Arcen (Filhos do Acordo 7)...

By escrevethais

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-= Primeira versão, não revisada. A versão final pode ter alterações. =- Para Renata, ficar no Acordo nunca f... More

Sinopse e Avisos
Um
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Final

Dois

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By escrevethais

Sair de Vorha foi mais simples do que parecia, especialmente depois que os guardas já tinham se conformado que o prisioneiro escapou e com certeza não estava mais dentro do complexo, já que verificaram tudo vezes demais e nenhum dos sensores captou nada. Não que atravessar os corredores e passagens secundárias enquanto manipulava o sistema deles tenha sido fácil, mas não foi tão ruim quanto eu esperava. Sair de Vorha para minha nave foi mais simples ainda - posso ter me inspirado em um filme terráqueo meio velho e deixado minha nave pousada no casco da base, num ponto cego dos sensores externos. Agora, a nave que foi parada pelo Corpo Militar por se aproximar demais logo quando estávamos nos afastando, foi um bônus inesperado. Menos motivo para prestarem atenção em mim.

Em nós. Ugh.

Suspiro e ativo os escudos da minha nave. Ela é um dos modelos menores, para duas pessoas no máximo, então é mais fácil instalar os bloqueios que cobrem toda a nave. Nesse momento, desde que eu não abra nenhuma rede de comunicação, estou invisível para qualquer sensor.

Simples, rápido, sem imprevistos. Só espero que Drek resolva o que quer que queira com Te'vi Arcen logo e isso realmente valha a pena, porque uma operação dessas seria ótima para levantar minha reputação.

Não. Não mesmo. Não importa que boas intenções Drek tenha por trás disso, eu nunca vou admitir que fui a pessoa que tirou Te'vi Arcen da prisão. Ele merecia estar lá e merece continuar lá. Mas a decisão disso não é minha - não quando a sobrevivência de duas espécies depende do que ele sabe. Por mim, não me importaria muito se os drillianos fossem extintos. Nunca conheci nenhum deles que me fizesse mudar a opinião sobre a espécie. Mas os krijkare não têm nada a ver com isso.

Pense no dinheiro, Renata. Esse é o maior pagamento da minha vida, e com direito.

Puxo a imagem das câmeras traseiras para um dos monitores ao meu redor. Até agora, estava só usando os dados dos sensores - eles são mais confiáveis na hora de fazer manobras delicadas - mas já estamos longe o suficiente para eu poder relaxar. Arcen se inclina na cadeira de passageiro assim que a imagem aparece. Não que tenha nada demais para ele ver, só as estrelas brilhando lá longe e a silhueta de Vorha quase desaparecendo.

— Não acredito — ele murmura.

Eu estava tão feliz enquanto ele estava calado...

Ele olha para trás, e então de volta para o monitor.

— Não achei que fosse possível... Você conseguiu invadir e extrair um prisioneiro de Vorha. Impressionante.

É, eu fui a primeira. E não posso nem me gabar disso.

Pense no dinheiro. No dinheiro e no motivo por trás disso tudo.

Quando Drek me ofereceu esse trabalho, pensei seriamente em vender a informação para a força tarefa - foram eles que provaram que Te'vi Arcen era o responsável por boa parte do tráfico de mulheres e o prenderam. Nada mais justo que serem informados que alguém queria libertá-lo. E então Drek me mostrou um vídeo das crianças krijkare numa instalação médica. Depois disso, tenho uma nova definição de golpe baixo, porque passar anos dentro do que é basicamente um hospital gigante não é o tipo de infância que desejo para ninguém. E é o que sempre acontece com eles, por causa de um defeito genético ou coisa assim.

Antes de ver aquele vídeo, eu diria que nada nesse mundo - em qualquer mundo - seria o suficiente para me fazer aceitar esse trabalho. Depois dele e de Drek me explicar a história dos krijkare e dos drillianos, como as duas espécies foram criadas em laboratório, com uma "data de validade" definida... Não tenho outra opção.

— Não sei como nunca tive contato com você antes, se consegue fazer uma operação assim funcionar.

Claro, porque Arcen sempre tentava ter os melhores fora-da-lei na sua equipe.

