-Podemos entrar? – Anne perguntou docemente quando os meninos permaneceram calados, apenas encarando-os.
-Hum... Ok, claro. – Louis disse um pouco trêmulo com o nervosismo que o dominava.
Ele abriu mais a porta deixando Anne, Robin e Gemma entrar. Harry permanecia grudado nele, segurando sua mão com cada vez mais força, o que só o deixava mais nervoso.
-Vamos sentar aqui e conversar, tudo bem? – Anne disse ao se sentar no sofá, com o marido de um lado e a filha do outro.
-Ok... É... O meu pai, ele não está em casa. – Louis murmurou enquanto fechava a porta e ia se sentar no outro sofá, com Harry o tempo todo grudado nele.
-Nós sabemos querido. – Anne respondeu e isso deixou Louis mais confuso e assustado, enquanto Harry precisou se controlar para não começar a chorar ali mesmo.
Se sentindo traído ele lançou um olhar para a irmã, mas Gemma não estava olhando para ele, na verdade ela encarava as mãos no colo, mexendo em seus anéis e pulseiras nervosamente.
-Por favor... – Harry pediu quando a mãe abriu a boca para falar algo novamente. –Me deixem conversar com o Lou primeiro, por favor, eu...
-Harry. – Louis o olhou cada vez mais confuso. –O que foi? O que está acontecendo, amor?
E então Harry não aguentou mais e deixou as lágrimas correrem por seu rosto.
-Me desculpa Lou, por favor, me perdoe... Eu não sabia mais o que fazer, eu... Eu sinto muito... – Harry suplicou e o abraçou de lado, enterrando o rosto no pescoço dele.
Louis ficou completamente assustado, uma de suas mãos foi instintivamente para as costas do namorado, acariciando o local em sinal de conforto, mas num clique tudo fez sentido em sua cabeça... A aparição repentina da família Styles ali, o que Anne disse sobre saber que o pai dele não estava em casa e os pedidos de desculpas do namorado.
-Ah, você contou pra eles, Harry? Você contou? – Louis sussurrou em desespero, não conseguindo acreditar naquilo, ele podia esperar algo assim de qualquer um, menos de Harry.
-Ele só contou para mim, Louis. – Gemma se intrometeu ao ver o desespero do irmão, ela só estava fazendo o que realmente achava ser o melhor para eles, não queria ver o irmão e nem o cunhado sofrerem. –Eu é que contei para nossa mãe e o Robin, ele pediu minha ajuda porque estava com medo de te perder e eu sabia que por mais que quisesse não teria como ajudá-los sozinha.
-Eu te pedi para não contar a ninguém, você prometeu que não contaria. – Harry tirou o rosto do pescoço de Louis e lançou um olhar magoado para Gemma que sentiu os olhos marejarem, mas permaneceu firme porque tinha certeza de que estava fazendo o melhor para eles.
-Me desculpe Harry. – ela sussurrou. –Mas é melhor assim, eles vão poder ajudar vocês.
-Mas...
-Harry. – Anne o interrompeu. –Sua irmã fez o certo, o que vocês deviam ter feito desde o começo, nos procurado.
-Vocês são dois meninos, como acharam que poderiam lidar com tudo isso? – Robin falou pela primeira vez.
-Eu estava me virando muito bem. – Louis retrucou na defensiva, Harry ainda estava agarrado nele, com medo de que Louis se afastaria dele a qualquer momento, mas Louis estava chocado demais para ter alguma reação física.
-Se acalmem vocês dois. – Robin pediu. –Estamos aqui para ajudar.
-Vocês não entendem. – Louis abaixou a cabeça. –Eu tenho 15 anos, não faço ideia de onde minha mãe está e o meu pai foi embora, o que é um alívio porque ele é um bêbado cruel que tinha como passatempo me bater e humilhar... A justiça vai me tirar daqui, eles vão me mandar para algum orfanato e...
-Não. – Harry o interrompeu quase ofegando. –Vocês não vão deixar isso acontecer, né? Mãe, Robin... Por favor, esse era o nosso maior medo... Ah, Lou, me perdoa.
