Vermelho, como fogo. Vermelho...

By luanafcosta

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Uma terra vasta, dois monarcas poderosos e amados. Uma guerra que acaba com o sonho da jovem Amelie Knight de... More

Agradecimentos e algumas notas
Mapas
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7

Capítulo 2

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By luanafcosta

Três anos depois

Acordo com os passos apressados de criadas pelo corredor, eu já deveria estar de pé supervisionando todos os detalhes do meu baile de aniversário e também da minha tão esperada coroação.

Durante todo esse tempo em que eu não pude governar, Kennedy tem acabado com o país, matando milhares de homens em uma guerra inútil contra o reino do norte enquanto suas famílias morrem de fome, consequência do isolamento que sofremos pela maldita guerra que tirou a vida de meus pais. Se o regente escutasse as minhas propostas nós já teríamos a cabeça do rei do norte decorando o nosso muro, mas para ele e os outros lordes eu sou apenas uma princesa inútil. Mas não hoje, hoje eu tenho de volta o que tenho direito desde o momento em que nasci.

Me arrumo rapidamente e vou em direção ao salão ver como tudo está indo. Finalmente tirarei o meu povo desse derramamento de sangue e farei de Redland uma nação forte novamente. Distraída acabo colidindo com alguém ao sair de meus aposentos.

— Me desculpe... — levanto o meu olhar e dou de cara com John, que sorri ao ver que sou eu.

— Tudo bem Alteza, hoje é um grande dia — ele responde ainda com um sorriso nos lábios — A agitação é totalmente compreensível.

Assinto olhando para qualquer coisa que não seja o olhar perfurante de John.

— Eu realmente acredito que Vossa Alteza será uma rainha grandiosa — meu sentido me diz que ele está sendo sincero, mas outra parte de mim continua desconfiada.

O instinto sobre sinceridade de uma bruxa nunca falha, minha mãe me disse isso quando eu era apenas uma menininha, e realmente sempre que eu precisei dele nunca houve uma falha sequer. Apesar de Gallon estar me deixando confusa em relação a isso.

— Obrigada, senhor Gallon — respondo ao elogio com classe, sem nenhum sentimento explícito.

— Eu prefiro John, Alteza — ele diz enquanto me acompanha até o salão do baile.

— Então obrigada, John — corrijo com um leve sorriso.

Ele é menos discreto, abrindo um largo sorriso enquanto me encara.

— Alteza! — uma criada anuncia a minha chegada — Nós estávamos a sua espera.

— Eu estou bem aqui — digo com um sorriso cordial que é retribuído por todas as criadas.

— Nós apenas queremos assegurar que tudo está a seu agrado — a criada complementa, desviando os seus olhos para John logo em seguida.

Me viro em sua direção sem dizer nenhuma palavra.

— Ah sim, acho que tenho que me preparar para esse grande evento, vou deixá-las a sós — ele finalmente percebe ao reparar o meu olhar — Boa sorte com tudo, Alteza — ele faz uma reverência e sai do salão.

Começo a conferir os mínimos detalhes com as criadas, desde a decoração do salão até a comida que será servida no banquete antes do baile.

(...)

As criadas me vestem com um incrível vestido vermelho sangue, enquanto outras penteiam e ornamentam o meu imenso cabelo com rubis. Como hoje além do meu aniversário é o dia da minha coroação eu não posso usar nenhuma coroa, então para deixar claro para todos presentes quem eu sou, coloco as mesmas joias que minha mãe usou em sua coroação, um colar de diamantes em formato de leves espirais e brincos também de diamantes.

— Como estou? — pergunto as minhas criadas logo após colocar os adereços.

— Como uma rainha, Alteza — uma delas responde com um sorriso que eu não consigo evitar de retribuir.

Caminho sozinha até o salão onde todos estão a minha espera, lordes e suas famílias, reis e nobres de outros reinos aliados a Redland. Paro em uma porta que dá para a escada do salão, uma criada avisa sobre a minha presença.

— Recebam a única que tem o cabelo e o sangue tão vermelhos como o solo de nosso amado país, Vossa Alteza e futura rainha, Amelie Knight — sou anunciada para todos os convidados.

Desço as escadas sendo ovacionada por todos, novamente não consigo evitar o sorriso que cresce em meu rosto.

— Alteza — um homem que conheço muito bem beija a minha mão, ele é o rei de Davese, um pequeno país que fica a leste de Redland — Ainda me lembro do dia da minha coroação, é um momento único.

— Tenho certeza disso, Majestade — inclino levemente minha cabeça para demonstrar respeito.

