Provocando Amor - Série Endzo...

By MariaFernandaRibeir2

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A vida de Peter é uma montanha-russa. Desde que engravidou a tia mais jovem do melhor amigo, as oscilações na... More

Prólogo
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Epílogo

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By MariaFernandaRibeir2

2018
Noelle

A vida na faculdade é uma coisa louca. Toda semana tem uma prova, gasto mais dinheiro com xerox que com comida, mas estou me acostumando. Ter o Peter e a Gwen perto me faz ter a segurança que preciso de uma família, o que me deixa em paz e tranquila para enfrentar o preço abusivo da reprodução de papéis. Ainda que recentemente eu tenha descoberto que esta está incompleta.

Há dois meses, depois de uma prova dificílima onde foi o único a passar direto, o Peter me contou que poderia saber o paradeiro da minha irmã definitivamente. Ele estava tão feliz que soltou essa enquanto me abraçava e esquentava debaixo da coberta, não sabendo como isso mudaria a minha vida. Segundo ele, o ex-namorado dela é chefe dele nos trabalhos que faz para a polícia, e ele viu algumas fotos dela no escritório dele, cujo, cito, é tão parecida comigo que ele e o homem brigaram por ele ter insinuado que a namorada dele era mesmo bonita. Dele Peter.

Agora estou aqui de pé no aeroporto esperando por uma pessoa que nem sei quem é direito. O Peter esfrega os meus braços e a Gwen tenta engolir todo o sorvete da casquinha de uma vez, mas faz uma careta quando é atingida pela sensação.

Liebe, você não pode engolir o sorvete todo de uma vez. É como encher a boca de neve. A neve faz a nossa pele doer, o sorvete faz o cérebro doer. — ele explica.

Uma sombra paira atrás de mim, e a voz dele diz.

— Talvez você devesse ouvi-lo, criatura. A neve realmente faz a pele doer, vai por mim. Patrowski, espero que você se inspire pela coragem da sua filha e aceite logo a minha proposta.

Viro para trás e lá está Kyle McHerthy. Em roupas de corte elegante, olhos azuis penetrantes e sinceros e muito, mas muito batom espalhado pela boca.

— McHerthy. Seu batom borrou um pouco. — o Peter aponta a própria boca, sinalizando. — E a resposta continua sendo não. Eu não quero entrar pro FBI, nem que isso signifique ser capaz de descobrir irmãos por aí. O mundo já tem a sua presunção para isso.

O homem então se lembra de algo e vai até a figura ruiva na saída do desembarque, e ela dispensa ele com uma mão enquanto corrige o batom com um espelhinho.

— Eu juro por Deus, Kyle, que da próxima vez que você me arrastar para Boston e ficar desmaiando no avião, eu vou te mandar por uma catapulta e me livrar de quaisquer acusações por danos. Você é um... — ela me vê.

E olhar nos olhos dela me faz ter certeza. É a minha irmã. É a Ramona!

— Noelle? — pergunta incrédula. — Kyle, não estou me sentindo bem. Estou vendo coisas.

— Não está, não. É uma garota real, e eu acho que pode ser...

Ela não espera ele terminar de falar. Abraça meu pescoço tão apertado que sufoco um pouco.

— Você lembra de mim? — a voz dela soa trêmula.

— Claro que sim! — respondo, sem acreditar.

— Por que têm duas tias Noelle agora, papai? — a Gwen pergunta ao Peter, e a Ramona ri, até notar que é uma criança e o sorriso vacilar.

— É a irmã dela, liebe. Viu como são parecidas?

— Eu também posso ter uma irmã parecida?

— Este idio... senhor na sua frente tem um irmão gêmeo. Por que não vamos tomar um suco e ele conta pra você como ama o irmão dele?

O chefe dele revira os olhos, mas o homem caminha até a Ramona e abaixa o rosto.

— Você vai ficar bem sozinha? Eu preciso convencer este garoto que só há um emprego perfeito para ele no mundo.

— Kyle, quando foi que precisei de você para alguma coisa? E não estou sozinha. Tenho a única pessoa confiável no mundo comigo. — ela me abraça e ele sequer parece ferido.

Com ele longe, ela me leva para uma mesa em um restaurante italiano. Pede um pratão de macarrão e me dá um garfo.

— Eu fui para a Itália depois que aquela víbora nos vendeu. O Kyle me contou que você foi para a França? — víbora é um bom nome.

— Sim. Na divisa com a Alemanha, mas muito longe da Itália. Vim para cá há poucos anos, mas o suficiente para conhecer um alemão cujo me oferece aconchego como a região onde vivia não me ofereceu.

