O Garoto da Torre

By matt_escritor635

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Raul em breve fará 18 anos, e o máximo que ele conhece são as paredes frias de seu apartamento, sem quase nun... More

PRÓLOGO
Capítulo 01: O Garoto-da-Torre
Capítulo 02: Alguém na Colina-das-Libélulas
Capítulo 03: Cicatrizes que nunca Curam
Capitulo 05: Segredos e mais Segredos
Capítulo 06: Bibidi-Bobidi
Capítulo 07: Feliz Aniversário!
Capítulo 8: Lembre-se de Quem Você É
Capítulo 09: Mateus 6:28
Capítulo 10: Quando Tudo Desmorona
Capítulo 11: Mostre-me Quem Você É!
Capítulo 12: Vou Sair do Seu Espelho
Capítulo 13: Rumo ao Desconhecido
Capítulo 14: Sim, Capitã!
Capitulo 15: Todos a Bordo!
Capítulo 16: Pai VS Tutor
Capítulo 17: Novas Estrelas
Capítulo 18: Tudo como num Sonho
Capítulo 19: Agora ou Nunca
Capítulo 20: Fazer o que é Melhor

Capítulo 04: Chamado para Ir Além

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By matt_escritor635

- Muito prazer! É uma honra finalmente conhecer o cantor misterioso - disse Liam, com empolgação.

De surpreso, Raúl ficou confuso e se sentou em sua cama.

- Do que você está falando? - perguntou o Garoto-da-Torre.

Liam sentou ao seu lado.

- Todos dias eu passo em frente a esse prédio e ouço você cantar. É o meu momento favorito do dia. Gosto muito da sua voz e das músicas que você canta.

- Mu-Mui-Muito obrigado - Raul gaguejou de nervoso - Ju-Jura que gostou?

- Mas é claro! Há alguns meses eu comecei a fazer um curso de Biologia Marinha e, para chegar lá, preciso passar por aqui, o ponto de ônibus fica aqui na porta do prédio e te ouço cantar... Só hoje eu tomei coragem para vir te conhecer.

‐ Não acha que invadir a casa de outra pessoa, só pra conhecê-la não é um pouco de mais?? Indagou Raúl.

- De verdade, me desculpe, eu sei que isso foi muito errado. Não querendo me justificar, mas eu bati na porta, apertei a campainha e chamei por alguém por quase 1 hora e ninguém respondeu. Eu vi a porta aberta...se você quiser eu vou embora - Liam ia se levantando.

- Não! - o Garoto-da-Torre, num ato de reflexo, se levantou e segurou no pulso dele, impedindo que desse um passo. Se olharam fixamente por outro momento. - Quer dizer... agora que você está aqui, quero saber porquê, como... - ele foi soltando o garoto e eles sentaram.

- Certo. Resolvi tomar essa atitude extrema, porque não teria outra oportunidade de voltar aqui. Eu já tinha me arriscado até alí...e eu queria viver essa aventura, sabe...

Enquanto Liam falava, Raul ficava percebendo coisas nele. Evandro sempre dizia para não confiar nas outras pessoas (principalmente se elas invadirem a sua casa), que só o que elas queriam era fazer mal, mas ele não sentia isso quanto ao garoto estranho a sua frente. Era um caso isolado. Cada palavra, cada expressão e gestos eram carregados de verdade,entusiasmo, inocência... pureza...puro... puro como...

"Lírio!" - Raul lembrou do Garoto-Arco-Íris, do seu sonho.

- Ãhh... você aceita uma água... algo para comer? - perguntou Raúl, acanhado.

- Sim, por favor.

Os dois seguiram até a cozinha. Liam ia na frente. Raúl comecou a preparar dois lanches e copos de suco.

- Você tem uma casa bem legal Raúl. Porém eu imaginava ela um pouco diferente. Sabe, com um estúdio de gravação, microfones, aparelhos de som... Essas coisas, hehehe!

- Você viaja muito Lírio, hehehe! - ele disse sem pensar.

- Do quê você me chamou? - Liam se assustou.

- Ah... me desculpe Liam, não sei de onde tirei isso. Acho que do meu sonho - explicou o Garoto-da-Torre, enquanto preparava o recheio dos lanches.

- Sonho? - indagou o jovem loiro na bancada de granito.

- Sim... - Raúl não sabia se falava do seu sonho com o Garoto-Arco-Íris pra ele, talvez pensasse que estivesse ficando louco. Entretanto, ele estava alimentando um completo estranho que tinha entrado na sua casa e estava agindo naturalmente. Mais louco que isso não poderia ficar - ...Quando eu estava dormindo, sonhei com um garoto idêntico a você, ele se chamava Lírio. Se não fosse pela cor do cabelo, eu teria certeza de que era você, de que você é o Lírio.

Liam ficou pálido e a rir de nervoso. Tentou dar uma desconversada:

- Agora me fale mais sobre você, foi para isso que eu vim.

- O quê... o quê você quer saber? - perguntou o Garoto-da-Torre.

- Ah, sei lá! Me fala os lugares que você mais gosta de ir.

De repente o rosto de Raúl se entristeceu. Ele abaixou o olhar e virou de costas.

- Eu não tenho permissão de sair desse apartamento.

- Como assim? - perguntou o falso faxineiro.

