Sangue Real [✓]

By TalitaPC

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Alicia Dolohov viveu a vida toda em Cérnia, um dos dez reinos de Régnes. Sua vida era comum, como a de qualqu... More

Epigrafe
Prólogo
DreamCast - Parte Um
DreamCast - Parte Dois
DreamCast - Parte três
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Papo sério
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Uma espiadinha nas redes...
Capítulo 30

Capítulo 23

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By TalitaPC

Os finais de semana em que tínhamos atividade extracurricular costumavam ser cansativos. Principalmente porque geralmente eram em locais que exigiam trabalho braçal, como ontem, quando fomos ajudar na reforma de um centro comunitário do reino, onde as crianças e jovens costumam se reunir e participar de grupos que vão desde artes manuais, dança, clube de leitura, até prática de lutas como jiu-jitsu e muay thai, entre outras coisas.

Por isso, hoje não levantei quando o despertador tocou. Apenas o desliguei e virei de lado, dormindo novamente.

Quando acordei pela segunda vez já era quase horário de almoço, então me obriguei a ir tomar um banho demorado para despertar completamente.

Tinha combinado de encontrar com Jordan no centro do reino para almoçarmos juntos. Depois de sexta e da avaliação da aula de dança nós havíamos trocado algumas mensagens, Jordan me parabenizou pela apresentação, mas não comentou nada relacionado a Frederick e eu não entrei no assunto também.

O dia estava ensolarado e fazia calor, então escolhi um vestido vermelho com pequenas e delicadas bolinhas brancas, tamanho midi e levemente esvoaçante. As alças eram de amarrar, dando um charme a mais e o busto tinha um leve recorte de coração. Calcei o all star e me olhei no espelho, sorrindo satisfeita com o resultado.

Fiz uma maquiagem leve, apenas rímel, blush e um gloss e de acessório apenas brinco de argolas. Penteei os cabelos e os deixei soltos. Peguei a bolsa transversal e coloquei dentro o óculos escuro, junto com celular, documentos e dinheiro.

Conferias horas no celular e fiz uma careta ao perceber que precisava ir ou meatrasaria. Sai do quarto e desci, indo até a frente do internato. Chamei umcarro e enquanto esperava enviei uma mensagem a Jordan:

Menos de cinco minutos depois já estava no carro seguindo em direção ao restaurante em que tínhamos combinado de nos encontrar. Como era praticamente hora do almoço, nós iriamos primeiro comer, para depois dar uma volta pelo reino.

Entrei no restaurante reparando primeiramente na decoração. As cadeiras e bancos eram estofados com a cor verde oliva, contrastando com a madeira escura das mesas. Sobre elas, um pequeno vaso com delicadas margaridas.

Notei o garoto sentado em um dos bancos estofados, na parede à direita. Ele estava concentrado olhando pela janela que dava para um dos lados da calçada, já que o restaurante ficava na esquina da rua.

Andei em sua direção e provavelmente ao perceber a movimentação Jordan virou o rosto, sorrindo ao me ver. Ele levantou do banco e ficou em pé, esperando.

— Oi. — mordi o lábio, parando a sua frente.

— É bom ver você. — Jordan sorriu mais abertamente.

Me aproximei e beijei sua bochecha. Jordan colocou a mão em minha cintura, apertando-a levemente.

Nos afastamos e pigarreei baixo, tentando colocar os pensamentos em ordem. Sentei no banco e Jordan se acomodou na minha frente.

— Gosta de massa? — arqueou uma sobrancelha.

— E tem quem não goste? — franzi a testa.

Jordan deu risada e assentiu. Logo um garçom nos entregou o cardápio e nós fizemos o pedido.

Assim que estávamos a sós novamente olhei pela janela observando o movimento na rua. Havia várias pessoas passeando pelo reino, aproveitando o dia ensolarado.

— Não conhecia esse restaurante. — comentei olhando ao redor.

Algumas mesas estavam ocupadas, ou por casais, grupo de amigos e famílias. Sorri para uma garotinha loira sentada na mesa atrás da nossa, ela retribuiu e acenou.

— Espero que goste, a comida aqui é ótima, — deu de ombros levemente — Pelo menos uma das minhas preferidas.