A queda de um governante é sempre tensa, pois nunca é possível prever se o novo monarca irá manter os acordos e amizades com países vizinhos. O medo de perder a parceria de um país como Redland está estampado no rosto de todos os reis e rainhas presentes nesse salão, inclusive no do rei de Davese.

— Vossa Alteza deve se recordar do meu filho — um jovem rapaz se aproxima de nós, ele tem os olhos verdes e o cabelo preto cacheado.

— Alteza — ele me cumprimenta abaixando levemente a cabeça.

— Príncipe William — ele e o pai são meus parentes distantes, Redland e Davese costumavam ser um único país até que uma briga entre irmãos separou a dinastia em dois.

O detalhe importante desse fato que ocorreu a milhares de anos atrás é que o rei de Davese é o próximo na linha de sucessão ao trono de Redland caso eu morra sem herdeiros. Além de ter medo do meu reinado, ele também está de olho na coroa que oficialmente irei colocar na cabeça hoje.

— Vossa Alteza está encantadora — William toma minha mão e deposita um beijo suave nela.

— Muito obrigada — abro um sorriso falso, eu cresci tendo que fingir o que sinto então para qualquer um que esteja vendo é apenas mais um sorriso espontâneo e radiante.

— A futura rainha de Redland me concederia uma dança? — William estende uma das mãos em minha direção.

Eu não digo nada apenas coloco minha mão sobre a dele que imediatamente me guia para o centro do salão, com uma mão em minhas costas e a outra entrelaçando os meus dedos, nós rodopiamos graciosamente sobre os olhares curiosos de todos aqueles nobres.

— Fico feliz que finalmente Vossa Alteza irá assumir o trono — ele diz em um tom em que apenas eu possa ouvir — Lorde Kennedy não está sabendo lidar com todo esse poder em suas mãos.

— O governo de Kennedy foi breve — tomo cuidado ao escolher cada palavra que digo — O estrago que ele fez também, não há nada que não possa ser consertado, quero dizer, fora as vidas que foram perdidas na guerra.

— Quero que saiba, Princesa Amelie, que Davese estará como for possível a apoiando em seu reinado — tenho certeza que essas são palavras do rei e não de seu filho.

— Eu agradeço muito Alteza, e deixo claro que Davese também poderá contar com Redland enquanto eu reinar — a música acaba logo depois que eu termino de reafirmar a parceria entre os dois países.

— Com licença, Altezas — John se aproxima fazendo uma reverência — Vossa Alteza se juntaria a mim em uma dança? — ele estende a mão, olhando diretamente em meus olhos.

— Eu adoraria, senhor Gallon.

— Novamente, eu realmente prefiro ser chamado de John — ele sorri mostrando alegremente todos os seus dentes perfeitos.

— Acredito que não seja muito apropriado para a sua futura rainha chamar-lhe desse modo — tento ser séria, mas John solta uma risada que acaba me contagiando um pouco.

Nós permanecemos em um silêncio agradável por um tempo, olhando diretamente um para o outro. Mais de perto consigo ver todos os detalhes do rosto de John, sua pele revela claramente de onde ele veio, os olhos cor de âmbar combinando perfeitamente com o seu cabelo loiro brilhante.

— Acabei não tendo a oportunidade de te perguntar, mas você teve notícias de seu pai? — depois do dia em que conheci John no jardim eu nunca mais tinha o visto em Farvey, não que eu pudesse sair da minha prisão particular que é esse maravilhoso castelo.

— Meu pai está bem, só teve um ferimento sério em um olho que acabou o deixando cego — John ainda acredita que ele está "bem"? — Mas obrigada por se lembrar Alteza.

— Então você voltou para Maresi — digo mais como sendo uma afirmação do que uma pergunta.

— Eu tive que voltar, meu pai insiste em retornar para guerra — novamente ele sorri de um assusto tão delicado, mas logo para ao reparar minha feição fria — Ele era muito leal ao rei Eloy e ficou devastado por ter falhado com ele.

— Meu pai com toda certeza está muito agradecido por tudo o que o seu pai fez — não minto, o meu pai era um homem com um carisma enorme, quase todos do reino (sendo lordes ou apenas súditos) o amavam como um membro da própria família.

A música acaba e somos interrompidos por lorde Don que pede uma dança comigo. Não consigo tirar a história de lorde Gallon da minha cabeça, imagino as terríveis histórias de homens que perderam muito mais do que um olho por muito menos, eu realmente tento ser indiferente, mas é quase impossível me livrar de pensamentos como esse, homens perderam suas vidas pela incompetência de lorde Kennedy. Lorde Kennedy, não o vejo desde de manhã, ele conduzirá a minha cerimônia de coroação passando o seu poder para mim, poder que na verdade sempre foi meu.

