Me Leve Para A Terra Do Nunca...

By __TheEvilQueen

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#1 em peter pan 25/6/2019 #3 em fantasia 5/01/2020 #3 em aventura 10/5/2018 #7 em romance 22/7/2019 #9 em mis... More

Prólogo - Revisado
Capítulo 1- Medalhão - Revisado
Capítulo 2- Regras. - Revisado
Capítulo 3- Vaga-lumes - Revisado
Capítulo 4-Branca de Neve e os Sete Anões. - Revisado
Capítulo 5- Era Uma Vez Um Sonho. - Revisado
Capítulo 6- Respostas para perguntas ainda não feitas. - REVISADO
Capítulo 7-Saliva, Dobradores e Estáticos - REVISADO.
CONFIRAM O BOOKTRAILER!
Capítulo 8- A Visão. - REVISADO
Capítulo 9-O que os olhos não veem o coração não sente. - REVISADO
Capítulo 10- A segunda estrela. - REVISADO
Capítulo 11- A viagem - Revisado
Capítulo 12-Os meninos perdidos. - REVISADO
Capítulo 13- As crianças que caíram do berço.- REVISADO
Bônus de 1K: Peter Pan. - REVISADO
Capítulo 14- Logo após a curva do rio - REVISADO
Capítulo 15-O Ursinho Pooh
Capítulo 16- Acredite em sí.
Mapa da Terra do Nunca
Capítulo 17- Eu te declaro uma menina perdida.
Capítulo 18-Ela já estava aqui.
Capítulo 19- O espelho da alma.
Capítulo 20-Cassiopeia.
Capítulo 21- A Mãe de Todos.
Capítulo 22-Piscinoe
Capítulo 23-Cachorro que ladra não morde.
Capítulo 24- De zero a herói.
Bônus de 3K: Sininho.
Capítulo 25- Silêncio.
Capítulo 26- A Vila dos Piratas.
Capítulo 27-Ela morde.
Capítulo 28-Antes da Meia-Noite.
Capítulo 28- Antes da meia-noite (parte 2)
Capítulo 29- Bonitinha
Capítulo 30- Vida de Pirata
Capítulo 31-A curiosidade matou o gato.
Capítulo 32-Nem tudo que eu digo é verdade.
Capítulo 33- O que sobrou de nós.
Capítulo 34-A chama de cada um.
Aviso
Capítulo 35- Sombras no fogo.
Capítulo 36-Sangue, fogo e verdades.
Bônus de 10K- A mestiça.
Capítulo 37- Pele com pele.
Capítulo 38- A bela e a Fera.
Capítulo 39- Um banho quente não faz mal a ninguém.
Capítulo 40-Lágrimas do passado.
Capítulo 41-Por que não Capitão?
Capítulo 42-Me diz que me odeia
Capítulo 43- O garoto que se perdeu.
Capítulo 44- Fogo
Capítulo 45-O começo do fim.
Capítulo 46-Welcome back Darling
Capítulo 47-Verdade e Consequência
Capítulo 48-O fardo das Darling
Capítulo 49-O amor
Capítulo 50-Tudo que é bom dura pouco
Capítulo 51-Boas-Vindas
Capítulo 53-Que a sorte esteja com você
Peter
Capítulo 54- A guerra é uma arte - Revisado.
Capítulo 55- A fraqueza das bruxas - Revisado
Epílogo - Revisado

Capítulo 52-Tocando em frente.

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By __TheEvilQueen

-Não pode ser.-respondi negando com a cabeça certa de que aquilo não era verídico- Ela disse que ele morreu na guerra.

-Ela dizia muitas coisas né? Do tipo, fadas e piratas não existem.-disse cética ao arquear a sobrancelha, questionando o meu conhecimento.

Nessa altura do campeonato qualquer coisa pode ser verdade. Saber que o meu tio avô está vivo aqui  na Terra do Nunca parece apenas uma reviravolta pouco interessante, de uma novela mexicana. Os pontos começaram a se ligar rapidamente na minha cabeça. O garoto que eu vi andando pela floresta junto com a Sininho. O modo com a qual ela não me deixou aproximar, nem sequer mencionar com o Peter. Esse mesmo garoto assustado que procurava a irmã Jane. 

Ah não. 

-Certo...-digo, voltando a minha atenção para a índia. Coloquei minha mão entre as têmporas massageando o local. Ótimo. Meu tio-avô está vivo e é uma criança.- ...comece a falar antes que eu desista e saia andando.

-A Jane veio pra cá com o irmão. Lembro do dia em que eles chegaram, Peter fez uma festa enorme e convidou todas as criaturas da floresta encantada. Guardei cada detalhe porque, bem, eu gostei do Peter por um tempo...- disse e suspirou com uma careta de nojo estampada, como se não acreditasse que havia de fato gostado dele.- ...eu não conseguia entender o porquê de ele estar trazendo outra garota pra cá, quando eu estava...aqui.- seus olhos deslizaram pela grama e voltaram ao meu rosto, Lily arqueou a sobrancelha e fez um biquinho.- Ridículo, eu sei. 

-Se minha avô e meu tio avô vieram pra cá... Então  por que só ela voltou? Por que ela me contou que ele havia morrido durante a segunda guerra? Por que mentiria?- indago, me ajeitando sobre a grama, puxando meus joelhos para perto e me agarrando a eles enquanto olho a índia. 

