A teoria do caos

By AyzuSaki

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Alguns eventos moldam as pessoas. Acontecimentos que transformam o caminho de alguém totalmente, por terem um... More

Capítulo I - O homem que trabalha com lixo
Capítulo II - O menino que brinca com lixo
Capítulo III - Que tipo de herói você quer se tornar?
Capítulo IV - Os gatos de rua de Hosu
Capítulo V - Aqueles encontros predestinados
Capítulo VI - Desvios imprevisíveis
Capítulo VII - Convergindo
Capítulo VIII - Endeavor precisa esfriar a cabeça
Capítulo IX - Sua mãe nunca te ensinou a mentir, mas deveria
Capítulo X -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte I
Capítulo XI -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte II
Capítulo XIII - A órbita de um Midoriya
Capítulo XIV - O poder por trás de um nome
Capítulo XV - Os rolês aleatórios de Nora
Capítulo XVI - Um interlúdio antes da desgraça
Capítulo XVII - O paradoxo da força irresistível
Capítulo XVIII - Aquelas reuniões familiares com parentes que tentam te matar
Capítulo XIX - O menino e os monstros
Capítulo XX - As promessas que fazemos e que nos quebram
Capítulo XXI - O Inverno está chegando
Capítulo XXII - O paradoxo de Epicuro
Capítulo XXIII - Uma fúria feita de gelo
Capítulo XXIV - O inverno está aqui
Capítulo XXV - Efeito bola de neve
Capítulo XXVI - O guia prático de como criar caos, por Izuku Midoriya
Capítulo XXVII - Um cego guiando um cego
Capítulo XVIII - A ponta do fio
Capítulo XXIX - Os galhos da árvore
Capítulo XXX- Izuku é uma calamidade de bolso

Capítulo XII - O gato e o novelo de lã

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By AyzuSaki

"-Eles acreditavam que a previsão era apenas uma forma de acompanhar as coisas. Se você soubesse o suficiente, você poderia prever qualquer coisa. Isso tem sido uma crença científica desde Newton.

- E?

- A teoria do caos joga tudo isso pela janela."

Michael Crichton, Jurassic Park

Um ano, nove meses e 15 dias atrás

Izuku estava pensando novamente em energia. Era um pensamento bem frequente nos últimos tempos, desde que acabou com a luz inteira do quarteirão por acidente.

Não que alguém pudesse provar que havia sido ele. De jeito nenhum. Nope nope.

-Acho que estou pegando leve com você, se tem tempo de ficar tagarelando, boyo.

Recebeu um chute nas costas e rolou pelo chão do tatame. Mal teve tempo de rolar quando viu um pé em sua direção. Se impulsionou para longe e estremeceu com a força do ataque que quase o atingiu.

Taka não sabia como pegar leve, e havia sofrido muito no começo até conseguir começar a escapar dele.

-Os vilões não vão pegar leve com você. Tem cinco segundos para levantar e vir para cima de mim.

Grunhiu, tratando de obedecer. Silencioso, era assim que havia aprendido. A respiração controlada a cada golpe. Mais fácil falar do que fazer.

Seu jab foi bloqueado facilmente e escapou de um cruzado na cara, quando tentou escapar pela esquerda sentiu uma dor aguda no couro cabeludo quando seu cabelo foi agarrado e puxado com força. Se agachou e deu uma cotovelada no estômago desprotegido do outro que o soltou, lhe dando espaço para respirar e tentar tirar o cabelo da frente dos olhos.

-Use as pernas, você tem pernas por uma razão!

-P.para c.caminhar?

A resposta lhe rendeu outro chute atrás dos joelhos. Despencou com um grito nada digno e queria muito ficar ali mesmo, mas sabia que Taka não ia parar até que tivesse o que queria. Esperou que ele se aproximasse e girou no chão fechando as pernas entre as dele. Braço esquerdo, ferimento de anos atrás, pouca movimentação e articulação mais fraca. Lombar, acidente durante serviço, modo mais fácil de o render rapidamente. Um golpe forte o bastante pode o imobilizar por semanas.

Deitou nas costas dele e girou o braço em sua direção, seu joelho na lombar em ameaça. Sentiu o corpo tenso abaixo do seu, sabia que logo a surpresa passaria e não conseguiria o manter ali. A não ser que atingisse a perna esquerda. Quase podia ver o tecido cicatrizado por baixo da roupa preta. A massa branca e rosa contorcendo tecido e músculo, rompendo ligamentos de forma irreparável e trazendo uma dor crônica que fazia Taka contorcer o rosto toda manhã antes de tomar o remédio e era sua culpa, porque havia sido estúpido e pensado que podia salvar Shigakari, e seu tio e Akira pagaram o preço e...

