Vidas Feridas (Repostando)

By reidasnarrativas

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Sacrifícios fazem parte de quem nós somos, uma jovem garota pôde ver o seu mundo com outros olhos. Conflitos... More

Dedicatórias + Avisos
Elenco + Personagens
Epígrafe
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quartoze
Capítulo Quinze

Capítulo Três

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By reidasnarrativas


Cidade de Mellen, ano de 1980.

Os passos dos dois irmãos agora estavam acelerados. Kleber temia por alguma difamação que pudesse surgir ao seu respeito, e o pior, se lembrara da corrente que carregava em seu peito e que agora estava na residência em que todo o terror da sua vida havia começado.

Com as mãos entrelaçadas a da pequena Clara, agora estavam em frente a casa de um conhecido.

- Eu posso ficar aqui? - Kleber perguntou, com lágrimas em seus olhos. - Não temos aonde ficar. - abraçou a sua irmã.

O gramado em frente a casa do seu amigo, o céu cinzento e nublado como estava o seu coração. Os céus pareciam estar tristes com o que Kleber e a pequena estavam a passar.
Nuvens densas se formavam.

Antes, pode passar em frente a sua escola. O lugar aonde nunca frequentaria novamente após os acontecimentos ocorridos atualmente.

- O que aconteceu, meu amigo? - o garoto aparentava estar preocupado.

- Eu só preciso de algum lugar para ficar. - Kleber começou a se tremer.

Suas pernas cambaleavam, um suor surgiu de seu rosto e os seus cabelos escuros estavam sujos de manchas vermelhas.

- Que diabos aconteceu, Kleber?

Kleber puxou a sua irmã mais uma vez, tapou os seus ouvidos com as suas mãos, de modo que ela não pudesse ouvir o que falariam dali em diante.

- A mamãe está morta. - disparou agora, de um modo frenético.

- Valha - me Deus, que horrível! Entre, por favor. Papai está no trabalho. Estou sozinho em casa. - disse, abrindo o portão amarronzado para permitir a passagem do seu amigo.

Caminharam até o final da casa, um enorme local. Agora estavam no quintal da residência, sendo considerada uma área de lazer.

- Você precisa se lavar. E terá de me explicar como tudo aconteceu.

O irmão de André correra para o local, tomando impulso para abraçar a pequena Clara e assustado com o estado de Kleber.

A garota estava sentada sobre a cadeira, de forma tímida não argumentava uma sequer palavra. Mas é claro, ela estava assustada e a mistura de emoções, pensamentos e sentimentos a deixavam atordoada.

- Clara, minha amiga! Que saudades de você. - Enzo disparou, ao perceber a presença de sua amiga ao quintal.

- Oi, En..zo. - gaguejou ao avistar a sua amiga.

A garota se encolhia sobre a cadeira, mas foi puxada pelo seu amigo.

O garotinho lhe deu um beijo em sua bochecha, em seguida de um abraço, era uma coisa linda e ingênua de se ver.

Kleber sorriu ao ver tal cena, André fez um sinal com as suas mãos de forma que estivesse chamando o seu amigo e cochichou em seu ouvido.

- O que você acha de levar Clara para dentro, Enzo? Alegre - a. Ela precisa. - sugeriu o adolescente, com esperança de que pudesse ficar a sós com o seu amigo para poder entender o que havia acontecido.

Enzo pulava de alegria e agarrou a sua amiga pelo pescoço, direcionando - a para dentro de sua casa.

- Estamos a sós agora, preciso que você me conte como tudo aconteceu. Eu sou o seu amigo, você sabe que pode contar comigo. - sentou na cadeira suavemente. - Mantenha calma, conte - me o que apenas quiser e puder.

- O nosso pai assassinou mamãe durante uma discussão. Eu deixei o corpo no banheiro, a essa hora já devem ter achado. - mais uma vez, chorou, chorou e chorou.

- Se acalma, Kleber. Vocês vão ficar bem, poderão ficar aqui o tempo que quiser. Eu sei o quão difícil isto é, perder uma mãe. - franziu o cenho.

- Muito obrigado, André. Você tem sido um irmão para mim ultimamente.

- Não há de quê. - abraçou - o.

