Chegando no hospital, somos recebidos por uma enfermeira que nos encaminha até o meu quarto. Pouco depois um um médico aparece para me dar algumas orientações.
— Olá, senhorita Kim, certo?
— Sim, sou eu.
— Prazer, sou o Dr. Mattew, vou acompanhar o seu caso. — ele diz, apertando minha mão. — Essa noite vocês dormem aqui e a partir de amanhã você vai para o leito entrar em observação.
— Tudo bem, só não entendo por que precisei vir hoje. — pergunto, olhando para Kai.
— Bom, exigências da sua mãe, ela esta preocupada e quis garantir tudo com antecedência.
— Não vejo a hora disso tudo acabar. — Kai aperta minha mão.
— Vai ficar tudo bem.
O Dr.Mattew anota mais algumas coisas em sua prancheta e se despede.
— Bom, já vou indo, tenho outros pacientes para atender. Se precisarem de algo podem chamar alguma das enfermeiras.
— Ok, obrigada.
O Doutor se vai e ficamos só eu e Kai.
— Então, o que quer fazer primeiro?
— Poderíamos assistir algo.
— É uma boa. Friends ou How i meet your mother?
— Friends, claro.
Kai vai colocar a série no computador e eu paro pra observar o quarto. Ele tem duas camas, um banheiro e umas especie de sala, com um sofá, um armário com uma cafeteira e um microondas. Uma janela ao lado da minha cama, e um relógio na parede em frente.
— Esse quarto não é um comum dos pacientes, né?
— Não. É aqui que alguns acompanhantes dormem.
— Ah sim. Isso tudo deve estar custando caro. Ficar aqui hoje, a cirurgia e os remédios. Não queria que minha mãe gastasse o dinheiro dela.
— Sabe que a sua mãe faz até o impossível por você.
— Sim, eu sei. Mas ela tem estado uma pilha de nervos desde que soubemos do tumor, mil vezes mais preocupada do que antes. Esse estresse não faz bem a ela.
— Você vai fazer uma cirurgia em algumas horas e mesmo assim se preocupa com as outras pessoas. Mas vamos mudar esse assunto tenso, o episódio vai começar.
Evito usar o celular, não quero ter contato com as redes sociais pois sei que isso só aumentaria meu nervosismo e a vontade de ter meus amigos aqui comigo. Uso somente quando necessário para responder as mensagens da minha mãe perguntando se está tudo bem. Não aguentaria mentir para as meninas quando perguntassem o que estou fazendo.
Depois de quase a primeira temporada completa, já começo a ficar com sono.
— Kai, acho que vou dormir agora. Sei que ainda não são nem dez da noite mas estou com sono.
— Tudo bem, podemos assistir o resto depois. — ele diz, guardando o computador e diminuindo a luz do quarto. — Vou tomar um banho e comer alguma coisa. Você fica bem sozinha?
— Claro.
Ajeito as cobertas e inclino a cama mais para trás, em poucos minutos começo a cair num sono profundo e sem sonhos.
Achei que dormiria só por algumas poucas horas mas só fui acordar no outro dia as 08:30 da manhã, e isso só por que o Kai me chamou.
— Bom dia. Finalmente, estava ficando preocupado. Você apagou ontem.
— Bom dia, acho que é meu subconsciente querendo que o tempo passe mais rápido.
Me levantei e tomei um banho rápido, trocando as roupas que estava por um vestido solto.
Saimos para tomar café na lanchonete do hospital e eu paro para observar as pessoas ao meu redor. Velhinhos com bengalas e cadeiras de roda, moças grávidas e crianças são a maioria por aqui.
— Está pensando em que? — Kai pergunta, dando um gole no café e olhando para mim.
— Nada não. Já acabou de comer? Podemos voltar para o quarto?
— Sim, deixa só eu pagar a conta.
Depois que Kai paga a conta nos voltamos para o quarto e passamos o resto do dia assistindo, parando só para almoçar.
Lá pelas oito da noite, o Dr.Mattew reaparece no quarto acompanhado de uma enfermeira avisando que chegou a hora.
Pegamos minhas coisas e vamos para o quarto 307 no andar de cima. Esse é bem diferente do outro. Mais simples, as paredes brancas e as janelas cumpridas dão uma sensação de calma, acho que era essa a intenção.
A enfermeira me entrega uma daquelas roupas de hospital e eu vou ao banheiro me trocar. Quando volto o Dr. Começa a me explicar como as coisas vão funcionar.
— Então, a partir de agora você vai permanecer em observação aqui até 01:00, se seus sinais vitais estiverem bons, nos daremos início a sua cirurgia. Alguma dúvida?
— Não, tudo bem.
— Ótimo, uma enfermeira virá aqui de hora em hora verificar se está tudo bem. Sinto muito rapaz, mas na hora você terá que ficar na sala de espera.
— Ok Doutor.
Depois de tudo explicado ele e a enfermeira se retiram do quarto. A cada minuto que passa meu nervosismo aumenta. Não vejo a hora disso tudo passar.
Jin
Depois da conversa que tive com Irene, voltei para o meu quarto. O resto da noite fiquei jogando vídeo game e pensando em como falaria com a Jisoo. Acabei adormecendo deitado na cama, essa semana foi bem puxada e eu estava cansado.
Acordei no dia seguinte e fui tomar café com a esperança de encontrar com ela no refeitório. Nada. Talvez tenha optado por dormir mais um pouco.