— Então gosta de massas? — mordi o lábio inferior.

— E tem quem não goste? — me encarou, com um sorriso de canto.

Dei risada do seu jogo de usar minha frase anterior e neguei com a cabeça.

— Minha comida preferida é a lasanha da minha tia. — confessei.

— Faço uma lasanha muito boa. — Jordan comentou.

— Eu teria que provar para poder concordar... — arqueei uma sobrancelha.

— Não seja por isso, — inclinou levemente a cabeça — Pode ir a minha casa um dia desses e cozinho para você. — sugeriu.

Jordan tinha um pequeno sorriso nos lábios e me olhava como se desafiasse a negar o convite. Me ajeitei melhor no banco, cruzando as pernas por baixo da mesa.

— É, quem sabe... — dei de ombros.

Antes que continuássemos a conversa o garçom retornou com nossos pratos. Agradecemos a começamos a comer. Tinha pedido massa ao molho de tomates com almôndegas de carne. Estava delicioso.

Acabamos iniciando uma conversa sobre gostos culinários, Jordan falou sobre as comidas que fizeram parte da sua infância, falei das minhas e depois até compartilhamos receitas e truques para melhorar receitas. Além disso, confessamos gostos estranhos, como Jordan que colocava ketchup na pipoca. Até tentei convencê-lo de que aquilo era um absurdo, mas não obtive sucesso.

Comemos com calma e quando terminamos pedimos sobremesa. Jordan e eu decidimos dividir o brownie de chocolate amargo com geleia de baunilha.

Suspirei alto assim que comi o último pedaço, percebendo que Jordan tinha o deixado especialmente para mim. Coloquei a colher sobre a mesa e olhei para ele, que me encarava.

— Satisfeita? — arqueou uma sobrancelha.

— Por enquanto. — pisquei com um olho só.

Jordan deu risada e assentiu.

Nós ficamos no restaurante por mais algum tempo, afinal depois de comer dá certa preguiça, além de que a digestão é algo muito importante.

Já era início de tarde quando pagamos a conta e saímos do restaurante. Nós seguimos pela calçada, andando sem pressa. Estávamos indo em direção a praça principal.

Jordan contava sobre seu trabalho no estúdio e o último ensaio em que fotografou um casal de noivos. Ele falava de um jeito entusiasmado, mostrando que realmente gostava do que fazia. Paramos pelo caminho, olhando algumas vitrines de lojas e fazendo um comentário ou outro.

Algo que gostava quando estávamos juntos é o fato de que conseguíamos conversar sobre tudo. Jordan era um garoto inteligente e quase sempre conseguia contribuir com alguma informação sobre o assunto, mas além disso, quando não sabia algo sobre, ele ouvia com atenção. Isso é raro hoje em dia, em uma época onde há disputas de ego e de quem é 'mais'.

Chegamos à praça e sorri ao ver que havia algumas barracas de artesãos, mas não na mesma quantidade que no dia da feira. Paramos em uma delas, cheia de bijuterias feitas pela garota morena, que não devia ser mais velha do que eu. Ela as mostrava com orgulho, falando sobre o processo de confecção.

Em certo momento, o celular de Jordan tocou e ele pediu licença, se distanciando para atender. Agora ele estava a alguns metros de distância, gesticulando como se explicasse algo.

Toquei a pulseira cheia de pequenas borboletas azuis. A garota insistiu que a colocasse no pulso para ver como realmente ficava.

— É linda. — sorri.

Olhei de novo para Jordan percebendo que estava envolvido na conversa. Torci para que não fosse algum problema. Suspirei baixo e encarei as bijuterias, percorrendo as outras barracas com os olhos, tentando encontrar algo legal.

Franzi a testa ao ver um homem parado a alguns poucos metros, perto de um banco de madeira. Estava com as mãos no bolso e encarava algo ao longe, do outro lado da rua.

O reconheci imediatamente, mesmo que estivesse usando roupas casuais. Calça jeans, suéter cor azul petróleo, com uma camiseta branca por baixo, além de tênis, ao invés dos sapatos sociais.

— Só um minuto... — sussurrei à garota.

Andei em direção a Nicholas. Como sempre, não sabia porque ir até ele ou o que falaria, mas não conseguia passar despercebida a sua presença.

