A Troca

De Alanmartins78

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"Eu os declaro marido e mulher ..." Hinata simplesmente não conseguiu dizer a Naruto que sua irmã gêmea, Hana... Mais

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4 (A troca)
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9 - Últimos Capítulos
Capítulo 10 - Última Semana
Capítulo 11 - Última Semana
Capítulo 12 - Anti-penúltimo (Revelação)
Capítulo 13 - Penúltimo
Capítulo 14 - Final

Capítulo 8 - Últimos Capítulos

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De Alanmartins78

Capítulo 8 - Últimos Capítulos

Naquela noite, a última deles na ilha, fizeram amor com sabor amargo, apesar da doçura do momento. Hinata entregou-se de corpo e alma, tentando mostrar a Naruto o quanto ele significava para ela. Queria que ele jamais se esquecesse daquela última noite em Colombé, independente do que pudesse acontecer depois.
Naruto percebeu que havia alguma coisa diferente no modo como Hanabi agia. Era como se ela estivesse querendo que aquela noite fosse um marco na vida deles. Será que ela se apegara tanto assim àquela ilha? Eles teriam uma vida pela frente para se amarem. E que diferença faria se estivessem na ilha ou na casa deles em Konoha?

— Nunca vou esquecer esta semana — ele murmurou.
— Nem eu. Foi a semana mais maravilhosa da minha vida.

Se pudesse ficar lá, no calor dos braços dele, para sempre! Se não tivessem que voltar para Konoha.

— Vamos ser muito felizes juntos — Naruto reafirmou, beijando-a com ternura, roçando os lábios de leve contra os dela.

Naruto, não faça isso comigo. Não torne esta nossa despedida mais difícil do que já está sendo. Ele a aconchegou contra o peito.

— Sabe o que eu gostaria?
— Não.
— Eu gostaria muito de ter filhos. Nossos filhos. 

O coração de Hinata deu um salto de dor.

— Pelo menos três. Sempre odiei ser filho único.
— Você nunca me falou isso.
— Mas é verdade. Eu invejava você e Hinata porque tinham uma a outra. Eu queria ter irmãos para sermos tão unidos como vocês duas.
— Você foi um menino solitário, Naruto?
— Muito. Minha avó fez tudo ao alcance dela. Em casa sempre iam outras crianças para brincar comigo. Todos os finais de semana ela me levava aos parques, zoológico, em qualquer lugar que ela sabia ter mais criança. Coitada, quantas vezes ela não sacrificou seus fins de semana só para cuidar de mim. Mas nas festas da escola, nos jogos que eu participava, todas as outras crianças estavam acompanhadas dos pais. Só eu que não. Uma vez, quando eu estava na quinta série, os pais foram convidados para participar de uma reunião junto com os alunos. A idéia era que eles falassem de suas vidas, o que faziam, do que gostavam. Até as crianças, cujos pais eram divorciados, levaram seus pais. E todos ficavam orgulhosos quando o pai deles estava falando. Tão orgulhosos. — A voz de Naruto falhou.

Por um longo momento ele ficou em silêncio, e o coração de Hinata se condoeu pelo menino solitário que ele fora. Recuperado o controle, ele completou:

— Mas isso já não importa mais. O que importa é que sobrevivi. E agora tenho você. E logo vamos ter uma bela família.

Hinata ficou pensando no que ele acabara de revelar. Ela também, mesmo tendo Hanabi como irmã, sentira-se solitária diversas vezes. Ela compreendia Hanabi, mas nem sempre a recíproca era verdadeira.

— Acho três um número perfeito — ela murmurou. 

Ele colocou a mão na barriga dela.

— Sabe que você já pode estar grávida?
— Sei.

Ela podia sentir o sorriso dele contra sua testa.

— Espero que esteja. Não vejo a hora de ter filhos com você.

Hinata limitou-se a balançar a cabeça, porque não confiava em sua voz para falar.

— Espero que nosso primeiro filho seja uma menina. Uma linda menina. Muito parecida com você.

Os olhos de Hinata encheram-se de lágrimas.

