ㅤ ㅤ— O que faz aqui? — perguntou Samantha, de uma forma nem um pouco amistosa, o que demonstrava que a manhã não havia sido agradável.
ㅤ ㅤ— Querendo conhecer onde você estuda, seus hábitos. Além disso, não posso aparecer do nada no evento como seu namorado. Caso eu aceite, as pessoas já têm que saber que eu existo. — Deu de ombros, oferecendo o copo de café para a morena, que pareceu cogitar recusar, mas logo depois o aceitando. — Estava aqui perto e aproveitei a oportunidade. Se puder me levar para casa, também agradeço. — Sorriu de lado, tentando animar um pouco a morena, mas vendo que não havia sido bem-sucedido.
ㅤ ㅤWilliam observou a mulher apertando um pouco seu copo, enquanto dava alguns goles, podendo arriscar estourar o pequeno objeto e derrubar tudo.
ㅤ ㅤ— Está acontecendo alguma coisa? — Semicerrou os olhos, confuso.
ㅤ ㅤNão sabia como seria o comportamento da garota quando o visse ali. Havia perdido um bom tempo tentando encontrar o carro dela no meio daquele monte de carros, mas havia ido bem na missão e ficou pacientemente esperando a garota, sem ter certeza da hora que ela chegaria. O copo de café que comprou após achar o local do veículo, sendo térmico, o fazia crer que aguentaria alguns minutos de espera sem esfriar drasticamente.
ㅤ ㅤPensou que possivelmente ela entendesse que o que ele dizia significava que estava cada vez mais perto de aceitar o acordo. Havia perdido um bom tempo nos últimos dias tentando ajustar as coisas para que aquilo desse certo. Aliás, mesmo se desse errado, esperava que conseguisse encaminhar alguns de seus planos.
ㅤ ㅤApesar da animação sobre a proposta de Samantha, havia perdido um tempo significativo pensando sobre o que aquilo poderia significar futuramente. Havia adversidades no caminho e algumas coisas que precisaria fazer que poderia prejudicar seu trabalho futuramente. Havia cogitado mudanças de direções e o que aquilo poderia gerar. Ficara ocupado arduamente em outras atividades no período da manhã e tarde, mas a noite se via fazendo cálculos e avaliações sobre como poderia cobrar da garota, sem fazê-la desistir.
ㅤ ㅤNão podia abrir mão do dinheiro. Ele precisava dele. Mas se esforçara para restringir os custos ao essencial, tirando partes voltadas a suas clientes. Aliás, clientes que agora não poderia ter mais contato e que não podia correr o risco de estragar os planos da morena.
ㅤ ㅤHavia feito diversas coisas por aquele acordo. E só pensava se um de seus planos fosse dar errado, não fazia ideia do que poderia fazer diretamente.
ㅤ ㅤVoltou seus pensamentos ao presente, quando Samantha deu um suspiro, demonstrando um grande cansaço, além de profunda tristeza apenas naquele pequeno gesto.
ㅤ ㅤ— A proposta está cancelada — respondeu ela, parecendo desanimada.
ㅤ ㅤO homem ficou parado, piscando os olhos, incapaz de pronunciar alguma coisa. Ele havia ouvido direito? Samantha pareceu tentar ignorar a reação dele e entrou no carro, encostando-se firmemente na poltrona do motorista.
ㅤ ㅤ— Vai querer a carona ou era apenas brincadeira? — Indagou ela, tentando fazê-lo voltar a realidade. William piscou mais algumas vezes, apenas assentindo. Ainda sem dizer nada, saiu da frente do carro e se dirigiu até o lado do passageiro, abrindo a porta, e sentando-se em silêncio.
ㅤ ㅤWipperfield ligou o carro e os dois fizeram o percurso em silêncio por alguns minutos, até a morena finalmente quebrar aquele momento.
ㅤ ㅤ— Ok, você parece realmente pensativo e eu estou começando a me sentir culpada. Você não me respondeu, então achei que nem seria importante para você — justificou ela.
ㅤ ㅤ— Eu estava fazendo os planos — rebateu ele, num tom um pouco mais grosseiro do que planejava. Percebeu o que fizera, em seguida soltando um suspiro e finalmente a encarando. — Conseguiu encontrar alguém? — Arqueou a sobrancelha, esperando.