-IZUKU.

Acordou do transe com um baque e caiu de costas com força no tatame, o ar saindo dos seus pulmões com a pancada. Olhou para cima e viu a expressão preocupada no rosto do tio. Os olhos dele suavizaram levemente e ele sentou do seu lado pesadamente, os dois suados e arfantes pelo exercício.

-Voltou para terra, Boyo?

Assentiu, desviando os olhos e esperando a reprimenda por perder a concentração de novo. Era algo que acontecia com frequência, infelizmente.

– Foi bem. – Piscou aturdido e olhou para o tio, que flexionava o braço dolorido. – Não me olhe com essa cara, eu disse para me imobilizar e conseguiu. Eu sei elogiar, sua peste.

- Eu joguei sujo...

- Nenhum vilão vai jogar limpo com você, boyo, mas não vai conhecer tão bem todo mundo que lutar. E use suas pernas, seu quadril é mais largo que o meu, isso faz com que tenha mais facilidade de chutar do que dar socos. Que obsessão com socos é essa que tem?

Corou com isso, nem pensar que ia admitir que sempre que dava um soco gritava SMASH mentalmente.

-...Eu desconcentrei.

-Isso vai ter que melhorar, se alguém perceber que é um gato dando atenção a todo novelo de lã que aparece e esquecendo da vida...

-Ei!

-...Não vai sobreviver muito tempo em uma luta, mas vou tirar esse mau hábito de você.

O tio estalou os dedos com um olhar maníaco e estremeceu.

-Isso é abuso, tio Taka.

-Eu nunca disse que era uma boa pessoa.

Fechou os olhos quando ele apertou seu nariz e estapeou as mãos longe. Sua okan-san tinha essa mesma mania, a diferença é que doía quando um bruto fazia isso.

Pelo rolar de olhos que recebeu havia falado em voz alta.

-E outra coisa, quando vai cortar esse cabelo? – parou o movimento que fazia de tirar o cabelo do rosto e o viu rir da expressão que fez. – Está parecendo um shih tzu.

Cruzou os braços doloridos e seu tio riu mais da sua expressão.

-Na verdade...acho que vou deixar crescer.

Taka o olhou com curiosidade, diversão esquecida.

-É um ponto fraco durante uma luta, sabe disso, não é?

Apertou mais os braços de forma defensiva: - Bem, vários heróis têm cabelo grande, Eraserhead, por exemplo...

Deixou a frase morrer, pensar nesse herói em particular lhe fazia abrir uma caixa que gostava de deixar bem fechada. Sem falar que ia deixar claro demais a razão de deixar o cabelo grande.

-Eraserhead. – Seu tio falou de forma cuidadosa e sentiu a mão dele em sua testa, o fazendo se concentrar de volta. – Consegue ter o cabelo grande. Ele tem a capacidade de não permitir que alguém chegue perto o bastante para agarrar o cabelo dele durante uma luta.

-Então...é só eu me tornar capaz também.

-Não me diga isso. Me mostre.

Izuku nunca ia deixar de sentir seu peito aquecer quando percebia o quanto Taka acreditava nele. Não era como sua oka-san, que por vezes parecia indulgente, ou Kacchan que parecia incrédulo. Taka realmente parecia acreditar que se realmente se esforçasse ia conseguir, mas sabendo que teria que se esforçar mais do que qualquer um para isso. Colocar força nas palavras não adiantava. Ele tinha que se provar.

Como seu otou-san. Entendia porque os dois eram amigos.

- Como quiser, mas vai ter que amarrar.

Horas depois quando Izuku saiu do chuveiro com o cabelo preso ele viu seu tio paralisar no balcão onde tomava o chá. O olhou confuso por alguns segundos, ainda mais quando os olhos dele mostraram tantas emoções diferentes.

-Tio Taka?

-Você está...parecido com sua mãe.

Izuku sorriu largo com isso.

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Atualmente

Hitoshi estava vivenciando um dos dias mais estranhos da sua vida.

Ele não tinha certeza se era algo de aspirantes de heróis, ou havia tido a sorte e caído na sala com os mais estranhos, mas ele não tinha certeza se havia conhecido uma pessoa normal o dia inteiro.

A escala variava entre os psicótico escandalosos e os silenciosos assustadores, mas estava tudo lá.

E os piores: os animados.

-Vamos Shinsou-kun!

Muito animados.

A garota do infinito, Uraraka, havia agarrado seu braço – com quatro dedos, pequenas misericórdias – e não o soltado mais. E de alguma forma ele havia sido arrastado para algum tipo de drama quando tudo o que queria era pegar o trem de volta para casa.

-Meu nome não é... – O psicótico da sala parecia estar tendo um aneurisma para falar a palavra. – Kacchan.