— Naruto.
— Hei, por que está chorando? — Ele enxugou as lágrimas dela com o dedo, depois a beijou. — Só porque vamos embora amanhã?
— Não. É que você é tão bom para mim. Eu não mereço tudo isso.
— Que história é essa? Sobre o que você está falando? — Ele afastou-se um pouco a fim de encará-la, mas ela manteve os olhos semicerrados. Ele ergueu-lhe o queixo, obrigando-a a olhar para ele. — O que você quis dizer com não merece isso? Você é minha esposa e eu a amo muito. Por que eu não seria bom para você?

Cada palavra era mais uma lança cravada em seu coração. Ele não podia imaginar como sua demonstração de carinho transformava-se em lâminas afiadas que dilaceravam seu peito, já muito machucado.

— Eu não mereço isso. Eu. não sou a pessoa que você pensa que sou.
— Isso é loucura, meu bem. Você é exatamente a pessoa que quero que seja. Engraçado, eu não imaginava que você fosse assim. Conhecemo-nos há tanto tempo que pensei que soubesse tudo sobre você. Mas nesta semana em que estamos juntos, descobri muitas coisas, partes de sua personalidade que nunca percebi antes e que me fizeram amar você ainda mais.
— Não fale assim, Naruto. Você não sabe como isso é importante para mim.
— Pois é a verdade. Agora vamos parar com isso, está bem? Nada de lágrimas nessa nossa última noite aqui.

Naruto estava começando a ficar irritado. Melhor mudar de assunto ou seria obrigada a contar toda a verdade naquele momento. E não estava preparada para isso. Levantando a mão, ela tocou-lhe o rosto.

— Naruto?
— O que foi, querida?
— Obrigada.
— Obrigada por quê?
— Por dizer o que você disse. Eu. nunca vou esquecer. 

Ele pegou-lhe a mão e beijou-a ternamente.

— Hanabi, nossa lua-de-mel foi perfeita, como eu previa. Minha intenção desde o princípio era fazer desses últimos dias uma amostra do que seria a nossa vida daqui para frente. Sempre que possível, olhar para trás com saudade mas sabendo que os momentos seguintes serão muito mais maravilhosos. Sempre lembrando que a amo demais.