— Eu tenho uma quedinha pelo Peter desde que conheci ele, meses atrás. Ele é tão atencioso.

Confirmo isso, e ela suspira.

— Mas não vamos falar de homens, isso acabará comigo me irritando com o Kyle e não faz bem para o bebê. Você está fazendo veterinária, né? Desde quando parou de correr dos bichos para amá-los?

Discretamente, observo por baixo da mesa a barriga dela. Kyle McHerthy não faz ideia de onde se meteu, uma mulher criada na Itália de sangue quente e um espírito independente não é o melhor lugar para ele depositar o amor esquisito que o Peter disse que é o único que ele demonstra às vezes. Do jeito que me lembro da Ramona, hoje ela está aqui, e amanhã pode estar no Tibete. Isso me faz sentir mal pelos olhares preocupados que ele lança a ela.

Mas esqueço ele e sorrio e digo como nasceu o meu amor por animais, curtindo a companhia da única pessoa que pode me entender por completo. É, talvez a Gwen mereça mesmo um irmão. Talvez depois que eu tiver meu diploma.

2022 - maio
Peter

Viver um momento como o atual é arrebatador. Eu vou me formar na faculdade. Tipo, me formar mesmo, depois de ter estudado por cinco anos. Isso para mim é a coisa mais surreal do mundo, já que eu não pensava nem que iria ingressar em algo, quem dirá me formar. Nervoso, ajeito a gravata que a Noelle, minha belíssima esposa, enfiou no meu pescoço e a garota na minha frente ri.

— Relaxa, Peter. Agora é só pegar o diploma.

A minha turma é constituída de vinte mulheres e eu de homem. Os comentários depreciativos que recebo sobre isso são logo cortados por alguma pergunta sobre mecânica de uma delas, que acrescentam com um orgulhoso "Você não sabe, mas ele sabe. Porque estudou conosco sem fazer comentários grotescos."

Elas são como parte da família agora. Aparecem na casa sem avisar, abrem a porta da geladeira e ocupam a sala em dias de jogos, e não acreditam de jeito nenhum que eu já fui capitão da Brittainy. A Noelle não ajuda muito quanto a isso, e aí são vinte e uma garotas.

Entramos no palco e eu lembro o porquê de não jogar mais. A atenção. Apesar de adorar engenharia, o que gosto mesmo é de investigar coisas, e ser uma celebridade investigando não dá muito certo. O canudo do diploma gela as minhas mãos, mas não mais que ver todo mundo reunido em volta da Noelle e da Gwen. Os meus amigos, o Marcus, a Heaven, o Zack e a Brittainy e outros. E o Victor, em um lugar isolado dos outros, que veio só para me dar parabéns e ir embora, uma desculpa para fugir de tudo um pouco. E claro, o Kyle e o novo bebê dele.

O meu chefe segurando um bebê e sorrindo para ele. É como cair em um novo planeta estranho. Não há sinal da Ramona, mas não fico procurando por ter que seguir um protocolo. A emoção me toma quando me livro daquele chapéu apertado, na coreografia ensaiada. Tiro a beca, me despeço das garotas que vão embora de Boston e vou até todo mundo, mas o Kyle me intercepta no meio do caminho.

— Agora você pode parar de enrolar e se dedicar a organização de vez, Peter. Precisamos de reforços e urgente.

É fato que eu encurtei o curso adiantando algumas matérias para poder ajudá-lo nisso logo. Após anos ouvindo pedidos de ajuda e algumas lamúrias do Victor por estar cansado, e depois de ver o meu chefe implorar por ajuda, eu sucumbi o meu destino ao que pareceu ser o curso natural, já que nunca parei de investigar, por mais que o caso fosse de uma bolsa desaparecida do armário de uma estudante.

Não perdi nada, já que foram só seis meses menos e muita matéria mais. Foi difícil, mas com o super-time de garotas eu fui capaz. Já passei por todo o treinamento deles, depois de um ano cansativo de viagens até a Virgínia todos os dias, com voos comerciais e privados quando o irmão do Kyle, que é piloto, conseguia algo.

Atendi muitos casos desde então, por vezes tendo que deixar a Noelle no meio da noite de um fim de semana, para voltar horas depois. Cansativo é pouco, mas com isso consegui já ser promovido e estar prestes a subir novamente.

— Kyle, a situação do Victor está ficando pior por culpa dele. Eu não posso colocar inteligência na cabeça de alguém, fiz engenharia, não mágica. — respondo sobre o caso que mais o incomoda, notando que a criança estava regurgitando.

