SOBRE UM PRÍNCIPE E NOITES ES...

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| capa pela maravilhosa @NKFloro | [LIVRO UM] Aeryn não suporta mais estar sob o mesmo teto que o pai, o qua... עוד

Bem-vindo à Orion
01. MANTENHA OS PÉS NO CHÃO
02. SENHOR CABEÇA QUENTE, REI DE ORION
04. UM PRÍNCIPE NÃO PODE TER UM DIA DE FOLGA?
05. PRISIONEIRO DE UM TÍTULO
06. APENAS EU E EU
07. CHÁ DE CRISÂNTEMO
08. DE MAL A PIOR
09. VOCÊ GOSTA DELA
10. ROUPA MANCHADA
11. FAÇA UM PEDIDO
12. UM SOBRENOME NOBRE
13. ANTONELLA LAWRENCE
14. MINTA E SOFRA AS CONSEQUÊNCIAS
15. PANE NO SISTEMA, ALGUÉM ME DESCONFIGUROU
16. PRÍNCIPE DOS IDIOTAS
17. REALEZA
18. LORDE DURKHEIM
19. PLANO EM PRÁTICA
20. DÚVIDAS E PROPOSTAS
21. O CLUBE DA SALA DE MÚSICA
22. ENCONTRO INDESEJÁVEL
23. CHUVA
24. CONVERSA FRANCA
25. BEGÔNIA ROUGE CAFÉ
26. AMOR ETERNO
27. A PESSOA CERTA
28. MEDO DO FUTURO
29. EMPECILHO MAXIMOFF
30. PEQUENOS INCÊNDIOS POR TODA PARTE
31. SOBRE ESCOLHAS ARRISCADAS
32. TUDO O QUE É RUIM AINDA PODE PIORAR
33. NANCY MAXIMOFF
34. SOBRE PERDAS E ESCOLHAS
35. SANGUE RUIM
36. UM ADEUS
37. O TEMPO NÃO PARA
38. DE VOLTA AO LAR
39. UMA DOSE DE HISTÓRIA
40. TENTE SAIR DE UMA ENRASCADA
41. NOTÍCIAS VOAM
42. TRÊS PALAVRAS
43. AMOR OU PODER
44. NOITE DE CINDERELA
45. ESTRELAS NO CÉU DA BOCA
Sobre um príncipe e...

03. PROCURA-SE UM EMPREGO

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נכתב על ידי OlivsLah






Poucos dias após a minha ida à Aureum College para resolver as burocracias da matrícula, passei a entregar currículos por Dominique, em busca de qualquer forma de emprego que pudesse me ajudar a me manter em Orion pelos próximos anos, ao longo do curso de História.

Apesar da minha mãe ter me deixado certa quantia de dinheiro como herança, eu já usei uma boa parte com os preparativos da viagem e não estou disposta a gastar tudo apenas com as minhas despesas (porque a gente nunca sabe o dia de amanhã), assim como não estou disposta a me aproveitar da boa vontade de Josi e sua família, então como não posso contar com alguma ajuda do meu pai, que continua me ignorando, tenho que encontrar um emprego o mais rápido possível. Nem que seja um bem razoável.

O problema nisso, porém, é que apesar de haver várias vagas em que meu perfil se encaixa, a maioria das pessoas me despensa ao descobrir que sou estrangeira, por terem medo de eu possa vir a cometer alguma gafe, seja com a língua ou com algum costume, o que é completamente ridículo. Se Orion promove os intercâmbios e a imigração para o país, o mínimo que os estrangeiros esperam é serem recebidos de modo a ter como se manter no lugar, o que não estava ocorrendo comigo, mesmo que, apesar de ter nascido no Brasil, eu tivesse cidadania Oriana por parte de mãe.

De qualquer forma, aqui estou eu caminhando em pleno verão pelas ruas da capital do país, tendo debaixo do braço uma pasta com cópias do meu currículo e na mão uma casquinha de sorvete de flocos.

