A teoria do caos

By AyzuSaki

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Alguns eventos moldam as pessoas. Acontecimentos que transformam o caminho de alguém totalmente, por terem um... More

Capítulo I - O homem que trabalha com lixo
Capítulo II - O menino que brinca com lixo
Capítulo III - Que tipo de herói você quer se tornar?
Capítulo IV - Os gatos de rua de Hosu
Capítulo V - Aqueles encontros predestinados
Capítulo VII - Convergindo
Capítulo VIII - Endeavor precisa esfriar a cabeça
Capítulo IX - Sua mãe nunca te ensinou a mentir, mas deveria
Capítulo X -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte I
Capítulo XI -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte II
Capítulo XII - O gato e o novelo de lã
Capítulo XIII - A órbita de um Midoriya
Capítulo XIV - O poder por trás de um nome
Capítulo XV - Os rolês aleatórios de Nora
Capítulo XVI - Um interlúdio antes da desgraça
Capítulo XVII - O paradoxo da força irresistível
Capítulo XVIII - Aquelas reuniões familiares com parentes que tentam te matar
Capítulo XIX - O menino e os monstros
Capítulo XX - As promessas que fazemos e que nos quebram
Capítulo XXI - O Inverno está chegando
Capítulo XXII - O paradoxo de Epicuro
Capítulo XXIII - Uma fúria feita de gelo
Capítulo XXIV - O inverno está aqui
Capítulo XXV - Efeito bola de neve
Capítulo XXVI - O guia prático de como criar caos, por Izuku Midoriya
Capítulo XXVII - Um cego guiando um cego
Capítulo XVIII - A ponta do fio
Capítulo XXIX - Os galhos da árvore
Capítulo XXX- Izuku é uma calamidade de bolso

Capítulo VI - Desvios imprevisíveis

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By AyzuSaki

Notas iniciais

Mais um capítulo super rápido, porque estou ansiosa por esse hahaha

Informações importantes sobre o mangá, e lá vai spoilers:

Kirishima tem os cabelos naturalmente pretos. Ele tingiu de vermelho apenas quando passou para U.A, então não estranhem ele ter o cabelo preto aqui.

Sobre Izuku: Vão notar que ele está um pouco menos tímido aqui. Ele ainda é meio sem jeito ao redor de pessoas, mas de uma forma diferente devido a criação dele nos últimos anos ( e ele tem um probleminha quando bebe muito café). Isso vai ser mais explicado ao longo da estória. 

........................................

"Segundo as leias que regem a Mecânica determinista Clássica de Isaac Newton, é possível a determinação da posição espacial de duas massas gravitacionais, explicando-se plausivelmente a posição da órbita da terra em relação ao sol.

O comportamento de três corpos gravitacionais também pode ser previsto, mas mais dados são inseridos para a execução dos cálculos necessários para determinar essa posição. Quantos mais corpos são acrescentados, mais começam a ocorrer desvios imprevisíveis."

A teoria do caos

Katsuki sabia que as chances de querer explodir alguém naquele dia seriam grandes, levando em conta que ele veria Deku. O que ele não sabia era que Deku teria tanta concorrência em ser explodido.

Ele havia chegado mais cedo que a maioria, porque ele era responsável, ao contrário do que muitos acreditavam, muito obrigado. E ele havia esperando o nerd maldito aparecer, ficando cada vez mais puto por não poder abaixar o volume do seu aparelho, já que o bando de idiotas ao redor que entravam na sala não sabiam ficar calados pelo jeito, mas se baixasse o volume poderia perder alguma instrução. E para piorar depois de todos esses anos justo agora o maldito aparelho parecia querer dar problema.

Não ajudava o fato de mais de um imbecil ter vindo perguntar se 'também era fã de Nora'. Ao menos bastava um olhar seu para eles saírem correndo. Quase podia sorrir com isso.

Se não tivesse tão puto pelo nerd não ter aparecido ainda.

Sua mãe havia o olhado com aquela cara de descrença quando havia comentado sobre ver o nerd hoje, ele sabia que ninguém acreditava nele.

Foda-se.

"Se esse maldito me causar ansiedade ele vai se arrepender de mostrar a cara."