Que coisa mais idiota! Pensei, revirando os olhos.

— Oi. — chamei atenção.

Parei a alguns passos de distância. Nicholas estava de costas e virou assim que me ouviu.

­— Alicia. — sorriu levemente.

— A gente sempre se encontra assim, meio do nada. — franzi a testa.

Nicholas deu uma risada baixa e assentiu.

— Então precisamos combinar algo, um dia desses. — piscou com um olho só — Para quebrar esse padrão.

— É, temos. — mordi o lábio inferior.

Não fazia ideia de que tipo de rolê Nicholas gostava, mas se ele convidasse para dar voltas ao redor da Escola, eu iria.

Ainda não conseguia entender o que acontecia quando estava com Nicholas, era como se algo me chamasse para perto dele e quando estava ali sentisse necessidade de me manter. Havia a estranha sensação de proteção, de que estando com Nicholas, nada aconteceria.

— Aproveitando o dia de folga? — questionei.

— Algo assim. — deu de ombros — E você, passeando sozinha? — arqueou uma sobrancelha.

— Não, com um... Amigo. — mordi o lábio.

Olhei de relance para trás, notando que Jordan ainda ao celular. Nicholas seguiu meu olhar e franziu a testa, mas logo relaxou e voltou a me encarar.

— Bom, espero que aproveite o dia, a temperatura está bem agradável. — sorriu levemente — Preciso ir...

Nicholas estendeu a mão e coloquei a minha sobre a sua, esperando pelo ato já característico. Sorri quando ele beijou o dorso, notando seu olhar desviar para a pulseira cheia de pequenas borboletas azuis que ainda estava no meu pulso.

— Linda. — sussurrou, me encarando logo em seguida.

Mordi o lábio inferior, sentindo o rosto esquentar. O jeito com que falou parecia não estar se referindo apenas a pulseira e isso fez meu estômago revirar por alguns segundos, era como se houvesse dezenas de borboletas voando de um lado ao outro.

Nicholas soltou minha mão e acenou discretamente com a cabeça, antes de seguir em direção a calçada e atravessar a avenida. Notei quando ele encontrou com a mulher loira, a mesma em que já o vi acompanhado anteriormente na Escola.

Seriam namorados? Pensei, franzindo a testa.

Afinal, era domingo e provavelmente não estariam trabalhando, então aquilo era em um encontro? Não, Nicholas não flertaria comigo se estivesse envolvido com alguém. Apesar de que podia ser tudo coisa da minha cabeça e no fim ele nunca demonstrou realmente interesse em mim.

— Alicia. — ouvi alguém chamar.

Virei e vi Jordan caminhando em minha direção. Encurtei nossa distância, encontrando-o em frente a mesma barraca de antes. Tirei a pulseira e a devolvi a garota, sorrindo de forma envergonhada, afinal tinha simplesmente saído andando com a mercadoria dela.

— Desculpe, era meu chefe do estúdio, — indicou o celular e revirou os olhos — Infelizmente ele não tem noção de final de semana e folga.

— Tudo bem. — dei de ombros.

— Vamos andar um pouco mais? — tocou meu ombro.

Sorri e assenti. Jordan deslizou a mão até a base das minhas costas e a deixou ali enquanto caminhávamos.

Passamos algum tempo provando doces em uma barraca, depois folheamos livros em um pequeno sebo do outro lado da rua, e assim fomos seguindo, caminhando sem pressa pelo centro do reino. Jordan conhecia bastante dali e foi me apresentando alguns lugares.

Agora estávamos em frente a uma floricultura, onde havia uma espécie de balcão cheio de flores, de todas as cores. Toquei com cuidado um arranjo de rosas vermelhas, sentindo a maciez das pétalas.

Ouvi um click e virei o rosto, assustada. Arregalei levemente os olhos e franzi a testa ao encontrar Jordan segurando uma câmera. Provavelmente tinha trazido na mochila que usava.

— Gosto de fotos espontâneas. — justificou com um sorriso de canto.

— É, devo ter saído bem espontânea. — desdenhei.

— Ficou perfeita. — afirmou me encarando intensamente.