ㅤ ㅤPercebia quão idiota havia sido. Estava gostando de ver as reações que ela tinha quando o encontrava, como se desejasse falar algo, mas sempre travando no caminho. Era divertido notar que ela queria desesperadamente falar com ele, mas incapaz de fazer. Agora percebia que havia sido patético da parte dele se divertir com aquilo. Devia ter deixado claro que havia feito planos e estava organizando tudo. Havia se passado uma semana e a garota tinha pressa, não podia esperar por ele. William deixou seu ego falar mais alto, o fazendo crer ser a única opção para ela, mas era óbvio que estava errado. Samantha era bonita e sabia disso, facilmente conseguiria alguém para ir com ela. E ele estava confiante de uma forma estúpida.
ㅤ ㅤAgora precisava replanejar todas suas rotas. E seria cômico pensar em como seria isso, se a situação não fosse tão desesperadora. A morena respondeu sua pergunta apenas com um grunhido não intencional.
ㅤ ㅤ— Não encontrei ninguém — respondeu simplesmente, o que não ajudava a acalmar a situação do homem.
ㅤ ㅤFinalmente chegando ao condomínio, a mulher estacionou rapidamente e saiu do carro, fazendo um gesto para que Will fizesse o mesmo. Percebeu que nem havia terminado de tomar o café, segurando o copo na mão, ainda desconcertado por aquela situação. Estava desesperado para que ela explicasse melhor a situação, queria sacudi-la e dizer tudo que tinha feito na semana, mas sabia que não poderia. A culpa havia sido dele por não lhe dar informações sobre situação. Agora ele pagava por seus atos.
ㅤ ㅤ— Samantha — chamou ele, vendo ela se afastando apressadamente em direção ao elevador. Pegou na mão dela, fazendo a garota se virar para olhá-lo. — Pode me dizer o que aconteceu, por favor? — Pediu, sem erguer o olhar, fixando-o no contato entre as mãos dos dois. A mão da morena era macia, o deixando tentado a levemente massageá-la com o polegar. O que foi exatamente o que fez.
ㅤ ㅤO silêncio entre eles pairou por alguns segundos, até ela finalmente soltar um suspiro e afastar-se, eliminando o contato entre eles.
ㅤ ㅤ— Não posso te levar, William, é só isso. — Usou o dedo polegar e indicador da mão direita para massagear na região entre os olhos. Fechou os mesmos, enquanto fazia esse gesto, antes de finalmente voltar a olhar o homem à sua frente. — Queria poder, mas simplesmente não tem como te levar.
ㅤ ㅤ— Sua orientadora não aprovou um novo relacionamento? — Arqueou a sobrancelha, perdido naquelas palavras.
ㅤ ㅤ— Quê? Ela nem se ligou muito nisso. O problema é a entrada. — O homem pareceu mais confuso, quase fazendo a garota perder a paciência. Dessa vez, de forma injusta, ele considerava. — Convite, William, eu não tenho convites para você. E para ajudar, Samuel vai naquele evento. Vou ter que me virar sozinha! — Reclamou, parecendo ficar incomodada com a expressão que Copperfield agora expressava. Ele estava aliviado?
ㅤ ㅤ— Então o problema é só o convite? — Ele sorriu de lado.
ㅤ ㅤ— Só? Tem noção de que isso torna as coisas impossíveis? — Aborreceu-se ela, vendo que ele parecia não entender de fato a situação deles. Bufou e decidiu lhe dar as costas, apertando o botão do elevador. O homem foi atrás dela, entrando junto com a mesma no cubículo.
ㅤ ㅤ— Sammy, isso não é um problema. — Viu que a garota outra vez ia argumentar, mas ele foi mais rápido. — Eu consigo resolver isso. Só preciso que você me diga se quer mesmo me contratar.
ㅤ ㅤ— Vou ignorar o fato disso ser impossível, e perguntar: não era você que tinha que dizer se queria ser contratado?
ㅤ ㅤ— Então, era isso que eu queria conversar. Queria te chamar para almoçar e conversar para decidir o que fazer, te apresentar alguns valores para você decidir o que quer fazer.
ㅤ ㅤA garota deu um revirar de olhos, viu o número de seu andar e o elevador abrindo logo em seguida. Saiu dali, mas dando um indicativo para Will ir atrás dela.