Sentados na frente dele tinha uma menina de cara redonda e um sujeito com dentes pontudos e um sorriso irritantemente otimista, o que não teria lhe chamado atenção alguma, se não tivesse pegado por acaso um pedaço da conversa dos dois enquanto tentava ajustar o volume do aparelho que não estava colaborando, antes que matasse alguém. As vozes sempre pareciam mais abafados do que lembrava ser o normal quando colocava o aparelho auditivo, e as vezes pegava apenas ruídos e algumas palavras, mas pelo menos conseguia ouvir alguma coisa. Em alguns anos não seria assim.

-Isso é um cubo? Nunca tinha visto assim!

O idiota sorridente perguntou fitando um cubo mágico estranho na mão da cara redonda. Focou de relance nos lábios dos dois, tentando pegar mais além das palavras abafadas. Pelo menos seria algo em que focar e não explodir ninguém.

-Nem eu! – Cara redonda respondeu com uma risada, o que não entendia, não tinha visto graça naquilo. – Eu ganhei de um menino que quase caiu de cara na entrada mais cedo, e eu ajudei meio que com minha quirk. – Mais risadas. Do que estavam rindo? – Vê, eu posso tirar a gravidade se tocar com os cincos dedos.

-Uou, isso é uma quirk legal. A minha em comparação é bem chata. Vê. Posso deixar meu corpo endurecer.

Katsuki tinha uma piada na ponta da língua para isso, mas ia se abster. Até porque não admitiria em voz alta, mas era uma quirk interessante, não sabia do que o idiota estava reclamando.

-Ah, obrigada! Mas sua quirk é incrível também.

Mais risada sem graça. Aqueles idiotas achavam que estavam ali para fazer um exame ou amigos? Eram concorrência, pelo amor de Deus.

Quase rolou os olhos. Eles lembravam o nerd. E onde diabos estava o nerd?

-Então esse cara te deu o cubo?

-Sim! E ele mesmo que fez. Não é incrível?

Katsuki parou o que fazia, mais atento.

-Isso é incrível. Ele vai fazer o exame também, certo?

-Para o departamento de suporte. Não conversamos muito, mas ele estava com um monte de coisas na mão e o ajudei a levar com minha quirk para a sala onde os exames deles acontecem.

-Não sabia que eram separados?

-Eles têm algumas questões extras de exatas.

Sorridente tremeu com isso, como se fosse algo aterrorizante. Katsuki novamente teria rolando os olhos, se não tivesse cada vez mais atento. Era um radar seu.

-Ele era um sujeito bem excêntrico, mas parecia bem inteligente. Meio fofinho também. – Sorridente ergueu a sobrancelha de forma sugestiva e cara redonda corou e começou a gaguejar. Ridículo. – Só falando! Digo, cabelo verde bagunçado, olheiras, cheio de sardas. Meio comum, se não fosse uma cicatriz grande e....

Um radar para Deku.

-Ei! Cara redonda!

Os dois o olharam assustados. Katsuki havia praticamente jogado o rosto em cima dos dois na cadeira do auditório.

-Cara redonda!? – a menina cuspiu surpresa.

Katsuki ignorou e começou a falar, mexendo as mãos de forma praticamente automática mesmo que estivesse com o aparelho. Os outros dois olharam surpresos para isso.

-Esse sujeito que viu, ele disse o nome dele?

-O que...

-Só responde à pergunta cacete!

-Ei ei cara, não precisa gritar.

-Não falei com você sorridente.

Por alguma razão o outro garoto corou surpreso ao ouvir isso. Cara redonda finalmente saiu do torpor e respondeu.

-Ele disse que podia o chamar de Izuku? Digo...

-Isso é bem íntimo. – Sorridente comentou e garota corou mais ainda.

Katsuki os ignorou, voltando a sentar, tentando de novo não explodir nada.

-Deku...- grunhiu, sentindo uma veia surgir na sua testa pelo estresse.

Pelo menos sabia que o maldito estava ali. E que faria o teste em outra ala. Então ele havia decidido entrar pelas portas dos fundos no curso de heróis, como sempre disse? Devia saber.