E juntos permaneceram pela última noite em Colombé.
Já a bordo da primeira classe do vôo para Konoha, Hinata refletia, olhando atentamente pela janela a paisagem que se esvaía. Poderia ter aproveitado a oportunidade da conversa íntima na noite anterior para revelar seus martírios. Mas novamente fora egoísta, querendo desfrutar até o último minuto de sua presença. Tinha sido tão egocêntrica a ponto de não pensar na felicidade de Naruto, sim, porque ambos abriam os corações para o que havia de mais puro na vida. Ele não estaria tão fragilizado, porque a sinceridade imperava no ambiente. Ele tinha revelado que adorara descobrir nela as novas qualidades. Seria o momento de dizer que ela sempre fora daquele jeito porque era Hinata, e não Hanabi que estava ali, expondo seus sentimentos.
Você é má, Hinata, e merece o desprezo que Naruro vai sentir assim que ele souber a verdade. Você nunca pensa nele, só em você mesma e nessa oportunidade que o destino colocou em suas mãos.
Estava muito arrependida por ter deixado passar o momento perfeito para revelar seu segredo.
Oh, meu Deus, me ajude, por favor.
E a hora da verdade aproximava-se implacável.
O que Naruto diria quando ouvisse a verdade? Se tivesse coragem de falar olhando para os olhos dele, poderia testemunhar primeiro o espanto, depois a incredulidade e por último, o desprezo. E raiva também. Mas era o desprezo que mais temia. A raiva passaria logo, mas o desprezo. Com o Naruto era um homem calmo, certamente ele a levaria até a porta e se despediria educadamente, sem escândalos ou cobranças, e fecharia a porta atrás dela para sempre.
Hinata imaginou-se saindo da vida dele, sem perdão. Será que poderia ser mais infeliz do que já estava sendo? Ela não pretendia chorar no momento em que conversasse com ele, mas já sentia as lágrimas ardendo em seus olhos.
Quando começara toda aquela história, Hinata imaginara que ia ser difícil separar-se depois de Naruto. Mas nem por um momento imaginou que teria aquele grau de dificuldade, querendo chorar dias antes, por antecipação. Havia dois dias que lutava insanamente contra aquele sentimento destruidor. Não suportava mais a amargura da perda. Por mais que procurasse se consolar dizendo que tinha valido a pena, que não trocaria aquela semana por nada no mundo, mesmo assim não sabia se teria estrutura emocional para aguentar a separação. Repetia sem cessar que a alegria experimentada ao lado de Naruto era insubstituível e muito maior do que a dor, solidão ou miséria a ser enfrentada abandonada no mundo.
"É melhor amar e perder do que nunca ter amado". Suigetsu dissera aquelas palavras. Será que traduziam a verdade? Hinata gostaria de acreditar que sim, mas ia ser muito difícil.
A profundeza de sua dor era maior do que imaginara em princípio porque antes de experimentar o que era realmente estar com Naruto, não entendia bem o quanto ele significava para ela.
No entanto, os fatos eram outros. Se o amava antes, a partir daquela semana ele se tornara tão essencial para sua vida quanto o ar que respirava.
Ele era parte dela.
Sem a presença dele seria como amputar-lhe algum membro. Nunca mais poderia encarar a vida de cabeça erguida, seu coração estaria irremediavelmente partido e a alma entregue ao desvario. E como alguém poderia viver aos prantos, sem condições de fazer o coração bater novamente?
Por favor, meu Deus, faça com que eu esteja grávida. Permita, Senhor, que eu tenha uma parte de Naruto para guardar comigo e amar.
Alucinada, repetiu para si diversas vezes aquela mesma prece, sem saber ao certo quais consequências aquele apelo representava. Só tinha uma certeza: queria para sempre um pedaço de Naruto.
E exausta por esse turbilhão emocional, Hinata fechou os olhos e adormeceu, num sono leve.
Naruto alegrou-se ao ver Hanabi repousar. Notara em suas expressões a exaustão. O corpo dela por vezes tremia levemente e sabia que não havia nada de positivo naquela reação. Era um tremor de medo. Naruto não conseguia entender por que aquelas idéias povoavam sua mente, mas sua intuição era muito forte. Mesmo porque, na noite anterior Hanabi estava um pouco apreensiva, agitando-se na cama como nunca acontecera, o que fez sua aparência na manhã seguinte denunciar um cansaço inexplicável.
O que estava acontecendo com Hanabi? Por que estava tão relutante em voltar para casa?
Ele sempre imaginara que as recém-casadas não viam a hora de assumir sua nova casa. Mas isso não estava acontecendo com Hanabi. Seria a fuga de Hinata a causa de tamanha preocupação, uma vez que eram inseparáveis? Naruto não acreditava com convicção naquela hipótese.
Mas então, o que seria? Ele não fazia a menor idéia. Em sua mente martelavam as últimas palavras de Hanabi quanto à bondade a ela dispensada e que não merecia aquela felicidade porque ela não era a pessoa ideal para ele. Quais segredos ela guardava em seu coração, e que escondia, a ponto de sofrer calada amargamente? Para Naruto as duas irmãs não chegavam a ser completamente opostas, mas também não constituíam nenhuma grande interrogação, porém parecia estar enganado. Não esperava ter aquelas dúvidas pairando entre eles. Bem, só podia ser alucinação de sua mente, concluiu, por fim.
Não, Naruto, você não as conhece bem. Lembre-se de tudo que descobriu em Hanabi durante esta semana, coisas que você jamais viu antes. Naruto sabia que a convivência acabaria por revelar facetas escondidas da personalidade de uma pessoa, mas não era isso que o intrigava. Ele era esclarecido o suficiente para saber que ninguém era um livro aberto. A começar por ele próprio. Sua avó, por exemplo, achava que conhecia tudo sobre ele e sua personalidade, mas não era verdade. Ela não sabia dos seus sonhos secretos, não sabia o quanto ele odiava trabalhar na empresa da família. Enfim, todo mundo escondia alguma coisa. Mas o que Hanabi estaria escondendo? Tudo o que sabia era que se tratava de alguma coisa relacionada ao retorno para Konoha. Ela começara a agir de um modo estranho dois dias antes de voltarem. Muito diferente da pessoa que chegara em sua companhia a Colombé. Naqueles primeiros dias ela estava descontraída, alegre, mostrando tanta felicidade, a ponto de comovê-lo. E então, quando começaram a falar do retorno, ela se transformou numa pessoa mais reservada, relutante, cuja tristeza aparecia até mesmo no sorriso, mais raro e menos espontâneo que antes.
E agora estava tão tensa quanto ficara nas semanas que antecederam ao casamento.
Se pelo menos ele pudesse saber o motivo. Talvez fosse necessário mostrar-lhe que poderia confiar piamente nele. Mas como ela não sabia daquilo ainda?
Naruto tentava vislumbrar a chegada em Konoha. Intimamente, gostaria que Hanabi não voltasse a exibir aquele comportamento ansioso e agressivo de sempre, mas sim, a nova Hanabi que descobrira em Colombé, muito mais dócil e reservada. Suas maneiras um tanto comedidas chegaram a surpreendê-lo, pois não estava habituado a elas. E aquilo o agradava sobremaneira.
Aquela era a mulher que gostaria de preservar para a vida inteira e não podia pensar na idéia de perdê-la, por nada no mundo.
Para desespero de Hinata, o vôo de conexão, de Miami para Konoha, cuja espera prevista era de quarenta e cinco minutos, transformou-se em quatro horas, devido às péssimas condições do tempo. Quando finalmente chegaram à casa de Naruto já passava da meia-noite.
Hinata era puro cansaço, seu estado era lastimável. Sua condição física debilitada combinada à exaustão emocional deixara-a arrasada. Unindo-se àquilo a longa viagem e a inesperada demora no aeroporto, suas energias esgotaram-se.
Infelizmente, Hinata via-se sem forças ou condições de encarar Naruto para uma conversa franca, apesar de estar ciente da gravidade e urgência da situação. O confronto emocional com Naruto seria muito desgastante. Mesmo porque Naruto também estava exausto. Ele precisava dormir um pouco para descansar e porque teria que trabalhar na manhã do dia seguinte.
Sua confissão ia ter que esperar um pouco mais. Falaria com ele antes de sair para trabalhar. Saber que teria pelo menos algumas horas pela frente a fez sentir-se mais aliviada.

