~Megan~
Pensei que a minha mente estivesse me pregando uma peça quando senti o seu cheiro. Mas é realmente ele, de carne e osso. E algo em mim racha quando ele riu pela primeira vez.
Mesmo na defensiva, permito-me descobrir o que ele vai fazer. Ele pode fazer de um tudo para me fazer voltar, mas sei que não vai me machucar para isso. Seus modos comigo estão bem mais controlados.
Quebrou de um jeito que deixei ficar abalada quando ele disse que queria vir comigo. Ele estava exalando um sentimento, que me faz querer confiar.
— Não faça isso Megan. Você pode não querer retribuir, mas eu te amo. E quero te ajudar a realizar seja lá o que está planejando. Quero estar ao seu lado — e ali eu quebro.
Nesse momento eu lembro como é a sensação do coração quase parar e querer sair do peito.
— Adam eu... — inferno, posso pensar nas consequências disso depois. — Pois venha.
— Não vou te decepcionar! — ele abre um sorriso.
— Pode ir tirando essa expressão do seu rosto... Se você tentar qualquer coisa, não vai ter sent... História entre nós dois que vai te salvar das consequências. Estou sendo clara?
— Translúcida. Confie em mim.
— Tentarei — sou sincera.
— Isso é muito mais do que eu posso pedir Megan. Obrigado.
— Mesmo que eu tenha concordado com isso agora, você não espera que eu já saia abrindo a boca e falando tudo o que eu planejo, não é mesmo?
— Claro. Assim como você também já imagina que eu não vou contar o que estava fazendo com a sua avó e o Martin, correto? Quais são os planos deles...
— Sei bem.
— Não é só por que eu resolvi te ajudar, que eu vou trair a confiança deles dizendo o que eles estão planejando.
— Isso não é do seu feitio Adam... Trair a confiança de alguém... Você não faria isso — digo com plena convicção.
— Posso estar ao seu lado, mas não colocarei eles em perigo.
— Você realmente acha que eu ofereço perigo a eles? — pergunto, magoada.
Claro que as minhas ações podem apontar para essas ações, até mesmo algumas palavras mais duras que eu proferi, mas eram só isso, palavras. Não os machucaria nem numa situação extrema. Nunca admitiria isso, mas me machucou ele insinuar.
— Talvez não você aqui, de carne e osso. Mas o que você representa, o que você luta... Isso já é uma outra história e pode ir muito além do que você espera.
— Certo...
— Não falei isso para que você ficasse triste ou então perturbada com alguma coisa. Eu só quero que você entenda também o meu lado. Você pode tomar uma atitude que não nos influencia diretamente, mas tudo tem consequências, e essas, por mais que você tenha cuidado, poder e influência, não podemos controlar.
— Eu entendi Adam.
— Desculpe.. — ele parece um pouco arrependido de ter ido por esse lado da conversa.
E claro que vejo a razão no que ele fala. Não sou estúpida ou tão focada no objetivo a ponto de deixar pra lá essas coisas importantes.
— Tudo bem Adam. Preciso voltar para o acampamento que estou ficando. Você não se importa se eu verificar se não há nada em você, certo?
— Fique à vontade... — ele abre os braços e me permite essa avaliação.
Merda! Deveria ter pensado nisso melhor. Claro que eu tenho que conferir o seu corpo, não poderia permitir dar a informação de onde estou para as outras pessoas, mas esqueci como isso é uma coisa um tanto quanto íntima.
Um tanto quanto não, é bastante íntima quando você tem lembranças dos traços e músculos desse corpo.
Espero que os meus dedos não estejam muito incertos enquanto verifico que ele não tem nenhum dispositivo ou algo que possa ser considerado suspeito. Espero que eu não tenha demorado demais, nem ter mostrado a saudade que bateu.
— É, aparentemente você está limpo — ele apenas me dá um sorriso de resposta. De repente eu vejo um dos soldados se aproximando de mim, e antes que ele me alcance, me viro para o Adam. — Volto num minuto.
— Tome o tempo que precisar.
O homem parece preocupado, e impeço que ele fale até que estamos numa distância segura dos ouvidos atentos do Adam.
— Diga — peço.
— Temos novidades dos planos do Tobias...
— E então?
— Houve uma pequena movimentação dele para cá, mas de algum modo, ele só se aproximou suficiente para reforçar alguns pontos da barreira, então vai demorar alguns dias a mais para conseguirmos trazer perigo, ou colocar o nosso plano em ação.
— Como é que ele se aproxima o suficiente para reforçar a magia de uma barreira e não conseguimos ter contato com ele?
— Não sabemos ao certo como ele conseguiu. Tobias é um dominador inteligente, tem muitos recursos à sua disposição.