Se sentiu relaxar minimamente.

Só tinha que terminar o seu teste e encontrar – caçar – o maldito. Ele sabia que a classe de heróis fazia o teste primeiro que os outros, então teria tempo de achar o idiota.

-Ei, com as orelhas de gato.

O sorridente idiota chamou sua atenção, os dois o fitando curiosos. Katsuki grunhiu em resposta, tentando os ignorar.

Não funcionou. Foi quase automático focar nos lábios dele para entender o que o outro dizia.

-O que você fez com as mãos, e a sua voz meio que... Você...hum... – ele apontou para o ouvido. - Sabe?

Sentiu a veia mais proeminente.

-Surdo. – Rebateu ríspido. – Algum problema tubarão sorridente?

-E você está querendo ser um herói...

Era isso, ele ia explodir alguém. Não tinha como não.

-...Isso é tão másculo!

-Hein?!

Deve ter falado muito alto, o aparelho ainda sem ajuste. Cara redonda tapou os ouvidos de forma disfarçada, e algumas pessoas olharam na direção deles.

-Não deixar isso te deter. Você meio que tem essa vibe de ser foda e tal, e então não consegue ouvir, e usar orelhas de gato sem ligar para ninguém! Isso é másculo também!

Katsuki piscou um pouco aturdido. Ou talvez fosse o brilho excessivo no sorriso do outro. Cara redonda também sorriu balançando a mão de forma excitada.

E era demais. Ele não aguentava nem um Deku, e agora tinha mais dois.

Seu dia só ficava mais difícil.

Ficou aliviado quando os chamaram para iniciar o teste, porque por alguma razão os dois Dekus acharam que ele queria ser amigo deles, e pareciam determinados demais para seu gosto.

Dentro da sala ele quis explodir mais uma pessoa. Um sujeito de nariz em pé de óculos parecendo um robô esquisito que implicou com seu aparelho auditivo achando que eram fones de ouvido e que estava querendo burlar o sistema e alguma merda assim.

Um professor teve que ser chamado para assegurar que sim, ele tinha passado pela inspeção, e que aquilo não era um fone de ouvido, mas um aparelho para ouvir, pelo jeito ouvir muita merda, que era o que mais estava acontecendo naquele dia.

O sujeito pediu desculpas, se curvou, ficou consternado. Achou que ele ia começar a meter a cabeça na parede para se punir ao algo assim.

E não explodir alguém se tornava cada vez mais difícil.

Depois do teste, teve que dividir espaço com um Pikachu e uma garota com olhos de Gambá, e realmente ele não sabia o que diabos tinha de errado com aquelas pessoas querendo ser amigáveis com a porcaria da concorrência.

Foi com muito alivio que ele descobriu que o teste pelo menos era para explodir robôs.

Ele tinha que explodir alguma coisa.

-Ei ei!

Cara redonda e sorridente estavam acenando dando boa sorte no meio dos alunos, chamando atenção não só para eles.

Em outro universo, a presença de Izuku Midoriya havia levado Katsuki a outra ala para separarem alunos da mesma escola, e uma redistribuição diferente dos candidatos havia ocorrido por isso. Katsuki havia destruído robôs, passando em primeiro lugar, e naquela ala um garoto havia saltado em um robô gigante para salvar alguém, garantindo sua vaga, e ao ser salvo em retorno por quem havia salvo em primeiro lugar, garantiu também a vaga dela na classe de heróis.

Naquele universo Izuku Midoriya estava no momento apresentando seu projeto a uma banca atenta...

-Tsc.

Claro que aqueles dois dekus tinham que estar na sua ala no teste.

O robô de quatro-olhos também estava ali, tentando pedir desculpas. De novo.

Maravilha.

...Naquele universo outra pessoa precisaria ser o herói.

...................................................................

Izuku estava tendo um dia estressante.

E isso dizia muito do seu dia, já que ele saltava frequentemente de prédios fugindo de vilões, policias e heróis a parte. E também que estava preocupado com seu tio desaparecido que havia saído para fazer algo possivelmente perigoso e ilegal e não dado noticias há muito tempo, e que se alguém descobrisse que ele estava morando sozinho, emancipado ou não, seria um problema daqueles para os dois.