Harry voltou a enterrar o rosto no pescoço de Louis que ficou imóvel, ele odiava ver Harry chorando daquele jeito, no fundo sabia que ele tinha procurado a ajuda da irmã com as melhores intenções, mas também não conseguia deixar de se sentir traído.
-Nós sentimos muito por tudo isso que você passou e está passando, Louis. – Anne se inclinou para frente, na direção do menino. –Eu confesso que estava começando a desconfiar de algo, mas nada assim, é tanto peso para um menino carregar.
-Eu não tinha outra opção. – Louis sussurrou.
-Nós te amamos Louis, você já faz parte da nossa família. – Anne disse com o coração partido, quando Gemma a procurou contando tudo aquilo ela se sentiu chocada, entristecida e revoltada por pais terem coragem de fazer isso com um filho, e um filho tão adorável quanto Louis.
-O que vocês vão fazer? – Harry perguntou a eles.
-Querido, não se desespere assim. – Anne pediu com o coração se despedaçando diante daquela cena. –Nós só vamos ajudar.
-Mas como? – Harry insistiu.
-Nós ainda não temos certeza. – Robin disse. –Precisamos conversar mais, fazer algumas pesquisas sobre essa situação, mas...
-Eu não vou para nenhum orfanato ou algo assim. – Louis sussurrou e se segurou ao máximo para não começar a chorar. –Eu fujo, juro que eu fujo para bem longe...
-Louis! – Harry agarrou o rosto dele e o fez encará-lo. –Não fale isso, nós vamos ficar juntos, prometemos isso, lembra? Juntos!
-Você também prometeu que não contaria nada a ninguém, nós tínhamos um plano.
-Um plano que não estava dando muito certo, amor. – Harry fungou. –Não conseguiríamos viver mais três anos assim, uma hora ou outra tudo ia desabar... Eu sei que você deve estar com raiva de mim agora, mas me desculpa, eu estava desesperado, ok?! Eu te amo!
Anne sentiu que estava prestes a chorar também, enquanto Gemma já chorava e Robin também se comovia.
-Vocês são tão jovens e já se amam tanto. – Anne murmurou. –Isso é algo lindo e especial, vocês tem sorte de terem se encontrado tão jovens na vida.
Essas palavras tocaram Louis profundamente, ele sabia o quanto aquilo era verdade, o quão sortudo era por ter Harry em sua vida. E olhando nos olhos verdes cheios de lágrimas ele tentou enterrar aquele sentimento de traição e mágoa, Harry só queria ajudá-lo e estava certo, o plano deles não daria certo por três anos, ele nem tinha conseguido um emprego ainda.
-Não fica com raiva de mim, Lou. – Harry pediu, ainda segurando o rosto do namorado e olhando fundo em seus olhos, que agora também transbordavam com lágrimas. –Por favor, eu não suportaria te perder.
-Eu também não. – Louis sussurrou. –Estou sim magoado e confuso e assustado... Mas eu te amo, o nosso amor é a única certeza que eu tenho na minha vida agora.
Harry chorou ainda mais e grudou seus lábios aos de Louis, sem se importar que estivessem sendo observados, ele precisava daquilo, ambos precisavam.
Louis retribuiu ao beijo, que não passou de um selinho longo e desesperado, mas que ajudou a deixá-los um pouco mais calmos.
Quando conseguiu controlar o choro Harry olhou para a mãe.
-Você entende que ele não pode ser levado para longe de mim, mãe? Vocês três entendem isso?
-É claro, querido. Também não queremos isso... Vamos dar um jeito. – Anne assegurou.
-Confiem na gente. – Robin pediu.
Gemma se sentiu aliviada quando Harry lançou um breve sorriso para ela e Louis ainda estava nervoso e com medo, mas não tinha muitas opções agora, ele precisaria mesmo confiar muito nos Styles.
***
Naquele dia Anne e Robin levaram Louis para ficar na casa deles até que decidissem o que fazer, Louis até tentou recusar, mas não adiantou, Anne nunca o deixaria ali sozinho agora que sabia de tudo, então ele acabou indo, levando uma mochila com algumas de suas coisas.