-Acho que ela não mentiu pra você Adaline. A Jane realmente achava que o irmão dela tinha morrido, todo mundo achava. - disse com o tom condescendente.- Ela só tentou te explicar de uma maneira mais fácil...Duvido que você acreditaria em fadas e sereias sem tê-las visto com os próprios olhos.

Meu olhar divaga pela natureza e a movimentação das pessoas por entre as árvores. Tudo fazia sentido. Muito sentido. 

-Então...o que aconteceu? Por que todo mundo achava que o Darry tinha morrido?

-Peter e Jane não se davam muito bem. Ela não era tão submissa quanto a Wendy e quando ele lhe disse para não atravessar os limites da floresta morta, ela atravessou. Ela e Darry gostavam de aventuras e se achavam invencíveis...Você já deve ter imaginado o que aconteceu. Jane encontrou o Crocodilo e houve uma luta. - seus dedos tamborilavam a grama, para disfarçar a ansiedade.- Não que ela tivesse qualquer chance de vencer. Só que Gancho apareceu, com todos aqueles marinheiros armados até os dentes. Ele conseguiram atrasar o Crocodilo e fugiram com a Jane. Darry levou uma pancada tão forte que caiu no chão inerte.- suas mãos tocaram as minhas, como uma forma de consolo. - não teve tempo Adaline, eles fugiram. Gancho resgatou quem conseguiu e foi embora.

Então Peter nos contou que Jane planejara fugir com o Gancho e para isso eles marcaram um encontro nos arredores da Terra de Ninguém. Segundo ele o Crocodilo havia aparecido e atacado os irmãos, matando o mais novo. Pan disse que havia tentado ajudar mas não conseguiu impedir. Por deus...- disse ela suspirando desacreditada- ele veio até nós para curar as feridas. 

-Por que ele não matou o Darry? O que teria impedido de matar a criança? Ele já havia matado antes certo? Alexandre e sabe-se lá quem mais. - digo citando o grande amigo do Lorenzo. 

-Isso eu não sei te responder Adaline. O que eu sei, é que, depois que você se foi Peter estava ferido com a flechada no ombro e passou alguns dias sendo tratado na aldeia. Eu sai com um grupo de caça para pegar o que comer e foi quando encontrei o Darry zanzando sem rumo pela floresta. 

-Eu já tinha encontrado com ele antes, obviamente que eu não sabia que ele era o meu tio avô. Cheguei a vê-lo duas vezes e ele parecia perdido...Assustado acima de tudo, poucas palavras, pouca confiança.

-Ele estava em fragalhos. Sujo, machucado, doente, a roupa não passava de trapos no corpo. Darry tentou fugir mas nós o pegamos. Eu o levei pra minha oca e o mantive lá dentro com dois guardas na porta. Impedi que qualquer um saísse ou entrasse. Primeiro, era necessário entender aquilo sozinha. Depois de um banho quente, comida decente, água, curativos e um espaço para dormir Darry começou a me ver como uma amiga. - ela fechou os olhos por um instante, controlando a respiração.- Disse que o Crocodilo o tinha prendido na Caverna da Caveira e que ele o impediu de sair de lá, mas que ele sempre tentava fugir pra procurar a irmã. Ele disse coisas horríveis que o monstro o fez assistir. Eu nem sequer sei como começar a contar. O garoto tinha pesadelos todas as noites e acordava gritando. Passei dias em claro com ele. Então, algumas semanas depois, quando ele já estava recuperado, resolvi que era hora de mostrá-lo aos outros. Fui falar com Peter primeiro e quando Darry o viu...Adaline aquilo no rosto do garoto era a mais pura expressão do terror. Foi aí que eu soube que o Peter era o Crocodilo. 

Minha cabeça estava girando com toda aquela história e informação. Eu não conseguia entender o porquê de Peter não ter matado a criança sendo que ele sabia do seu segredo. O sentimento de ódio crescia no meu peito por pensar que aquele bebê, aquele eterno bebê passou oitenta anos ou mais preso ali dentro, procurando por uma irmã que envelhecia dia a dia, acreditando que ele estava morto. Por pensar que ele havia visto coisas tão horríveis que provavelmente não conseguiria voltar a ter uma noite de sono inteira. A raiva, o mais puro ressentimento e rancor se enroscaram nas minhas tripas, no fundo do meu ser, no cerne da minha existência. Eu vou queimar o Crocodilo nem que para isso eu precise ir junto. 

Lily me disse que Darry estava alocado na oca dela. Ele não conseguia dormir se não fosse justamente abraçado com a índia que havia virado uma espécie de protetora. Sempre pensei que Lily fosse mimada demais, idiota e superficial para conseguir lidar com qualquer coisa que não fosse ela mesma. Eu estava errada e feliz em estar. Saber que Darry tinha alguém ali que se importava com ele era importante. Embora ele fosse uma criança e meu parente eu não conseguiria amá-lo de bate pronto. Amor é uma coisa que se constrói. 

A índia havia perguntado se eu gostaria de conhecer o menino, mas eu recusei. Apenas por agora. Não tenho cabeça para me encontrar com meu tia avô criança. Aliás, preciso conversar com Ellyllon e discutir com os líderes sobre as armadilhas e táticas de guerra. Era necessário ensinar todos ali a como atirar e rápido. 