— Lorde Don sabe onde o regente está? — pergunto com a voz suave, mas por dentro estou uma pilha de nervos.

— Não o vi desde ontem, Alteza — sinto o meu coração acelerar.

Mantenho a compostura durante o resto do baile até que lorde Gallon pede para dançar comigo, é um costume todos os nobres do salão, casados ou não, terem o direito de uma dança comigo. Sei que ele é o lorde Gallon pelo tapa-olho que cobre o seu olho esquerdo e os mesmos cabelos loiros de John.

— Que o seu reinado seja próspero, Alteza — sua voz é grave e suas palavras curtas e diretas, nada parecido com o filho, mas eu gosto de pessoas como ele, são as mais sinceras.

— Obrigada, lorde Gallon — levanto levemente o canto dos lábios — Seu filho me contou a sua história, e eu tenho certeza que meu pai está muito contente com tudo o que o senhor fez por ele e por Redland.

— Ele contou como eu perdi meu olho não foi? — pela primeira vez o robusto homem sorri.

— Na verdade não — respondo interessada em sua verdadeira história.

— Bem, alguns soldados me capturaram quando eu estava explorando a área e me pediam incansavelmente a localização do rei Eloy, eu sabia é claro, mas não falei nada para aqueles malditos e como eu não dizia nada eles decidiram me torturar até que eu abrisse a minha boca, azar o deles que não conhecem os leais homens de Redland — mais uma vez ele sorri, dessa vez o sorriso se parece mais com o do filho, parecendo feliz com uma situação tão trágica.

— O senhor perdeu o seu olho tentando proteger o meu pai? — ele apenas olha para qualquer coisa que não seja o meu rosto — Lorde Gallon o senhor é um herói de guerra.

— Não é para tanto, Alteza — apesar de suas palavras ele parece feliz com o que eu acabei de dizer.

— Eu me certificarei de que o senhor receba uma medalha da coroa por tamanha coragem — ele permanece calado, mas claramente contente.

Termino de dançar com os convidados, ainda não há nenhum sinal de Kennedy, começo a me preocupar com tamanha irresponsabilidade do regente justo no dia de hoje.

— Verifique onde está o regente — digo discretamente na orelha de um guarda, meu timbre é forte e ameaçador.

Ele apenas assente levemente com a cabeça e some do meu campo de visão.

Continuo sorrindo e conversando com os convidados, espero que a maioria nem esteja sentindo a falta de Kennedy. Meus nervos estão a flor da pele, sinto uma sensação ruim no meu estômago, odeio quando as coisas fogem do meu controle.

Após longos e torturantes minutos distraindo a todos no salão o guarda que fora procurar Kennedy volta.

— Não encontrei o regente em nenhum lugar do castelo, Alteza — ele diz baixo, num tom em que somente eu possa ouvi-lo.

— Tudo o que nos resta agora é esperar — mantenho a minha postura ereta e minha voz firme.

Sinalizo para que os músicos continuem a tocar e sorrindo volto a minha atenção para os convidados.

— Está tudo certo Alteza? — John pergunta ao se aproximar sutilmente.

— Queria que estivesse... — apesar de estar muito nervosa não deixo isso transparecer — O senhor viu o regente hoje?

— Não, Alteza — ele responde com o cenho franzido.

Assinto levemente com a cabeça enquanto olho para nada em específico, sinto o olhar curioso de John sobre mim.

De repente a porta da escada se abre, Kennedy entra no salão a passos confiantes, ele usa um manto vermelho e botas extremamente lustradas, seu cabelo está no lugar e há um cetro em uma de suas mãos. Ele está arrumado demais para a minha coroação ou apenas quer chamar atenção? E aquele cetro é o de meu... pai?

Dirijo um olhar furioso a Kennedy e me aproximo da escadaria, John se mantém por perto.

— Boa noite a todos — ele se curva levemente após saudar as pessoas — Me perdoem pelo atraso, mas era por um bom motivo.

Todos se olham confusos, inclusive John que me encara como se eu soubesse o que está acontecendo. Por que eu tenho um péssimo pressentimento? Talvez porque se trate de Kennedy.

— Como todos sabemos hoje é o aniversário de dezoito anos da princesa Amelie — ele me olha com um sorriso levemente sarcástico — E por consequência também é o dia de sua coroação.

— Todos salvem a futura rainha! — alguém grita no fundo do salão.

O regente limpa a garganta claramente incomodado por ter sido interrompido.