-Oh? Mas ele te chamou de...

-Uraraka-san. – Iida interrompeu. – Nosso colega parece desconfortável com esse nome, o mínimo que podemos fazer é aceitar o desejo de Bakugou-san e...

-Ninguém te perguntou quatro-olhos! Minha conversa é com a cara redonda!

Um som escandalizado, Shinsou abaixou a tempo de escapar de uma mão do garoto de óculos na sua cara.

-Ei ei, sem briga, isso não é viril.

Quanto drama. Ele estava tentado a usar sua quirk e escapar dali, mas sentia que estava em gelo fino. Até agora todos pareciam compreensivos, então estava só esperando quando os olhares tortos começassem.

E falando em gelo fino, sentiu um arrepio na espinha e virou a tempo de encontrar o olhar frio de um dos seus colegas – a Elsa da sala - no final do corredor, os fitando de forma intensa.

-...mas é um nome tão adorável!

Fitando algum deles pelo menos, não tinha certeza quem, e nem queria descobrir. Contanto que não fosse ele.

Ficou aliviado quando a garota soltou seu braço. Todos estavam envolvidos agora na discussão, e viu alarmado que outros malucos da sua sala haviam se juntado ao circo. A garota rosa estava repetindo 'O quanto Kacchan era um nome fofo' agarrada com um garoto de cabelos loiros com uma mecha negra que lhe era estranhamente familiar, e que para seu horror mirou o rosto em sua direção com um olhar de reconhecimento também, acenando animado.

Ótimo, mais pessoas animadas.

Não acenou de volta temendo que ele viesse falar com ele e tivesse que fingir que lembrava de onde o conhecia.

-SEUS EXTRAS, PAREM DE ME CHAMAR ASSIM!

-Chamar pessoas de extras não é um bom comportamento de um estudante de uma escola tão prestigiosa como...

-FODA-SE!

-Kacchan não se comporta exatamente como um herói, não é?

-O QUE VOCÊ DISSE, PIKACHU?

-Ei, Bakubro é bem heroico, ele se arriscou para salvar Uraraka.

-Bem, isso é surpreendente, kero.

Não ia demorar muito para algum professor interferir, e anos levando a culpa por coisas assim o tornaram calejado o bastante para querer estar bem longe quando acontecesse.

Por isso tratou de sair disfarçadamente pelo mar de estudantes pelo corredor, se esforçando para entender o que diabos estava acontecendo ali. Respirou aliviado quando se afastou o bastante, dando de cara com os olhos heterocromáticos ainda na penumbra do corredor, o mesmo ar intenso de antes, mas havia algo nos olhos dele que tinha certeza que tinha nos seus no momento. Um ar que expressava 'Em que diabo de sala eu fui me meter?'.

Hitoshi sentiu certa camaradagem e assentiu para o outro que, para sua surpresa, respondeu de volta. Ele não sabia porque Elsa estava ali - tinha quase certeza agora que o olhar intenso e desconfiado era em direção ao psicótico -, mas ele estava dando o fora.

-CUIDADO!

Ou tentando. Ele não teve muito tempo de reagir, viu Elsa arregalar os olhos minimamente em surpresa, o pé se posicionando em reflexo para usar a quirk. Virou com o som da voz e deu de cara com verde. Algo colidiu e o levou ao chão o tirando o ar e sentiu um peso em seu peito.

-Droga, Mei...

Ou alguém.

-Eu disse para não ligar até o três! Me desculpa, olheiras. Você está bem?

-Eu liguei no três! – um grito distante, Hitoshi piscou e olhou para cima, desorientado. Olhos verdes o fitaram por trás de um rosto sujo de fuligem negra e cabelo alvoroçado. Primeiro ele notou os olhos, então ele notou a cicatriz, e terceiro ele notou o que o outro tinha dito.

-Do que me chamou?

O outro o fitou confuso por alguns segundos, e então ele percebeu.

Hitoshi não era tolo, havia reconhecimento ali.

O mesmo reconhecimento que estava sentido no momento. Aquela voz e aquele apelido...apenas uma pessoa tinha o chamado assim.

-E.eu perguntei se estava bem? – Sentiu a mão no outro em seu peito e realmente devia estar consciente de ter alguém sentado em suas pernas daquele jeito, mas Hitoshi havia encontrado um osso para roer, e não ia largar. Segurou a cintura do outro no lugar e o fitou de forma intensa.

- Você me chamou de olheiras.

Olhos verdes piscaram em - falsa - inocência.

