Capítulo 3
Novamente em Teraki, todos os Deuses esperando o horário para descer em Harmonia. Aquele dia era especial, Klenthe tinha criado um feriado, onde se comemorava o início da primavera, e também era coroada a rainha das flores fadas e também a rainha de Harmonia.
Roattam eram flores comuns, eram lírios com as flores roxas e o talo preto, a rainha da tribo usava uma rosa como cajado.
O festival da primavera era a única coisa boa que estava acontecendo por ali, porque os Deuses acharam que Klenthe tinha tomado uma decisão ridícula. Nomeou Boul como Deus, simplesmente pelo garoto ser sábio.
Isso estava abalando os outros Deuses porque achavam que não era uma decisão sábia da parte de Klenthe, por outro lado Boul estava supercontente com o seu novo cargo naquele lugar.
Kelpwi odiava Boul, achava que tinha algo muito estranho com ele. Mas talvez era porque antes da chegada de Boul, Kelpwi era o favorito de Klenthe, e agora Boul “roubou” seu lugar.
-Deuses aqui presentes, precisamos dar a benção a nova rainha dos Roattam, e também a primeira. Ela governará Harmonia e a tribo por seiscentos anos, por isso precisamos dar a benção para que ela governe o lugar com sabedoria. Peço para que vocês retirem suas gemas e coloquem dentro do lendário Vaso Cinzento, para que logo após a visita em Harmonia podemos dar a benção. – Falava Klenthe.
Kelpwi olhou de relance para Boul, e o mesmo retribuiu o olhar. Rapidamente Kelpwi se virou para Klenthe e disse:
-Klenthe? Você vai deixar itens tão poderosos aqui? Faz uma semana que você transformou humanos em Semideuses e isso pode ser uma simples destruição de Kandeah se um dos seus servos entrarem aqui e pegarem o Vaso Cinzento.
-Calma meu bom homem, já preparei tudo, deixaremos você aqui cuidando do Vaso Cinzento enquanto vamos ver se está tudo preparado para a realização do festival. Logo após voltamos aqui e te levamos até o festival para dar a benção.
Kelpwi ficou furioso com a notícia, como assim eles iam deixá-lo ali sozinho com as gemas? Ele também queria ver o festival, mas tudo bem, pelo menos assim ele teria certeza de que ninguém pegaria as gemas para fazer nada de errado.
VISÃO DE KLENTHE
Klenthe, Livy, Lefel, Boul e Kenni passaram pelos longos corredores de Teraki, todas as paredes eram brilhantes e perfeitamente retas. Vários anjos e curandeiros passavam de um corredor para o outro fazendo suas missões. Alguns trabalhavam na cozinha, um lugar enorme com fornos e ingredientes frescos, não existia lugar melhor para comer. Alguns ficavam na biblioteca, lendo os livros mais difíceis e até macabros que rodeavam outros planetas do Evren. Alguns não faziam nada, só passavam de um lado para o outros para verificar se estava tudo correndo bem.
Klenthe e os Deuses finalmente chegaram até os portões enormes que guardavam a entrada do templo.
-Olá senhor, ótimo dia! – Disse um dos guardas e depois fez uma profunda reverência.
-Ótimo dia para você também. Fique de olho em quem entra e em quem sai por favor, esse dia é importantíssimo e não quero nada dando errado. – Respondeu Klenthe.
Eles saíram do templo, e pularam em direção a Harmonia, voando até o meio da floresta, onde aconteceria o festival. A floresta estava toda decorada com faixas douradas, e várias pessoas alegres estavam por aquele lugar.
Passando por altas árvores e animais de várias espécies eles chegaram num palco enorme, onde seria a coroação da rainha. O palco estava com várias cadeiras para as pessoas se sentarem, e dois homens estavam guardando a entrada.
-Meu senhor. – Disse um dos homens. – A rainha se encontra na parte interior do palco. – E então o homem deixou Klenthe passar.
-Klenthe você precisa me ouvir, realmente tem algo muito errado com o Kelpwi, e você ainda deixou o Vaso Cinzento lá, com ele. Não percebe que isso pode ser muito perigoso para nós? – Alertava Boul.
-Vamos deixar esse assunto para outra hora, eu mesmo criei Kelpwi, ele não me trairia dessa forma, lhe garanto. – Respondeu Klenthe.