Havia uma fogueira perto do grande coliseu, onde os líderes todos estavam reunidos. Estávamos no final da tarde e as pessoas se apressavam para terminar as atividades e entrar nas suas casas. Ninguém poderia ficar do lado de fora durante a noite. Essa era a regra. O fogo amarelo tremeluzia, a madeira estalando conforme a brasa a consumia lentamente. Me aproximei do fogo, seguida por Lily e não demorou para que Derish, Hamadríade,Burush e a própria Ellyllon se juntassem a nós. Por fim, Donkor, como o atual representante dos meninos perdidos também se aproximou, sem sequer olhar no meu rosto. Ele estava na roda, mas se mantinha mais afastado do que os outros, como se apenas escutasse,  sem querer participar participar ativamente. 

Max surgiu, seguido por Lorenzo e Gancho que carregavam as caixas de metal para dentro, abrindo-as e então mostrando as diversas armas de fogo. Os olhos de todos ali deslizaram pelo metal frio. Burush arqueou a sobrancelha e caminhou até  a caixa. Ele abriu a boca para falar, me mostrando seus dentes tortos e amarelados.

-O que é essa merda aqui? - disse o anão e tentou enfiar a mão na caixa para pegar uma pistola, mas Max interveio empurrando ele para longe. 

-Você não pega uma arme se não souber usar.-grasnou Max para o anão. Burush fez uma careta de volta e retirou o machado das costas apontando-o para o pirata. Derish deu um passo a frente, se pondo entre os dois e impedindo que o anão atacasse meu pai biológico. 

-Pensei que nessa guerra vocês fossem precisar de um tempero estático pra ganhar. Porque, afinal, nós somos especialistas em construir armas mortíferas.- digo com um sorriso no rosto. Então com um gesto de mão peço que Max pegue uma das armas e mostre a eles. 

Ele se aproxima da caixa e pega uma pistola preta pequena e em seguida o pack com as balas. 

-Essas são as balas e são elas que matam.- disse exibindo o cartucho. Então ele as colocou dentro da arma. - Essa é uma calibre 38, semi automática e mortal. - ele mostrou o revólver nas mãos, exibindo a arma para os outros. - Está travando estão vendo? Assim não dá pra atirar.- disse apontando a arma para cada um dos outros ali, virando-se então para o lado de fora do círculo. Lorenzo havia posicionado, vários pedaços de lenha, enfileirados em diferentes distâncias.  Max destravou a arma e apontou para os vários pedaços de madeira.- NÃO SE MEXAM!- gritou para todos ali. Não havia ninguém no caminho dele. Então Max atirou, não uma, mas cinco vezes. Hamadríade gritou assustada e os demais se entreolharam chocados.

Então ele demonstrou as outras armas e explicar os detalhes para todos ali. Me afastei do grupo completamente desinteressada naquele assunto. Sempre abominei a existência de armas e muito embora elas fossem úteis nessa guerra, estar ali tão próxima a todos os recipientes letais me embrulhava o estômago. Eu lutaria com a boa e velha magia. Talvez uma ou outra espada. Max explicava para os líderes que eles deveriam selecionar alguns de seus melhores e mais emocionalmente estáveis soldados para aprender o manuseio. Ele também ficou com o papel de explicar sobre as armadilhas que deveriam ser colocadas o mais rápido possível. 

A guerra era iminente. Não havia um dia marcado, ela poderia muito bem começar no próximo minuto ou no próximo mês. Todos ali estavam ansiosos e estressado, alguns inclusive pediam pela guerra. Se ela chegasse logo eles não teriam que ficar na angústia. Morreriam ou viveriam, mas não ficariam mergulhados, se afogando em agonia  e medo iminente. Respirei fundo e deixei o coliseu. Gancho estava do lado de fora instruindo e conversando com alguns dos adultos que tiravam as dúvidas sobre o bem-estar das suas crias. O plano era que eles deveriam partir ainda hoje, enquanto a lua estivesse alta. Embora fosse perigoso que saíssem a noite, mesmo que fossem sensato que esperassem o raiar do dia, a luz dos primeiros raios de sol, não tínhamos o luxo de desperdiçar mais um minuto sequer. 

Uma fila de crianças era formada, com bebês centauro, anões, ninfas, índios e outros seres. Poucos carregavam trouxinhas, pedaços de pano maltrapilho que enrolavam itens pessoais, algumas pedras mágicas e frutinhas.  Outros não carregavam nada. Algumas choravam, os demais se mantinham com o rosto sério, provavelmente tentando honrar os pedidos dos pais de serem fortes. 

No final da fila estava Darry, Lily o havia convencido de ir junto das demais crianças para longe. Ele estava limpo, diferentemente das outras vezes que eu o vi. As roupas rasgadas haviam sido devidamente trocadas por um conjunto de algodão, couro de javali e linho. Ele ainda abraçava o ursinho que também havia sido limpo e devidamente costurado. Olhando-o ali, tímido e encolhido entre as demais crianças, senti um aperto no meu coração. Seus olhos azuis e o cabelo loiro, os traços infantes delicados no rosto tão pequeno...ele me lembrava minha avó, os mesmos traços, recortados por um quê masculino, mas ainda assim o mesmo rosto. 

-Oii.- digo baixinho me aproximando do menino distraído. Seus olhos saem do início da fila e recaem sobre mim. Vejo quando ele morde o interior da bochecha, analisando se deveria estar mesmo falando comigo. Rio por dentro, deve ser genética.