Apesar do clima de Dominique não ser tão desgastante quanto o do Rio de Janeiro, suor escorria por minha testa, e por mais que eu o secasse com as costas da mão livre, logo ele voltava a aparecer.

É pouco mais de três da tarde e eu já fui em três lojas diferentes desde que saí da casa dos Scott após o almoço, o que em outras palavras quer dizer que estou um trapo.

Sendo meu quarto dia percorrendo ruas e frequentando entrevistas de emprego, minhas expectativas quanto a conseguir uma vaga estão ficando cada vez mais baixas, assim como a quantia de dinheiro na minha conta bancária, mas não me permito ficar desanimada com isso. Eu realmente preciso ser empregada.

Assim como preciso ir à mais duas entrevistas nas próximas duas horas, mas estando cansada de rodar por aí, paro um pouco ao chegar em uma praça e avistar um banco que clama para ser ocupado por mim.

À essa altura, o sorvete de flocos já se encontra em seu iminente fim e eu observo algumas crianças brincando enquanto escuto, apesar de não querer, duas garotas conversando no banco ao lado.

"Acha mesmo que vai conseguir conquistar um integrante da família real?", uma delas pergunta, com ar de quem duvida. "Não é porque eles estudam com os plebeus que casam com eles, Daphne".

"O príncipe* Kaiden era plebeu quando casou com a rainha Emmaline", Daphne rebate. "E a rainha Elisa também não tinha sangue azul quando casou com o rei Timotheo IV".

"O príncipe Kaiden foi um privilégio masculino. Já sobre a rainha, todo mundo sabe a respeito da trama que armaram contra Elisa, para que ela morresse e pusessem uma Maximoff no lugar".

Não é só a Inglaterra que tem suas teorias da conspiração sobre a família real. Contudo, apesar de eu adorar teorias, a realidade sobre a morte da rainha Elisa é bem mais simples: complicações no parto do seu primeiro e único filho, Timotheo Raphael. Nada de doses de arsênico ou história maluca sobre a família Greenhunter nunca tê-la aprovado e querer substituí-la por alguém de sangue real, ao contrário do que acredita a amiga da tal Daphne, bem como uma boa parte dos Orianos.

"De qualquer forma, tentar não vai me arrancar pedaço, certo?", Daphne continua. "O príncipe Timotheo e o príncipe Kyle podem até ser inalcançáveis, mas eu me contentaria com o Lorde Tobias ou com o Lorde Caellum, até com o esquisitão do Lorde David", ela solta um risinho malicioso.

"Duvido que eles te deem bola quando estarão ocupados com seus respectivos cursos e seus futuros cargos públicos, mas se realmente acredita...", a segunda garota dá de ombros. "Talvez até vire melhor amiga da Lady Cassiopeia".

"Isso eu dispenso", Daphne faz careta. "Soube que ela é daquelas garotas chatas que nunca quebram regras e estão sempre com um livro na mão. Nem sei como pode ser irmã gêmea do Lorde Caellum quando aparentam ser tão diferentes...", balança a cabeça em negação, desgostosa.

Sinceramente, eu não sei como elas têm tanta informação a respeito deles. Ao pesquisar sobre a nova geração da família real, tudo o que encontrei foram algumas fotos de péssima qualidade e notas oficias de imprensa, bem como rumores maldosos.

Soube que alguns deles estudam e outros passarão a estudar na Aureum College atualmente, mas nem um está no meu curso e eu duvido que consiga esbarrar com algum deles pelos corredores. Sendo pessoas tão importantes, possivelmente devem andar cercadas por vários seguranças ou pessoas como Daphne, que buscam alguma atenção.

Então, apesar de ter ficado um pouco empolgada com a ideia de dividir a mesma universidade com membros da realeza, tratei logo de cair na real. Afinal, não é como se eles fossem se misturar com qualquer um que aparecesse pela frente, ainda mais alguém que os encheria de perguntas históricas, como eu. Por isso, logo baixei as expectativas a respeito da realeza, mas aumentei elas a respeito de Sky.