Não. Espera. Ele não está agindo como se eu fosse terráquea. É o normal, mesmo para os aliens que estão acostumados conosco. Sempre existe uma diferença em como nos tratam quando descobrem que não somos parte do Acordo - ou pelo menos não éramos, porque agora várias terráqueas que foram abduzidas conseguiram cidadania. Uma atitude condescendente, com aquele tom de pobres terráqueas, devem estar perdidas no meio de tudo aqui, mesmo depois de nos verem fazer coisas que eles nunca conseguiriam fazer. E não tem nada desse tipo no tom de Arcen.

Ele acha que eu sou uma drilliana. Ah, isso vai ser divertido.

— Para onde está me levando? — Arcen pergunta.

Esperto. Nada de perguntar quem me contratou. Na maior parte dos contratos desse tipo, a pessoa responsável pela extração não tem permissão para citar nomes. Só mais uma medida de segurança. Drek pode até não ter falado que queria sigilo, mas é mais divertido assim.

— Para uma base segura.

Ele não fala nada. Ótimo.

Aperto o botão que levanta um filtro de privacidade entre nós. Uma barreira invisível sobe entre as cadeiras, bloqueando o monitor no painel bem à minha frente. Se ele não prestar atenção, nem vai notar o que fiz. O único efeito da barreira é embaralhar o que está na tela do monitor se outra pessoa tentar ler.

Abro o sistema de mensagens e ativo as configurações de segurança máxima antes de digitar minha mensagem.

Estou com a mercadoria.

O texto pisca na tela uma vez antes da notificação de envio aparecer. Pelo menos isso aqui não saiu do meu bolso. Os equipamentos de encriptação e proteção de rede foram cortesia de Drek, o que me faz pensar que existe um ótimo motivo para ele e seu bando de piratas terem ganhado a reputação que têm. Esse equipamento é bom o suficiente para eu não precisar me preocupar nem com o Corpo Militar. Podia ter entrado em contato com ele ainda dentro do perímetro de Vorha que não iam interceptar a transmissão - até porque transmissões de texto curtas assim raramente são monitoradas, de qualquer forma.

Manobro a nave até estar indo mais ou menos na direção de onde a nave de Drek estava antes de eu sair. A essa altura, eles já estão em terra, com certeza, mas ele não vai querer que eu leve Arcen para o planeta. Ou seja, é uma direção boa o bastante, por enquanto.

Arcen olha para mim de relance. Não sei se notou o filtro de privacidade, mas não é a primeira vez que ele dá essas olhadas. Ou então...

— Não consigo identificar sua família.

Sorrio. Claro que não consegue. Não sou drilliana. E até eu sei que tentar identificar algum drilliano só pela sua aparência não é lá uma das melhores ideias.

Uma notificação de mensagem recebida pisca.

A força-tarefa foi notificada da fuga. Preciso de tempo para ter certeza de que não estão me observando.

Porque depois que Drek e sua tripulação sumiram do mapa do nada, quando estava procurando um antídoto temporário para as crianças, não seria surpresa se alguém da força-tarefa passasse alguns dias monitorando as atividades deles. Droga.

Estou dobrando seu pagamento como compensação, se conseguir manter a mercadoria em segurança até eu ter confirmação de que pode trazê-la, com possibilidade de renegociar um acréscimo, de acordo com a situação.

Maravilha. Não basta ter tirado Arcen da prisão, agora vou ter que esconder ele. Não sei se só o dobro do que Drek me prometeu é suficiente. Mas, depois de já ter saído de Vorha, recusar isso seria idiotice.

Envio minha confirmação e desativo o filtro de privacidade, antes de reajustar nossa trajetória.

— Mudança de planos? — Arcen pergunta.

— Só um atraso. Meu cliente quer garantir que não está sendo monitorado.

E ele que entenda isso como quiser.

Se vou esconder um fugitivo - e, pior, um fugitivo que eu tirei da prisão - preciso de um lugar onde ninguém vai pensar em procurar. E tem um sistema não muito longe daqui com um planeta habitável, mas selvagem. Pode não ser o lugar mais confortável, mas tem oxigênio, tem água potável e o clima não é dos piores. É o suficiente para alguns dias.

Arcen não fala nada enquanto nos aproximamos do sistema e entramos na atmosfera do quarto planeta. Se não me engano, o terceiro planeta desse sistema tem alguns conglomerados de extração de matéria prima, mas não é nada importante o suficiente para monitorarem todo o espaço. Melhor para mim.

Sobrevoo uma área monhanhosa até achar um vale meio escondido. Tem algumas árvores, o que quer dizer que provavelmente tem plantas comestíveis e talvez até animais para caçar, se isso demorar demais. Depender dos alimentos artificiais de dentro da nave é a pior parte desse tipo de coisa.