Ele imaginou que fosse um pouco...intenso se ver cercado de alguns desses heróis dos quais fugiria na calada da noite. E não é que ele estava certo? Intenso realmente.

Não mais intenso que aquela garota. Ele havia acabado de conhece-la, mas tinha certeza que se fosse procurar a palavra intensa no dicionário tinha uma foto dela.

-Sou Mei Hatsume! Refletor contra quirks de emissão?

Olhos em zoom intensos analisaram seu projeto sem cerimônia, invadiram seu espaço pessoal com sucesso também logo que entrou na sala indicada para a primeira prova.

Era uma sala menor do que as demais, por ter menos candidatos. Contou apenas vinte deles, e a maioria parecia cansado ou ansioso, exceto por Hatsume. Catalogou diferentes quirks casualmente, já um hábito bem comum. Havia uma menina que os cabelos e olhos pareciam mudar de cor, e um cara com quatro braços – bem útil para trabalhar em várias coisas, com certeza – nas cadeiras da frente, do lado de onde a garota intensa com o zoom nos olhos havia estado sentada antes de entrar.

Eles pareciam bem traumatizados com ela.

- Oh ho, interessante, muito interessante.

Teria corado com o elogio, se não tivesse em um estado mental de euforia compensatória por falta de sono. Ele não estava muito acostumado a lidar com pessoas da sua idade sendo amigáveis, e já havia acontecido duas vezes em um mesmo dia, e com garotas, era um tanto estranho.

-E o seu? – perguntou interessado - Hum, botas de propulsão. E fibra de carbono. Para deixar mais leve...

-...e resistente!

Hatsume era um gênio. Um gênio dos gênios de tão genial. E insana.

- Já sabe qual o material que vai usar no seu? Tenho uma sugestão.

Izuku achava que havia encontrado sua alma irmã.

Por alguma razão os outros candidatos, que só haviam conhecido os dois por poucos minutos pareciam assustados com isso.

Por isso quando haviam apresentado seus projetos, e a terceira parte começou ele ficou especialmente satisfeito em dividir a bancada com ela. Os dois haviam fitado as peças em um monte no meio da sala com os olhos brilhando, e quando o herói Power Loader marcou o tempo, eles sorriram um para o outro excitados, selando uma amizade legendária na sociedade de heróis.

.....................................................

Por alguma razão diversas pessoas sentiram um arrepio na espinha naquele momento.

......................................................

-Shouta, Maijima confirmou! – Hizashi anunciou entrando na sala de avaliação do teste prático com estardalhaço. - Izuku Shimizu está fazendo o teste para o departamento de suporte.

Aizawa sentiu um peso saindo de suas costas naquele momento. E isso confirmava a complicação com os sobrenomes também.

O outro loiro idiota o olhou com uma cara de 'eu falei' que ignorou de pronto.

- Os testes lá terminam meia hora depois desse, então depois daqui pode ir falar com o carinha. Já avisei a Maijima para o segurar lá. Ele disse também que ele está indo muito bem.

Quase podia sentir o orgulho vibrar no herói número um. Era meio ridículo, como se tivessem elogiado um filho dele ou algo assim.

Com isso resolvido, podia focar no que tinha que fazer. Ver os estudantes esmagando robôs em um teste que excluiria várias pessoas com grande potencial e deixariam aqueles que tinham na maioria uma quirk qualificada para algo físico. Não era à toa que havia expulsado uma classe inteira no semestre anterior, para esmagar robôs nem sempre se precisa de cabeça. Haviam exceções, claro. Poucas.

Ele mesmo não havia conseguido entrar na classe de heróis por meio desse teste, e foi transferido no primeiro ano após o festival de esportes. Ao menos isso existia ainda, mas não tornava esse sistema menos injusto, e lhe deixaria amargo até finalmente tomarem vergonha e mudarem isso.

Esse ano, ele havia visto uma cara conhecida em um dos participantes. Era difícil lembrar todas as pessoas que salvou, mas aquele era um caso a parte, ele havia o visto ainda muitas vezes, sempre que visitava Inko Midoriya o garoto estava no hospital, mesmo que nunca se vissem diretamente.