— Não vamos nos preocupar em desfazer as malas — Naruto falou, colocando as malas num canto do quarto. — Estou morto de cansaço e você também. Vamos direto para a cama.

Hinata concordou, agradecida.
E naquela noite, pela primeira vez desde que se casaram, não fizeram amor. Hinata preferia assim. Embora Naruto ainda não soubesse, a despedida dos dois fora naquela última noite em Colombé. Fazer amor outra vez só serviria para tornar mais doloroso o momento de dizer a verdade a ele na manhã seguinte.
Dormiram tão profundamente que não ouviram o despertador e perderam a hora.

— Mas que azar! — Naruto exclamou, pulando da cama.
— Já são sete e meia.

Não havia tempo para o café da manhã ou nada mais antes de ele sair para o escritório.

— Tomo uma xícara de café no escritório — ele falou, beijando Hinata no rosto. — Não se preocupe em preparar jantar para esta noite. Sei que tem muita coisa a fazer hoje. Podemos pedir uma comida chinesa ou uma pizza. E depois, se você quiser, podemos ir até sua casa e trazer o resto de suas coisas, está bem?
— Tudo bem.
— Ligo mais tarde — ele prometeu e a beijou. — Como é bom acordar ao seu lado. Saber que você vai estar aqui todas as manhãs me deixa muito feliz. Mais contente fico em saber que todas as noites estará aqui também.