— É uma noção interessante de um lugar seguro — Arcen comenta.

Levanto as sobrancelhas, sem desviar o olhar dos controles.

— Alguém vai pensar em procurar um fugitivo aqui?

Ele ri.

— Tem razão.

O problema agora é que preciso manter Arcen preso. Mesmo que ele esteja comportado até agora, nada me garante que vai continuar assim. Seria fácil se eu tivesse um prazo, ou mais ainda se estivesse levando ele para Drek agora. Mas sem ter uma noção de quanto tempo vou ficar aqui, não tenho outra opção.

Um homem que passou os últimos dois anos em uma prisão de segurança máxima. Certo. Isso não vai ser difícil.

Pouso a nave perto de uma formação rochosa e ativo os escudos. Eles vão servir de camuflagem se alguém sobrevoar a região - o que acho bem difícil, mas é sempre melhor prevenir. Os sensores externos apitam, lendo a composição da atmosfera e analisando se é seguro para sairmos. Eu sei que é, mas espero mesmo assim. Nunca se sabe. Menos de um minuto depois, uma mensagem de confirmação aparece no monitor principal. Ótimo.

Travo os controles da nave e me levanto, sem nem olhar para Arcen. Minha nave é tão pequena que só preciso atravessar um corredor curto e já estou na escotilha, que se abre assim que me aproximo. Nenhuma fauna nativa por perto, então. Uma preocupação a menos.

Paro no meio da rampa de desembarque. Pousei perto de um riacho, que tem a água mais para o lilás que para o azul. A grama ao redor também tem uma cor que só consigo pensar que é errada. É verde, mas é um tom de verde que não deveria estar em plantas. E as árvores, do outro lado, provavelmente são o equivalente local de coníferas. Pelo menos o formato é o que estou acostumada, mesmo que as cores também pareçam estranhas.

Mas o que me faz gostar desse planeta é o clima - fresco o suficiente para eu não sentir calor mesmo com meu uniforme de trabalho - e a gravidade pouco abaixo do normal na Terra. Lugar perfeito para relaxar. Pena que estou aqui a trabalho.

— E agora? — Arcen pergunta.

Olho para trás. Ele está parado na escotilha, olhando para fora. Hmm. Não precisei nem voltar para buscar ele.

Dou de ombros.

— Agora esperamos até eu receber uma confirmação de que é seguro te levar até meu cliente.

Arcen olha para mim.

— E se eu não quiser esperar?

Sorrio. Eu ia adorar se isso fosse verdade, mas ele não é idiota de tentar alguma coisa. Pelo menos, não enquanto não tem uma ideia melhor de com que tipo de pessoa está lidando.

— Se não quiser esperar, sempre posso te levar de volta para Vorha. Provavelmente ainda consigo ganhar algum tipo de recompensa por apreender um fugitivo. Agora, por outro lado... — Me aproximo dele, ainda sorrindo, e coloco a mão no seu peito. — Temos algum tempo à toa, talvez alguns dias. Consigo pensar em algumas coisas interessantes para fazer.

Arcen me encara sem dizer nada, mas sua expressão mudou. Homens. Tão fáceis de manipular...

Coloco a outra mão no ombro dele, me aproximando ainda mais. Ele me segura pela cintura e me puxa até estarmos praticamente colados. Tão fácil... Tiro suas mãos da minha cintura e as seguro nas suas costas, ao mesmo tempo em que deixo um beijo molhado no seu pescoço, descendo minha outra mão pelo seu braço. Ele solta o ar de uma vez e relaxa. Ah, se fosse qualquer outra pessoa que não Arcen... Mas é ele.

As algemas se fecham nos pulsos dele com um estalo e me afasto. Arcen me encara, balançando a cabeça devagar antes de tentar se soltar. Boa sorte com isso. Eu uso um modelo terráqueo tradicional e provavelmente um pouco velho, já. Pode ser baixa tecnologia, comparado com o que tenho disponível aqui, mas ainda é mais confiável: não tem a menor chance de ter algum mal funcionamento que pode ser aproveitado ou de que algum equipamento eletrônico vá abrir as algemas.

— Você... — ele começa.

Sorrio. Arcen dá um passo atrás.

— Não sou drilliana. Sou terráquea.

E ver como ele empalidece já valeu mais que todo o pagamento de Drek.

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