-Oi.- ele repete rápido, como se falar com a estranha fosse uma transgressão. Então seus olhos dançam rapidamente por entre as pessoas, procurando alguém que provavelmente o repreenderia. Me abaixo, ficando de cócoras, ficando um pouco menos que ele e parecer menos intimidadora.

-Você lembra de mim?- pergunto baixinho.

Ele olhou para baixo, para o ursinho, por um momento consultando-o. 

-Pooh disse que lembra de você. Você é a mentirosa.- ele disse olhando pra mim e me mostrando o ursinho. Mentirosa...Ele tinha me chamado de mentirosa quando eu disse que estava sozinha e a Trixie surgiu de repente. Nossa...isso já faz séculos. 

-É...sou eu mesma. Mas meu nome é Adaline e o seu?- pergunto tentando uma introdução básica como se eu já não soubesse. 

-Darry.

-Darry...- digo e levo minhas mãos até o meu pescoço, remexendo na confusão de colares. Havia o meu medalhão e o dedal de Wendy que Peter um dia me deu. Dedilhei o medalhão, tocando sua corrente prateada e deslizando até o fecho na parte de trás do meu pescoço. Tirei o colar pela primeira vez no que parecia uma eternidade, a ausência do seu peso no meu peito era estranha, como se algo faltasse ali. Eu o ergui, mostrando o pingente de coração com o pó de fada na metade.- Você sabe o que é isso?

Ele olhou por um momento para o medalhão, franzindo as sobrancelhas. Então seus olhos se abriram um pouco com o reconhecimento do objeto. 

-É o colar que a mamãe deu pra Jane!- disse apontando para o pingente que oscilava no ar. 

-Isso!- a fila de crianças começou a andar, se movendo para dentro da floresta, rumo ao Jolly Roger. Precisei me levantar e andar ao seu lado, apressando minhas palavras para acompanhá-lo.- Sabe quem eu sou?

-Uma ladra?- disse fazendo biquinho, estreitando os olhos na direção do colar.

-Não.-respondo com uma risadinha abafada.- Eu sou...uma amiga da Jane.

-Jane tá viva? Você viu ela?- disse feliz, seu tom baixo de voz, oscilando para um agudo leve. 

-Jane fez uma viagem pro mundo das estrelas.- digo me lembrando do modo como vovó me contava sobre a morte. Ela dizia que  a Wendy costumava a contar daquele jeito. Os mortos viravam estrelas pra fazer parte das constelações e sempre ficar olhando pela gente.

-Estrelas? Ela foi visitar a mamãe?- seus olhos se estreitavam pra mim meio cético. 

-Sim e ela me pediu pra te dar isso.- digo colocando o medalhão no pescoço de Darry. Eu não precisaria mais da magia do medalhão. A Terra do Nunca era inteira só magia e o pó mágico que me permitia sentir a magia estava ali, brotando de uma árvore há poucos metros de mim - Pra lembrar que ela te ama e que tem sempre como voltar pra casa. 

-Quando eu vou poder falar com ela?- ele indagou enquanto caminhávamos para o cais. As crianças já embarcavam nos botes que as levariam até o Jolly Roger. Tinham apenas cinco na nossa frente. 

-Ela pediu pra te dizer...que é pra você crescer e ter uma vida longa e boa. Porque quando você for bem velhinho ela vai te levar pra um passeio nas estrelas.- digo com um sorriso terno, tentando conter as lágrimas.

-Mas isso vai demorar muito!- esbravejou, batendo o pé.

-Você já esperou tanto...não custa esperar mais um pouquinho.- ele fez biquinho e suspirou concordando. A última criança já havia embarcado no barco, Mrs Smee esperava que Darry andasse logo. 

-Jane te ama. Wendy também.- digo e o puxo para um abraço de despedida. Deixo um beijo na sua testa. - Lembra que enquanto você tiver o colar estamos todas com você. 

Deixei que Smee o puxasse dos meus braços, pegando o garoto no colo e colocando-o no bote, junto das demais crianças. O velho homem entrou no barco que oscilou e pegou o remo, guiando de maneira sofrida, o bote a alguns metros a frente, onde as águas eram mais profundas. 

-DARRY!- gritou a voz feminina atrás de mim, desesperada. Lily estava sem fôlego de tanto correr. Darry se virou e seus olhos encheram de lágrimas quando ele a viu. Seus dedos se enrolaram no pingente e ele gritou o nome dela de volta.

-EU TE AMO PEQUENO! NÃO ESQUEÇA DE MIM!- gritou a índia, tentando manter o tom de voz alto, conforme lágrimas copiosas escorriam do seu rosto.

-EU TE AMO LILY! NÃO VOU ESQUECER VOCÊ.- gritou o garotinho no barco que se afastava. Ele também disse mais algumas coisas mas Smee continuava a remar com as demais crianças e sua voz se perdeu no vento. 

Ele acenou para nós, cada vez mais longe no mar até finalmente embarcar no Jolly Roger e sua imagem se transformar em um pontinho preto perdido no horizonte. Então Tigresa desabou a chorar no meu lado e eu a acompanhei conforme nossas lágrimas caiam juntas no mar. A índia entrou tocou a água salgada com a ponta dos dedos e rezou pedindo que Darry ficasse protegido. O mar se agitou com o vento e uma arraia feita de luz saiu nadando por  nós rumo ao barco. 