Jordan pendurou a câmera no ombro, pela alça, e pegou uma flor pequena, em um tom de amarelo vivido. Ele se aproximou devagar e afastou o cabelo da lateral do meu rosto, colocando-a atrás da orelha esquerda.

Senti um arrepio percorrer meu corpo todo enquanto Jordan deslizava a mão, descendo pelo meu pescoço até a nuca. Devagar ele se aproximou, deixando nossos corpos praticamente colados, segurando minha cintura com a outra mão.

Sabia o que estava prestes a fazer e por isso não me afastei quando Jordan se inclinou, tocando meus lábios com os seus. A princípio foi apenas um roçar leve, onde seus lábios sugaram os meus devagar, primeiro o inferior e depois o superior.

Subi as mãos pelo seu peito, apoiando-me nele. Suspirei baixo e aproveitando a deixa, Jordan aprofundou o beijo. Senti sua língua tocar a minha timidamente, antes de iniciarmos nossos movimentos. Logo já havíamos encontrado sincronia, então apenas aproveitamos o momento.

Nos beijamos sem pressa por longos minutos. Às vezes nos separávamos minimamente em busca de ar, mas logo nossa boca voltava a se encontrar.

Mordi o lábio inferior quando nos desvencilhamos. Ainda tinha as mãos em seu peito e o empurrei levemente, colocando alguns centímetros de distância segura entre nós.

— Isso foi... — Jodan sussurrou.

Dei uma risada baixa e assenti. Tinha sido intenso. Não esperava que beijá-lo despertasse tantas sensações em mim.

— É, foi. — concordei.

— Desculpe ter te beijado assim, — deu de ombros — Mas eu precisava tentar, depois de sexta... — franziu a testa e negou com a cabeça.

— Eu não tenho nada com Frederick. — afirmei.

Jordan assentiu e colocou a outra mão em minha cintura, me puxando novamente para perto.

— Não costumo ser um cara inseguro, mas... — encarou meus olhos — Admito que saber disso me deixa muito feliz. — sorriu abertamente.

Dei risada e enlacei seu pescoço com os braços, colando mais nossos corpos enquanto Jordan buscava meus lábios novamente.

...

Nós ficamos andando pelo reino até perto do entardecer, quando entramos em uma cafeteria. Pedi panquecas acompanhadas de mel e mirtilos, e um café expresso. Jordan pediu nussschneken, uma espécie de bolinho de massa folhada em formato redondo, sabor baunilha e amêndoas.

— Ei, — Jordan sorriu quando peguei um dos seus bolinhos — Ladra de comidas. — acusou.

Dei risada e mordi um pedaço, saboreando. Estávamos sentados um ao lado do outro, no banco dentro da cafeteria. Jordan sorriu e afastou o cabelo perto do meu pescoço, causando uma onda de arrepios. Virei o rosto e me inclinei levemente, lhe dando um selinho rápido.

— Perdoada? — brinquei.

— Quase... — semicerrou os olhos e segurou minha nuca, puxando meu rosto para perto.

Suspirei baixo assim que sua língua tocou a minha, me deixando levar pelo momento. Desde nosso primeiro beijo vieram vários outros, Jordan sempre arranjava uma desculpa para nos beijarmos e eu deixava.

Tia Leila ficaria orgulhosa, sem falar em Sansa e Ryan. Isso me fez lembrar de que precisava ligar para eles quando chegasse na Escola.

Nós continuamos comendo, depois do café pedi um cappuccino. Jordan tirou algumas fotos da cafeteria e até mesmo minhas, alegando precisar de inspiração. Ficamos ali até que fosse noite. Já tinha recebido mensagens no grupo com Vaiola e Piter, afinal passei o dia todo fora.

Respondi tranquilizando-os de que logo voltaria para a Escola e que tinha novidades. Sabia que isso os deixaria curiosos, mas podiam aguentar até que nos encontrássemos.

Quando saímos da cafeteria o tempo estava mais fresco. Nós esperávamos na calçada pelo carro que me levaria até a Escola quando uma rajada de vento bagunçou meus cabelos. Senti algo em meus ombros e sorri ao ver que Jordan havia colocado seu casaco sobre mim.

— Obrigada. — puxei mais o casaco.