- Chamei? Não chamei? Minha sala fez uma prancha de snowboard, mas não tem neve, então eu pensei 'ah, vamos colocar ela para voar', então fizemos ela voar, mas eu disse a Mei para ligar no três, e ela não fez isso, ela disse um e três, quando era para dizer três, dois e um. – Os olhos desviaram dos seus e foram para sua direita- Oh, e o garoto do cabelo de bengala de natal! Oi! Obrigado por segurar a prancha, consegue descongelar?

Hitoshi colocou uma mão na boca do outro assustado com a enxurrada de palavras e ele o fitou surpreso. E agora com a boca dele coberta, parecia ainda mais familiar.

-Puta merda. – Murmurou, os olhos arregalados.

Aquela expressão dele, ele não conseguia nem disfarçar o olhar de pânico. Antes que pudesse dizer algo, o silêncio chocado ao redor foi quebrado e todos começaram a falar de uma vez. O garoto foi arrancado de cima dele pelo psicótico em um piscar de olhos, que arrastou o outro pela parte de trás do uniforme estranho que ele usava como um gato recém-nascido.

-DEKU!

-Kacchan!

-Mina Ashido!

-Denki Kaminari!

-Sero Hanta..

E assim todo mundo começou a se apresentar, e Hitoshi tinha certeza que estava em uma realidade paralela.

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Tenya havia esperado anos para vir para U.A. A escola de herói de mais prestigio, e a mesma que havia formado seu irmão.

Ele não esperava se encontrar em uma situação assim no primeiro dia.

Ele nem mesmo sabia como tudo havia saído do controle tão rápido. Ele só tinha a intenção de se desculpar com Bakugou por ter julgado o outro mal durante o exame, e agora estava tentando acalmar metade da classe no corredor e impedir Bakugou de continuar a sacudir o outro garoto que devia ser um aluno de U.A também, apesar de não estar usando um uniforme, mas um macacão estranho e sujo de fuligem.

-Bakugou-san! – Para sua surpresa os dois o olharam com isso. Devia ter colocado mais força na voz do que imaginou, e alguns ao redor se calaram também. Bem. Tossiu e se empertigou mais. -...Isso não é um comportamento adequado para essa escola, se puder colocar o colega...?

O garoto que, tinha que admitir, não parecia tão incomodado quanto deveria em estar pendurado pela camisa daquela forma, acenou e sorriu em sua direção.

-Deku!

Por alguma razão Bakugou pareceu ofendido com isso.

-Deku? Que história de Deku é essa, Deku?

...E Tenya não sabia como lidar com isso, e pelo olhar confuso de alguns também não.

-Eu gosto! – Uraraka sorriu ao seu lado e todos olharam para ela. – Parece Dekiru, tem uma vibe de 'você pode fazer isso!'.

O garoto sorriu mais ainda, e Tenya piscou aturdido com todo o brilho emitido pelos dois, ainda mais quando Kirishima se juntou elogiando o nome também.

-Viu Kacchan? Sou Deku 'que pode fazer isso'. – A voz saiu em um tom doce, mas por alguma razão Tenya sentiu que a intenção não era essa.

-Deku, seu merdinha!

-Bem, agora que todos se apresentaram, vamos todos para casa, então Bakugou, se puder largar...

Antes que terminasse o garoto estava fora dos braços de Bakugou, mas não por querer do outro. Viu surpreso Todoroki o arrancar dos braços dele e o colocar atrás de si mesmo.

-...Isso foi inesperado. – Uraraka murmurou ao seu lado. – Você está bem aí, Deku-kun?

Viu o outro acenar por trás de Todoroki, a expressão confusa.

-Parece aqueles romances antigos, do cavaleiro salvando a donzela do vilão...

-Você me chamou de vilão olhos de gambá?? E você meio-a-meio? Larga o Deku! Que merda pensa que está fazendo?!

- Não vai encostar nele.

E aquilo havia saído muito do controle, era hora de chamar um professor imediatamente, pela cara dos outros dois eles iam brigar como dois delinquentes, Kirishima era o único que parecia tentar interferir.

-Eu reconheço você.

Tenya olhou para baixo e deu de cara com o garoto que segundos antes estava atrás de Todoroki. Os outros dois pareciam ocupados demais discutindo para perceber. Ajeitou os óculos, pronto para fazer a conversa curta e ir atrás de ajuda antes que aquilo escalasse.

-Acho que está enganado, Deku-kun.

O nome soou estranho na sua língua. O significado ofensivo o fazia parecer um insulto.

-Se me dá licença, essa situação já...o que está fazendo?

O outro o fitou intensamente em resposta, e para sua surpresa o rosto dele de repente estava perto do seu, o analisando.

-Tem algum parentesco com Ingenium?

A pergunta o pegou de surpresa, mas como sempre sentiu o orgulho inflar seu peito.

-Ele é meu irmão!