— O que vocês não pararam para pensar é porque deixaríamos uma garotinha assumir o trono de um país em guerra? Ela vem incessantemente importunando os conselheiros com ideias malucas a respeito da guerra, ideias que poderiam custar milhares de vidas.

Sinto minha temperatura subir, cerro os punhos para tentar me conter.

— Tenho certeza que como sensatos e honrosos homens vocês não deixariam uma garota assumir o controle de Redland — Kennedy percorre todo o salão com o seu olhar — Porque eu não vou deixar isso acontecer — ele me dirige o seu olhar que queima mais que o meu corpo — Amelie Knight não será coroada nem hoje nem nunca!

Grande parte do salão grita concordando com Kennedy, me atento a todos os rostos que consigo ver. Todos esses desgraçados vão pagar caro por isso.

Subo até a metade das escadas o mais rápido que consigo.

— Eu sou a verdadeira dona dessa coroa! Sou filha dessa terra, sou filha do rei Eloy e da rainha Merina...

— E você se orgulha de ser filha daquela bruxa? Ela matou o nosso rei! — Kennedy me interrompe.

— Minha mãe deu a sua vida por Redland, não ouse tocar no nome dela dessa forma — me viro para ele e meu olhar é puro ódio — Ela fez o que você nunca foi e nem nunca será capaz de fazer, porque você é um covarde que se esconde atrás desses muros enquanto deixa milhares de vidas se perderem em uma guerra inútil.

— Inútil? O rei do norte matou o nosso rei! — ele desvia o seu olhar para as pessoas no salão — Vejam como essa garota valoriza o sangue que todos derramamos nessa guerra.

— Valorizo muito mais do que você que não dá a mínima para as baixas que estamos sofrendo em nosso exército ou para as mães e esposas que estão perdendo seus filhos e maridos — cuspo as palavras com todo o ódio que tenho.

— Prendam essa garota! — ele grita e aponta na minha direção.

Quando vejo guardas e alguns dos convidados obedecerem às ordens de Kennedy incendeio minhas mãos, as chamas queimam num vermelho intenso e tremulam conforme a minha raiva.

— Afastem-se ou se arrependerão! — digo direcionando o fogo para qualquer um que ouse se aproximar.

Não vejo nenhuma outra saída a não ser matar Kennedy, assim posso mostrar a minha força e dar uma lição para qualquer um que um dia pense em me trair. Me viro em sua direção, meu corpo ferve e minhas chamas clamam para carbonizar o traidor. Incendeio a parte debaixo do meu vestido para que eu consiga correr, subo as escadas numa velocidade impressionante.

Kennedy corre assustado para dentro do castelo deixando alguns guardas para tentar me impedir. Nem tenho tempo de olhar em seus rostos antes que estejam totalmente queimados pelo meu fogo.

Fúria cresce dentro de mim, sinto o sangue pulsar nas minhas orelhas. Meu olhar procura desesperadamente pelo traidor.

— Onde você está Kennedy? Está com medo de uma garotinha? — não reconheço a minha própria voz, ela sai mais grave do que o normal.

Não ouço nada além do meu coração acelerado, nenhum passo, nenhuma respiração ofegante.

— Amelie! — alguém grita o meu nome no início do corredor.

Me viro instintivamente com as chamas fumegantes em minhas mãos e John se assusta um pouco mesmo que de longe. Ele corre até mim e me encara visivelmente assustado.

— Nós temos que sair daqui — vejo desespero dentro dos seus olhos.

— Não antes que eu tenha as cinzas de Kennedy sobre os meus pés — sinto meu corpo em alerta novamente — E por que eu deveria ir com você para algum lugar? Até onde eu sei você pode muito bem ser outro traidor.

— Amelie você precisa acreditar em mim — ele me segura pelos ombros — Estão dizendo que Kennedy sabe como te matar, que ele está tendo o apoio do rei do norte.

Meu corpo inteiro congela. Não é possível.

Se isso fosse obra do rei do norte Kennedy já estaria morto, assim como eu...

Eu nunca havia sido ferida, nem emocionalmente e muito menos fisicamente, nem a mais afiada das espadas poderia perfurar a minha pele, mas de repente eu estava totalmente fora da minha zona de conforto, todos em que eu confiava estavam mortos e o homem mais poderoso de todo o continente ameaçava a minha integridade física.

Não consigo descrever se foi medo ou apenas a tentativa mais sensata de sobreviver, mas depois de um longo tempo eu volto o meu olhar para o rosto desesperado de John e respondo:

— Para onde nós vamos?

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