Estava curioso, admitia. Assim como Midoriya, ele também havia deixado uma impressão, com uma quirk poderosa já naquela idade, e inteligência o bastante para se salvar durante uma situação extrema.

Iria observar, e ver o que ele traria.

.............................

Assim que descobriu a natureza do teste prático, Hitoshi sabia que não tinha como ele passar.

Sua quirk era inútil com robôs.

Em um universo, ele havia ido a campo e ficado paralisado logo na entrada, incapaz de colocar os pés na zona sabendo que seria inútil, a mente amargurada pela injustiça da situação, de ter chegado tão longe para nada enquanto um dos candidatos destruía praticamente todos os robôs da ala, sem dar chances a ninguém.

Nesse universo ele esqueceu um guarda-chuva, e conheceu um certo vigilante que causou uma impressão sobre o que ele queria ser. Ele foi ao campo e tentou não ser esmagado no processo por pedaços de metal, e começou a remover candidatos da linha de fogo ou escombros enquanto isso.

O treinamento no dojo que fora obrigado a frequentar nos últimos meses depois de ser espancado naquele beco havia o dado estamina o bastante para não ver alguém virar panqueca na sua frente, e quando preciso ele usava a quirk para fazer algum idiota sair do caminho uns dos outros. Era impressionante como uma quirk chamativa e a gana para destruir pedaços de metal podia fazer as pessoas esquecerem o que tinha ao redor.

Pelo menos ele estava fazendo alguma coisa.

Ele foi salvo uma vez, por um sujeito da sua idade, um idiota que saia pela noite arriscando a vida pelas pessoas. Ele não era um babaca para não fazer o mesmo se tivesse a chance, ainda que fosse uma competição. Ainda que não tivesse chance.

'Isso não é justo' Pensou de forma amarga, tirando dos escombros um sujeito loiro que havia visto usar uma quirk de eletricidade para destruir um número insano de robôs, e que agora parecia um idiota com o cérebro frito.

'Não é justo, mas quando a vida foi justa para você, hein Hitoshi?' Ponderou. 'Nunca foi. E se lamentar nunca ajudou.'

Expectativas só resultavam em decepção.

.................................................

-Temos um especialista em resgate na ala B. – Nemuri comentou, apontando um candidato que ajudava um garoto a sair dos escombros. – Ele já ajudou praticamente todos os candidatos da ala.

Aizawa focou nele ao notar que nenhum ponto de vilão havia sido efetuando, procurando a ficha viu a razão. Lavagem cerebral. Não muito efetivo com robôs.

Odiava esse sistema.

-Computem seus pontos de resgate então. – Nezu incentivou, os olhos brilhando enquanto fitava os monitores.

-Na ala A, precisa enviar mais robôs. – Vlad King comentou – Esse candidato destruiu mais da metade, não vai ser justo para os outros.

Aizawa viu quem ele apontava. Tinha que ser, a outra criança problemática.

-É uma quirk poderosa. – Hizashi assobiou. – Ei, esse garoto, eu conheço, ele é... aquele? O carinha que se abrigou em um carro?

Assentiu em resposta, vendo o fluxo de robôs na ala aumentar para os candidatos. Conseguia ver alguns muito bons naquela ala, talvez por isso Nezu tivesse aceitado soltar mais robôs.

– Em alguns minutos lançaremos os zero-pointers.

......................................................

Katsuki havia perdido a conta de quantos robôs havia explodido, mas não estava menos estressado. O resultado de algumas explosões havia gerado uma corrente elétrica em algumas das sucatas, e havia descoberto que eletricidade e seu aparelho auditivo, que já estava dando defeito antes, não eram amigáveis.

Ele não podia desligar no meio da batalha, não sem o risco de perder algum robô vindo na sua direção por trás, mas os ruídos pareciam cada vez mais intensos e desconfortáveis. Iria acabar aquele dia com uma dor de cabeça terrível.

Por um momento se arrependeu um pouco de não ter escutado a velha e vindo com o outro aparelho, algum que tivesse tido manutenção nos últimos anos.