Viu os olhos do outro brilharem e sorriu em resposta, de forma incerta.

-Ingenium é um dos meus heróis favoritos, sabe? Você herdou o turbo como dele?

-Nas pernas.

-Então você corre bastante. Quanto você corre? Por quanto tempo? E o chute? Tem um limite até não poder usar o turbo? E para dar curvas?

-B.bem, eu...

-Sabia que você pode armazenar energia no turbo no uniforme certo e utilizar nele para outras utilidades? Energia cinética, a energia do movimento. Já deve ter feito seu uniforme, mas se permitir depois que a gente, digo Mei e eu... Mei! Vem aqui!

Tenya não sabia o que fazer no momento, por um lado estava muito lisonjeado e interessado no que havia conseguido entender, por outro o garoto estava mais perto do que a etiqueta permitia, e tentou correr quando sentiu ele e uma outra garota que não sabia de onde havia saído começar o apalpar e falar números ao redor. Quando uma fita métrica surgiu de algum lugar estava pronto para dar um basta.

-Esse não é mesmo o momento.

-Oh, me desculpe Iida-kun. – O garoto teve a decoro de parecer envergonhado e se afastar.

A garota continuava o medindo.

-Deku! O que está fazendo aí seu maldito?

E parece que os outros haviam percebido finalmente que o motivo da briga não estava mais lá.

-Certo, já basta. – Se colocou na frente do outro que o fitou surpreso. Tenya também estava surpreso. – Vocês estão se comportando como delinquentes, isso não é o perfil que se prese de alunos da U.A.

-Uoa, ele fala como o Ingenium também.

Tentou não corar com isso, mas pelas risadas que ouviu não conseguiu.

-B.bem, hora de ir para casa, todo mundo.

O silêncio se fez por exatos cinco segundos até Bakugou abrir a boca.

-Foda-se, quatro-olhos.

-Kacchan! Rude!

-Foda-se você também Deku!

-Não fala assim com ele.

-E você também a meio-a-meio.

E novamente caos.

-Chega.

Todos se calaram com a voz vindo do corredor.

-Aizawa-Sensei!

O homem vinha no corredor ao lado de um homem alto e esquelético loiro, que fitava a situação com curiosidade.

-Vocês são barulhentos e irritantes. E criança problema, devia saber que estava no meio. – O cabelo do homem flutuou, os olhos vermelhos. As faixas brancas foram em direção aos três e Tenya tensionou por segundos quando a viu se enrolar ao redor do outro garoto, que fez um som surpreso quando foi arrastado como um burrito pelo professor.

-Eraserhead! Yagi-san!

O homem esquelético sorriu e deu uma batidinha na cabeça do outro, que ainda flutuava enrolado na faixa do professor.

-Jovem Midoriya, estava procurando por você.

Aizawa-sensei grunhiu algo baixo e puxou o burrito para longe do outro que o fitou de forma ofendida.

Os olhos vermelhos se voltaram para os alunos.

-Vocês, para casa agora, antes que expulse todo mundo. Se estiverem ainda no campus nos próximos minutos não vão precisar voltar mais aqui.

Tenya queria ter essa autoridade um dia, todo o grupo saiu tão rápido e se desculpando. Até Bakugou se moveu, mesmo que lançando um olhar irritado em direção ao professor. O garoto de cabelo verde acenou para todo mundo, na mesma posição estranha em que estava. Logo só estava Todoroki que descongelava a prancha no chão e entregava a garota que havia o apalpado.

-Aizawa-sensei, gostaria de me desculpar em nome de toda a sala pela situação. – Ele fez uma longa reverência, repetidamente, para dar mais ênfase a sua vergonha e falha como ser humano. - Foi uma falha minha, não consegui manter controle e acabamos criando esse mal-estar.

O homem o fitou, e então revirou os olhos.

-Apenas não façam mais. E agora se manda.

- E parabéns por tentar ajudar, Iida-kun. É o espírito de um líder fazer isso. – O homem esquelético falou e agradeceu, o rosto corado com o elogio inesperado.

-Até mais, Iida-kun! – O garoto tentou se contorcer e acenar. – Depois falamos do uniforme?

Os olhos grandes o fitando daquela forma pareciam uma terrível armadilha.

-Claro, ah, hum...

-Pode me chamar de Deku!

-Eu...prefiro não.

O garoto fez um bico, mas não insistiu. Teve a impressão de ver o homem loiro segurar o riso com isso, mas não tinha certeza.

-Izuku, então. – Tenya franziu a testa em desagrado, isso era tão inapropriado. - Eu te procuro! Certo, Mei?

A garota que havia se aproximado com a prancha sorriu de uma forma que o deixou desconfortável. Parecia um pouco...maníaco.