E vomita nos sapatos dele e ele nem se mexe. Criança sortuda, se fosse qualquer outro...

— Ele já está na academia, também adiantou o curso e vai se formar em breve. Eu estou ocupado orientando a Lindsay, que pretende entrar assim que o filho parar de arrumar encrenca, e vou enlouquecer se orientar os dois. — rebate.

— Ela também vai entrar?

— Amigo, eu disse que as pessoas se interessam pelas minhas peculiaridades.

É a única explicação para você ser casado, tenho vontade de dizer. Curioso por saber como ele conheceu a garota, digo que verei o que posso fazer, e ele me dá um soquinho não muito amigável no ombro, um aviso claro da minha falta de opção e sai. Volto para perto de todos e só então noto a mão do Zack na barriga da Brittainy. Ajoelho no chão e digo aos céus:

— É agora ele entende o sofrimento! Parabéns Brittainy, e boa sorte, Zack. Você vai precisar.

Ela olha pra ele e sorri pra mim.

— Vai ser um prazer te ajudar com isso, Peter. Ele trabalha muito menos que eu no ano, sabe? Às vezes eu preciso ficar até mais tarde também, você pode ajudá-lo com algumas dicas?

O meu sorriso se assemelha ao do gato esquisito do "desenho da Alice" que a Gwen assistiu sem parar na viagem que fizemos a Europa no último verão. Por falar na minha liebe, ela está viajando para um acampamento da escola e meu coração aperta toda vez que lembro que não está em casa para me dar a lambida na bochecha que virou rotina. Checo o meu celular para ver se há alguma notícia, mas a Noelle coloca a mão na frente.

— Ela está bem, Peter. Teria ligado caso contrário. Relaxe um pouco. Vamos para o restaurante, a Heaven já está lá e o Will disse que está ficando difícil controlar a vontade dela de pedir a comida logo.

Chegamos no restaurante e a Heaven está devorando um prato de batatas fritas, com um Will resignado observando. O Zack pega uma batatinha e ela olha pra ele de um jeito que esfria meus ossos.

— Então, — a minha irmã pergunta depois que engole a última batata — tem mais algum bebê a caminho ou só a Brittainy e o Zack resolveram se aventurar? Fora a Lindsay, claro.

Há outras pessoas na mesa além de nós, do Fire Eagles, como um tal de Timothy e a namorada dele, uma latina que não fala inglês por não ser a língua materna. Ele traduz para ela, que diz alguma coisa em espanhol e ele traduz como um:

— Por agora não.

O resto das pessoas respondem o mesmo, menos a Noelle. A Heaven encara ela e eu imito o movimento.

— Era pra ser surpresa!

— Avisasse antes! — a minha irmã responde com o mesmo nível de indignação.

A minha cabeça roda. Tento assimilar a informação, mas o silêncio da mesa não ajuda muito. É certo que a Gwen com nove anos não é mais um bebezinho, e é isso que me apavora. Outro bebê.

— Peter? — a Noelle chama e eu pisco. Olho para a barriga dela.

— Você tem certeza?

— Já estou de um mês e algumas semanas, quase dois, talvez. Eu não sou totalmente infértil, afinal. O médico disse que não engordarei muito, e que isso é normal, mas que estou ainda no início. É um menino, eu fiz um teste genético que deu esse resultado, e eu já dei um nome, então nem venha tentar nomear.

Ergo as mãos diante do olhar dela, e tento dizer Andrae Hector, o nome, da maneira mais parecida que ela diz para não aborrecê-la mais. Ela ri da minha tentativa frustrada.

— Nem se você vivesse o resto da vida na França conseguiria.

Beijo ela e coloco a mão naquela barriga tão diferente da última vez que tive uma filha. Mesmo de um mês, a Vivian já portava uma barriguinha. O sorriso que recebo da minha mulher me faz amá-la mais.

— Já que todo mundo sabe que teremos um bebê, acho justo que saibam que nos casamos também. — anuncio, pegando todo mundo de surpresa.

Claro que não planejei a reação raivosa de todos.

— Como é? Como assim casou e nem avisou? — avisei agora, Zack.

— Eu não acredito numa coisa dessas! — a Heaven diz indignada.

— Eu queria pelo menos comer os docinhos da festa, você me prometeu Noelle! — o Timothy resmunga.

Ela explica:

— Foi uma cerimônia privada, só os nossos pais... bem, os meus pais e o padrasto dele e a namorada estavam presentes. — a Heaven disca o número do Marcus imediatamente — E foi só há três semanas. Nem teve festa.