Jordan afagou minhas costas, subindo e descendo a mão, tentando me esquentar com o atrito.

Alguns minutos depois o carro chegou. Tentei tirar o casaco, mas Jordan impediu, dizendo que poderia ficar e devolver outro dia.

— É uma desculpa para nos vermos logo. — piscou com um olho só.

Dei risada e assenti. Estava dentro do carro e nos despedimos, novamente, pela janela do banco traseiro.

— Até. — sorri.

— Até. — se inclinou e beijou meus lábios, um selinho rápido.

Suspirei alto assim que o carro estava em movimento. Me recostei melhor no banco e fechei os olhos, deixando que as informações sobre o dia de hoje viessem a minha mente aos poucos. Tinha deixado as coisas rolarem como tia Leila sugeriu, mas agora sentia a necessidade de processar tudo aquilo.

Beijar Jordan tinha sido muito bom, melhor do que pensei. Quando nós estávamos juntos as coisas aconteciam de forma natural. Eu gostava disso. Sabia que o fato de termos nos beijado não queria dizer que tínhamos algo mais sério, pelo menos esperava que Jordan também pensasse assim. Não queria apressar as coisas. Nós podíamos apenas nos beijar por algum tempo, até ver no que isso realmente ia dar.

— Chegamos. — o motorista avisou.

Percebi que estávamos em frente aos portões da Escola.

Enquanto caminhava em direção ao internato agradeci mentalmente a Jordan por ter deixado seu casado, já que a temperatura havia ficado mais fria com o anoitecer.

Entrei no internato e segui direto ao quarto. Estava cansada, afinal caminhamos bastante pelo reino.

Deixei o casaco sobre a cadeira em frente a penteadeira e segui ao banheiro. Tirei a roupa, jogando-a no cesto e depois os tênis. Entrei no box e liguei o chuveiro, sentindo a água cair sobre meus ombros. Tomei um banho demorado, aproveitando o momento de paz.

Quando estava pronta coloquei o roupão, fiz minha higiene noturna e então voltei ao quarto. Vesti o pijama e peguei o celular, indo deitar finalmente.

Havia várias mensagens no grupo com Vaiola e Piter, então enviei um áudio combinando de contar tudo amanhã, nos mínimos detalhes.

Depois entrei no grupo "Três mosqueteiros" e apertei para fazer uma chamada de vídeo.

"— Ok, estou esperando por esse momento o dia todo! — Sansa disse assim que nós três aparecemos na tela individual"

Dei risada e revirei os olhos, me ajeitando melhor na cama.

"— Até parece. — desdenhei."

"— Conta logo Alicia. — Ryan interveio."

Bufei baixo, mas obedeci, iniciando o relato de como tinha sido o encontro com Jordan, nos mínimos detalhes.

— AAAAAAAA. — Vaiola deu um gritinho animado enquanto sacudia as mãos.

Revirei os olhos e dei risada do seu exagero. Ela estava fazendo isso só porque acabei de contar que havia enfim beijado Jordan.

Nós estávamos sentados em um dos bancos do pátio. Tínhamos almoçado e ao invés de irmos à sala de convivência, como sempre, nós viemos ao pátio para que pudesse falar sobre o dia de ontem com mais privacidade.

Fiz praticamente o mesmo relato que para Sansa e Ryan, tentando lembrar de todos os detalhes. Durante meu discurso fui interrompida algumas vezes, para questionamentos super importantes como, "ele segurou só a cintura ou desceu mais a mão?', "ele puxou seu cabelo?", "vocês foram a algum outro lugar?", entre outros.

— Então Jordan beija bem. — Piter sorriu maliciosamente — Ele tem cara mesmo de quem é bom... — piscou com um olho só — Se é que você me entende.

Arregalei levemente os olhos e dei uma risada alta. Entendendo a que Piter se referia. Vaiola assentiu e se abanou com as mãos, concordando com o amigo.

— Por enquanto, posso apenas dizer que o beijo é muito bom. — movi as sobrancelhas.

— Viu, boba, — Vaiola bateu em meu braço — A oportunidade que você estava perdendo.

