Capítulo 5

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Consigo sentir a brisa em meus braços e o calor chegar conforme o dia. Encostada em uma árvore vejo o nascer do sol, não por colinas dessa vez, mas como se ele emergisse diretamente do mar.

— Estamos mais perto do que eu pensava — John chuta a lenha queimada pela fogueira da noite passada.

Após uma semana de viagem parece que finalmente chegamos à capital da província oeste. Por conta da escuridão e do cansaço tivemos que parar em um morro onde montamos um acampamento improvisado para passar a noite. De onde estou consigo ver o centro da cidade, o mar e um pouco do castelo azul de Maresi. A vista é encantadora e eu não consigo olhar para nada que não seja os raios tímidos da manhã iluminando a bela cidade litorânea.

— É bom estar de volta — John diz nostalgíco.

— O castelo não parece estar tão longe — comento ainda sem tirar os meus olhos da paisagem.

— Não fica, quer dizer se formos pelo centro da cidade — ele me olha de relance esperando pela minha reação.

— Não vou mais me esconder, Gallon — sorrio de leve.

— Ficaria difícil depois da sua luta em Volair — ele brinca — Mas Volair era uma cidade pequena, o que Maresi definitivamente não é, existem retratos seus por toda parte.

— Eu tenho plena consciência disso, John — bufo de raiva, quem ele pensa que eu sou? Uma garotinha ingênua?

Ele assente percebendo a minha irritação e nós entramos em um estranho silêncio enquanto ele sela o nosso único cavalo.

— Eu queria ter visto — como era esperado, o garoto impaciente fala primeiro.

— O quê? — pergunto sem dar muita importância.

— Você derrotar aquele gigante — ele sorri como um idiota.

— Ele não era um gigante — volto a olhá-lo — E não foi nada comparado ao que realmente posso fazer.

— Estou começando a realmente ter medo de você, Amelie... — ele olha diretamente em meus olhos com um sorriso torto nos lábios.

— Se você deseja continuar vivo é bom ter — apesar do meu tom de voz sério, John gargalha alto e balança a cabeça negativamente — Nós vamos para o castelo ou não?

— Quando quiser, Alteza — ele faz uma reverência de forma exagerada.

Viro os olhos e tomo as rédeas do cavalo, mas Gallon estende a mão pedindo por elas. Com um olhar torto eu as entrego para ele.

Ele não se junta a mim, apenas vai guiando o cavalo pelas rédeas, adentrando as tão conhecidas ruas. Resolvi tirar o meu feitiço de aparência, todos os aldeões que passam não conseguem desviar os seus olhares de mim ou de John. Estampo o meu melhor sorriso no rosto, alguns retribuem enquanto outros apenas continuam encarando. As pessoas cochicham entre si, mas não nos dirigem nem sequer uma única palavra, aparentemente ainda em estado de choque.

Em cima do cavalo não consigo ver a reação de John, mas posso imaginar perfeitamente a sua expressão. Chega a ser cômico como nos aproximamos tanto em tão pouco tempo, não muitos anos atrás não nos passávamos por desconhecidos que se conheciam apenas por nome. Não entendo por que ainda tenho receios sobre ele, acho que depois de tudo o que me aconteceu não consigo simplesmente entregar a minha confiança tão facilmente.

— Abençoada seja Amelie Knight! — um mercador grita levantando o seu pão.

Um sorriso genuíno toma conta dos meus lábios, outras pessoas gritam palavras de apoio e tentam contato físico. Me assusto com a quantidade de aldeões que de imediato se aglomeraram à minha volta.

Vermelho, como fogo. Vermelho, como sangue (Em Pausa)Where stories live. Discover now