O silêncio pôde predominar naquele local, os amigos se olhavam e Kleber olhou para o vidro.. Clara sorria, de felicidade. Estava feliz, totalmente ingênua e.. Sorridente.

Cada sorriso da garota despedaçava o coração do maior, seus batimentos aumentavam a cada segundo e ele se sentia preso, em um mundo e corrente do qual nunca poderia se sair.

- Bom.. O que acha de entrar? Pode usar o banheiro, sinta - se a vontade.

Kleber se sentia incomodado, era como se ele pudesse sentir que estivesse atrapalhando.

- Não precisa se preocupar, André. Estamos bem assim.

- O quê? Você é louco! - deu um tapa em seu ombro. - Você está completamente sujo de sangue. - sorriu, na esperança de alegrar o seu amigo.

- Eu nunca irei tirar esta blusa, nela tem as últimas gotas de sangue da mamãe.

- Ao menos tome um banho, relaxe.. Eu sei o quão difícil isto é, e eu Enzo estaremos aqui. - levantou Kleber da cadeira. - Vamos, entre.

João, o garotinho entrara em seu quarto. Abrira lentamente a porta, e avistou sobre a sua mesa papéis. Uma ideia surgiu em sua mente. Naquele exato momento, sentou - se sobre a cadeira e seus sentimentos e imaginação haviam decolado.

Sobre a mesa de cor esverdeada, em seu quarto extenso e com presentes dados por Clara ele se divertia.

O garoto escrevia intensamente, sorrisos eram dados durante a sua escrita. Produzia pausas, coçava a sua nuca e passava a mão dentre os seus cabelos.

Ficara sem graça totalmente ao ler as suas próprias palavras, mas era necessário.

Ao acabar a produção, abriu o extenso papel. Começando a ler em voz alta, o garoto se emocionou.

"Olá, Clara. Me preocupa saber como você está. Eu diria que, você é uma das pessoas que eu mais amo em toda a minha vida.
Sua voz me traz paz, a sua presença me faz tão bem... Olhar nos seus olhos e sentir você próxima a mim é uma das minhas melhores sensações.

Eu faço este texto no automático, mas você merece, o que você passa é difícil... Eu sei, mas aguenta, por mim, por todos nós e por nosso futuro.

Você faz a minha vida, ter você me faz realizado, dar cor a minha vida... E eu gosto de lhe ressaltar isto todos os lindos dias. Por que você faz o meu dia completo, você não sabe o quanto eu espero para lhe ter novamente aqui... Comigo, e dessa vez... Pra sempre.

Acaba por não caber em meu peito.
Eu vou querer ser o seu melhor, que lhe faz feliz e sempre está contigo. Por que você é demais, eu estou disposto a passar com tudo e com você por todas as dificuldades impostas pelos que nos rodeiam.
Você me completa, é a responsável por apaziguar os conflitos internos que existem em mim, você me controla, me faz feliz, melhor.

Isso é eternamente e completamente indescritível.
Eu nunca senti isto em toda a minha vida por nenhuma outra garota.

Por que, você é inexplicável. Eu amo de modo extremo o seu jeitinho, a sua personalidade, o seu cheiro, o seu toque, o seu jeito de pensar... O modo como você me olha e me admira, você é responsável por todos os dias me fazer dar o último sorriso ao dormir.

Responsável por agora, me fazer deitar na cama e viajar em meus pensamentos sobre você. Me pego pensando em nosso futuro, na nossa vida juntos... E eu quero te merecer, te amar cada dia mais e lhe fazer extremamente feliz. Quero que você se sinta amada todos os dias da sua vida, que tenha orgulho ao citar meu nome pra teus conhecidos, familiares. Eu quero mudar a sua vida, fazer parte dela por inteiro e mais uma vez, te amar por completo.

Por você, tudo vale a pena. Saudades dos nossos encontros naquela alta colina, saudades do seu sorriso, do seu abraço.. Esta perda lhe dói, eu sei. O que você passa é difícil, você terá forças o suficiente. Você é forte, guerreira! E sempre poderá vencer qualquer obstáculo, garotas como você são únicas. Você me fez sentir parte de uma sociedade, me passou sensações mistas e indescritíveis.

