~Megan~
Não preciso mais mentir pra mim o motivo de não conseguir machucar o Adam.
Esse sentimento aquece meu coração, mas não preciso disso agora. Vou cumprir o meu objetivo e isso dentro de mim é um empecilho.
Quer dizer, não tanto, mas com certeza é um peso que faz ficar mais difícil alcançar a reta final.
Estou de volta, com os prisioneiros e tenho a certeza que não fomos seguidos. Indico para onde as pessoas devem ir que precisam de cuidados médicos, os que estão procurando entes queridos, e para onde ir para descansar.
Não tenho ferimentos graves, então resolvo eu mesma cuidar disso. Ficam para depois os relatórios da invasão. Entro no quarto que designaram para mim e mergulho em água, me recuperando lentamente.
A minha mente vagueia pelo o nada e é bom não ter o peso de uma nação nas minhas costas. A água sempre me ajudou a relaxar e sempre me faz com que me sinta em casa, então é bom saber que mesmo com as diversas mudanças que sei que passei, ainda tenho essa parte de mim ainda bem fixa e forte.
Estou enrolada com uma grande toalha quando batem na minha porta.
— Entre.
Moe entra ali sem cerimônia e vai logo se sentando na beirada da cama. Ele nem parece se alterar por estar me vendo de uma forma mais íntima. E se ele não se importa, eu muito menos.
— Bom ver que você voltou bem. Você teve sucesso.
— Claro. Conseguimos muitos simpatizantes com a causa. Pequenos contratempos, mas nada que não pudéssemos superar — separo uma roupa limpa.
— Quem era o rapaz que você ficou para trás para conversar?
— Como voc... — nem completo a frase. Claro que eu sabia que ele tinha olhos próximos a mim o tempo todo. Sem sombra de dúvidas ele saberia da minha conversa com ele. Pego a roupa e aperto contra o corpo.
— Então...?
— Adam Krauss, filho do governador do fogo — nem tinha sentido mentir. Moe perguntou do rapaz, mas de um jeito que me fez penar que ele já sabia quem era. Se isso fosse um teste, queria passar.
— Ah sim, o garoto Krauss... Amigo poderoso que você tem jovem Königin.
— É, acho que podemos dizer isso... — não preciso falar sobre a natureza do meu relacionamento com o Adam, principalmente agora. Só que eu também não duvido que ele também tenha conhecimento sobre a minha história com ele.
— Hmmm... Trouxe notícias para você.
— Diga.
— Ouvimos certas coisas que estão nos preocupando. Mesmo ainda não tendo como confirmar o que escutamos, ainda sim, é um fato que não pode ser ignorado.
— Então me dê um minuto — não queria receber uma notícia dessa enrolada numa toalha, então volto ao banheiro e me visto. Uso esse tempo para tentar acalmar a minha respiração que parece prever que algo de muito errado está acontecendo.
Ao sair do banheiro, Moe ainda está na mesma posição.
— Então, o que é? — sento num pequeno banco e começo a calçar as minhas botas.
— Não tem uma maneira fácil de dizer isso. Mas sabe as barreiras que estão sendo supostamente destruídas por uma "força maior", mas na verdade é o Tobias?
— Sim — esse supostamente fez os pelos da minha nuca se arrepiarem.
— Ele não as está destruindo.
— Como assim? Eu mesmo senti o impacto da queda delas pelo o meu corpo, elas foram destruídas!
— Sinto lhe informar, mas ao que parece não. Os dominadores da província sentem a devastação da barreira por seus corpos quando ela é derrubada, pois as barreiras são quase como fontes de magia.
— Isso eu já sabia.
— A quantidade de energia que emana de uma barreira é muito grande. Essa energia é alimentada com o poder de todos os dominadores.
— Certo. Então faria mais sentido que o Tobias destruísse as barreiras mesmo, assim o poder não seria mais sugado... Mas se esse não é o caso, o que acontece?
— Você tem um bom pensamento Königin, mas o que ele acabou descobrindo, foi a quantidade devastadora de energia que a barreira libera quando é destruída. Imagine você a quantidade de poder acumulado dentro de cada barreira ao longo da história de Nihal, de todos os dominadores que já existiram...
— É uma quantidade de poder absurda! — meu coração aperta. Se o que eu estava pensando no momento for a verdade...
— Acho que você começou a entender aonde eu quero chegar com isso...
— Tobias conseguiu um modo de armazenar essa energia, correto?
— Sim.
Nem quero começar a pensar no que ele pode fazer com uma quantidade de poder maior do que ele já tem. Quando eu o enfrentei na província do fogo... Ah minha nossa!