Se a situação fosse verdadeira, Hinata também compartilharia dos mesmos sentimentos.
Depois de sua partida ela imaginava no quanto seria maravilhoso se aquelas cenas se repetissem todos os dias. Mas afastou rapidamente aquele pensamento de sua mente. Pensar em coisas que nunca poderiam acontecer era pura perda de tempo.
A verdade é que não podia mudar os fatos. Não era e nunca seria a mulher dele e quanto mais cedo aceitasse a idéia, melhor.
Com o coração pesado, Hinata voltou para o quarto, fez a cama e arrumo os pertences de Naruto. Foi com amor que separou as roupas dele. Segurando uma camisa contra o rosto, inalou aquele cheiro agora tão seu conhecido e deixou que as lágrimas rolassem soltas. Em seguida pegou a calça do pijama que ele usara na noite do casamento. Suspirava de tão boas recordações!
Não desfaria suas malas. Suas não, Hinata, de Hanabi. Está mais do que na hora de você entender isso. Não havia motivo para desfazê-las. Naquela mesma noite estaria saindo pela mesma porta pela qual entrou com as malas na mão.
Para preencher seu tempo, ela separou as roupas de Naruto que deveriam ser mandadas para a lavanderia e colocou as outras na máquina de lavar. Mesmo não sendo a esposa legalmente constituída de Naruto, sentia um prazer enorme em fazer aquelas tarefas domésticas como se fosse a verdadeira esposa. Sabia que não precisava se preocupar com aquilo, mas estava amando arrumar as coisas de Naruto, a sua casa.
Depois de finalizadas as tarefas que considerou de sua competência, Hinata preparou um banho e demorou-se nele quinze minutos, triste por saber que seriam os últimos momentos nos aposentos de Naruto. Trocou de roupa, pegou o carro que Hanabi tinha deixado na garagem de Naruto no dia anterior ao casamento e foi até sua casa.
Como Hinata não planejara ficar aquela semana fora, encontrou a caixa do correio repleta de correspondências e a varanda coberta de jornais, revistas. Recolheu o que pode e entrou. Foi um choque ver seus quadros encostados contra a parede da sala de jantar e suas anotações sobre a mesa. Quanta coisa tinha mudado em sua vida em apenas uma semana! Pensar em seu trabalho já não a emocionava como antes. Sua única alegria era pensar em Naruto, ele era o dono de seus pensamentos. Mas precisava voltar ao trabalho depois que colocasse um ponto final em seu relacionamento com Naruto. Mesmo sentindo-se a mulher mais miserável deste mundo, precisava mergulhar de corpo e alma no trabalho para esquecer a dor. E precisava considerar também que se não conseguisse terminar as doze telas que faltavam, ia perder não só Naruto, mas uma oportunidade de ouro para o futuro de sua carreira.
Se assim acontecesse, não lhe restaria mais nada. Sua vida seria um completo vazio.
Afastando os pensamentos negativos com determinação, ela deu uma passada de olhos na correspondência, separando as que considerava mais importantes. Depois olhou para o telefone. Sabia que precisava ouvir as mensagens da secretária eletrônica, mas faltava-lhe coragem. Quem teria ligado e que tipo de recados teriam deixado? Adiando aquele momento, abriu algumas correspondências, entre elas o contrato da galeria Hatake. Tentou analisá-lo, mas não conseguia concentrar-se nas inúmeras cláusulas. Precisava ler com atenção antes de assiná-lo e devolvê-lo.
Vamos lá, Hinata, acabe logo com essa agonia. Ouça os recados da secretária eletrônica.
Com dedos trêmulos, ela pressionou o botão.
A primeira chamada era um engano. A segunda, uma oferta de produto. A terceira era da secretária de Kakashi Hatake, Shizune, dizendo que colocara no correio o contrato. "Se você tiver alguma dúvida, é só ligar" Shizune concluía.
A quarta chamada fez seu coração bater mais forte. Era a voz de Hanabi.

— Hina? Você está ai? Sou eu, Hanabi. Pegue o telefone, por favor. Por favor, Hinata, preciso falar com você. Por onde você se meteu? Bem, hoje é quarta-feira, mais ou menos 10 horas. Me ligue assim que voltar, está bem? — Depois de deixar o número do telefone da casa de Konohamaru no México, ela ainda acrescentou: — Hina, estou morrendo aqui sem notícias. O que aconteceu afinal? Como papai aceitou tudo? Ele está muito bravo comigo? Estou com medo de ligar para ele, quero conversar com você primeiro.