Tenya assentiu e tratou de sair o mais depressa possível dali, virando apenas a tempo de ver os professores ganhando o corredor parecendo estar discutindo alguma coisa com o burrito ainda no ar indo de forma resignada.

A garota acenou ainda no mesmo lugar, sorrindo.

-Seremos grandes amigos!

Por que Tenya tinha a sensação que havia acabado de assinar uma terrível sentença a si mesmo?

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O universo tem uma forma curiosa de tentar manter o equilíbrio.

Alguns encontros estão predestinados a acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Algumas pessoas sempre vão fazer parte da vida umas das outras, não importa o caminho que percorram até esse ponto.

Pois em um universo Tenya Iida precisou de Izuku Midoriya mais do que qualquer um para se tornar o herói que veio a ser.

Nesse universo, apesar do preço alto que Izuku pagaria no processo, não seria diferente.

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-Iida-kun? – Uraraka-san o esperava na escada, Kirishima ao lado dela e, para sua surpresa, Bakugou também estava lá com a mesma expressão irritada de sempre. – Você está bem? Parece pálido. Não se encrencou por causa de todo mundo, né?

Negou e ajeitou os óculos.

-Como todos nós pegamos o mesmo trem, vamos para casa juntos!

-Eu não concordei com isso, cara redonda!

Havia sido um dia estranho, com certeza.

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Midoriya.

O homem magrelo havia o chamado de Midoriya.

Hitoshi sentou no trem, a mente à mil.

Midoriya era o nome da amiga do seu pai que estava em coma, o nome do filho dela que havia desaparecido. Talvez fosse uma coincidência, mas...

'Acordado, olheiras?'

Olhos verdes, fios verdes de cabelo escapando por um capuz. Uma cicatriz, pelo pouco que podia ver. Uma voz peculiar, única. Que depois havia mudado com um modulador de voz por uma boa razão.

Para esconder o quão jovem Nora era.

'Me desculpa, olheiras. Você está bem?'

Não, não. Hitoshi não acreditava em coincidências.

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Quando Mei entrou no carro da irmã, abandonando Izuku à própria sorte com os professores, ela ainda estava rindo como uma lunática.

Akira a olhou desconfiada, e um pouco alarmada pelo seu rosto sujo pela explosão no laboratório quando acionaram a prancha. Havia apenas trocado de roupa, preferia não arriscar se Maijima-Sensei tentasse pegar alguém para fazer um esclarecimento sobre o que havia acontecido.

Para ser justa, ele nem mesmo tentou, parecia satisfeito em os deixar soltos. Explorar a criatividade.

Ela realmente ia gostar desse lugar.

-O que você fez?

-Oh, nada, nada.

Era óbvio que ela não acreditava, mas a ignorou.

-Seu amigo não quer uma carona?

A pergunta foi feita de forma inocente, mas Mei conhecia Akira. Ela não fazia nada por fazer. Então o interesse dela em Izuku não havia sido só uma impressão.

-Ele está com os professores. – Mei sorriu ao lembrar da cara do outro sendo arrastado para a sala com Eraserhead. – Tomando chá.

-Hum. Com heróis. – Akira fitou o prédio, mas logo estava ligando o carro. – E como foi o dia?

Uma mudança brusca de assunto.

Akira nunca havia se interessado por seu dia. Ela nem mesmo costumava a querer pegar na escola, isso não havia acontecido desde que ela havia saído do Japão pela primeira vez.

-Foi...interessante. – Não conseguia não pensar em como Midoriya havia feito amizade com metade de uma classe de heróis de uma vez. Segurou a risada e sua irmã a fitou curiosamente. - Já se perguntou se alguém perdeu controle da situação, ou se está manipulando tudo a seu favor e se fazendo de inocente?

Sua irmã franziu o cenho, mas sorriu levemente e, surpreendentemente respondeu.

-Conheci alguém assim, sim.

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Aizawa sabia desde o começo que Midoriya ia dar dor de cabeça. Era algo inevitável.

Apenas não imaginava que fosse tão rápido assim. E pior de tudo, a criança problema número 1 parecia estar bem à vontade com o bando de monstros que havia ganhado como sala nesse ano.

'Por que eu tenho a sensação de que vi o início de um grande desastre?'

O vendo tagarelar com All Might, que disputava sua atenção como um idiota, sendo um fanboy com alguns dos professores que ainda estavam na sala, ele podia até parecer inocente.

O rosto sujo de fuligem tinha as marcas dos óculos de proteção, o cabelo preso deixava a marca visível mesmo com toda a sujeira.

A única diferença da fuligem de anos atrás era a cor.

-...e Maijima-san disse que vamos pegar alguns alunos como projetos para o ano, para fazer os uniformes!