ㅤ ㅤ— Como você pretende resolver o problema da falta de convite? — Perguntou ela, seguindo para seu apartamento.
ㅤ ㅤ— Eu consigo um convite — respondeu simplesmente, seguindo a garota, até tropeçar nela, já que a mesma parou bruscamente.
ㅤ ㅤQuando se virou para ele, tinha um olhar feroz.
ㅤ ㅤ— Você não pretende transar com a organizadora, né? — Semicerrou os olhos, desconfiada, o que quase fez o homem soltar uma gargalhada.
ㅤ ㅤ— Agora é uma mulher que organiza? Por que nos anos anteriores sempre foi um homem — ignorou o olhar desconfiado que ela lhe jogou, antes de decidir continuar seu caminho e abrir a porta do apartamento.
ㅤ ㅤO local era organizado, tirando a mesa que ele supunha ser um dos locais de estudos, que tinha algumas coisas jogadas, mas não o suficiente para ser o objetivo fixo dos estudos da morena, supôs ele.
ㅤ ㅤ— Como sabe tão bem sobre esse evento? — indagou ela, indo para a cozinha, abrindo os armários e selecionando algumas coisas, enquanto ele olhava de soslaio para os cômodos, desinteressado. O homem apenas respondeu com um discreto dar de ombros. — Como vai conseguir um convite?
ㅤ ㅤ— Tenho meus meios.
ㅤ ㅤ— William... — falou o nome dele entredentes.
ㅤ ㅤ— Não se preocupe, Sammy, não vou transar com ninguém. — Foi em direção dela, encostando-se ao balcão que ficava logo em frente a pia, onde ela estava cortando algumas coisas. — A partir do momento que acertamos o preço, serei todo seu. E não vou transar com ninguém do evento antes disso também — acrescentou, vendo que ela o encarou, pronta para enfatizar aquele ponto. — Então, vai querer conversar sobre nosso acordo?
ㅤ ㅤ— Sim, assim que terminar de fazer o almoço para nós. — Copperfield se aproximou dela, olhando o que ela fazia, mas acabou se desconcentrando no perfume da garota. Piscou algumas vezes, tentando voltar sua atenção para a comida.
ㅤ ㅤ— Parece bom — murmurou ele, vendo que só naquele momento que a morena percebeu como ele estava perto. Viu ela assustar levemente com a voz dele, o que a fez ir um pouco para trás, de modo que seu corpo encostou no de Will.
ㅤ ㅤEla ergueu a cabeça para encará-lo e ele se desconcentrou nos olhos castanhos, antes de concentrar-se nos lábios dela. A boca de Samantha era atraente demais e ele quase não resistiu em tocá-la. Quase. Exibiu um sorriso, tentando quebrar aquele momento, antes que seu corpo reagisse demais àquela situação.
ㅤ ㅤ— Acho melhor você concentrar sua faca na comida — comentou ele, vendo Sam acompanhar seu olhar para a mão dela, que segurava firmemente o objetivo. Se afastou um pouco, tentando garantir distância do cheiro que parecia irresistível daquela garota. — Precisa de ajuda?
ㅤ ㅤ— Não, é rápido. Pode se sentar e esperar, se quiser.
ㅤ ㅤCopperfield apenas concordou e se sentou.
ㅤ ㅤAparentemente, parte da refeição já havia sido feita anteriormente e a morena só precisou esquentar boa parte da comida. O homem se ofereceu para arrumar a mesa, apesar de ter perdido algum tempo, não sabendo onde ficava nenhum objeto. Mas como a cozinha era pequena, aquilo não foi realmente um problema. William estava disposto a conversar durante a refeição, mas a morena parecia querer estar bem alimentada antes de discutir qualquer tema. Deste modo, os dois comeram quase em silêncio, quebrados apenas por perguntas discretas de Copperfield e algumas tentativas da garota de fazer o mesmo, apesar das respostas vindas dela serem muito mais completas que as dele. Era evidente que ela queria saber como ele conseguiria convite, mas também era óbvio que ele estava se divertindo em não contar. Por fim, Sam chegou a crer que ele estava apenas debochando dela, ou que realmente iria fazer algo inconveniente para conseguir a entrada.