Mesmo com a procura por um emprego tendo tomado boa parte dos meus dias, as noites foram tomadas por expectativas em busca de um reencontro com o garoto de sorriso radiante e olhos bonitos, o que é incerto de acontecer.

O tamanho do campus da Aureum College é realmente assustador e nós nem mesmo trocamos nossos números ou mantivemos algum meio de comunicação, o que talvez tenha sido culpa minha, que tive de sair correndo porque perdi a hora para pegar o trem para casa, ou culpa dele, que acabou me deixando de lado para ter uma conversa bem esquisita com o seu amigo, cujo nome eu nem me lembro, mas que deve ser funcionário da universidade.

De todo modo, rever Sky será como encontrar uma agulha no palheiro e sem a garantia de que ele me reconhecerá ou falará comigo outra vez. Talvez, apesar de ele ter impregnado a minha cabeça, eu tenha sido apenas um papo de momento para ele, o que é frustrante. Não é todo dia que um cara bonito me dá bola.

Assim como não é todo dia que um bumerangue quase acerta a minha cabeça e me tira de meus devaneios com uma força proporcional à de um buraco negro sugando parte do universo.

"Desculpa, moça!", um menininho grita para mim, mas eu apenas balanço a cabeça, dispensando-o.

Não foi hoje que tive o mesmo destino da Maria Antonieta*, de qualquer forma. E apesar do susto, o menino me salvou de acabar atrasada por pensar demais, então jogo todos os meus pensamentos sobre Sky para escanteio, coloco-me de pé e sigo para mais uma entrevista de emprego, temendo que ela acabe como todas as demais, com um "Nós ligamos, se for aprovada" que soa mais como um "Não tem nada para você aqui, querida. És um fracasso".

xXxXx

Volto para a casa dos Scott com dois currículos a menos na pasta, mas com desânimo e cansaço para dar e vender.

Por ser secretária em uma clínica, Josi quase nunca está em casa antes das sete da noite e Ravi costuma sair às cinco para o trabalho, então apenas Kelly está em casa quando entro e ela me segue até a cozinha quando me vê passar, o que é uma novidade.

Apesar de ter parado de me ignorar, não é como se ela e eu houvéssemos nos tornado melhores amigas do dia para a noite, então após parar para tomar um copo de água bem gelada, crispo os olhos ao me voltar para ela e encontrá-la com uma cara muito parecida com a de uma criança que aprontou.

"Quer me dizer alguma coisa?", questiono, apesar de saber que tais palavras são bastante perigosas e que podem acabar sendo usadas contra mim.

De forma ainda mais suspeita, Grace Kelly dá a volta no balcão que nos separa e encaixa o seu braço em meu pescoço, evidenciando o fato de que ela é mais alta do que eu, mesmo sendo dois anos e meio mais nova.

"A mamãe ligou e disse que vai sair com umas amigas após o trabalho, então teremos que preparar nosso próprio jantar ou pedir pelo aplicativo...", ela começa. Não parece ser nada demais, mas o sorriso que vejo pelo canto do olho ainda transpira periculosidade. "Só que eu estava pensando", Kelly me solta, mas permanece por perto, olhando-me da mesma forma que o predador olha para sua presa. "O primo da amiga da irmã da minha melhor amiga, que é um dos membros de uma família muito rica aqui da cidade, alugou uma boate e vai dar uma festa hoje, com comida e bebida liberada", ela explica. "Então por que nós simplesmente não vamos à ela ao invés de nos darmos ao trabalho de fazer um jantar ou pedir por um?", ela trata como se fosse a melhor sugestão do mundo e me sorri como se eu realmente fosse topar com uma loucura dessas.

"Te dou quatro motivos para minha resposta ser um não", digo. "Primeiro: sou hóspede aqui e não quero confusão com a sua mãe ou com qualquer outra pessoa, já que a responsabilidade seria minha se algo te acontecesse. Segundo: somos menores de idade em Orion e não podemos entrar em boates. Terceiro: não conheço o cara e não fui convidada para essa festa. Quarto: estou cansada e prefiro ficar bem aqui, obrigada".