Ele parecia pequeno ao lado do loiro idiota. All Might, mesmo na forma esquelética, tinha que se curvar para falar com ele no sofá, uma expressão de afeto no rosto enquanto o outro tagarelava, pulando de um assunto para outro. Se distraindo e mudando o foco de forma abrupta. Era como...

-Um gato atrás de um novelo.

É claro que havia falado isso em voz alta. O foco dos olhos verdes foi para ele, piscando um pouco aturdidos. Para sua surpresa a expressão dele ficou distante. Ele colocou a xícara na mesinha devagar.

-Jovem Midoriya?

-Não é nada. – Ele sorriu. – Só chegou a minha hora, ou vou perder o próximo trem. Muito obrigado pelo tempo de vocês! E desculpem a confusão de mais cedo.

Ele fez uma reverência respeitosa aos outros na sala, e saiu tão rápido, antes que alguém pudesse reagir. Aizawa viu o rosto dele antes que ele fechasse a porta, quando se preparava para levantar. Para sua surpresa Nemuri, que estava sentado atrás dele fingindo que olhava papéis quando na verdade estava ouvindo tudo, o segurou.

-Eu...não entendi. – Ela falou de forma cuidadosa. – Mas ele parece precisar de um pouco de espaço.

Aizawa também não havia entendido, mas ele havia visto a expressão de Midoriya.

Voltou a sentar e viu o loiro fazer a mesma coisa.

Midoriya havia parecido tão...triste.

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-Gato para mecânica, reporte sobre o funcionamento do uniforme 103.

'-Mecânica na escuta, como ele lidou com a situação?'

Izuku saltou para um dos becos, examinando os sinais da última luta. Uma gangue pequena causando confusão em Musutafu, de todos os lugares. Ele não costumava muito patrular sua antiga vizinhança, sabendo que a tentação de visitar os Bakugou seria muito grande. E ver sua casa abandonada ou com outros moradores era algo que não estava preparado.

O hospital era o único lugar que sempre ia. Nada o impedia de visitar sua oka-san. Havia notado que ela parecia mais corada também, mas não tinha certeza se era apenas desejo seu enquanto despejava sobre seu dia.

Era a primeira vez que ele via alguma situação que tinha que interferir enquanto estava saindo de lá. Musutafu era um lugar calmo, e com as visitas recente de All Might por lá havia ficado ainda mais deserto de atividades criminosas.

-Ele aguentou.

'-Bem eloquente.'

-E deixa minha bunda mais bonita.

'-Muito importante.'

Izuku se desmanchou em uma risada. Bem feito para ela, por o deixar naquela situação com os professores, a covarde.

-Ainda parece um pouco pesado.

'-Oh, nesse caso...é, pode funcionar.'

Revirou os olhos quando a linha dela desconectou. Pulou em cima da coluna da estação dos trens de carga e viu as luzes da cidade. Seus músculos estavam doloridos pelo exercício, e havia recebido uma pancada forte nas costelas mais cedo. Por estar distraído.

'Como um gato atrás de um novelo.'

Fechou os olhos. Ele não podia se dar ao luxo de se distrair agora. Havia entrado em U.A, e achava que se sentiria seguro lá, mas tinha a sensação que estava bem longe de ser o caso.

E ao lembrar do garoto – olheiras – sentiu vontade de grunhir. Era bem a sua sorte dar de cara com a pessoa que podia o reconhecer, e ainda dizer a coisa errada. A primeira pessoa que havia salvo também. Ele teria que descobrir tudo o que podia desse garoto. Por mais que quisesse o ignorar e fugir dele, sabia que seria impossível, e não seria uma boa ideia deixar uma peça desconhecida à solta, alguém que poderia falar a coisa errada para a pessoa errada.

Melhor descobrir algo dele que pudesse o deixar em silêncio caso ele se mostrasse como uma ameaça.

'Espero que fique feliz, tio Taka. Me tornei o senhor.'

Ele não podia se afastar da classe de heróis, mesmo para isso. Seu desempenho no festival dependia disso. Se ele passasse para a classe de heróis, e ganhasse a licença provisória, Nora poderia ser deixado para trás.

Para ele salvar Taka, Nora vai ter que morrer.

Balançou a cabeça.

'Como um gato atrás de um novelo, focado até outro novelo aparecer, esquecendo tudo ao redor, pulando de um ponto para o outro.'

O barulho do trem chegando o alertou e saltou de forma furtiva para o teto.

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Quando Keito chegou em casa não foi surpresa ver Hitoshi acordado. Era mais um fato esperado, seu filho nunca dormiu bem.

A surpresa foi bater na porta dele e ver o furacão de papéis no chão e ele vendo vídeos de forma vidrada, os olhos com o mesmo foco de quando bebia café demais.