ㅤ ㅤ— Samantha, eu já falei, não vai haver nada sexual ou ilícito no modo que vou conseguir o convite. Você não tem nenhum risco de encontrar alguma organizadora querendo esfregar na sua cara que transou comigo, muito menos ficando sem par porque estarei na cadeia.
ㅤ ㅤ— Mas e se minha orientadora me perguntar? Eu pedi o convite, e agora de repente você o tem? — Tentou ela.
ㅤ ㅤ— Apenas lhe diga que tenho conhecidos que trabalham no evento.
ㅤ ㅤ— E você tem?
ㅤ ㅤ— Talvez — respondeu ele, com um sorriso sem mostrar os dentes, enquanto mastigava o alimento, ignorando a bufada irritada que ela deu.
ㅤ ㅤ— Se vamos fingir ser namorados, eu preciso saber algo da sua vida. Não posso me mostrar ignorante se me perguntarem — justificou.
ㅤ ㅤ— Não tem nada importante que você deva saber. Meu nome é William Copperfield, tenho vinte e seis anos, não tenho muitos amigos, gosto de assistir filmes e séries, raramente saio de casa para me divertir e sinto um enorme prazer em fazer uma mulher gozar.
ㅤ ㅤ— Eu preferia evitar o conhecimento dessa última parte.
ㅤ ㅤ— Talvez ela seja importante, caso você sinta alguma vontade de...
ㅤ ㅤ— Você sabe que...
ㅤ ㅤ— Eu não disse que vamos, necessariamente. Mas também não descarto essa possibilidade.
ㅤ ㅤ— William...
ㅤ ㅤ— Sammy, pode ignorar essa última parte se está tão desconfortável. Eu só estou te falando de mim. Você perguntou, estou respondendo. — Cortou ele, rapidamente, não parecendo preocupado de fato com aquilo.
ㅤ ㅤ— Eu só não gosto de falar sobre isso, depois de... Você sabe — explicou ela.
ㅤ ㅤ— Sinceramente, Samantha, — ele soltou um suspiro — sejamos honestos. Eu sou um garoto de programa, faço sexo quase todos os dias. E quando não o faço, é porque estou ocupado demais com outros assuntos. Obviamente terei desejos, mas por mais que fale algo sobre isso, não indica que vou ficar tentando te forçar a algo. Não sei como era sua reação com o loiro idiota, mas não sou assim. Não vou começar a te chantagear falando que vou sair com outras, ou ficar forçando uma situação. Se acontecer e você quiser, eu estarei disposto aqui a mostrar que sou bom, se não quiser, eu estarei aqui sendo um ótimo falso namorado. E ficaremos bem com isso.
ㅤ ㅤDecidiu que o melhor a fazer era colocar os pontos nos i's. Não ia negar que havia um interesse por aquela garota e que havia desejo de levá-la para cama, mas deixaria claro que em nenhum momento forçaria aquela situação. A situação ocorreria se, e somente se, Samantha sentisse que queria aquilo. E ele não podia negar que desejava que conseguisse aquilo. Apesar que sabia que seria bem difícil, considerando que ela nunca havia feito algo com seu namorado. Mas talvez o fato dele ser um idiota colaborasse com isso.
ㅤ ㅤ— Está bem, acredito em você — disse, com simplicidade. Mas, estranhamente, aquelas poucas palavras trouxeram um leve conforto para o homem. Era surpreendente ver uma garota que mal o conhecia confiando nele. Era claro, as suas clientes tinham que confiar, principalmente as virgens, mas elas o queriam e confiavam com o único intuito sexual. No caso de Samantha, ela confiava que ele não tenderia para aquele lado. Era irônico, mas era uma sensação boa. — Precisamos agora falar sobre os preços. — Afastou seu prato, indicando que havia acabado sua refeição. Copperfield rapidamente terminou de comer a sua, repetindo o ato da garota.
ㅤ ㅤ— Ah, claro. — William pegou o celular no bolso. — Tenho alguns papeis lá em cima, com tudo detalhado, mas o principal está ai. — Mostrou a imagem na tela. — E o principal... — Desceu até o final da imagem, onde estava escrito o preço. — Podemos conversar sobre, mas não me considero capaz de reduzir esse valor.
ㅤ ㅤSamantha semicerrou os olhos e ele a observou, percebendo que estava ansioso. Apesar do desespero da garota, o fator custo era essencial na tomada de decisão dela e ele precisava que ela aceitasse para conseguir fazer o que era necessário. Mas não sabia se ela o faria.