— Se isso for verdade mesmo, só temos uma coisa que podemos fazer... — digo determinada.
— Também só consigo pensar em uma solução...
— Destruir as barreiras antes dele.
— Proteger as barreiras — Moe fala ao mesmo tempo. — Não! Se ele quer destruir as barreiras para obter o seu poder, por qual motivo vamos fazer isso por ele e o poupar do trabalho?
— Se as quedas das barreiras têm um fator em comum, é a presença do Tobias no local... Não posso pensar nisso em uma mera coincidência. Se as destruirmos antes, vamos retirar esse trunfo dele.
— Mas isso são apenas suposições!
— Tudo o que fazemos é apenas em base de rumores e suposições! Não temos como perguntar isso diretamente a alguém!
— Mas é sobre um poder absurdo que estamos falando! Nihal toda pode ficar à mercê de um governador desequilibrado se dermos um passo errado! Não teremos poder suficiente para enfrentá-lo se ele tiver todas as barreiras!
— E que tal se tirarmos a prova?
— Como pretende fazer isso?
— Simples, usamos uma das barreiras como isca.
— Vamos derrubar uma barreira apenas para tirar uma dúvida? — ele me olha como se eu estivesse louca.
— Não me olhe assim! Apenas me ouça... Vamos organizar as nossas forças em na barreira do ar. Vamos enfraquecer o local e deixar na iminência d e uma possível queda... E então esperamos.
— Apenas esperamos?
— Sim! Caso o Tobias apareça por lá, teremos uma confirmação que ele precisa estar presente para a absorção do poder, e como vamos estar organizados, podemos até mesmo ter a chance de capturá-lo. E se ele não vier, vamos assumir que ele não precisa estar perto para obter o poder, e então cancelamos o ataque e damos um jeito de proteger e restaurar o local...
— É muito arriscado! Se ele aparecer e conseguir neutralizar o nosso exército?
— Veja bem, um plano dessa magnitude com certeza não vai chamar a atenção apenas do exército do Tobias. Com certeza a minha família vai intervir.
— E você tem certeza que eles ficarão do nosso lado?
Eu sabia que eles não iriam me machucar. Isso é certo, mas agora que eles vão ajudar no meu objetivo, é um caso completamente diferente. Caso o Tobias apareça, sei que eles não vão deixar as coisas saírem de controle, eles vão impedir seja lá que ele queira fazer.
— Eles não deixarão a barreira cair. Sei que posso contar com eles para isso — digo cheia de convicção.
— E você falou a província do ar. Por que ela?
— Tem que ter um apelo para ele. Mesmo sumido, o Tobias ainda é o governador do ar. Esse é um dos domínios dele. A sua terra Natal. Quando mexemos com sentimentos antigos, a probabilidade da pessoa se mover com mais rapidez e cometer um erro é bem maior.
— És uma estrategista de fato. Medonho constatar isso.
— Tomarei como um elogio. Mas então, vamos planejar o nosso ataque à província do ar?
— Como desejar Königin.
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O clima está quente esta noite. Eu ainda não estava na província do ar. Revisava por completo o plano que tínhamos montado antes que eu fosse dar algum passo. Os passos estavam bem claros em minha mente. Eu não tinha dúvidas que Tobias apareceria na nossa armadilha.
Agora se ele cairia nela já não era parte do plano.
Ia ser uma vantagem se desse certo, mas ninguém contava com isso.
Gosto do nosso acampamento pois tem um rio perto, pouco movimentado. É fora da proteção do acampamento, mas perto o suficiente para pedir ajuda caso seja necessário. Eu gosto muito de ir para lá, mergulhar e avaliar as atitudes que tomei até agora e isso ajuda a firmar a direção que eu tenho que seguir.
Estou sentada na beira do rio, retirando minhas botas, quando percebo que não estou sozinha. Não quero fazer um alarde, mas já me preparo para um combate.
— Senhorita White? — uma menina pequena e corpulenta está a poucos passos de mim. Algo parece errado com ela, então não abaixo minha guarda.
— Sim?
— Pediram-me para te entregar isto... — ela retira do bolso um pequeno pedaço de papel. Estende na minha direção, mas não sei se quero apanhar o papel.
— Deixa aí no chão — peço e a menina prontamente obedece.
Ela vira e antes que dê um passo para longe de mim, falo com ela.
— Espera! — a menina para de andar e volta a me encarar. — Quem te pediu isso?
Segundos se passam e ela não me responde. A pulga atrás da orelha começa a se alvoroçar. Repito a pergunta, com mais calma e mesmo assim ela não me responde.