Sua primeira preocupação era o pai e não Naruto, pensou Hinata.

— Hinata, eu. eu também quero saber o que Naruti disse. Espero que ele esteja bem. Eu me sinto mal em ter deixado o problema na sua mãos. Por favor, estou desesperada. Me ligue logo, sim? Bem, vou desligar agora. Falamos mais tarde. Te amo. Tchau.

A mensagem seguinte também era de Hanabi.

— Hina? Hina, onde você está? Quase não saio da casa de Konohamaru esperando você ligar. O que está acontecendo por aí? Eu queria contar que Konohamaru e eu vamos casar amanhã de manhã e depois vamos para uma cidade litorânea, para uma breve lua-de-mel. Te ligo quando eu voltar, ok? Estou muito agoniada. Tenho de falar com você.

Havia mais duas mensagens de Hanabi, cada vez mais desesperada por notícias e frustrada por não conseguir se comunicar com Hinata.
O último recado tinha sido deixado na véspera.

— Hina, estou começando a ficar preocupada. Você não quer falar comigo, é isso? Por favor, Hinata. Se você não me ligar até amanhã à noite, vou ligar para papai de qualquer jeito.

O coração de Hinata deu um salto. Santo Deus! Hanabi não poderia ligar para o pai delas antes de ela conversar com Naruto. Seria o caos. Ela nem queria pensar nas consequências. Foi com esse pensamento que discou nervosamente o número de Hanabi, rezando para que a irmã estivesse em casa.
Depois do quinto toque, uma voz de mulher atendeu.

— Olá.

Ainda bem quê aprendera um pouco de espanhol, Hinata pensou. Num momento de desespero como aquele, precisava se comunicar de qualquer maneira.

— Olá, posso falar com Hanabi Hyuuga?
— Sinto muito — a mulher respondeu num inglês perfeito. — Hanabi saiu para fazer compras.
— Saiu? — Hinata indagou, desapontada. E agora?
— Quem está falando, por favor?
— Eu. sou a irmã dela. Posso deixar um recado?
— Claro. Pode falar.
— Diga a ela que Hinata ligou. Diga, por favor, que estou em casa aguardando a ligação dela. E também para não falar com papai nem Naruto em hipótese alguma, antes de falar comigo. É muito importante.
A mulher repetiu a mensagem.
— Sua irmã vai receber o recado assim que chegar.
— Muito obrigada — Hinata disse.
— De nada.

Depois de desligar, Hinata ficou de pé, tentando se acalmar. Graças a Deus evitara uma catástrofe maior. E se não tivesse chegado a tempo? Tremia só de pensar nessa hipótese. E se Hanabi já houvesse ligado para o pai delas?
Pensamento positivo. Hanabi não ia fazer uma coisa dessas. Por enquanto você está a salvo.

— Naruto, que bom que você voltou.
— Sentimos sua falta, meu caro.
— Olá, Naruto. Você está com ótima aparência. O casamento lhe fez muito bem.

Naruto sorriu e retribuiu os cumprimentos antes de se juntar aos gerentes de departamento para uma reunião especial, quando discutiriam a fase final da fusão da Uzumaki com a Hyuuga. Se tudo estivesse de acordo com o previsto, a transação começaria no dia seguinte.
Naruto tinha acabado de sentar em sua cadeira à cabeceira da mesa para presidir a reunião, quando Kurenai Yuhi, sua secretária, abriu a porta.

— Desculpe a interrupção, mas tenho que falar com o Sr. Naruto. É muito importante.

Naruto conhecia bem sua secretária e sabia que só um assunto muito sério a faria interromper uma reunião. Seu primeiro pensamento foi Hanabi. Será que ela estava com problemas?

— Tsunade ligou — Kurenai falou séria assim que Naruto saiu da sala. — É sua avó. Ela sofreu um ataque cardíaco.
— O que você está me dizendo? Quando? Onde ela está?
— Acabou de acontecer. Tsunade ligou para o telefone de emergências e sua avó já está a caminho do Hospital de Konoha.
— Como ela está? 