ㅤ ㅤ— Não vou mentir que é pouco, porque vou ter que desembolsar um valor significativo da poupança para conseguir te pagar. Mas isso já era planejado, quando te pedi para trabalhar para mim. E se eu conseguir um estágio, com certeza consigo repor isso. Deste modo, considero justo seu valor. E, como você já me mostrou ele e não aceito mudanças, posso confessar que achei que você custava mais caro.
ㅤ ㅤ— Eu quase poderia considerar seu comentário como um elogio, ou uma ofensa. — Sorriu, soltando a respiração que nem havia notado estar presa. Ela havia aceitado, o que era um completo alívio. — Por que achou que seria mais?
ㅤ ㅤ— Eu vi quanto você cobrou daquela garota no primeiro dia. E ela foi apenas uma das clientes e você disse que ela pagava menos.
ㅤ ㅤ— Eu sempre digo isso. É um modo de fazer elas pensarem serem especiais e começarem a sentir que são melhores do que pensam — justificou.
ㅤ ㅤ— Mas ainda é bem mais do que você me cobra. Seu custo parece equivaler apenas a uma cliente. E estou grata por isso, mas não quero que você passe dificuldade.
ㅤ ㅤAquela garota estava ficando cada vez mais tentadora para ele, e ele não achava que isso fosse possível. Deu uma leve beliscada em seu braço direito, usando a mão esquerda, de forma discreta, de modo a tentar controlar seus impulsos e desejos.
ㅤ ㅤ— Não se preocupe, Sammy. Apenas exclui custos a mais nas minhas noites. As garotas não costumam ir na minha casa apenas transar, apesar de eu ser capaz de fazer isso pelo tempo que me pagam — acrescentou rapidamente, com um tom zombeteiro, enquanto ela revirava os olhos, finalmente parecendo se adaptar com as constantes piadas sexuais que ele fazia sobre suas capacidades. — Mas como disse, elas querem se sentir especiais. Então costumo fazer refeições com elas, compro comida de restaurantes caros. No caso daquele dia, Rose costuma jantar comigo toda vez que me encontra, e ela gosta de comida de boa qualidade.
ㅤ ㅤ— Rose é uma cliente antiga? — Percebeu a leve careta na expressão dela, não sendo capaz de identificar o motivo.
ㅤ ㅤ— Já nos vemos há alguns meses, mas as visitas estavam ficando cada vez menos frequentes. Rose sempre gostou de um garoto da faculdade dela, mas só recentemente ela começou a acreditar que era capaz de conquistá-lo. Quando contei que estava parando meus serviços porque havia me apaixonado, ela aceitou a ideia facilmente e achou que era uma oportunidade para ela também correr atrás de quem queria.
ㅤ ㅤ— Você disse que estava apaixonado? — Samantha arregalou os olhos. Will supôs que aquela era a única parte que ela havia prestado atenção do que ele disse.
ㅤ ㅤ— O que mais eu poderia dizer? Falei que me apaixonei por uma garota, e não queria que ela soubesse de meu passado, para que pudéssemos ficar feliz. Foi a forma que encontrei de fazer com que elas não saíssem contando para os outros, caso nos vissem juntos. Tirando Rose, nenhuma outra conheceu você, então a lógica de que você não sabe o que eu faço, é válida.
ㅤ ㅤ— Olha, o plano é bom, mas já parou para pensar que depois que acabarmos o contrato, você dispensou todas suas clientes? — A morena o olhou com atenção, parecendo crer que só naquele momento que ele perceberia o que havia feito. William colocou as duas mãos atrás de sua cabeça, mantendo-se numa pose relaxada, enquanto se divertia com aquilo. Aliás, devia se sentir ofendido, porque a garota parecia dedicada em achar que ele era um acéfalo.
ㅤ ㅤ— Não se preocupe, a maioria acha que nosso relacionamento não vai durar um mês e assim que terminarmos, elas estavam dispostas a me perdoar pela ausência, desde que eu as compense muito bem. — Sorriu malicioso, dando uma leve piscada para Wipperfield, mordendo o lábio inferior na sequência. — E um mês é mais do que vamos durar, então elas estão bem coerentes. — Percebeu que ela não parecia tão confortável com aquela conversa, o que o deixou confuso. Ela reclamava dele ter ficado sem clientes, mas quando ele diz que não as perdeu, também ficava insatisfeita? O que ela queria, afinal?