— Sei bem disso, mas eu gosto de pensar que também podemos ser inteligentes a ponto de colocar ele contra a parede.
— E nós vamos fazer isso... Mas como disse, vamos nos reagrupar e começar a trazer os danos à barreira, melhor uma pessoa de sua importância não ficar por aqui dando sopa para o azar e ser encontrada, ou até pior, capturada. Melhor retornar ao acampamento. Vai ser apenas uma questão de dias até que tudo volte ao planejado.
— Você tem tanta pouca fé assim na minha força soldado? — pergunto um pouco irritada.
— Não é isso unsereKönigin, mas é que você é o nosso ponto principal, você é que nos dá a esperança de seguir em frente, nem quero pensar no problema que vamos enfrentar, caso aconteça alguma coisa com você antes de um momento crucial. Não podemos correr o risco. Moe aconselhou que você voltasse.
— Antes do momento crucial? Vocês pretendem fazer alguma coisa quando chegar um determinado momento?
Sinto um frio percorrer minha espinha.
— Lógico que não! Unsere Königin, nós queremos que você nos guie com toda a sua sabedoria... Mas você sabe como um exército precisa de alguém com fibra por trás, nós ficaríamos sem rumo sem a sua liderança.
Com toda a certeza não consigo engolir facilmente essa desculpinha. Posso não ter percebido na hora o que estava acontecendo, mas agora que a possibilidade foi apresentada, não dá pra ignorar.
Não vou mudar o meu comportamento, não vou mudar nada, mas vou ficar ainda mais atenta as coisas que acontecem ao meu redor.
Estava quase baixando a minha guarda completamente perto deles, mas agora vai ter que voltar todos os cuidados. Coisas assim me lembram que todo cuidado é pouco quando lidamos com o controle de poder. Nunca se sabe de onde o golpe virá.
Já deveria ter aprendido a lição, mas ainda sim continuo a acreditar.
— E como vocês podem garantir que não vai haver uma nova aproximação do Tobias para fortificar novamente a barreira. Uma aproximação que ninguém sabe de onde veio...? — pergunto querendo mudar um pouco de assunto.
— A informação de alguma maneira chegou nele, e quando chegamos aqui hoje, ele já tinha feito o serviço dele.... Mas agora vamos estar prep...
— Isso é grave soldado. Temos um informante entre nós? — o interrompo.
— A-ainda estamos apurando os fatos.
— Essa apuração tem que ser prioridade, quase maior do que reagrupar para tomarmos de conta da barreira. Não podemos deixar nossos planos vazarem assim com tanta facilidade...
— Sei bem disso... Mas aquele ali não é o... — ele aponta para o lugar onde o Adam estava.
— Consigo confiar mais naquela pessoa que você está ali do que em você nesse momento, então não queira me testar...
— Claro... Desculpe-me, falei o que não devia.
— Pouco me importa isso agora. O que eu quero é que vocês arrumem tudo e me encontrem a pessoa que deu com a língua com os dentes. O mais rápido possível...
— Já estamos trabalhando nisso. E quanto a barreira, vamos montar uma vigilância maior. Nada e nem ninguém vai se aproximar da barreira sem que saibamos.
— Espero que isso seja efetivo. E assim que tiver qualquer novidade, espero ser informada. Não importa o horário, nem a localidade.
— Sem problemas. E posso dizer que voltará? Para o Moe, quero dizer.
— Voltarei. Mas pode deixar que eu me viro com isso. Agora vá soldado! — peço e depois de assentir, o homem sai em disparada de onde tinha saído.
Solto um suspiro forte. Quando volto a me aproximar do Adam, ele ainda está no mesmo lugar que pedi. Ele estava sentado no chão, brincando com uma chama entre os dedos, de cabeça baixa, pensei que ele estivesse distraído, mas ainda faltam alguns passos para que ele possa me ver com a visão periférica, quando ele diz.
— Você voltou — apenas anuncia.
— É — seu rosto ergue e vejo quando ele me analisa com o olhar. Não é uma analisada para me deixar envergonhada, ou algo parecido.
— Você não está bem — ele afirma e fico impressionada como ele ainda consegue me ler com essa facilidade.
— Não — já que ele percebeu, não tem motivo para negar.
— Quer falar sobre? — ele pergunta, e percebo que ele está cheio de curiosidade, mas o conheço para saber que se eu negar, ele vai respeitar minha decisão.
— Sim — só que no momento eu estou precisando tirar algumas coisas do peito. Sento ao lado dele e começo a brincar com a grama entre os meus dedos. — Por onde eu começo?
— Por onde for mais fácil.
— Parece que cada passo que dou, o alvo que está nas minhas costas aumenta. Consideravelmente. A confiança está cada vez mais escassa e onde eu a coloco pode ser o ponto decisivo.