Isso é o suficiente para que Kelly bufe, resmungue e fique emburrada, mas ela sabe que estou certa e que nada me fará mudar de ideia, então nem tenta argumentar quando viro as costas, saio da cozinha e sigo para meu quarto, a fim de um descanso.

xXxXx

Passa das nove quando a pizza de frango que pedi é entregue. Por mais que uma das opções dadas por Josi tenha sido cozinhar por conta própria, eu me sentiria desconfortável de mexer em sua cozinha e nas suas coisas, então procurei por algum número de pizzaria na agenda da sala e fiz o meu pedido, já que não encontrei o aplicativo Oriano semelhante ao Ifood.

Apesar de eu ter chegado há horas atrás, acabei apenas tomando banho e caindo no sono por um momento, acordando há alguns minutos atrás, o que ocasionou em meu jantar ser bem mais tarde que o normal.

Coloco a caixa de pizza sobre o balcão e pego um prato e talheres, mas tão logo os coloco sobre o balcão também, resolvo que é mais educado chamar Kelly para comer junto comigo do que apenas avisa-la que tem pizza depois. Podemos não ser próximas, mas ainda assim estou de favor em sua casa.

Contudo, ao bater na porta de seu quarto várias e várias vezes, não obtenho nenhuma resposta de sua parte, o que me deixa apreensiva. A verdade é que não vi Grace Kelly desde a nossa última conversa, e conhecendo a garota que ela é, não duvido que não estava respondendo apenas por birra, e sim porque simplesmente decidiu ir à festa sozinha e fugiu.

"Kelly!", chamo, pela milionésima vez, enquanto bato o punho na porta.

Não sei o que fazer, mas tento não me desesperar. Apesar da minha teoria, ainda há a chance de ela estar apenas me evitando, mas ao testar girar a maçaneta e conseguir abri-la, o que encontro em seu quarto é apenas uma bagunça colossal e nenhum sinal dela, o que é suficiente para me fazer quase enlouquecer.

Mesmo que Josi não tenha comentado nada, como estávamos apenas ela e eu, sinto que era a responsável por Kelly, já que sou mais velha, e se ela fugiu sob minha supervisão, parte disso é culpa minha, o que vai me deixar com uma péssima imagem para os Scott.

Contudo, não é como se eu pudesse fazer algum coisa. Kelly deve ter fugido há bastante tempo e a única pista que me deu sobre a festa é que ela ocorrerá em uma boate, mas não é como se tivesse apenas uma boate na segunda maior cidade do país. Por isso, o meu primeiro pensamento é ligar para Josi e tentar explicar o que aconteceu, mas logo descarto isso ao avistar uma pulseira de papel, daquelas que colocam no pulso de quem frequenta parque aquático, sobre a cômoda de Kelly, a qual não diz o endereço da boate, mas algo útil para encontrar ele: o nome do dono da festa. Aiden.

A surpresa pra mim, porém, é que ele possui o mesmo sobrenome que eu, o que me deixa curiosa momentaneamente, mas logo paro de pensar a respeito quando tenho um problemão em minhas mãos para resolver. Rápido, coloco Aiden Kannenberg na busca do Google e aguardo por alguma informação, a qual chega junto de algumas manchetes de revistas.

Aparentemente, a família de Aiden é mesmo tão rica quanto Kelly dissera, pois os detalhes da festa citados na matéria devem valer uma fortuna. Entretanto, sabendo que não tenho tempo para me concentrar nisso agora, deixo a parte fútil do texto de lado e logo encontro o que tanto quero e descubro o nome da boate, que é bastante brega até: Starry Night. Ou "Noite Estrelada", em português. Algo que eu esperava para nomear algum clube dedicado à Shakespeare ou Vincent Van Gogh, e não um lugar cheio de promiscuidade, como uma típica boate é. Todavia, não é como se eu tivesse tempo para divagar sobre nomes agora, certo?