Maldito nerd. Deku iria ouvir umas boas quando o visse.

Foi quase com alivio que viu o robô gigante entrando anunciando o fim próximo do teste. Ele não tinha dúvidas que havia passado, havia destruído mais robôs que qualquer idiota ali.

Quando viu os outros começarem a correr como formigas se preparou para fazer seu caminho de volta a entrada, quem sabe pegar ainda algum robô que tivesse sobrado.

Uma olhada, apenas uma breve olhada para trás, e ele a viu.

Cara redonda estava presa nos escombros, bem no caminho do robô gigante, uma mão erguida em um pedido de ajuda. Imagens de um prédio desabando vieram em sua cabeça. Gritos, desespero. A mão escorregando da sua. De entrar na cabine de um carro e explodir a lateria ao redor enquanto concreto caia em cima da sua cabeça.

Seu coração acelerou e podia sentir o início de um ataque de pânico.

-Não agora, não agora idiota.

Os olhos de cara redonda encontraram os seus, o pedido de ajuda óbvio embora não pudesse ouvi-la daquela distância.

"Você quer ser um herói que vence, né Kacchan? E quem vai salvar as pessoas?"

-Droga! Droga! Deku!

Se impulsionou com as explosões e praticamente voou até ela.

.................................................................................

Ochaco estava tendo um momento difícil. Ela não sabia se havia feito pontos suficientes, e havia usado sua quirk demais, e agora pagava o preço.

Por um momento, presa nos escombros e vendo os outros correrem ela pensou que ninguém viria em seu socorro, e foi uma das piores sensações de sua vida.

Mesmo quando ela encontrou os olhos vermelhos já conhecidos, ela pensou por alguns segundos que ele não viria. O rosto parecia fora do ar por alguns momentos, os olhos arregalados pareciam não a ver.

Mas ele veio.

E aquela era uma quirk insana. Ela havia o visto destruir robôs mais cedo, mas agora ele parecia um míssil em sua direção. Em segundos ele estava ali.

- Merda. Se explodir essa coisa ele cai em cima da gente. Não se mexa. – O viu rosnar e fechou os olhos com o som das explosões nos escombros na sua perna.

Ele a puxou não tão delicadamente, e quando bambeou ao ficar de pé, sua perna inútil, ouviu uma corrente de xingamentos impressionante.

No mesmo momento a sombra os cobriu e olharam para cima, encontrando uma mão gigante vindo na direção deles.

Não havia tempo. Ergueu a mão pronta para tentar usar sua quirk no robô, mesmo com pouco esperança que funcionasse em algo tão grande. O garoto também pareceu se preparar para tomar impulso para fazer algo.

Não foi preciso.

Não havia o visto se aproximar, mas ele estava ali. O corpo como uma pedra, segurando a mão gigante de cima dos dois. Era o garoto simpático de antes, Kirishima.

Ochaco viu sua chance, um toque no ombro do outro garoto tirando sua gravidade. Com a outra mão agarrou Kirishima, removendo a gravidade dele também a tempo de o livrar da outra mão gigante que vinha para cima dele com um movimento.

-Vai!

Não precisou se explicar mais, e o garoto havia usado as explosões e os impulsionado para fora da linha de ataque. Sem a gravidade, os três tinham praticamente voado pela arena, caindo próximo dos outros candidatos em um bolo estranho no chão.

Naquele momento a sirene anunciou o fim do teste.

.............................................................

-Esse foi o resgate mais desastrado que vi na minha vida. - Nemuri piscou aturdida olhando os monitores.

Os outros também pareciam não saber o que dizer.

O herói número um sorria para a tela, e um estado de êxtase que deixava Aizawa irritado com todo o brilho.

-Parece feliz.

-Você não? – a voz dele era um sussurro. – Eles salvaram uns aos outros, os três. Se isso é um reflexo da geração que vai vir, consegue imaginar o quanto isso é incrível? As coisas que eles vão fazer...é inspirador.

Nunca pensou que haveria um dia que concordaria com All Might, mas ali estava.