O Zack aponta para nós.

— Deixa que eu cuido disso. Conheço algumas pessoas que sabem organizar uma festa e estão em dívida comigo.

Depois de tantas emoções reveladas e da Noelle finalmente estar saciada, - particularmente, sinto alívio pelo apetite imenso e repentino dela ter uma razão, e eu não estar indo precisar comprar uma geladeira nova para cuidar disso - levo minha mulher para casa. Ela me dá um sorriso estranho.

— O FBI trabalha com algemas?

— Sim. Você quer uma de presente?

Ela morde o lábio rosado pelo batom que eu mal posso esperar para tirar.

— Há algumas coisas que posso fazer com uma, não é?

— Não tenho uma comigo hoje.

— Não preciso de uma hoje.

Nem penso duas vezes antes de levá-la pra cima, e sorrio para o umbigo pronunciado. Desapareço embaixo das cobertas, de um jeito que só uma equipe de busca pode me encontrar. O resto é história.

2022 - junho

Ter uma mulher grávida de três meses ao meu lado novamente é aterrorizante. Lembro da Vivian indo ao hospital toda noite por estar morrendo de dor nas costas, de cólicas s nem sei mais o quê, e essas lembranças me fazem achar que tudo vai ser igual e tratar a Noelle como uma inválida. Saber que é uma gravidez de risco, ainda que baixo, ajuda muito nesse julgamento terrível.

— Peter, para com isso! Eu posso dirigir, o volante não vai me matar, mas eu vou fazer coisas muito ruins com você se não parar de gralhar na minha cabeça.

— Só pedi para você reduzir, liebe. A essa velocidade, sairá voando pela janela se algo acontecer.

— Eu sou uma ótima motorista, nada vai acontecer. Eu nunca capotei um carro, se preciso lembrar.

— Muito engraçado, Noelle.

— Não é?

Ela é boa motorista mesmo, mas o pé de chumbo me apavora. Ao estacionar no Kansas, resmunga pelo volante do meu carro ser grande demais para ela sair normalmente com a barriga, e isso porque a barriga é menor que o normal e nem está na fase de estar gigante. Estamos aqui para uma reunião da turma, a primeira desde aquela que me trouxe esta mulher, e sabendo que a presença de algumas pessoas dificultariam a chance para eu fazer o que planejo, faço agora.

Seguro ela antes de entrar na casa, ajoelhado no chão.

— Sei que já somos casados, mas eu te conheci pra valer aqui, neste lugar, há cinco anos. E eu não podia deixar de dizer o quanto sou grato por não ter conseguido dormir naquela noite. Primeiro foi pelo barulho infernal, mas depois que eu saí e te encontrei... Noelle, você me dominou. Ninguém sabe disso, mas eu chorei como uma criancinha na noite antes de ir embora, com medo de nunca mais te ver. Eu queria tanto te ver de novo que não me despedi direito, esperando que o universo entendesse isso como uma oportunidade para uma despedida depois. Aí eu te vi de novo, e mais uma vez, e entendi que este era o meu destino. Ter a rothaarige mais bela na minha vida.

Um fungado interrompe o meu discurso, e a Noelle me deixa sozinho ao ver quem é.
Lindsay.

— Ele te ama tanto, amiga... — a mulher cujo poderia ter chegado dois minutos mais tarde chora.

Os hormônios em polvorosa fazem a minha mulher chorar também, abraçada a ela, e eu suspiro. É a amiga que ela não vê há anos, quem sou eu para impedir as duas. Observo a interação das duas choronas sorrindo, e sabendo que fiz a coisa certa ao insistir que a Lindsay viesse para cá, ainda que o Victor também viesse. Por pensar no diabo...

— Ah não. Não. Eu bati a cabeça muito forte, sabia disso. — ele balbucia atrás de mim, uma caixa de coisas para churrasco nas mãos. — É só uma alucinação. Você vai acordar. — murmura para si mesmo, em choque.

A Lindsay vê ele e o tamanho da mágoa no olhar dela me faz desejar que fosse só uma alucinação. Ele desce as escadas, pavor e, talvez, saudade o controlando e se aproxima das duas. A Lindsay corre e se esconde, e a Noelle dá um tapa na cara dele que me faz grunhir por ele. Xinga de tantas coisas que fico grato pela Gwen ter corrido para a cozinha nos fundos ao chegar. Ele tenta avançar, ignorando a minha mulher, mas ela impede ele.

— Você não me teste, Victor. Deixa ela em paz, ela não quer ver você nunca mais. — diz — Pensei que isso estivesse claro há alguns anos, desde quando você traiu ela.