Boul iria falar outra coisa, mas Klenthe levantou a mão em sinal para ele parar de falar. Eles estavam procurando a rainha, que provavelmente se encontrava mais atrás do palco. Passaram por paredes todas decoradas com vinhas verdes, rosas brancas e lírios. Estavam quase chegando ao encontro da rainha quando um homem saiu de trás de uma das portas que estava tão decorada que nem dava para dizer que aquilo era uma porta.
-Klenthe, que honra recebe-lo aqui antes do festival. Preciso dar uma palavrinha com o Senhor Boul, me permite Klenthe?
Klenthe olhou para ele por uns instantes. O que um homem magro e com roupa de guarda queria com Boul?
-Se for da vontade de Boul ir, quem sou eu para impedir? – Respondeu Klenthe.
-Com licença senhor, vou ver o que é. – Avisou Boul.
Klenthe, Livy, Lefel e Kenni seguiram caminho, até que a última porta estava escrita: Tyna, a Primeira Rainha da Tribo Roattam.
Klenthe então se aproximou da porta e bateu. Escutou um barulho rápido e baixo, como se alguém estivesse se escondendo. E então a porta abriu. Lá estava ela, Tyna. Um Lírio com Pétalas roxas e um talo branco, onde ficava o rosto de Tyna, uma pequena rosa branca estava em sua mão, provavelmente aquela era sua Telum.
-Klenthe! Entre por favor! Livy, Lefel e Kenni, por favor entrem também. Onde está Kelpwi? – Sua voz era fina e irritante, e um pouco fofa também.
-Perdoe-nos Tyna, Kelpwi está organizando umas coisas que eu pedi em Teraki, então ele não pode vir. – Explicou Klenthe.
-Tudo bem, o senhor deseja algo ou só veio ver se eu estava preparada? – Questionou Tyna.
-Vim te instruir como vai funcionar a entra... – Klenthe estava falando, até que Boul veio correndo e gritou.
-KLENTHE! KELPWI ROUBOU O VASO CINZENTO E ESTÁ INDO EM DIREÇÃO A MERICAR!
Klenthe olhou com espanto e dúvida para Boul, e então todos saíram correndo para ver o que estava acontecendo.
VISÃO DE KELPWI
Sentado em seu trono estava Kelpwi, olhando para o Vaso Cinzento, dúvidas sobre o porque de Klenthe e Mericar terem brigado estavam preenchendo sua cabeça. Ele queria ver o que estava acontecendo no teatro, mas não poderia deixar o Vaso ali sozinho, com certeza na primeira oportunidade alguém pegaria.
Kelpwi estava deprimido, o que levava Klenthe a não deixar ele ver o preparativo do festival? Mas também isso não importava, Kelpwi estava quase chorando como uma criança.
Mas como não tinha nada para Kelpwi fazer, porque ele não daria uma espiadinha nas gemas dos colegas? Afinal olhar não faz mal a ninguém.
Kelpwi pegou aquele vaso de barro cheio de gravuras e virou as gemas em cima da mesa. Olhou cada uma com uma felicidade imensa. E novamente ele se perguntou, por que Mericar e Klenthe brigaram? E se na verdade Mericar for o bom da história e Klenthe ter armado tudo para ganhar fama de herói? Isso não fazia sentido, para de pensar nisso Kelpwi!
Mas seus pensamentos não se afastavam, ele olhou novamente para as gemas, pegou uma por uma e colocou de volta no vaso, depois o tampou. Será que aquelas gemas eram um tipo de tentação com a pessoa?
Kelpwi sentiu uma dor de cabeça muito forte, ele então pegou o seu tridente que estava encostado em seu trono e apontou para o vaso, e então lançou uma proteção de água nele.
-Agora ninguém pode fazer mal a você meu bebê! – Falou Kelpwi com um sorriso doentio na face. – Irei levar ao meu senhor o que lhe pertence!
Kelpwi então pegou o Vaso Cinzento e o seu cajado e saiu voando em direção a porta de saída de Teraki, os guardas vendo a movimentação estranha fizeram sinal para Kelpwi parar, mas ele simplesmente causou uma inundação em Teraki com seu tridente, fazendo todos serem arrastados para longe dele.