- Eu moro aqui com o Evandro, meu Tutor. Desde pequeno ele me diz para não sair, porque lá fora eu só vou me machucar. Eu sei que ele só quer o meu bem e não teria porquê mentir. Mas eu sempre quis conhecer o mundo exterior. - nesse momento o rosto de Raúl se iluminou - ver gente, lugares... - então ele olhou para Liam, e, com a luz do sol,um arco-íris se formou no canto do seu olho esquerdo - ... ter amigos.

* * * * * * * *

A M.Games era a maior empresa de jogos que atuava na Irlanda. O dono e presidente era o Sr Montevedro. Ele também era dono do Edifício Montevedro, onde Evandro e Raúl moravam.

Enquanto trabalhava, Evandro não conseguia tirar o menino da cabeça, como sempre.

- Evandro! - chamou seu superior - Está com a cabeça aonde?

Evandro não respondeu.

- Terra chamando Evandro... ACORDA!!!

O tutor levou um susto.

- Ãhn?... Desculpe senhor. Eu estava distraído.

- Com seu filho outra vez?

- Meu PUPILO, e sim, é com ele. Não sei... eu estou muito angustiado, sinto que preciso estar com ele agora, nesse momento, ou algo ruim vai acontecer.

Evandro parecia mesmo muito inquieto.

- Olha só, Evandro, eu já te conheço há muitos anos aqui na empresa, eu sei o quanto você ama o Raúl. Por isso eu vou te dar o resto da tarde de folga. - disse o criador de jogos da M.Games.

- Jura senhor? Muito obrigado!

- Ok... Ok... Mas só porquê confio em você. Pode ir, depois eu me acerto com o Sr Montevedro.

Evandro agradeceu mais uma vez e foi para casa, sem pensar duas vezes.

* * * * * * *

Raúl e Liam ficaram conversando por algum tempo. Cada um descobrindo sobre a vida do outro, ou o que cada um queria contar.

- Então, quer dizer que você nunca saiu daqui. Nunca foi ao teatro, ao cinema, a um show ou uma festa?

- Não - Raúl suspirou, olhando para a janela.

Liam ficou pensando por alguns segundos.

- Eu tive a melhor das idéias! - exclamou o novo amigo de Raúl.

- Conta!

Quando Liam estava prestes a contar, os dois ouvem a maçaneta da porta da frente girar.

- Raúl! Cheguei! - era a voz de Evandro.

Os dois foram correndo para o quarto de Raúl. Ele não esperava Evandro aquela hora em casa.

- Merda! - praguejou o menino louro - E gora, o que a gente faz? - entrou em pânico.

- Já sei, entra no armário! - O menino de cabelos escuros sugeriu.

A idéia de entrar no armário não agradou Liam em nada, mas ele não tinha escolha.

- Raúl?! - Evandro estava se aproximando.

- Entra logo! - o Garoto-da-Torre exigiu.

Liam entrou no armário e Raúl deitou na cama e fingiu dormir.

Evandro entrou no quarto naquele momento e ficou em paz vendo o jovem adormecido.

- Ufa, graças a Deus você está bem! - deixou escapar - Durma bem meu príncipe.

Fechou a porta.

Quando tudo parecia seguro, Raúl deu sinal para Liam sair.

- "Meu príncipe"?

- Sim, ele me chama assim desde que eu era criança. Não sei porquê... Bem, isso não interessa agora. Se o Evandro te vir, ele vai ter um ataque. Precisamos arrumar um jeito de levar você lá para baixo - os dois olharam pela janela.

- Se, ao menos, você tivesse cabelo longos. Tipo... uns 30 metros... kkkk - brincou Liam.

- É isso! - Raúl teve uma ideia - Eu posso não ter cabelos tão longos assim... mas tenho muitos, MUITOS cobertores. Podemos fazer uma corda até o chão.

- Tá, mas e se alguém me ver?

- Não vão. A minha janela dá para um terreno baldio, nos fundos do prédio. Desse aqui e para os fundos dos outros prédios também. Ninguém vai te ver, eu garanto.

Liam hesitou, mas acabou concordando.

Eles amarraram todos os cobertores e lençóis que conseguiram encontrar. Deu mais ou menos 28 metros, os outros 2 metros Liam teria que saltar até o chão do terreno. Por sorte tinha uma árvore bem embaixo da janela de Raúl.

- Caraca, vocês nunca passam frio aqui, né? - Liam ficou olhando a corda até  lá embaixo - Bem, é isso! Foi um grande prazer, Cantor Misterioso. E me perdoa mais uma vez ter invadido a sua casa. Prometo que agora as coisas serão diferentes. Se eu puder voltar, claro - ele estendeu a mão para o garoto.

- Não se preocupa, está tudo bem - disse Raúl - Foi um prazer te conhecer também - eles apertaram as mãos - No começo eu estava hesitante, mas você se mostrou uma pessoa legal, vou confiar em você. Pode voltar sim, estarei aqui.

- Beleza, então amanhã, na mesma hora, eu venho

- Vou adorar te receber. É só gritar aqui na minha janela.

Liam acenou com a cabeça.

- Até a próxima Garoto-da-Torre!

Ele deslizou pela corda como um projeto de Tarzan, mas chegou ao chão em segurança.

Raúl olhou pela janela. Ele pôde ver o garoto correndo pela rua, enquanto o sol estava se pondo no horizonte.

Ele sorriu enquanto admirava esse lindo quadro.

O sopro forte do vento gélido anunciava que algo novo estava chegando na vida do Garoto-da-Torre, o chamando para ir além.







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