Carole fez um gesto desconsolado com a cabeça.

— Tsunade não consegue se lembrar de nada, sabe apenas que está viva.

O coração de Naruto disparou. Sua avó sempre parecera tão forte, tão invencível. Mesmo sabendo que ninguém era eterno, nunca imaginara que chegaria o momento em que ela não estaria mais ao lado dele como sempre esteve. Mas precisava ir se acostumando com a idéia, pois sua avó já estava com setenta e nove anos. E um ataque cardíaco nessa idade seria um desastre.

— Estou indo para lá — ele anunciou. — Por favor, avise a todos. E não se esqueça de ligar para Hanabi e pedir para se encontrar comigo no hospital.
— Não se preocupe, Sr. Naruto. Vou fazer tudo que for necessário. Se precisar de alguma coisa é só ligar.

Hinata ouviu o telefone tocando assim que abriu a porta. Jogando os pacotes com comida sobre a mesa da cozinha, correu para atender.

— Alô.
— Hanabi?
— Sim?
— Hanabi, aqui é Kurenai.
— Kurenai?
— A secretária de Naruto.
— Oh, Kurenai! Desculpe. Não sei em que estava pensando. Tudo bem com você?
— Estou bem, obrigada. Hanabi, estou ligando a pedido de Naruto.

Kurenai relatou tudo que sabia. Hinata sentiu seu mundo girar. Se não bastassem seus problemas, agora tinha um mais grave que todos. Precisava dar apoio a Naruto. Ele era muito ligado à avó.

— Fique tranquila, Kurenai. Estou indo para o hospital agora mesmo. Obrigada por ter ligado.

Hinata demorou dez minutos para chegar ao Hospital de Konoha, que era parte do complexo hospitalar bem ao sul da Konoha University, onde ficava a casa de Naruto. Demorou mais cinco minutos para estacionar. Em seguida, estava na porta do elevador.
Ela viu Naruto assim que chegou ao andar reservado aos doentes com problemas do coração. Ele e Konoha Senju, a governanta da avó dele, estavam sentados juntos num sofá de couro na área da UTI. Quando a viu, ele levantou-se e foi ao seu encontro.

— Oh, Naruto, sinto muito. Como ela está?

Ele colocou os braços em volta dela e a abraçou por um longo momento.

— Não sabemos de nada até agora. Que bom que você está aqui. Estou desesperado, sem notícias. Nem sei se ela ainda está viva.

Ela o abraçou forte, tentando transmitir forças a ele.

— Você sabe o que aconteceu? — ela perguntou, enquanto caminhavam até onde estava Tsunade. Ela sorriu para a governanta.

— Olá, Tsunade.
— Alô, Hanabi.

Como sempre, ser chamada de Hanabi fazia Hinata assustar.

— Não há muito que saber — Naruto disse. — Ao terminar o almoço, deu alguns passos e colocou a mão no peito. Tsunade a amparou antes que caísse.

Hinata olhou para Tsunade, cujo semblante sempre alegre estava agora carregado de preocupação.

— Graças a Deus eu estava lá. Não sei o que teria acontecido se eu tivesse saído para ir até o correio ou ao supermercado e ela passasse mal sozinha em casa.
— Bem, não pense mais nisso. Você estava lá e fez tudo ao seu alcance para ajudar.
— Tente ficar calma, Tsunade, por favor. Vovó vai superar essa crise — ele consolou a governanta. — Estamos esperando o Dr. Orochimaru, o médico que a assiste, para termos alguma notícia — ele informou a Hinata.

Rachel assentiu. Orochimaru era o mais renomado especialista da cidade. Mito Uzumaki estava em boas mãos.

— Sente-se, querida. Quer beber alguma coisa? Café, coca-cola?
— Não, nada, obrigada.