Percebo um movimento mínimo no músculo de sua perna, indicando que ela vai virar e fugir, mas antes de isso aconteça, a enterro até a altura dos ombros sob a terra.
— Opa, você pensa que vai para onde? — a menina começa a se debater e tenta se livrar de mim, mas não facilito, as camadas de terra vão se compactando ao seu redor, e vejo quando seus pulmões começam a lutar por ar.
— Eu não te direi nada! — mesmo sem fôlego suas palavras saem claras.
— E aparentemente nem precisa dizer nada... Já até sei quem escreveu aquele papel e te enviou... Tobias não precisava se dar a todo esse trabalho! Ele pode vir falar comigo na hora que quiser...
— O nosso Königin não vai se rebaixar a falar com uma pessoa insignificante como você!
— "Nosso Königin", huh? Tobias parece estar cobiçando algo muito maior do que ele. Ele não tem o direito. Eu tenho. E não vai ser ele que vai tirar esse direito de mim, ele pode derrubar todas as barreiras, roubar todo o poder que quiser, ainda sim não vai ser o suficiente...
Os olhos da mulher se arregalam. Ah! Ela nem imaginava que eu tinha essa informação! Meu sorriso alarga. Então, ainda concentrada em manter a menina aprisionada, me aproximo do papel do chão e o apanho.
"Megan White, venho aqui te propor uma oportunidade única. A chance de se render. Submeta-se ao meu governo, e poderá viver. Renuncie ao seu direito. Nihal não precisa de uma pessoa desequilibrada no poder... Você tem até o final de semana para pensar na sua resposta. Pense bem, pode ser a última resposta que você dará..."
Nem controlo a risada que sai da minha garganta. Quem ele está chamando de desequilibrada? Se ele acha que sou, então ele já deveria estar trancado em algum manicômio por aí...
— Qual é a graça? — a menina me pergunta confusa.
— Ele perdeu completamente o juízo. Render-me? Ah, só nos sonhos delirantes dele. Eu vou para cima, com tudo o que tenho.
— Você perecerá!
— Isso é o que vamos ver. Eu duvido muito que Tobias possa fazer algo contra isso...
Apenas para dar um pequeno gosto a menina, eu aperto os olhos em sua direção e faço com o que o sangue em suas veias comece a ferver. A temperatura nem aumenta muito, mas a meninas já se contorce debaixo da terra.
— Está vendo? Não sei que truque ele usou da última vez que estávamos frente a frente, mas se ele aprende novas coisas, eu também consigo e estou ansiosa para testar nele... — estou falando, mas sei que ela nem está assimilando nada, já que grita com desespero.
Eu paro de usar meu domínio de sangue e nem me importo em deixar que ela veja as minhas lágrimas vermelhas. Seus olhos estão arregalados como pratos e o medo está estampado em sua testa para quem quiser ver.
— Isso foi bem intenso, quer uma segunda rodada?
Os olhos dela se enchem de lágrimas e seu corpo para de lutar debaixo da terra. Seu corpo não esconde a pose de derrota que é adotada. Foi fácil até demais.
— O que vai acontecer agora é o seguinte: você vai voltar pro buraco que saiu e vai informar ao seu rei falso que eu não aceito a trégua e que estou preparada para o que quer que venha na minha direção. Se quiser informá-lo que eu já sei tudo sobre as preciosas barreiras dele também pode falar. Pouco me importa. O resultado final vai ser o mesmo.
Eu sei que estou jogando informações demais sobre essa menina, e que nem todas essas informações são verdadeiras, mas um blefe com a mão que eu tenho não é uma jogada ruim.
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Olá leitores maravilhosos! Tudo bem com vocês? Esse capítulo veio com um raio de inspiração e eu nem acredito que vocês não tiveram que esperar 82 anos para conseguir ler um capítulo novo de O Décimo Domínio. E então, o que vocês acharam sobre os planos do Tobias? Ficaram surpresos(as) que ele pretende roubar a magia das barreiras para ele? Olha, ele pode ser muita coisa, mas não tem como negar que ele é engenhoso e muito inteligente.
Então é isso! Apertem os cintos e vocês são do time #DerrubemBarreiras ou #ProtejamBarreiras ? Hein? Quero saber se vocês concordam com os pensamentos da Megan e se vocês acham que mesmo indo por curvas erradas ela está indo pelo caminho certo...
Obrigada de coração a todos os dominadores e dominadoras que estão por aqui deixando muito amor e carinho! Não se esqueçam do apoio para que as coisas continuem a evoluir! Beijos e até o próximo capítulo!