-Toshi? Hitoshi? Hitoshi Shinsou!

Os olhos violeta o fitaram aturdidos e confusos.

-Você tem escola amanhã. – Suspirou. – O que está fazendo?

Como resposta recebeu o mesmo olhar confuso.

Entrou no quarto pegando papéis e arrumando, impressões de fóruns na internet, páginas da Wikipédia, todas sobre o novo vigilante de que ele tanto falava. Olhou curioso para o que ele via de forma tão intensa. Era um vídeo daquela mesma noite, filmado por uma câmera de celular. De imediato reconheceu o lugar.

-Isso foi em Musutafu?

-Perto do hospital. – Seu filho murmurou, o olhar intenso na tela.

-Ah, isso explica o trânsito ruim. Sério Hitoshi, vai dormir.

-Uh hum.

Suspirou e colocou os papéis na mesa, parando ao ver algo inesperado neles. Não era sobre Nora.

Era sobre o caso de Midoriya. Uma página impressa de uma notícia na época. Inko sorridente com Izuku ao lado dela, o mesmo ar nervoso de como ele sempre saia nas fotos, como se a câmera fosse uma arma na cara dele. Inko sempre ria disso.

-Otou-san?

Desviou os olhos do papel e viu o vídeo pausado e seu filho o fitando seriamente, a cadeira virada em sua direção. Os olhos dele estavam ávidos.

-Pode me falar sobre Izuku?

....................................................................

'-Atenção pessoal, notícias dessa noite, soube que Hosu está cheio de gatos de rua.'

Izuku sorriu ao ouvir a voz de Ingenium, o tom de brincadeira tinha certo alivio. Estava quase fechando sua patrulha, era hora de ir para casa. Ainda não se sentia seguro patrulhando em Hosu em aberto até saber o que estava acontecendo.

Havia rumores rodando entre os criminosos, e seu nome estava sendo muito citado. Alguém estava querendo chamar sua atenção a todo custo, e seja quem fosse, não era para tomar um chá.

'-As sardinhas nos prédios estão fazendo efeito.'

A voz de Hawks o surpreendeu e pausou, pousando em um dos prédios próximos a rua da torre da igreja. Era raro o ver trabalhando em conjunto com outras agências. Mesmo na própria agência dele era raro não o ver solo, tentando resolver tudo sozinho. Ele com certeza nunca tinha ouvido sua voz nos comunicadores da agência de Ingenium.

Talvez fosse a convivência com Mei, mas se sentiu atrevido o bastante e abriu a linha para si mesmo.

-Se não soubesse bem, diria que estavam preocupados com esse velho gato.

O silêncio chocado durou exatos três segundos, até começarem os gritos de vários heróis e estagiários ao mesmo tempo.

'-Quem é esse?'

'-É o gato?'

'-Mas que atrevimento!'

'-Alguém consegue rastrear o sinal?'

-Assim não me sinto bem-vindo.

'-Bem-vindo, então não é uma garota.'

'-Eu disse que não era, me devem uma grana agora.'

'-Ele é pequeno que nem uma garota.'

-Me senti ofendido agora.

'-Então o gato veio brincar.' A voz de Ingenium era bem-humorada. '– Temos alguns gatinhos na agência querendo um lar.'

-Suas ofertas estão melhorando, mas acho que vou passar.

'-Eu posso ter uma oferta melhor.' A voz de Hawks foi bem-humorada, mas algo no tom o fez pausar.

-Estou me sentindo importante. – falou de forma cuidadosa. – Mas eu vi o vídeo do falcão estrangulando o gato na cerca essa semana, então não acho uma boa ideia.

O outro riu do outro lado da linha.

'-Depende do falcão. E do gato. E do novelo de lã certo para ofertar.'

Izuku cortou a linha de forma abrupta.

Havia algo no tom de Hawks que era extremamente intimidador nesse momento, apesar do tom de brincadeira.

Que o fazia pensar que ele não estava brincando.

............................

Notas finais

Esse demorou, e o próximo também :') Estou finalizando minha tese, então tudo entrou em hiatos até março. Trapaceie um pouco para escrever esse :D

-Coitado do Kaminari tentando falar com o cara que O SALVOU DURANTE O EXAME. Shinsou sou eu não reconhecendo a cara do povo.

-Shouto já deve estar se jogando nas teorias sobre Aizawa e Izuku fazerem o mesmo penteado e terem olheiras.

-Coitado do Kacchan, só quer conversar e ninguém deixa.

-Hawks, meu Hawks. Ai ai

E no próximo: De quando Hitoshi se tornou um marginal por acidente.

Porque ele se tornou Xeroque Holmes.

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