ㅤ ㅤ— Então acho que estamos resolvidos, Will. Preciso te pagar tudo agora?
ㅤ ㅤ— Você me paga pelo meu dia a seu dispor, Samantha. Mas por curiosidade, precisamos nos ver todos os dias? — Arqueou a sobrancelha.
ㅤ ㅤ— Creio eu que não. Mas seria bom se você fizesse como fez hoje e aparecesse na faculdade para pegar carona e nos verem juntos.
ㅤ ㅤ— Isso me parece um bom plano. E podemos sair para almoçar também.
ㅤ ㅤ— Estou de acordo.
ㅤ ㅤ— E a noite?
ㅤ ㅤ— O que tem?
ㅤ ㅤ— Não quer aproveitar que estou à sua disposição?
ㅤ ㅤ— William, eu não vou transar...
ㅤ ㅤ— Minha nossa, Samantha, você pensa só em sexo, que promíscua! — Fingiu uma expressão chocada, o que levou a garota a dar uma risada fraca. — Estou falando de sair para comer, ver filme em casa. Entretenimento de casal, ou só um par de amigos. — Deu de ombros. — Agora que não tenho alguém para passar a noite, posso muito bem deixar para lhe servir.
ㅤ ㅤPor mais estranho que parecesse, o homem teve a impressão de ver um leve brilho no olhar da garota, quase como malícia. Mas foi algo tão rápido, que supôs que estava delirando e vendo o que ele queria ver.
ㅤ ㅤ— Podemos ver isso depois — respondeu ela, parecendo desinteressada pelo assunto. Se levantou, indicando que o assunto estava temporariamente encerrado.
ㅤ ㅤA morena seguiu em direção a porta, sendo rapidamente seguida por Copperfield. Antes que Sam pudesse abrir a mesma, sentiu os braços firmes do homem atrás dela logo acima de sua cabeça, com as mãos dele apoiadas na porta, fazendo-a se virar bruscamente para encará-lo.
ㅤ ㅤWilliam estava extremamente próximo, sendo possível que ele outra vez sentisse o cheiro dela, tão atraente. Samantha arregalou os olhos, colocando suas mãos na barriga dele, por impulso, quase o repelindo, mas não sendo forte o suficiente para isso. Aliás, ele percebeu, não tentando ser forte suficiente para isso.
ㅤ ㅤ— Sammy — murmurou ele, com o nariz próximo ao dele, com seu pescoço inclinado de modo que sua boca ficasse na altura da dela. A expressão ainda não se alterara, vendo que a mesma parecia desconfortável, ao mesmo tempo que desejosa. Ela parecia extremamente perdida em emoções. Copperfield riu internamente daquilo, mesmo sabendo que era cruel de sua parte. Aproximou seus lábios do ouvido dela, dando uma leve mordiscada e percebendo a mesma se arrepiando. — Lembre-se, se quer que pareçamos um casal, você não pode fazer essa expressão toda vez que eu for te beijar. — Sorriu de lado, dando um leve beijo no pescoço dela, antes de se afastar. Sabia que havia sido um grande esforço de sua parte fazer só aquilo e duvidava que seria capaz de manter distância se ela falasse qualquer coisa que o incentivasse a prosseguir.
ㅤ ㅤ— Quando estivermos em público, eu serei capaz de agir como sua namorada — rebateu ela, com os dentes cerrados, fazendo-o perceber que havia a deixado irritada. Deu as costas outra vez, enquanto ele mantinha uma distância segura, a observando abrir a porta e indicar para que ele saísse.
ㅤ ㅤEle o fez, mas antes que ela fechasse a porta, a chamou outra vez.
ㅤ ㅤ— Sammy?
ㅤ ㅤ— Sim?
ㅤ ㅤ— Para alguém que quis me pagar para levá-la para cama, você é uma garota muito difícil — comentou ele, antes de dar as costas a garota, se controlando para não ver a reação dela diante de seu comentário. E seguindo a passos rápidos, se certificando de que não falaria em voz alta o resto do que pensava: de que ele estava adorando aquela dificuldade.