Revirei os olhos, mas assenti, afinal ela estava certa. Cruzei as pernas e relaxei mais no banco que estava sentada. Piter ao meu lado passou o braço pelo encosto, pousando a mão em meu ombro. Vaiola estava em pé a nossa frente, elétrica demais para permanecer sentada.

— Isso é para você nos ouvir com mais frequência. — Piter completou.

— Ata, claro. — bufei baixo — Não foi você que disse a alguns minutos atrás que agora preciso beijar Frederick?

— Sim, e reafirmo. — sorriu abertamente — Você precisa provar todas as opções para escolher o melhor.

Neguei com a cabeça. O garoto que está totalmente apaixonado e querendo pedir Pablo em namoro, dizendo que é para eu curtir a vida.

— É aquela coisa né, nunca diga nunca. — dei de ombros.

Vaiola fez um sinal positivo com as mãos enquanto Piter apertava levemente meu ombro.

— Isso aí garota! — incentivou.

Dei risada e neguei com a cabeça. Esses dois não tinham jeito mesmo.

— Agora é sua vez. — apontei o indicador na direção de Vaiola.

— O que? — franziu a testa.

— De dar uns beijos, — sorri maliciosamente — No Caleb.

Vaiola arregalou levemente os olhos enquanto seu rosto ganhava um tom avermelhado. Estava constrangida e isso era engraçado, por isso dei uma risada alta.

— Porque eu preciso fingir que não está acontecendo nada e você pode falar sobre? — Piter interveio, me olhando de forma indignada.

Dei de ombros e bufei baixo, desdenhando. Fiz um sinal com a mão de 'deixe isso para lá' e continuei encarando Vaiola, esperando uma resposta.

— Nós não temos nada. — negou.

— Ainda. — Piter sorriu maliciosamente.

— Ainda. — concordei, sorrindo para ele de forma cúmplice.

Vaiola bufou alto e fez um sinal de menos com a mão, como se estivéssemos exagerando.

— Ok, nós nos damos bem e Caleb é um garoto bem legal, — revirou os olhos — Mas não passa disso.

— Porque? Ainda gosta de Louis? — Piter questionou.

Vi o rosto de Vaiola ficar diferente ao ouvir o nome do ex-ficante e xinguei Piter mentalmente por isso. Imagino que deve ser difícil para ela pensar em toda aquela situação, reviver aquele momento de sofrimento.

— Não, acho que não... Pelo menos não como antes. — franziu a testa, pensativa.

— Ei, — segurei sua mão, fazendo com que Vaiola me encarasse — Tudo bem se você ainda gostar dele ou sentir falta, superar essas coisas levam algum tempo. — sorri levemente — O importante é você reconhecer que o melhor é cada um no seu lado, porque lá no fundo você entende que a relação de vocês te fazia mais mal, do que bem. — apertei sua mão — Você merece um relacionamento que te traga paz.

Vaiola estava com os olhos marejados, mas não deixou que as lágrimas rolassem. Ao invés disso, respirou fundo e assentiu.

— Até eu fiquei emocionado agora. — Piter fungou baixo, fingindo estar chorando.

Virei o rosto e mostrei a língua, fazendo com que ele desse risada.

— Obrigada amiga, — Vaiola apertou minha mão — Você parece sempre saber o que dizer.

Fiz uma careta, não sabendo se concordava muito com aquilo. Levantei do banco ao ver Laisa saindo da Escola. Estava na hora da aula complementar, então me despedi dos meus amigos e segui junto com ela ao anexo, indo à sala de música.

Hoje era dia de conviver com o bom humor de Jasmine, por favor, leiam de forma irônica. Laisa sorriu quando entramos na sala e encontramos Jasmine junto com dois garotos, conversando. Nós sentamos na mesma fileira de cadeiras. Laisa era uma garota tão legal, divertida e principalmente gentil, então não conseguia entender como era amiga de Jasmine.

As duas pareciam se dar realmente bem. Pelo que entendi se conheciam desde antes da Escola Real. Isso fez com que cogitasse a ideia de questionar Laisa sobre a personalidade de Jasmine, se é ruim como parece ou estou errada na minha dedução.

— Bom dia pessoal! — a professora cumprimentou, entrando na sala.

Deixei esses pensamentos de lado, concentrando-me no que a professora Lexa falava.

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