— Confiança não deve ser colocada ou depositada Meg, ela deve ser conquistada.
— Mas não há tempo de conquistar. E acho que isso vale mais em casos de confiança perdida... Você não consegue confiar pelo menos em si mesma? Nos seus instintos?
— Olha onde os meus instintos me levaram Adam. Sinceramente não sei se é uma boa ideia... Veja a Sarah, por exemplo.
— Só acho que ela é mais exceção do que regra. Não dá pra deixar pra lá?
— Tarde demais para isso. O que aconteceu entre nós duas foi grande demais para ser descartado assim.
— Desculpe, eu que me expressei mal. Não quero que você descarte. Gostaria apenas que você não deixasse isso te definir. São coisas diferentes.
— Mais fácil falar do que fazer.
— E nem tenho dúvidas disso Megan. Mas se tem uma pessoa que sei que pode conseguir isso é você.
Essa conversa não está sendo saudável para o meu coração. Ele já bate tão descontrolado apenas por estar ao lado dele, e então quando começa a falar essas coisas, falta bater fora do peito. Melhor me mover.
— Está na hora de irmos — digo, ficando de pé.
— Para onde vamos?
— No momento tenho que voltar para o acampamento, alguns pequenos ajustes precisam ser feitos.
— Tudo bem — ele então rasga um pedaço da manga da sua camisa e joga na minha direção.
— Para quê isso? — pergunto pegando o tecido no ar.
— Ué, você disse que não ia me dizer com facilidade onde você ficava, então achei que você fosse querer me vendar ou algo assim. Então só forneci o material.
— Não precisava fazer isso. Estragou a sua camisa... — digo. Ele apenas dá de ombros.
Testo o tecido nos meus olhos, e vai servir bem para o propósito. Então o vendo.
— Por favor, não leve para o lado pessoal... Mas só isso não dá — digo enquanto o envolvo com um círculo de terra.
— Seria estranho se você não fizesse isso... — escuto Adam dizer lá de dentro.
Ele não faz nenhum movimento para se libertar, e apenas aceita ser carregado. Tenho o cuidado de girar o Adam algumas vezes, para matar o seu senso de direção, e mesmo que ele esteja prestando atenção no caminho, não consiga fazer muita coisa, mas se bem que isso nem é necessário, já que passo por algumas fendas, não tem como ele saber.
Ao chegar perto do acampamento, verifico se não estou sendo seguida e só quando percebo que estou sozinha é que entro. O acampamento está bem vazio, então nem demoro muito até chegar o meu quarto, e ninguém nem me pergunta sobre a esfera de terra que estou carregando.
Ao entrar no quarto, passo a chave e só então liberto o Adam. Ele senta no chão e depois que eu passo alguns segundos sem falar nada.
— Chegamos? — ele nem se mexe.
— Sim.
— Posso tirar a venda? — ele pergunta com a mão em cima do pedaço de tecido.
— Só um momento.
Não deveria, mas quero passar mais alguns momentos absorvendo a sua figura. Ele é tão bonito. Pelo seu corpo vem as marcas e músculos que o deixam ainda mais irresistível.
Não deveria, mas comecei a sentir um peso sair dos meus ombros. De como a decisão que tomei veio com um alívio que quase não dá pra ser descrito em palavras, vem embutida com uma alegria que me faz sorrir sem motivo.
Não deveria, mas estou animada com a ajuda do Adam. Eu posso ter o exército, conhecer e ter o respeito das pessoas que me seguem, mas nada disso se compara ao sentimento de ter uma pessoa que eu conheço e que me conhece perto de mim.
É quase que como se eu tivesse a certeza que se eu tiver o Adam ao meu lado, eu posso enfrentar o Tobias, posso enfrentar até mesmo Nihal.
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Esse capítulo não aconteceu tanta coisa assim, mas temos pequenos pedaços de informação bem interessantes, não acham?
Estou animada por estar conseguindo estar produzindo o livro! Sério gente, vocês nem imaginam como me alivia escrever parágrafos e mais parágrafos dessa história. Está um pouco complicado, já que estou escrevendo uns eventos que vão acontecer mais lá pra frente, mas enfim, quando eu escrever os capítulos de conexão, as coisas vão andar mais rápido (espero).
Os personagens sempre ficam implicando comigo, juro que até já sonhei com eles, e o assunto dos sonhos é sempre o mesmo: quando é que vai sair capítulo novo pra continuarmos vivendo? E como eu quero que eles contem a história! Sei que peço isso sempre, mas paciência leitores, vamos conseguir.
Já consigo até ver uma luz no fim do túnel (já que estamos mais ou menos no meio da história). Segurem na minha mão, e seguimos firmes!
Então até a próxima atualização ♥