O Akkorokanu não era o monstro que todos pensavam afinal.

...

-Achei que não ia conseguir um tempo sozinho com você nunca.- disse Gancho se aproximando de mim, em um canto afastado do coliseu. - Você sumiu. 

- Estava me escondendo de você.- digo num tom de brincadeira, estamos num canto escuro do coliseu, iluminado por uma fogueira que já está se apagando. Eu me encosto em uma das paredes do coliseu, sentindo o mármore branco tocar a minha pele com seus dedos gelados.

-É mesmo é? Posso saber saber por que?- ele diz com um tom que mistura malícia e seriedade conforme cola o corpo no meu, me pressionando contra a parede. Ele usa a mão para se apoiar na parede atrás de mim, enquanto  seu gancho toca gentilmente o meu queixo, fazendo com que meus olhos vão de encontro aos seus. 

-Porque você vai embora também e eu não quero ter que dizer adeus. -falo tentando não parecer tão triste, embora meus olhos estejam me traindo. 

-A maneira que você fala faz parecer que tudo vai acabar aqui.- diz ele com seu hálito quente tocando levemente o meu rosto.

-Posso muito bem morrer nessa guerra Kiliam.- digo sustentando seu olhar por um instante antes de desviar para o chão

Ele suspirou e beijou a minha testa, afastando um pouco o corpo do meu, mas mantendo a proximidade. Gancho recuou a mão apoiada na parede e com o dedão começou a girar um dos anéis no anelar, um anel grosso de ouro maciço encrustado com uma turmalina tão azul quantos seus olhos. O anel gira sobre seu dedo e Killiam o retira, mantendo-o a peça na própria mão. 

-Escute Adaline Darkwood Darling, eu pretendo fazer você a senhora do meu navio.- disse e o gancho em sua mão desceu, tocando levemente a base da minha palma, fazendo com que eu levantasse a mão esquerda.- Então você não pode morrer.- disse sério, seus olhos me fulminando, queimando-me com uma intensidade que nem a minha própria chama era capaz de alcançar.Ele escorregou o anel pelo meu dedo.- Até porque eu nunca pedi a mão de ninguém e seria péssimo levar um toco.- completou com um sorriso engraçadinho, Killiam sem suas piadas e seu ego inflado não seria Killiam. 

Meu coração batia tão rápido e meu corpo todo tremia de emoção. Eu não tinha esboçado nenhuma reação durante a sua declaração, chocada demais em acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo.  As lágrimas de felicidade, talvez as primeiras verdadeiras lágrimas alegres que eu derramara em tanto tempo começaram a escorrer, descendo em cascata pelo meu rosto. 

-Isso é um sim?- perguntou Killiam arqueando a sobrancelha com um meio sorriso tímido. 

As palavras não conseguiam escapar da minha garganta. Um sorriso brotou no meu rosto e eu pulei em cima dele, enganchando meus braços ao redor do seu pescoço e selando nossos lábios num selinho longo. Seu estado de surpresa não durou muito, logo seus braços envolveram a minha cintura e sua boca amoleceu sobre a minha, beijando-me de volta. 

Puxei seu corpo para mais perto de mim, querendo senti-lo todo, por inteiro, cada milímetro de pele, cada pedacinho de músculo contornando a roupa, para me certificar de que não estava sonhando. Aproveitá-lo o máximo antes que fosse tirado de mim. 

Killiam suspirou e abriu a boca, permitindo que minha língua fosse de encontro com a dele num apelo desesperado por contato. Ele me beijou, sua mão  acariciou o meu rosto, contornando o meu maxilar com o dedo, enquanto me segurava de forma firme. Killiam começou a se movimentar, dando alguns passos, quebrando o beijo por vezes mas nunca totalmente. Eu o seguia, voltando-o a beijá-lo enquanto deixávamos o coliseu para a floresta encantada, que o cercava.

Quando me dei conta estávamos encobertos pelo bosque, não longe o suficiente para ficarmos alheios ao que acontecia mas distantes e longe da vista dos curiosos. Fiquei feliz por gancho ter tido a ideia de nos levar pra longe dos olhares , eu provavelmente teria me despido ali na frente de todo mundo. 

Na escuridão da noite que começava, a lua mansa no céu nos iluminava com sua luz pálida. Gancho me prensou contra uma árvore, apertando tanto o corpo contra o meu que eu pude senti-lo lá embaixo, duro de encontro a minha barriga. Suspirei e tomei a sua boca pra mim, mordendo seu lábio inferior o que o fez rosnar de tesão.

Você não pode gemer assim no meu ouvido. 

É golpe baixo.

Meu corpo estava em chamas e eu tentava literalmente me concentrar para não sair queimando a droga da floresta inteira. Gancho deixou a minha boca e abocanhou o meu pescoço. Minhas mãos escorregavam pelo seu corpo tentando tirar a sua jaqueta preta. A jaqueta foi parar em algum canto desconhecido. Escorreguei minhas mãos para dentro da sua blusa tocando o seu peitoral definido, deslizando as minhas unhas pela lateral das costelas, sentindo os seus braços fortes me apertarem. Eu tinha plena certeza de que os beijos nada castos dele deixariam marcas no meu pescoço. 