Ravi chega em casa às onze e devo supor que Josi também. São cerca de nova e meia agora, então anoto o endereço da boate no meu celular e troco rapidamente o meu pijama por um jeans e moletom.

Ao sair da casa dos Scott, confiro se o lugar não é muito longe, porque se for o caso, terei de pegar o metrô, mas o GPS do celular informa que apenas meia dúzia de ruas me separam da Starry Night e de uma Grace Kelly encrenqueira, então cerca de quinze minutos depois estou parada na calçada, observando a fachada brilhante da boate do outro lado da rua.

Há uma fila gigantesca de pessoas que buscam entrar no lugar; e eu poderia facilmente apenas me juntar à elas, já que tenho uma das pulseiras, mas continuo parada do outro lado da rua, apenas tentando avistar Kelly, a qual demoro a encontrar. Quando enfim a vejo, ela está mostrando sua pulseira ao segurança e entrando no lugar, ignorando completamente quando grito por seu nome.

Correndo, atravesso a rua e tento passar pela entrada para ir atrás dela, o que obviamente não funciona e sou empurrada para trás pelos seguranças, que pouco se importam quando vou ao chão.

"Nada de penetras!", é o que um deles diz, não dando ouvidos ao meu motivo para querer entrar naquele lugar.

E quando digo que não sou penetra e que tenho uma pulseira, tudo o que recebo é uma olhada de cima a baixo na roupa que uso, um nariz torcido e uma mão que arranca a pulseira do meu pulso, rasgando-a em dois pedaços enquanto me acusa de falsificação.

Quando os seguranças se viram e passam a me ignorar, percebo que todas as pessoas da fila me observam com ares de superioridade, mas não me deixo abalar e apenas dou as costas à eles e caminho pela calçada, buscando em mente alguma forma de sair dessa situação em que Kelly me enfiou.

A parte negativa minha acredita que ela demorará muitas horas lá dentro, mas a esperançosa quer crer que ela terá juízo o suficiente para sair às onze, por saber que é o horário de retorno do irmão.

Não quero nem pensar em como ficará a minha relação com Josi se acaso Kelly demorar mais, ficar bêbada ou fizer algo pior, então apenas enxugo o suor das minhas mãos na calça e me concentro no fato de que machuquei o joelho ao cair e agora estou mancando.

Recosto-me em um muro próximo a fim de checar os estragos no meu corpo e pondero se fico esperando por Kelly ou apenas volto para casa e tento enrolar sua família. Talvez, se eu trancar seu quarto e alegar que ela está dormindo, nós duas não fiquemos tão encrencadas, mas fazer isso é contar que Kelly volte ilesa após a festa, o que não sei se acredito.

Por isso, apenas permaneço onde estou, mas passo a achar ter sido uma péssima ideia quando um carro para bem na minha frente e as janelas abaixam, revelando quatro garotos que definitivamente não deveriam estar dirigindo nesse momento.

"Vai para a festa do Aiden também, gata?", o motorista pergunta, debruçando-se na janela, com os braços para fora.

Ele é bonito. Na verdade, todos dentro do carro são. Mas bêbados definitivamente não fazem o meu tipo, então apenas balanço a cabeça em negação e espero que eles sigam seu caminho, mas o veículo continua parado.

"Que pena", o motorista continua, um sorriso torto no rosto. "Adoraria poder mostrar o meu amigo pra você", a afirmação é seguida de uma olhada para suas partes baixas e de risos dos seus amigos, o que me dá ânsia e concluo que não importa se você é de um país de primeiro mundo ou de um país quebrado, aonde uma mulher for, sempre haverá um exemplo da espécie Machus escrotus.

Noto que nesse momento um outro veículo para atrás do deles, então resolvo que é chegado o momento de apenas procurar algum outro lugar mais seguro para esperar por Kelly. Apesar das estatísticas de segurança de Orion serem positivas, cresci no Brasil e definitivamente não vou pagar para ver o que quatro homens bêbados podem fazer comigo.

