado da cama, ele avistou uma Bíblia. A pegou, sentou na cama e a abriu bem numa pagina onde jazia uma foto, a foto dele e de sua mãe, de quando Liam era criança.

As lágrimas se intensificaram.

- Mamãe, por quê você teve que ir?

Abaixo da foto estava a passagem Mateus6:28, que fez com que ele lembrasse de um fim de semana em que a família viajou para sua casa de campo, no interior.

Era uma tarde ensolarada de sábado, estavam fazendo um piquenique numa campina de flores, nos arredores da propriedade. A mãe do pequeno Lírio o abraçou e disse para ele:

- Meu amor, sabe por quê seu nome é Lírio do Campo?

O filho de 8 anos respondeu que não.

- Olha para aquela flor, logo ali – Mirella apontou para o lírio mais próximo.

- Aquele é um lírio do campo. Uma flor linda, pura e inocente, assim como você. – Lírio sorriu para a mãe, mas também pôde ver o pai atrás deles, com os braços cruzados, dando uma bufada, com uma cara não amigável. - Na bíblia diz que os lírios são completamente dependentes de Deus, eles não se preocupam com as coisas desse mundo, pois Deus provê tudo para eles.

Lírio pôs-se a pensar. – Mamãe, eu sou dependente de Deus?

- Sim, meu anjo. Todos nós somos, ou, pelo menos, deveríamos ser – ela disse isso olhando para Walter - Ser dependente de Deus e do seu amor infinito é a melhor coisa do mundo. Quando você nasceu, e eu te vi pela primeira vez, percebi que você era igual a esse lírio. Do meu lado havia uma bíblia, aberta numa pagina que falava sobre eles. Assim, soube o nome perfeito para te dar: Lírio, Lírio do Campo – Mirella encheu Lírio de beijos, e os dois riram juntos.

Lírio, em geral, era muito esperto e curioso, por isso fez uma pergunta a mãe.

- Mamãe, Deus me ama infinito? 

Mirella ficou desconcertada e encantada ao mesmo tempo.

- Sim. Deus fez  por nós o que ninguém faria: sacrificou o próprio filho para nos salvar, para que a gente voltasse a morar com ele. Por isso, ele deixou para nós uma bússola para voltar para a nossa casa.

- Que bússola é essa, mamãe? – perguntou Lírio.

- Ela se chama Coração, meu amor. – contou Mirella, enquanto o sol se punha no horizonte – Aqui nós temos uma missão, um dever que Deus nos deu, que é amar. – Ela libertou o filho de seu abraço por um segundo e colocou a mão dentro da cesta de piquenique, de onde saiu um pequeno embrulho enfeitado com uma fita vermelha.

O pequeno de cabelos dourados lançou um olhar curioso e maravilhado ao mesmo tempo, depois olhou no fundo dos olhos de esmeralda de sua mãe.

- Isso é para que você se lembre de quem você é e qual o sua função. Meu amor, existe um mal neste mundo e nem sempre eu vou poder te proteger. – Lírio, ao ouvir isso ficou assustado, querendo chorar. – Não, não chore. Você vai conseguir. Nunca deixe ninguém calar a sua voz. Peça ajuda para o Coração e o Espírito Santo, eles vão te guiar.

- Por quê está dizendo isso mamãe? Você vai embora, vai me abandonar? – perguntou o menino com os olhos cheios d'água.

- Alguma hora todos iremos partir, meu anjo. Se eu tiver que ir, tenha certeza de que eu estarei do ladinho de Deus, lá no céu. Eu não vou te abandonar NUNCA. Estarei aqui dentro, junto com o seu amigo, o Coração – ela afagou o lado esquerdo do peito do filho - Lembre-se , você pode ser o que quiser, eu sempre terei orgulho de você, não importa onde eu esteja.

Lírio abraçou a mãe novamente, dessa vez mais forte e com lágrimas escorrendo pelo rosto.

- Você é único Lírio do Campo, consigo ver uma luz em você. Nunca deixe nada nem ninguém apagar essa luz. – concluiu Mirella.

O último raio de sol daquele dia estava passando. A mãe de Lírio pegou o embrulho e o abriu.

Os olhos do menino se arregalaram em encantamento.

Era uma linda jóia. Um Lírio de Cristal. O garoto o pegou e o Lírio de Cristal começou a brilhar quando o raio de sol passou por ele.

- Te amo infinito mamãe! – afirmou Lírio, cheio de pureza.

- Também te amo infinito, meu anjo. – Mirella então começou a cantar uma música de ninar, com Lírio em seu colo e, no colo dele, o Lírio de Cristal. Enquanto ela cantava, conseguia sentir o cheiro das flores daquela campina, isso lhe trazia paz.

Ao ver que o filho adormecera, Mirella o levou de volta para o seu quarto. Walter seguia logo atrás, com a cara fechada.

   *    *    *    *    *    *    *    *

A recordação daquele dia fez Lírio se sentir melhor, ele o levaria para o resto da vida.

Então o menino teve um estalo. Deu uma última olhada na foto de sua mãe e na que tirou com Raúl no baile. Uma ideia surgiu em sua mente.

- Minha vida começa agora!




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