Sua mão escorregou para dentro da minha calcinha, atravessando os limites da minha calcinha, tocando a minha intimidade com maestria, se deliciando com o quanto eu estava molhada por ele. Killiam parou de beijar o meu pescoço  apenas para me contemplar enquanto seus dedos experientes dançavam lá embaixo. Ele queria me ver gemer. 

-Killiam...-sussurei baixo, a voz saiu sofrida estrangulada por um gemido que eu não conseguia conter. Eu precisava dizer que necessitava demais do que apenas os seus dedos ou se não explodiria e tudo viraria cinzas.-Killiam...

Sua mão abandonou a minha intimidade e juntamente com o gancho, ele rasgou a minha blusa, levando consigo o meu sutiã de renda mas não me importei. Os olhos dele tinham um brilho opaco de luxúria. 

Sua intimidade ficou mais rígida contra a calça e ele se afastou apenas para observar o meu torso desnudo com uma satisfação que não poderia ser descrita. O gancho e sua mão trabalhavam agilmente para livrá-lo do sinto e das calças. Eu mesma fiz questão de me livrar das calças o mais rápido possível. Killiam se atirou sobre mim tão rápido como o bote de uma cobra. Ele me ergueu no colo, parte do meu corpo sendo apoiada na árvore e o resto era segurado pelos seus braços, pela proximidade deliciosa do seu corpo contra o meu. Minhas pernas envolveram o quadril dele, o encaixe perfeito. Os dedos dele apertaram a pele macia das minhas nádegas, me fazendo suspirar pesado. Killiam pegou minha boca na sua, com uma ferocidade que me deixava louca.  

Então ele estava dentro de mim e eu estava me contorcendo sem ter no que me apoiar. Enganchei meus braços ao redor do seu pescoço e passei a me segurar em suas costas, arranhando com a mesma ferocidade dos meus orgasmos. Nos movíamos rápido, para cima e para baixo, os corpos em colisão, escorrendo suor embora o frio da noite começasse a espreitar. Meu olhar se encontrou com o de Killiam e eu sorri. Ele sorriu de lado, com aquela covinha maravilhosa  se exibindo pra mim.

-Sabe se você...for a senhora do meu navio vamos poder fazer isso e muito mais.- falou com a voz rouca conforme estocava devagar, apoiando o rosto no meu ombro. 

-Está querendo me convencer Capitão?- digo ao jogar a cabeça pra trás e morder os lábios conforme o ritmo dele passa a aumentar.

-Bem...- disse Killiam fixando seus olhos azuis em mim, ele sabia como me provocar e o filho da puta havia achado o ritmo perfeito, alternando a velocidade nos momentos certos o que fazia com que a sanidade e a habilidade da fala e do raciocínio me abandonassem periodicamente.-...você não me deu uma resposta. 

-Eu...- demorei alguns segundos pra redescobrir como ordenar as frases, quando ele passou a beijar o meu torço. -...achei que já estivesse óbvio.

-Não, não está.- ele sussurrou no meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha. Gancho deixou o rosto tão próximo do meu que eu poderia beijá-lo se quisesse. Mas ele sempre recuava, me testando como sempre fazia, querendo que eu dissesse as palavras. Ele ia me deixar naquele sofrimento lento e só me deixaria gozar de fato se eu  dissesse as palavras independente de quais fosse.-Vamos lá... sim ou não?- provocou com seu olhar tórrido sobre mim, roçando levemente os nossos lábios.

-Você é mesmo um filho da puta manipulador.- consigo dizer com um sorriso sarcástico e sensual.

-Achei que você já soubesse disso querida.- ele retruca, mordendo o meu lábio inferior e estocando com mais força o que me faz soltar um gemido agudo. - Então, pretende me responder ou não?Posso ficar aqui a noite toda. 

-Nós nem sequer temos a noite toda.- retruco retomando a consciência por alguns minutos e roubando-lhe um selinho. Ele franze a sobrancelha fingindo uma falsa confusão e diminui a velocidade me provocando, tentando me levar ao limite. O que obviamente ele conseguiu, se eu não disser nada e continuar nisso eu provavelmente vou acabar queimando ele e a ilha inteira.- Sim, cacete sim! Eu quero ser a senhora do seu navio.- respondo e vejo por um instante um sorriso de satisfação surgindo no seu rosto.

O sangue ferve no meu corpo e eu jogo a cabeça para trás, fechando os olhos conforme vou perdendo o controle do meu corpo entregue a espasmos de prazer. Killiam apoia a cabeça no vão entre o meu pescoço e ombro, o corpo relaxando, conforme ele também chegava ao seu êxtase. 

-Você sabe que vai ter que me ensinar a dirigir o navio não sabe?- digo enquanto Killiam ainda tenta recuperar a respiração abaixo de mim, ele solta uma risada anasalada.

-O seu desejo é uma ordem princesa.- diz conforme seus olhos encontram os meus, me presenteando com o sorriso mais lindo desse mundo. 

...