Ouvir a última parte faz ele se descontrolar, e encostar a cabeça no meu carro em prantos. Fico entre tentar colar uma parte quebrada pela Noelle, que é levada pela Brittainy para dentro, e ajudar a Lindsay que aproveita o momento para correr sorrateiramente. Sigo meus instintos e vou atrás da minha mais nova pupila.

— Ei chefe, me desculpa, mas não posso conversar agora. — ela corre para dentro.

— Você está de férias, agente, corta o chefe! — grito para ela, mas a garota já sumiu.

O meu melhor agente-especial sofre sentado na grama, encostado no meu carro. Me aproximo, checando o perímetro em busca da Noelle, afinal não quero acordar com um travesseiro na minha cara. Estendo a mão pra ele.

— Que merda eu fiz, Peter? Por que destruí a minha vida assim?

— Não sei, Freeman. Eu avisei para você ser sutil, você fez tudo sozinho, então eu não sei. Mas você sabe que precisa fechar o caso da família Beladonna antes de tentar avançar com ela.

— Avançar? — uma risada amarga — Você só avança no que está dentro. Eu nunca estive tão fora da vida de alguém, e ela é a pessoa que eu mais amo no mundo.

Suspiro e levanto ele contra a vontade mesmo.

— Victor, eu sei que dói. Não sei como, mas sei que dói. Só que, desistir agora só vai piorar tudo. Raiva passa, mas o que vão fazer com você e com ela se descobrirem... não.

Os ombros dele balançam, e eu abraço ele. Ele chora no meu ombro por muito tempo.

Noelle

Da janela do quarto, observo o Peter consolar o Victor. Sei que o meu marido está trabalhando com ele, apesar de não saber o porquê, e isso me irrita muito. Quando sobe, ele vê a minha cara e suspira.

— Eu não posso explicar.

Isso me faz sorrir. Por mais brava que esteja, ouvir o exato contrário do que é dito comumente é engraçado.

— Pelo menos você sabe o que está fazendo? Porque Peter, se você fizer algo que machucará a Lindsay, eu não vou ficar do seu lado nisso.

— Eu sei, gata. Estou tentando ajudá-la, mas eles são muito cabeça-dura. Eu só queria conseguir acabar com este pesadelo de uma vez por todas.

Ele deita na minha barriga e o bebê mexe onde ele encosta. Ele ri, mas não se mexe. Acaricio o cabelo dele até que durma, e não me mexo para não acorda-lo. Beijo a testa dele, me ajeitando nos travesseiros e olhando para aquele rosto. Quando o vi pela primeira vez fora dos campos, senti medo. Medo de tantas mentiras que ouvi por meses.

No momento que ele falou comigo, eu soube que estava errada ao pensar tanto de uma pessoa nova.

— Você ainda está acordada? — ele pergunta, colocando a mão no meu rosto e acariciando minha bochecha. — Durma, rothaarige. Está tarde.

— São nove horas agora, ancião.

— Muito tarde na Alemanha. Vem cá, eu te ajudo a dormir.

Me enrosquei nele, que coloca a mão gelada na minha barriga. Bato nela, e ele coloca nas minhas costas então.

— Peter, se você não parar de tentar me congelar com a sua mão, eu vou ser obrigada a fazer algo muito ruim. — ameaço falsamente.

— Muito ruim, hm? Me lembre disso amanhã, deixo você fazer o que quiser. — ele esfrega o bloco de gelo que são os dedos nas minhas costelas, provocando e me arrancando um grunhido que faz ele rir.

E foi assim, provocando amor todos os dias que eu e Peter Patrowski descobrimos a felicidade fora dos campos que nos cercavam. Um dia alguém me disse após um ataque que eu era uma causa perdida. Por muito tempo me senti assim, mas agora? Quem precisa saber o caminho quando se tem a melhor companhia?

Eu e ele podemos não ter um caminho ou um destino certo graças ao que fizemos um dia, mas ninguém precisa de um mapa quando onde você quer chegar está ao seu lado.

O último recadinho da penúltima história da série Endzone: qualquer sugestão de mudança sobre alguma parte da história - de qualquer uma, na verdade, pode e deve ser feita. Não acato todas para onde foram sugeridas, mas sempre guardo as que não uso no momento para uma situação futura. Peço que vocês sejam o mais específicos possível, assim vocês me ajudam a fazer histórias melhores.

No mais, obrigada por lerem mais este livro <3 Em dezembro a A Última Jarda entra em cena, e teremos bastante tretas e ação.

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