Os portões de Teraki então se abriram e Kelpwi saiu voando em direção ao espaço. Kelpwi estava quase saindo da proteção de Klenthe quando algo agarrou suas costas, Kelpwi sentiu seu sangue sendo derramado, aquilo que agarrou Kelpwi o lançou em direção a Teraki novamente. Quando Kelpwi estava caindo ele viu Livy e Lefel. Provavelmente as garras de Livy tinham penetrado em sua pele fazendo ele derramar aquele sangue. Kelpwi sentiu sua pele quebrando algo, e então desmaiou.
-A ilha já está pronta para a chegada do novo morador senhor, mas você sabe o que fica embaixo dela, não é meio perigoso? – Uma voz dizia.
Kelpwi então abriu os olhos e viu Kenni conversando com Klenthe.
-Kl-Klenthe? O que aco-aconteceu aqui? Porque eu estou preso? – Perguntou Kelpwi.
-Olha só quem acordou! Não se faça de idiota Kelpwi, você tentou destruir Kandeah junto com meu irmão! – Gritou Klenthe. – Mas não se preocupe, você não vai ser morto, você vai ter um destino pior que a morte! Você vai viver condenado em uma ilha, e não vai ficar com essa aparência bela não, você vai virar um monstro! Espero que goste de sua nova moradia Kelpwi!
Kelpwi lembrava do que aconteceu, mas sentia que aquilo estava sendo um mal-entendido. Mas Kelpwi não teve tempo de falar nada, Klenthe lançou um raio em Kelpwi, fazendo ele virar uma espécie de dragão de água e logo após Kelpwi estava em uma ilha bela com matas verdes e árvores grandes, Kelpwi achou que estava em Harmonia.
Mas aquele lugar era Chenoglia, a ilha mais mal-assombrada que existira em Kandeah, por um motivo, por causa do lugar em que ela tinha sido construída.
-Senhor, vejo que esse dia está sendo triste para você, realmente desejas ir ao festival? Não quer adiar? – Perguntou Lefel.
-Quero ir sim Lefel, eu fiz um presente por Livy ter conseguido alcançar Kelpwi a tempo, quero entregar no festival. Já está tudo pronto? – Questionou Klenthe.
-Sim senhor. Só falta o senhor dar a ordem.
-Então vamos, tenho que começar o festival.
Klenthe e Lefel então foram ao palco que estiveram mais cedo, e Klenthe assumiu o microfone.
-Caros humanos, animais e principalmente os Roattam que estão aqui hoje! É com muita honra que vim aqui hoje, coroar a primeira rainha de Harmonia e também a primeira rainha dos Roattam. Tyna! –
Tyna então saiu de trás das cortinas do palco, estava realmente muito contente, cumprimentou Klenthe e então assumiu o microfone.
-Nós Roattam, viemos de Ukufez, porém percebemos que aquele não era o nosso lugar, Ukufez tinha pouca floresta, e mais construção. Quando Klenthe falou para mim que se quiséssemos poderíamos nos mudar para cá, eu fiquei em dúvida. Será que realmente aquilo era uma boa proposta? Será que nossa tribo será valorizada? E então Klenthe me mostrou o lugar onde ficaríamos, um lugar enorme e cheio de árvores! Várias florestas dentro de uma floresta enorme! Isso me encheu de alegria, e então nossa antiga rainha aceitou vir para cá, mas ela estaria renunciando ao cargo de Rainha, e me deixaria no comando. E agora aqui estou, em frente a vocês, tomando coragem para dizer que eu vou governar bem essa tribo, e não deixar que nada de ruim aconteça com nossa tribo!
Várias pessoas bateram palmas, e gritaram o nome de Tyna, e então Klenthe disse.
-Eu, criador de Kandeah e o Deus principal desse lugar, nomeio você, Tyna como rainha de Harmonia e rainha dos Roattam!
E então Klenthe colocou uma pequena coroa em Tyna, e também um anel.
-Antes de o festival iniciar, quero que outra pessoa seja coroada. Como as notícias correm rápidas, provavelmente muitos daqui sabem que Kelpwi, o Deus das águas infelizmente tentou nos trair, e então foi banido para uma ilha. Se Livy não tivesse pegado Kelpwi a tempo, não sei o que seria desse lugar. Por isso eu quero coroar Livy como a Guardiã de Kandeah. Por ter nos salvado. Por favor Livy venha aqui! – Pediu Klenthe.
Livy então subiu ao palco e agradeceu, uma coroa com gemas iguais as dos Deuses lhe foi entregue. Ela colocou na cabeça e então Klenthe anunciou o inicio do festival da primavera.
Seiscentos Anos Depois...