Killiam colocou sua jaqueta preta de couro, envolta do meu corpo e fechou-a até o pescoço. Uma maneira de compensar pela minha blusa e pelo meu sutiã que agora não eram nada mais do que pedaços rasgados de pano.  Fizemos o nosso melhor para ressurgir no coliseu vindos lentamente da floresta. Gancho parecia não disfarçar o tamanho do sorriso no seu rosto, ele andava de mãos dadas comigo, daquele jeito arrogante, com seus olhos brilhando e gritando por ele "essa é a senhora do meu navio."  Tentei colocar um sorriso dissimulado no rosto, sem olhar as pessoas ali diretamente. Acabávamos de sair da floresta, após termos passado um bom tempo lá, eu estou usando a jaqueta dele que por sinal é bem maior do que eu, nossos dedos estão entrelaçados e um anel de compromisso brilha na minha mão. Embora meus cabelos estejam meio desalinhados, assim como os dele, faço o possível para que ninguém nos olhe e pense "hmmm eles estavam fazendo sexo selvagem na floresta."

-Hmmm parece que alguém estava fazendo sexo selvagem na floresta.-ouvi a voz de sininho no meu ouvido, quando a coruja de Yakecam pousou no meu ombro. 

-Sininho não acredito que você ficou assistindo.- digo enquanto reviro os olhos.

-Eu não assisti mas vou acabou de admitir o que só mostra que meu palpite está certo.- comentou a fada com uma gargalhada provocativa.

-Você não presta.- murmuro com uma risada.

-Com quem você tá falando?- interrompe Killiam voltando sua atenção pra mim.

-Sininho está sendo intrometida como sempre.- pontuo, virando o corpo e mostrando a fada, montada na coruja no meu ombro. 

-Na verdade eu vim roubar a Adaline por um instante.- diz a fada levando a cabeça para o lado com um sorriso forçado. 

-Sem problemas.- disse Killiam voltando sua atenção pra mim e me dando um selinho rápido de despedida.- Preciso organizar o resto das coisas para zarpamos hoje, a lua está quase no ápice.- Gancho soltou minha mão e saiu sorrindo caminhando em direção a pilha de suprimentos que deveriam ser levados ao navio. 

-Todd e Cariel estão chorando, eles não querem ir embora.- disse Sininho voltando ao seu tom sério de sempre.- Você precisa conversar com os dois.

Sininho me levou até onde os gêmeos estavam. Os dois ruivos estavam emburrados sem querer se mover, no canto de uma das épocas que havia sido designada para os meninos perdidos. Takashi tentava fazer com que os gêmeos comessem mas eles  se recusavam. Donkor estava conversando com eles, tentando convencê-los mas os dois estavam ignorando totalmente a presença dele. 

A fada lançou um olhar como se dissesse "boa sorte." A coruja deu um impulso e saiu voando do meu ombro. A fogueira no interior da oca crepitava, Takashi se virou quando me viu e me deu um sorriso tímido. Um mini caldeirão fervia com uma sopa de caldo de carne. Ele pegou uma receptáculo de metal e colocou um pouco de caldo, entregando pra mim logo depois. 

-Obrigada.- digo com um sorriso quando pego o caldo de carne. -Takashi acho que seria bom você ir no navio junto com eles. Os gêmeos vão precisar de uma presença conhecida. 

-Eu queria lutar na guerra.-confidenciou-me.

-Sua parte nessa guerra é cuidar deles. Você sabe que é importante.- digo e levo o caldo a boca, tomando um gole de carne.

-É importante que você fique com eles Takashi. Você sabe como os meninos vão reagir não sabe? Eles vão ficar doidos e eu vou precisar de alguém pra dar todo o suporte necessário. Posso contar com você?

-Pode...-disse contra a sua vontade.- Vá falar com eles. 

Assenti e bebi mais um gole do caldo de carne. Donkor estava ao lado deles e bebia do seu próprio caldo, enquanto os garotos continuavam parados em silêncio. Eu me juntei a eles na fogueira, sentando-me ao lado de Donkor. Os olhos dos gêmeos se moverem para mim e eles franziram as sobrancelhas. 

-Sei que você ainda está bravo comigo porque eu os abandonei.- sussurro para Donkor que me lança um olhar entediado.- Mas se isso não der certo, preciso que você pegue os meninos e os leve embora mesmo assim. 

Ele respirou fundo, suspirando e me deu um aceno de cabeça. Então eu me aproximei dos gêmeos que olhavam pra mim como dois gatinhos. Tentei sorrir da maneira mais carinhosa possível, sentei-me junto deles e acariciei os cabelos dos dois.

-Ei amores...tudo bem com vocês?Pra quê essa cara feia?

-Takashi e Donkor querem que a gente vá pro navio com as outras crianças. Mas eu falei pra ele que nós somos guerreiros.- disse Cariel voltando a atenção pra mim.

-É verdade, a gente até treinou uns movimentos novos!- disse Todd se levantando para chutar e socar o ar, demonstrando seus novíssimos passos de luta.

-Meus amores...- começo, mas faço uma pausa para suspirar e organizar os pensamentos.-...essa guerra vai ser mais cruel do que todas as guerras de todas as histórias que eu já contei.

-É justamente por isso que vocês vão precisar de ajuda.- disse Todd, olhando de maneira sorrateira para Cariel.- Nós somos guerreiros.

-Queridos, o que eu quero dizer é que essa é uma guerra para gente grande. Por isso eu preciso que vocês vão junto com as outras crianças para o barco, para ficarem em um lugar seguro. Afinal, quando tudo isso acabar vão precisar de contadores de histórias. E quem melhor do que vocês?

-Contadores de histórias?Isso é muito chato!- esbravejou Cariel.- Nós queremos lutar e não contar histórias!