Embora um planejamento melhor pudesse ter sido realizado. Será que eles pensavam mesmo que eles deixariam robôs esmagarem candidatos? Em um teste?

-Crianças problemáticas.

.....................................

Ochaco ficou por alguns segundos ali, aturdida. Sua perna doía, e tinha arranhões do pouso. Liberou sua quirk e sentiu o enjoo a tomar, vomitando em cima dos dois garotos.

-Ai meu Deus, desculpem, me desculpem.

Eles grunhiram alguma coisa, Kirishima estava gemendo segurando o braço com que havia parado o robô, e o outro garoto parecia que ia gritar com ela, mas sua expressão mudou repentinamente.

-Ei, você está bem cara? – Kirishima perguntou, ainda com uma expressão de dor.

O garoto colocou as mãos nos ouvidos, parecendo tentar tirar os fones estranhos que usava, um gemido alto e gutural saindo de sua garganta.

E então gritos.

Gritos de dor.

Kirishima foi mais rápido que ela, arrancando os fones do outro. Eles ouviram um som agudo sendo emitido pelo aparelho que fez alguns candidatos também taparem os ouvidos. Kirishima jogou o objeto longe, parecendo ter levado um choque nele.

O garoto apagou em cima dos dois.

.......................................................

Maijima, também conhecido como o herói Power Loader estava impressionado, satisfeito, e um pouco temeroso.

Ocasionalmente eles colocavam as mãos no departamento de suporte em um algum gênio. Afinal, alguns dos melhores mecânicos na indústria de heroísmo vinham de U.A há anos.

Esse ano ele tinha certeza que eles haviam colocado as mãos em dois desses. Os projetos de alguns candidatos eram incríveis, outros precisavam de um pouco mais de trabalho na viabilidade, mas aqueles dois...

Mei Hatsume e Izuku Shimizu. Os projetos mais impressionantes daquele ano. Hatsusme ganharia alguns pontos a mais pela escolha certa do material, mas o de Shimizu chamava mais atenção. Não era todo dia que o garoto de 15 anos projetava um visor de proteção contra quirks de emissão. Se ele conseguisse colocar isso para frente, isso tanto poderia ser revolucionário nas mãos certas, como perigoso nas mãos erradas.

E no projeto de bancada os dois também haviam se excedido. E a sincronia com que trabalhavam, como se se conhecessem há anos e não algumas horas? Era incrível.

Dois gênios, que dependendo do resultado da teórica deles – embora não tivesse dúvida que eles tivessem passado -, estariam em sua sala no próximo ano.

E aí entrava a parte temerosa, porque eles eram 'aquele tipo de gênio'. Os outros candidatos pareciam com medo ou aturdidos com a intensidade deles, principalmente de Hatsume.

Era o que Aizawa definia como crianças problemáticas.

Sorriu olhando os projetos, um tanto possessivo.

Suas crianças problemáticas.

-Esperem os resultados em duas semanas, podem se retirar, e parabéns. Não você Shimizu.

O garoto o fitou surpreso de onde estava sendo arrastado por Hatsume.

- Eu?

-Hatsume pode ir, Shimizu fica.

Sentiu um pouco de pena da expressão nervosa dele. O menino com certeza devia estar confuso. Ele mesmo estava curioso sobre o que Aizawa queria com ele, mas teria que esperar para descobrir. Os testes deviam ter terminado há meia hora, ele estava chegando.

Hatsume saiu parecendo desgostosa, mas prometendo que mostraria 'seus bebês' a ele mais tarde.

-Eu fiz algo de errado?

Aqueles olhos grandes o fitaram de forma pedinte. Os cabelos em desarranjo, as sardas, a cicatriz no rosto, todos os detalhes criavam um cenário que tinha certeza que se Nemuri estivesse ali teria colocado o garoto nos braços e o consolado contra o mundo ruim.

Será que era a quirk dele? Parecer um animal indefeso.

Balançou a cabeça piscando do torpor, cruzando os braços para não abraçar o candidato que mal conhecia.

-Não. – Esperava que não. – Mas um dos professores está curioso sobre você e pediu para esperar aqui.

Por alguma razão o garoto empalideceu perigosamente com isso, se recostando na cadeira.