Hinata sentou-se ao lado de Tsunade e pegou a mão da velha senhora, para confortá-la. Se Mito Uzumaki não sobrevivesse, Tsunade sofreria tanto quanto Naruto. Sua ligação com a velha senhora vinha de longa data.
Depois disso, os três não falaram muito. Naruto passou a maior parte do tempo em pé olhando pela janela no final do corredor, muito inquieto para sentar-se. Hinata passava os olhos pelas páginas da KonohaNews, sem conseguir sequer ler uma linha. Tsunade tentava distrair-se com o tricô.

— Eu sempre trago meu tricô na bolsa. Ajuda a passar o tempo.

Hinata sorriu. A bolsa de Tsunade era na verdade quase uma sacola e ela nunca vira a velha senhora sem aquela bolsa.

— Por acaso a senhora teria uma aspirina nessa bolsa?
— Tenho sim — Tsunade respondeu. Colocando a mão no fundo da bolsa, ela retirou um vidro do remédio.
— Obrigada — Hinata agradeceu.

Pela próxima hora, toda vez que a porta que dava para a UTI abria, os três olhavam esperançosos. Mas o Dr. Orochimaru não aparecia.

— O que está acontecendo lá dentro? — Naruto perguntou depois de algum tempo, olhando fixamente para a porta. — Deus, não aguento essa espera angustiante. Quando vão nos dar alguma notícia?
— Assim que puderem — Hinata tentou consolá-lo, pensando na impaciência dos homens. As mulheres angustiavam e rezavam. Os homens ficavam bravos e impertinentes.

De repente Hinata lembrou-se do seu pai. Ele precisava saber de Mito. Não a perdoaria se não fosse avisado. Na verdade, deveria ter ligado para ele logo de manhã. Era o que Hanabi teria feito.

— Naruto, só agora me lembrei de papai. Vou ligar para ele.
— Claro. Eu também esqueci.

Hinata foi até o final do corredor onde ficavam as enfermeiras e onde havia um telefone público.

— Escritório do Sr. Hyuuga.
— Oi, Anko — Hinata cumprimentou e respirou fundo antes de acrescentar: — Aqui é Hanabi. Papai está aí? 
— Olá, meu bem — a secretária que trabalhava com seu pai havia vinte e dois anos a cumprimentou. — Então está de volta? Como foi? Maravilhoso?
— Sim — Hinata respondeu. — Maravilhoso.
— Seu pai está em outra ligação, mas nada muito importante. Vou entrar e dizer que você está aguardando. Sei que ele está doido para saber de você.
— Obrigada.
— Meu anjo! — a voz de seu pai soou do outro lado da linha logo em seguida. — Estava mesmo imaginando se vocês já tinham chegado. Estava pensando em passar aí mais tarde.
— Oi, papai — Hinata falou emocionada. — Sinto muito se não liguei mais cedo, mas aconteceu uma coisa triste — ela anunciou e rapidamente explicou o que acontecera com Mito.
— Vou já para aí.
— Não há necessidade — ela se apressou em dizer.

Deus, não estava preparada para um encontro com ele. Não ainda.

— Não há necessidade? Mito Uzumaki é como se fosse da família. E agora, ela é da família. Claro que vou. Além do mais, minha filhinha precisa de mim e não posso deixá-la sozinha neste momento.

Depois que desligou, Hinata ficou parada perto do telefone por vários minutos, tentando controlar suas emoções. Precisava juntar coragem, usar de todo seu controle e talento para enfrentar o pai. Não podia deixar transparecer a verdade num momento em que Naruto precisava de todo seu apoio.
Um pouco mais calma, dizendo a si mesma que poderia levar sua farsa por mais um tempo, ela voltou para o lado de Naruto e de Tsunade. Ficaram todos à espera de Hiashi Hyuuga.

Continua...

E esse foi o capítulo de hoje... Hanabi apareceu gente 😱 Hinata vai ter coragem de falar a verdade para irma!? Coitada da Mito 😔 espero que de tudo certo com ela... Oq vcs acharam do capitulo de hoje!? NÃO PERCAM AS EMOÇÕES DOS ÚLTIMOS CAPÍTULOS DE A TROCA!! Até o proximo capitulo 😘❤

OBS:FIQUEM ATENTOS AS MINHAS NOTIFICAÇÕES!! TEREMOS NOVIDADES EM BREVE!!

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