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Brandon
As luzes da cidade incomodavam-me e estar fechado dentro de um carro com as mãos atadas deixava-me ainda mais mal disposto.
Já não era a primeira vez que estava num carro da polícia mas desta vez tinha medo.
-Rapaz o que é que te deu na cabeça para fazeres aquilo ao teu próprio irmão? - o homem fardado perguntou.
Eram dois agentes e o que não estava a conduzir parecia realmente chateado por lhe ter dado trabalho.
-Às vezes temos que fazer justiça pelas nossas mãos não acha?
-A vida costuma fazer isso por nós, o karma é real. - ele abanou a cabeça insatisfeito com as minhas atitudes.
-Isso é o que as pessoas fracas dizem.
-Essa coragem toda levou-te muito longe não foi? - o outro agente falou pela primeira vez - Podia estar com a minha família e estou a cuidar de discussões de crianças que não sabem o que é a vida. - disse irritado.
Ele está mesmo a dizer-me isso a mim?
-Ed tu não conheces a vida dele, concordo que o rapaz devia ter mais calma mas não me pareceu coisas de crianças. Ficou em péssimo estado o outro, mais um pouco e podias lhe ter partido qualquer coisa.
-Nada que ele não merecesse. - disse secamente.
-Vês! Uma verdadeira criança.
-Acha que sou uma criança caralho!? - gritei-lhe completamente irritado - Então experimente passar por metade das coisas que passei, pode começar por ler a minha ficha pessoal ou também não teve tempo para isso seu velho nojento?
-Tem cuidado com o que dizes! - os olhos estavam vermelhos - As vossas fichas são todas iguais são uns miúdos mimados e riquinhos!
-Ed... - o polícia ao volante tentava acalmá-lo -O rapaz já passou por muita coisa.
-Duvido muito.
-Ele foi acusado de homicídio, de posse de drogas e de relações com pessoas perigosas.
Nenhuma das três era verdade (talvez a segunda), mas desta vez soube-me bem ver a cara de espanto do idiota.
Quando chegámos à prisão de Seattle o homem empurrou-me contra o carro e disse para ficar quieto, observei-os de longe enquanto tentavam perceber o que fazer comigo.
O polícia simpático veio ter comigo.
-Vais passar a noite na prisão para aprenderes a lição, o teu irmão está no hospital levou alguns pontos.
-Há qualquer coisa que não me quer dizer é o quê? - estava um pouco nervoso.
-Ao que parece ele apresentou queixa contra ti e não sabemos se vais a tribunal ou o caso acaba por ser esclarecido, afinal ele é teu irmão... - o homem parecia confuso.
-Meio-irmão. - assegurei - E nós nunca nos demos bem.
-Há mais uma coisa...
Mais uma coisa?
-Apesar de já seres maior de idade como o caso ficou em família os teus pais foram chamados para prestarem declarações.
-Declarações?
-Sobre a vossa relação, o teu irmão insiste que não estás bem mentalmente e que precisas de ajuda médica por isso trouxemos-vos as pessoas mais próximas.
-Só podem estar a brincar comigo. - respirei fundo - Eu sou mentalmente instável? Porquê é que ninguém percebe que ele fez isto tudo para me incriminar! Ele é que é doido, não eu! O Harry foi atrás de mim sabendo que eu ia estar bêbedo e provocou-me, não tenho provas mas ele próprio o disse. - andei agitado de um lado para o outro na berma da estrada.
-Não me pareces mau rapaz, mas a verdade é que tudo aponta para que ele seja a vítima.
Sentei-me no chão e baixei a cabeça, quando eu acho que a vida não me pode correr pior eis que acontece mais uma coisa.
-Não acham curioso que aponte sempre tudo na mesma direcção? É tal e qual como quando tínhamos 10 anos...
-Brandon certo? - levantei um pouco a cabeça.
Estava a chorar.
Não aguentava mais surpresas, não aguentava mais mal entendidos, não aguentava que toda a gente desconfiasse de mim e acreditasse nele.
-O que te disse no carro é verdade, a vida pode ser dura mas a verdade vem sempre ao de cima e o karma também. Se estás inocente então nós vamos conseguir ver isso, acredita!
-Ninguém vai acreditar em mim, nunca o fizeram...
*
Entrei na pequena sala escura onde ia passar o resto da noite, daqui a nada era madrugada mas eles faziam questão que eu ficasse enfiado lá dentro.