- Você está bem?

-E.eu, preciso de uma água. Acho que minha pressão...

-Comeu hoje? Garoto, precisa se cuidar. Sente um pouco, vou buscar a água.

Shimizu obedeceu, encostando a cabeça na tampa da cadeira. Maijima se apressou, preocupado, certo que teria que chamar Recovery girl ali.

Quando retornou ele havia sumido da sala e a janela estava aberta.

-Hum?

..............................

Era isso, havia sido descoberto. Nem um dia, nem mesmo era aluno ainda, e haviam o descoberto. Sabiam que era Noraneko e iria ser preso e Takashi iria ficar muito decepcionado quando tivesse que invadir a cadeia para o salvar e...

-O que eu fiz? Como me entreguei dessa vez? – Choramingou tentando encontrar a saída.

Claro que havia se perdido em U.A. Ele andava nos bairros mais perigosos e sabia todos os caminhos. Uma escola e ele se perdia lá dentro.

Alguns minutos correndo, o terror e a ansiedade diminuindo, uma voz muito parecia com a de Kacchan surgiu em sua cabeça.

'Deku imbecil, acha que teriam te mandado esperar na sala se soubessem que era um vigilante? Teriam te prendido cacete.'

Hum. Justo. Talvez tenha reagido de forma um pouco exagerada.

Se ele não quisesse tanto ser um herói nunca mais pisaria ali. Será que teria um ataque sempre que algum professor – algum herói – quisesse falar com ele?

-O garoto do cubo!

Uma voz animada o tirou dos pensamentos e olhou para frente onde caminhava por um corredor. De alguma forma havia ido parar nas portas da enfermaria.

Acenou como um idiota. Era a menina legal que havia o impedido de meter a cara no chão mais cedo, e o ajudado a levar suas coisas para a ala dos exames, Uraraka.

Do lado dela havia um garoto de cabelo preto e dentes pontudos, um dos braços dele estava em um suporte.

- O que está fazendo aqui? – ela perguntou quando se aproximou o bastante, um sorriso brilhante no rosto corado.

- Eu me perdi. E vocês? Estão bem?

-Ei, sou Eijirou Kirishima. – O garoto sorriu acenando com a mão livre. – Muito prazer. E o braço? Não é nada demais.

-Ele quebrou em três partes parando um robô gigante. – A menina rebateu com o mesmo sorriso de antes, parecendo estranhamente animada com isso.

-Hum?!

Que diabo de teste U.A tinha na classe de heróis?

-Já está curado. – O garoto riu de forma nervosa. – Só precisa de um check up depois, por isso a imobilização.

-Kirishima me salvou! – a menina falou. – Na verdade, a gente se salvou? É complicado. E tem um outro menino que também meio que nos salvamos? Eu usei demais minha quirk e acabei ficando presa em entulho.

-Você está bem?

-Novinha em folha. Mas veio esse robô gigante e ia pisar em mim, mas esse garoto veio voando e me tirou de lá. Ele tem essa quirk bem legal, e ele explodiu os pés e veio voando...

Explodiu os pés, isso parecia familiar.

-Mas aí ele teve um problema com o aparelho auditivo dele, e estamos esperando aqui ele ser liberando para agradecer.

Muito, muito familiar.

-Kacchan?

-Kacchan? – a menina bonita perguntou confusa. – Esse é o nome dele? Se conhecem?

-Hum, olhem a hora! Tenho que ir. Prazer ver vocês, e cuidado com esse braço hein. Boa sorte e Plus Ultra!

Antes que pudesse dar um passo para longe dos outros dois que o olhavam confusos a porta da enfermaria se abriu. Conseguia ouvir alguém brigando lá dentro e ao erguer os olhos deu de cara com seu amigo-rival-alguma-coisa-não-definida-de-infância.

Os dois se encararam em silêncio por segundos, Kacchan ainda segurando a porta aberta, os olhos vermelhos surpresos. Vários sentimentos passaram ali, alguns que preferia nem tentar definir por sua sanidade.

E então eles se estreitaram, explosões saindo das mãos dele junto com um som quase gutural de sua garganta.

-Deku!?

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