Contudo, quando começo a andar, escuto dois barulhos seguidos de portas sendo destrancadas e não demora muito para uma mão segurar meu pulso e bafo de álcool alcançar minhas narinas.

"Aonde pensa que vai sem se divertir um pouco?", o motorista me pergunta.

Eu tento puxar o meu pulso para longe dele, mas sua mão é como aço e não se move nem um pouco, o que me faz pensar que está tudo acabado, até um lenço vermelho surgir na nossa frente, como que por mágica.

"Que tal um truque?", há um homem parado ao nosso lado, o qual usa uma máscara preta, daquelas de gripe, e um boné, impossibilitando que vejamos seu rosto enquanto segura o lenço vermelho.

Eu o olho confusa, mas o motorista parece furioso com a sua intromissão.

"Qual é, cara, não está vendo que tá atrapalhando?", ele pergunta. "Nós dois estamos tendo um momento aqui", ele aponta para si próprio e para mim com a mão livre.

No entanto, o moço apenas o observa e fecha a mão em punho, escondendo o tecido.

"Nunca te disseram que não se deve perseguir garotas por aí?", questiona. "É invasivo e detestável".

"Não se mete!", o motorista o corta, largando meu pulso apenas para poder empurra-lo, o que não dá muito certo quando ele está bêbado e sem equilíbrio. "Se não for embora agora, vou chamar os meus caras pra te quebrarem na porrada", avisa, um dedo em riste.

Por mais que eu não consiga ver a boca do mascarado, os olhos dele parecem sorrir com a ameaça e tenho a estranha sensação de já tê-los visto antes, a qual é jogada completamente para escanteio quando ele simplesmente se volta para mim.

"Eu já estou de saída", ele diz, mas a mão que segura o tecido continua erguida entre o motorista e eu, bem como seus olhos continuam em mim. "Só que com ela", completa.

E o que acontece depois parece pertencer a algum filme de ação, como 007 ou Missão Impossível, porque o mascarado simplesmente joga o tecido vermelho para o alto, o qual fica em chamas, e agarra a minha mão, passando a correr comigo pela rua sob os gritos enfurecidos do motorista.

Príncipe* Na realeza, quando uma rainha não-consorte (Ou seja, uma rainha por nascimento e não por casamento) casa com alguém que não é rei de outro lugar, esse alguém recebe o título de príncipe e não de rei (a menos que ele já fosse rei de outro lugar). Um exemplo disso é a relação da Rainha Elizabeth II com seu esposo, o príncipe Philip. Na história de Orion, Emmaline Greenhunter foi a primeira e única rainha não-consorte do país, e o seu esposo Kaiden, teve o título de príncipe após a sua coroação.

Maria Antonieta* Foi rainha-consorte da França e acabou indo para a guilhotina na Revolução Francesa.

Olá, pessoas!

Sei que demorei bastante para atualizar por aqui, mas é que andei enfrentando os tempos difíceis para escrever. No entanto, estou tentando criar uma rotina de escrita e acumular alguns capítulos para serem postados às sextas, um por semana, de forma regular.

Espero que estejam gostando do livro. Eu estou bem ansiosa para quando a história dele começar pra valer, então esperem bastantes acontecimentos interessantes para a Aeryn e o Kyle em breve.

Eu não perguntei nada antes, mas também espero que as referências históricas não estejam tornando a leitura chata. Eu até tento me controlar, mas a família real de Orion tem fofoca pra dar e vender e o espírito Amy Stone acaba baixando em mim hehehe

Gostaram do capítulo de hoje? Acham que a Grace Kelly fez mal em fugir? Acham que o "homem da máscara" na verdade é o "homem do sorriso bonito"?

O próximo capítulo é narrado pelo Kyle. E há boatos que o céu de Orion estará estrelado nessa noite de verão. Até lá!

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