O clima ainda permanecia tenso, Harry não soltava a mão de Louis nunca, com medo de que o namorado surtasse e fugisse ou qualquer coisa assim. Quando chegaram em sua casa Anne serviu o almoço, mas Louis e Harry comeram pouco. Eles conversaram mais, Louis respondeu a todas as perguntas que foram feitas e depois subiu com Harry para o quarto dele, se sentiam emocionalmente exaustos.
Robin, Anne e Gemma ficaram na sala e observaram os dois subir as escadas de mãos dadas.
-Eles realmente não podem ser separados. – Gemma disse. –Eu nunca me perdoaria se isso acontecesse, Harry confiou em mim.
-Você fez a coisa certa quando nos procurou. – Robin a tranquilizou. –Eu não consigo acreditar que eles aguentaram por tanto tempo essa situação.
-O Louis sofreu tanto nessa vida. –Anne sussurrou tristemente. –Como uma mãe pode simplesmente ir embora e deixar o filho com um pai terrível?
-Onde será que ela anda? – Gemma pensou alto.
-Não importa, ela sabe onde o filho está e nunca o procurou, então não o merece. – Anne retrucou e Gemma sorriu porque ela já defendia Louis como se fosse um dos seus filhos também. –Fico preocupada se o Mark voltar, as coisas que Louis nos contou, eu odeio esse homem mesmo sem nunca tê-lo visto.
-Se ele voltar vai para a cadeia, simples assim! – Robin exclamou.
Um silêncio pesado recaiu sobre eles, até que Anne o quebrou com um suspiro trêmulo e sofrido.
-O que faremos agora?
-Vamos ajudá-los. – Robin garantiu. –Vai ficar tudo bem, faremos o que for o melhor para todos, principalmente para eles.
***
No quarto Harry e Louis estavam na cama, sentados lado a lado com as costas contra a cabeceira. Harry tinha os braços ao redor do namorado e Louis a cabeça encostada no peito dele.
-Você não está mais com muita raiva de mim? – Harry perguntou, eles já tinham conversado um pouco, mas o clima tenso ainda era quase palpável.
-Eu estou estranhamente cansado. – Louis disse. –Exausto, na verdade.
-Mas não com raiva, né?!
Louis acabou sorrindo com o tom de voz usado por Harry e ergueu o rosto, aproximando-se dele.
-Não, eu não senti raiva, só...
-Se sentiu traído, né?!
-É, eu não imaginei que você tivesse dito algo a sua irmã.
-Eu ia te contar. – Harry disse. –Juro que eu ia, por isso fui para a sua casa, e eu pedi que ela não contasse a ninguém, só pensei que ela poderia nos ajudar.
-Eu entendi. – Louis assentiu. –E prometo que não estou com raiva, mas assustado, eu confio na sua mãe e no Robin, mas o que eles podem fazer para me ajudar?
-Eles vão dar um jeito. – Harry disse com firmeza.
Louis apenas assentiu, de certa forma era um alívio para ele, estava tudo tão difícil, por mais que quisesse acreditar no contrário ele sabia que não conseguiria viver daquele jeito por mais três anos, uma hora alguém perceberia que Mark não estava mais por perto... Mesmo assim ele ainda tinha medo porque não fazia ideia do que aconteceria agora.
Uma batida suave na porta os assustou.
-Posso entrar? – era Gemma.
Harry olhou para Louis, que assentiu brevemente, então disse a irmã para entrar.
-Não vou demorar. – Gemma disse parada na porta aberta. –Só queria dizer que eu sinto muito se te decepcionei, Harry... Mas pensei muito e percebi que não tinha outra coisa a ser feita, nós não daríamos conta de uma situação dessa.
Harry a encarou em silêncio por um tempo, mas percebeu que do mesmo jeito que Louis o tinha perdoado pelo que ele fez, ele também devia perdoar a irmã, afinal de contas ela também só queria ajudar.
-Tudo bem. – Harry murmurou com um sorriso cansado. –Eu te entendo, fiz o mesmo com o Lou.
-Vai ficar tudo bem, meninos. – ela soou tão confiante. –E não fique com raiva do meu irmão, Louis, ele te ama tanto... Um dia eu quero encontrar alguém que ame assim.