Tudo parece estar tão escuro. Eu lhe amo, eu sempre estarei aqui.. Para mim, para você, para nós. O nosso lugar a espera, que você finalmente consiga mais uma vez.. Encontrar a sua verdadeira felicidade."

Com amor, João Booker.

- Isto está ótimo, eu acho. - coçou seus cabelos. - Será que eu realmente consegui demonstrar o que eu sinto neste momento? - se entristeceu. - Ao menos eu tentei, eu lhe amo Clara. - suspirou.

Embrulhou os papéis, e o amarrou com uma fita amarela.

A fita que remetia a doçura da sua melhor amiga, a sua cor favorita. A cor dos seus vestidos que a marcavam todos os dias quando se encontravam naquela mesma montanha, a cor do sol que ao bater em seus olhos podia brilhar ao projetar a visão nela. A cor dos girassóis que uma vez lhe presenteara.

Levantou - se da cadeira e foi em direção a sua janela. Pôde abrir a extensa janela de vidro de qualidade fosca, abriu a gaiola e de lá pôde tirar o seu pássaro.

- Eu irei precisar da sua ajuda, Flocão. - disse se direcionando ao seu querido pássaro. - Leve para ela, eu sei que você sente o que eu sinto neste momento, e sabe de quem se trata. Voe alto, transmita o amor.

Amarrou o bilhete em sua pata, e beijou o animal.

Se pôs em frente a sua janela mais uma vez, e desta vez soltou para longe e para cima o seu companheiro.

- Voe, Flocão! Alto! Eu sei que você irá voltar. - exclamou.

O animal voou alto, logo pôde sumir das vistas do garotinho. O menino fungou o ar que o cercava, entrando para a sua casa e fechando as suas janelas. Deitou - se sobre a cama, e avistou a sua foto com a pequena.

- Você irá fazer saudades. - o garoto exclamou, baixinho.

Restrinchos no interior da porta de seu quarto, ela estava sendo aberta. Era possível ver a silhueta da sua mãe, Aurora aos poucos pôde entrar no quarto de João.

- Oi, meu filho. Como você está?

- Mamãe! - o garoto se espantou, escondeu o porta - retrato abaixo do seu travesseiro e se deitou sobre o mesmo. - Tudo bem? - dizia, tentando disfarçar.

- Eu estou bem, querido. - sentou na cama de seu filho. - Clara lhe faz certo, não?

- Muita, mamãe.. - o garoto disse, encostando a cabeça em seu corpo.

- Fique tranquilo, ela irá voltar. Vocês nunca poderão ser separados. - beijou a sua testa. - Nós o esperamos lá em baixo para a janta. - se despediu.

O garoto não argumentou uma sequer palavra, apenas assentiu com a cabeça de modo afirmativo.

- Ele realmente a ama. - respirou fundo ao sair do quarto. - Meu Deus, não deixa a desunião acontecer. - entrelaçou as suas mãos.

Cada gota que podia tocar o corpo do adolescente era como uma chama, que o consumia por dentro. A dor da alma. Via o sangue da sua mãe escorrer ali, pelo ralo. Fechara os olhos e a cena se repetia um trilhão de vezes, nunca teria coragem de revelar a verdade para a sua irmã.

Acima de tudo, ele reconhecia a sua fragilidade. Teria que mostrar braveza, mas a responsabilidade em cuidar de uma criança o assolava.

- O que fez você vir parar aqui, Clara? - Enzo sorria, com um urso em suas mãos.

- Eu não sei, Kleber me trouxe para cá. - a garota dizia, de modo seco.

- Aonde estão os seus pais? - o garoto se sentiu curioso.

- EU NÃO SEI, ENZO! Fazem horas que eu não os vejo. - a garota desabou em lágrimas. - Eu sinto saudades, tudo está tão confuso.

- Ei. - colocou a mão sobre o queixo da amiga. - Você tem a mim. - sorriu, um sorriso único e doce. - Toma. - estendeu a sua mão, lhe presenteando com o seu melhor urso.

- Obrigada, Enzo.. - a garota agarrou o presente, com um olhar cabisbaixo.

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