Estava exausto e furioso com o Harry, conhecendo-o bem o plano deve ter muita mais do que isto.
A maneira fria com que ele me olhou e disse que eu caí sempre na armadilha... é como se ele soubesse desde o início, sabia o que me dizer e o que fazer para me tirar do sério.
E como ajo sempre por impulso aconteceu.
-Tenho direito a um telefonema. - falei um pouco alto para garantir que os polícias me ouviam.
-Não tens direito a nada criança, vais esperar pelos teus pais e ficares sossegado ouviste bem? - o filho da puta do polícia que estava comigo no carro disse.
-Depois pode dizer isso aos meus advogados, aposto que vão gostar de ouvir que o senhor me negou o telefonema, não tem problema de qualquer maneira não gostava de si.
Ao menos a minha atitude não saiu alterada desta situação toda.
Com o Harry por perto foi a minha maneira de me proteger, com o sarcasmo.
-É apenas um telefonema!
Sabia perfeitamente a quem tinha que ligar, sabia que atendaria ao primeiro toque e sabia o quão decepcionado/a ia ficar.
Marquei os números a tremer, acredita Brandon...
-Dylan? - ele atendeu ao primeiro toque tal como imaginei.
-Brandon! Meu Deus onde é que tu tens estado? - ele bombardeou-me com perguntas.
-Dylan meti-me numa confusão com o Harry e estou na prisão, só tinha uma chamada então liguei para ti.
-Vou já ter contigo, lamento muito Brandon.
-Poupa-me os sentimentalismos.
-Queres que avise a Alice? - ele perguntou na dúvida.
-A Alice está com a minha mãe e eles foram chamados para virem cá, por isso ela já sabe e deve estar também a caminho.
-Eu sei... nós passámos a noite toda à tua procura.
-Nós quem?
-Eu a Alice, a tua mãe, a Jane, o Jack, o Tevin os rapazes e a Bella e o James.
-Mas porquê?
-Porque nos preocupamos contigo Brand. - e sem dizer mais nada, desligou o telefonema.
*
Com o cansaço acabei mesmo por adormecer, mas não durou muito porque as vozes no corredor ficaram mais altas.
-Gostava de ver o meu filho se for possível. - era a voz do meu pai (o que já nem era verdade).
-Claro Dr.Portamn esteja à vontade, não percebi que era seu filho peço desculpa por não o ter deixado logo entrar. Como está a sua mulher?
Ele ignorou o polícia irritante e ouvi os passos, sinal de que se aproximava.
Os piores monstros não são os que estão lá fora são os que vivem mesmo perto de ti.
Este homem era o monstro dos meus sonhos, o meu pai.
-Que mais poderia esperar de ti Brandon? - a voz dele perdida no escuro da cela fazia-me arrepios. -Sempre foste a vergonha da família.
-A mãe? - perguntei baixo.
-A tua mãe está lá fora, ela sente-se envergonhada pelo filho que tem.
-Sabe perfeitamente que isso não é verdade.
Ouvi um riso gelado.
-Agora já sabes a verdade, admito que me deixa intrigado nunca teres percebido antes que não eras meu filho.
-O senhor sabe!?
-Achas que a tua mãe me conseguia enganar durante tanto tempo? - agora parecia afectado com a conversa. - No entanto ela aprendeu a lição e decidi aceitar-te com o meu nome, visto que nem o teu próprio pai te queria.
-Então a minha mãe viveu uma vida de merda ao seu lado só para eu ter uma família? - levantei a voz.
-Não sejas ingrato! A tua mãe não tinha onde cair morta sem mim e o teu pai era um pintor inútil, não conseguia nem se sustentar a si.
O meu pai era pintor... tal como eu.
-Parece que inverteu bem a situação, hoje em dia é rico.
-E mesmo assim não te quis não foi filho?
-E o Harry? Devia estar preocupado com o seu verdadeiro filho, aposto que ele continua a chorar pela sua atenção.
-Vamos a seguir ao hospital, mas garantiram-me que estava tudo bem. Rapaz isto não vai ficar assim, aguentei levar com as tuas asneiras vários anos mas chegaste ao limite.
-Aprendi com o melhor.
*
Olá tudo bem?
Capítulo bem intenso e faltam umas quantas coisinhas para o pesadelo do Brandon acabar...
Digam-me o que acharam como sempre e aceito palpites para o "plano" do Harry.
Beijinhos!!