Jimin deu a ideia de jogarmos bola na quadra, eu ainda joguei algumas partidas mas voltei para o quarto logo, enquanto não resolver isso eu não sossego. Tomei um banho frio e me deitei na cama de toalha mesmo. Peguei meu caderno de desenho. Faz séculos que eu não desenho nada.
Comecei rabiscando um rosto anônimo, mas aos poucos ele foi tomando as feições de Jisoo, os olhos, os cabelos e o sorriso. Mesmo que tentasse desenhar outra coisa, eu não era capaz, somente seu rosto vinha na minha mente.
Paro o desenho e pego meu celular, penso mil vezes no que dizer, digito a mensagem e apago varias vezes, indeciso. Abro a foto do perfil de Jisoo. Na foto ela está sorrindo e uma coroa de flores roxa enfeita seu cabelo. Salvo a foto no meu celular e coloco como tela de bloqueio. Meio clichê? Talvez. Mas eu gosto.
Abro novamente nossa conversa sem saber o que dizer. Decido por mandar um Oi. O visto por último dela foi a uma hora atrás.
"Oi"
Solto o celular e volto a desenhar, tentando deixar o desenho parecido com a foto que salvei.
Olho o celular a cada cinco minutos, nervoso e querendo que ela responda logo. A hora do jantar chega e eu resolvo ir até o refeitório comer alguma coisa. Talvez encontre com ela por lá.
— E ai cara. — Jimin diz, quando me sento na mesa com a minha bandeja. — Demorou a vir comer hoje.
— É, eu tava meio ocupado. Viu a Jisoo por ai?
— Não. Na verdade eu vi ela saindo de táxi ontem, com aquele cara, Depois disso não vi mais.
Não estou gostando disso...
— Sabe dizer para onde eles foram?
— Não faço a miníma ideia.
— Acho que vou falar com as amigas dela pra descobrir.
Termino de comer e vou em direção a mesa em que as amigas de Jisoo estão. O assunto da conversa se encerra assim que me aproximo.
— Boa noite.
— Boa noite. — As três respondem em uníssono.
— Eu queria conversar com a Jisoo, um assunto sério. Sabem onde ela está?
— Não sei. E se soubesse também não te diria. — Jennie diz, ríspida.
— Por que? O que eu fiz?
— O que você fez? Não se faça de sonso garoto.
— É, sabemos muito bem o que você quer, enrolar a Irene e a Jisoo pra ficar com as duas ao mesmo tempo, não vai acontecer. — Lisa fala.
— O que? Mas eu não tenho nada com a Irene.
— Como não? Você some com ela um final de semana todo, sabe-se lá pra onde e volta sem dar nenhuma explicação. Fora o fato de ter ignorado as mensagens da Jisoo durante esse período.
— Espera ai, o que? Vocês entenderam tudo errado. Em minha defesa a Jisoo também passou o final de semana fora e voltou com um cara desconhecido, e nem veio falar comigo.
— Como assim? É o primo dela! Ele estuda aqui agora, os pais dela estão ajudando a pagar os estudos dele.
— Como assim digo eu, isso não faz o menor sentido! O que aconteceu é que a mãe da Irene faleceu e tivemos que ir ao enterro dela. Eu esqueci o carregador aqui na escola, quando voltei ela estava com aquele cara, o que queriam que eu pensasse?
— Então foi tudo um mal entendido? — Rosé pergunta, colocando as mãos na cabeça.
— Sim, parece que sim. Sabem como eu consigo falar com ela? Já faz um tempo que está sem visualizar as mensagens.
— Ela foi passar o final de semana em casa. Não tenho o telefone de lá nem o endereço.
— Mas podemos procurar nas coisas dela, deve ter o endereço de casa lá. — Jennie diz.
— É verdade. — Lisa diz. — se acharmos poderíamos fazer uma visita amanhã, uma surpresa. Sei que ela ia gostar de te ver.
— Não acredito que esses dois estavam brigados por besteira. Vamos logo procurar isso.
Seguimos em direção ao quarto de Rosé e Jisoo. Depois de muito procurar, Lisa acha uma pasta com alguns papéis.
— Deve ter alguma coisa aqui. — Ela diz, espalhando os papéis em cima da cama.
— Só cartas e listas de exercícios. — Rosé fala, frustrada. — Espera, achei uma coisa diferente.
— O que? — Me aproximo pra observar.
— Não sei bem, mas parece ser um exame... Não entendo dessas coisas... Espera... Eu sabia, sabia que tinha alguma coisa errada.
— O que foi? — Eu pergunto.
— A Jisoo estava estranha antes de sair daqui, acho que aconteceu algo, vou tentar ligar para o número dela novamente, se não der eu tento o do Kai.
Depois do terceiro toque alguém atende o telefone dela, Rosé põe no viva voz para que todos possamos ouvir.
— Alô? — Uma voz masculina diz.
— Kai? A Jisoo está ai? Sou eu, Rosé. Queria falar com ela.
— Ela está dormindo.
— Quando ela acordar pode avisar que eu liguei? E que encontrei os exames que ela estava escondendo.
— Então você sabe...
— Não sei direito, ela não me explicou, mas percebi que tem algo de errado.
— Vocês podem sair da escola agora? Preciso que venham até o hospital Geral de Seul.
— Esse aqui perto da escola?
— Sim.
— Esta meio tarde, mas nos damos um jeito e vamos, pode me dizer por favor o que ela tem?
— Ela... Vai fazer uma cirurgia, Jisoo está com um tumor.
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