-Meninos, por favor...- tento argumentar mas os gêmeos se revoltam e começam a gritar "não" "não" "não", inúmeras vezes, fazendo birra e batendo os pés. - Me desculpem.- sussurro baixinho chateada por obviamente não ter conseguido convencer os dois. Eles para de gritar por um momento e me encaram confusos quando eu digo.- Donkor, Takashi. 

Então o negro sai do seu lugar num pulo rápido para cima dos meninos, seguido por Takashi. Eles correram pra cima dos garotos que começaram a gritar desesperados. Os gêmeos passaram a correr e derrubaram a panela com o caldo. O líquido caiu no fogo chiando. Donkor enganchou Cariel nos braços, prendendo-o e ignorando a maneira como ele gritava loucamente e se debatia, socando-o e chutando-o.  Takashi conseguiu segurar Todd, pegando o garoto pela camisa e levantando-o como um saco de batatas, ele colocou o menino pendurando no ombro.

-Levem eles para o barco. - digo com dor ao ver meus bebês chorando e se debatendo ali. Eles gritam por mim, chamam o meu nome para que eu faça alguma coisa enquanto vejo os dois sendo levados embora.- Desculpa, mas é pro bem de vocês...- é o que eu consigo dizer conforme assisto eles desaparecerem rumo ao cais. 

...

O resto da noite foi longa e parecia não ter fim. Depois que todas as crianças já haviam embarcado, os líderes numa reunião que se estendera por horas definiram que nenhum outro adulto poderia deixar a ilha. Isso porque o número de combatentes ficaria baixo demais e as chances reduzidas a zero. 

As reclamações ensurdecedoras cresceram no refúgio de pais e mães bravos por não poderem ficar com suas crianças. O caos havia se instalado e todos gritavam uns com os outros e brigavam consigo mesmos. Um pandemônio. Aquilo era um pandemônio. 

A lua no seu ponto máximo, brilhando forte no céu. O cheiro do pirata que me abraçava era cômodo e parecia ser a única coisa que me lembrasse um lar. Gancho apertou os braços ao meu redor e deixou um beijo na minha testa, antes de me soltar com os olhos tristes e vagarosos. Ele me fez prometer que não morreria e que tudo ficaria bem.Contra sua vontade ele entrou no bote que levava até o Jolly Roger e me lançou um último olhar. Durante os minutos que levaram durante essa travessia ele não me olhou de volta, embora eu o assistisse da ilha. Sabia que se ele olhasse desistiria e viria ficar comigo. Parte de mim gritava e gostaria que ele fizesse isso, gostaria que pudêssemos dormir abraçados naquela noite e fingir que todo o perigo simplesmente não existe. Mas aquelas crianças precisavam ser levadas para um lugar seguro e eu não seria egoísta para deixá-las nesse banho de sangue. Afinal, se tinha alguém capaz de levá-las a um lugar segura era ele. 

Trixie tocou de leve o meu ombro e me lançou um olhar complacente. Seus dedos tocaram as minhas mãos e ela me guiou para uma das ocas que havia sido separada para nós. Lorenzo e Max dormiam em um canto, pesado como duas pedras. Sabia que eles acordariam pela manhã, nos primeiros raiares do sol para começar a preparar algumas das armadilhas e ensinar tiro para os outros combatentes. 

Minha mãe - e é estranho chamá-la assim- havia arrumado uma esteira de palha para nós duas dividirmos. Deitei-me ao seu lado, ignorando a multidão lá fora e fechei os olhos tentando dormir. Meus pensamentos foram e voltaram e por mais que eu tentasse o sono não vinha.Estava de barriga pra cima encarando o teto de palha e tentando contar os carneirinhos.  Eu estava preocupada. Estava com medo. Sentia que agora, que estava finalmente parada e descansando a ficha estava caindo e isso me aterrorizava.

Trixie colocou a mão sobre a minha, pegando-me de surpresa. Ela se virou, ficando de lado e me olhando com seus grandes olhos castanhos e ternos. Fiz o mesmo, virando-me pra ela e mirando a face delicada e as pequenas marcas da idade que já começavam a surgir no seu rosto. 

-Você está com medo?- perguntou a bruxa baixinho. 

-Estou.- respondo ainda mais baixo como se revelar aquilo fosse um incentivo para todos os monstros que me cercavam. Trixe franziu a sobrancelha compreensiva e deu um aperto reconfortante na minha mão. 

-Eu também estou.- confessou a feiticeira ao meu lado. Seus olhos se distraíram e viajaram pela oca por um momento como se pensasse. Então eles recaíram sobre mim novamente e a mulher depositou uma beijo terno no topo da minha cabeça. - Mas vamos enfrentar isso juntas.- disse e se aninhou mais ao meu lado, eu conseguia sentir seu cheiro, ervas, terra e um toque de fogo.

-Juntas.- digo e esboço um sorriso pequenos antes de ciar no sono ao lado da minha mãe.

***Recadinho da autora***

Aliás, criei um instagram literário @ mahescreve pra falar sobre meu processo de escrita, dicas de escrita, resenha, surtos, interagir com vocês e mostrar um pouco da minha rotina, se estiverem interessados é só acessar no instagram!

Essa semana não tem recadinho porque escrevi tanto nesse capítulo que estou com preguiça. 

Me processa bebê, muaahahahaha 

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Beijos Malignos,

__TheEvilQueen

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