-Eu sei. – Louis também não conseguia sentir raiva dela. –Nós estamos bem, eu o amo muito.
Gemma sorriu com alívio e depois de ir até a cama e estalar um beijo no rosto dos dois, saiu do quarto, deixando-os sozinhos novamente.
Imediatamente Harry puxou o rosto de Louis para si e o beijou profundamente. Louis se entregou rapidamente, os lábios deles se moviam com voracidade, ambos ansiosos por aquele contato, e não demorou para as línguas também participarem, passeando pelas bocas, se entrelaçando e deixando-os sem ar.
Quando o beijo foi encerrado eles encostaram a testa uma na outra e se olharam de pertinho, fixamente.
-Eu vou estar com você, não importa o que aconteça eu sempre vou estar com você. – Harry prometeu.
Louis não queria voltar a chorar então só assentiu e o abraçou com força. E pelos próximos minutos ele sentiu mesmo que ficaria tudo bem, então se agarrou a esse sentimento porque era tudo o que lhe restava.
***
Nos próximos dias as coisas não mudaram muito. Louis continuou na casa dos Styles dividindo o quarto com Harry, o que os dois adoravam... Todas as noites eles pensavam em como seria perfeito se fosse sempre assim, mas não diziam nada em voz alta.
Anne e Robin passavam cada segundo de seus dias pensando no que fariam, fizeram pesquisas e conversaram incansavelmente, até que na sexta-feira chegaram a uma conclusão e tomaram a decisão final, eles sabiam que talvez não fosse a coisa mais esperta a ser feita e que aquilo poderia trazer algum problema futuro para a família, mas sabiam que não tinha outra coisa a ser feita.
Robin não foi trabalhar e ele e Anne ficaram esperando os garotos voltarem do colégio para conversarem, comunicar a decisão e fazer os planos para os próximos passos.
Harry e Louis saíram mais cedo do que Gemma naquele dia já que não tiveram a última aula, mas antes de ir para casa resolveram parar em uma sorveteria, estava um dia frio, mas eles precisavam se distrair, se sentiam a ponto de explodir com tanta tensão nos últimos dias.
Com os sorvetes já em mãos eles se sentaram em um banquinho na frente da sorveteria.
-Sua mãe e o Robin ainda não decidiram nada. – Louis murmurou.
-Eles vão, estão pensando em algo. – Harry disse tentando convencer a si mesmo disso.
-Ok. – Louis assentiu e decidiu mudar de assunto, não aguentava mais falar sobre aquilo. –Eu vou trabalhar umas horas na padaria hoje depois do almoço.
Ele não tinha conseguido o emprego fixo ainda, mas continuava ajudando lá sempre que era chamado.
-Posso ir com você? – Harry pediu o olhando, ele ainda não conseguia acreditar na sorte que teve por Louis tê-lo perdoado por ele ter contado tudo a Gemma, mas se sentia extremamente grato por isso, sabia que as coisas não tinham terminado ainda, mas tinha esperança de que daria tudo certo.
-Claro que pode. – Louis riu. –Mas não vai ficar entediado lá?
-Não, vou ocupar uma das mesas de lá e ficar de olho para nenhuma garota dar em cima de você. – a resposta de Harry fez Louis rir ainda mais e ele não conseguia descrever o quão maravilhoso era poder rir assim, deixando as coisas ruins de lado ao menos por enquanto.
-Você sabe que não precisa se preocupar com isso, mas tudo bem, poder ficar olhando para você enquanto trabalho não será nada mal. – Louis chegou mais perto de Harry e lhe roubou um beijo com sabor de sorvete de chocolate.
Os dois sorriram e continuaram a conversar e trocar beijos, sem fazer ideia da grande mudança que ocorreria em suas vidas naquele dia.
***
N/A: Oii :) No próximo cap. vamos saber a decisão de Anne e Robin e provavelmente já teremos a passagem de tempo também e a partir daí umas coisas bem surpreendentes (envolvendo Ziam) vão acontecer ;) rsrs
Ahh, e o Niall tbm vai aparecer, provavelmente ele já aparece no próximo cap.
Espero de verdade que estejam gostando e obrigada *-*
beijos