AO NOSSO HERÓI, UM TIRO NO PE...

wlangekeinde द्वारा

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Em um país chamado Kailan, governado por uma ditadura militar, a jovem Kristina Lan Fer está mais preocupada... अधिक

APRESENTAÇÃO
BOOK TRAILER
CAPÍTULO 1 - OS LAÇOS QUE PRENDEM A CORDA
CAPÍTULO 2 - AMIGO DE LONGA DATA
CAPÍTULO 3 - TRÊS MESES DEPOIS
CAPÍTULO 4 - BASTIDORES DA PÁTRIA
CAPÍTULO 5 - DISTÚRBIO
CAPÍTULO 6 - LONGE DEMAIS
CAPÍTULO 7 - OS INCONFORMADOS
CAPÍTULO 8 - O VISIONÁRIO DA COSTA BAIXA
CAPÍTULO 9 - NOSSO ABRAÇO DE AGULHAS
CAPÍTULO 10 - AS TRAMAS OCULTAS DA GUERRA CIVIL
CAPÍTULO 11 - ESBOÇO DE UM CRIME FEDERAL
CAPÍTULO 12 - MEIA DÚZIA DE PROMOTORES DO CAOS
CAPÍTULO 13 - PENSAMENTOS PROIBIDOS
CAPÍTULO 14 - O TERCEIRO-SARGENTO
CAPÍTULO 15 - NO ALBERGUE I
CAPÍTULO 17 - PAZ? SOMENTE AOS SUBMISSOS
CAPÍTULO 18 - O PRIMO
CAPÍTULO 19 - RECOMPOR
CAPÍTULO 20 - O DIA DA DECISÃO
CAPÍTULO 21 - O HOMEM QUE USURPOU A NAÇÃO
CAPÍTULO 22 - PEDRAS NA POÇA DE ÁGUA (final)

CAPÍTULO 16 - NO ALBERGUE II

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wlangekeinde द्वारा

Kristina desceu as escadas até o salão principal, onde poucas pessoas habitavam os sofás, mesinhas e pufes. Era um espaço aberto, com apenas duas paredes, perpendiculares. Uma delas tinha as portas da cozinha e dos banheiros; na outra, de frente para a escada, ficava o bar, aonde a garota precisava ir. Passou no banheiro antes.

Refletida no espelho sujo, viu uma garota parecida com ela, só que desesperada. Parte disso por sua culpa, parte por culpa dos assassinos que a acompanhavam. Como ela fugiria deles? Para onde iria? Não podia estar presa naquela situação! Chutou a porta aberta de uma das cabines, que bateu com força e ricocheteou, abrindo-se de novo. Ela chutaria mais uma vez, porém uma mulher entrou no banheiro, dissipando a exclusividade do lugar, e tudo que restou a Kristina foi sair.

No entanto, quando abriu a porta para se retirar, teve que fechá-la novamente. O ângulo só a permitiu ver um pedaço do homem que agora se sentava no bar, mas foi suficiente para enxergar sua roupa camuflada. Kristina respirou fundo. Não era tão provável ele estar atrás dela e do grupo. Mesmo assim, o melhor a se fazer seria voltar para o quarto enquanto ele estivesse de costas, distraído. Assim, ela saiu, atirando um último olhar de esguelha ao soldado.

Então, arregalou os olhos. Aquela arte no cabelo era inconfundível.

Ficou paralisada por alguns segundos, tempo o bastante para que Keiton a visse. Ele também emanava surpresa. Ela deu um passo para trás, mas parou, pensando que talvez aquela não fosse a melhor reação. Mas quando Keiton a chamou pelo nome, ela não teve escolha senão ir até tá, puxar um banco ao lado do primo e fingir que não estava prestes a estourar como um balão. Para sua performance, pediu ao barman uma garrafa de conhaque.

— Em homenagem aos velhos tempos — disse para Keiton. — Quando esse era o nosso favorito e a gente usava enxaguante bucal pra esconder o cheiro do álcool. Pode fazer as honras. Essa garrafa é pra você.

Com uma fisionomia agora séria, Keiton encheu os dois copos, o dela primeiro. Kristina propôs um brinde, mas o homem era uma estátua de mármore. Ela brindou com o ar e esvaziou o copo de uma só vez, fazendo o álcool descer e relaxar seu corpo. Keiton, com o copo intacto, pediu uma porção de batatas fritas.

— Eu não como isso — disse Kristina.

— Nos velhos tempos, você comia.

Ela sorriu.

— Muita coisa mudou. E eu sei que você também percebeu.

Ele balançou a cabeça em afirmativa enquanto derramava sal naqueles petiscos gordurosos.

— Foi uma sorte eu te encontrar aqui agora. — disse Keiton.

Sim, com certeza foi uma puta coincidência você me encontrar em outro estado, pensou ela. Mas o que sua boca fugitiva disse foi:

— Você acha possível a gente, um dia, voltar a ser o que já foi?

— Ninguém nunca volta a ser o que já foi.

— Eu tô falando da gente. Eu e você, Keiton.

— Eu sei. Mas muita coisa mudou. Só algumas que talvez não. Amigo, me traz uma garrafa de água, por favor.

O barman obedeceu. Kristina tomou um pouco da água e até engoliu algumas batatas. Era difícil processar o que estava acontecendo, mas tinha duas certezas. Um: estava arruinada. Dois: talvez aquela fosse sua última chance de falar a Keiton dos rancores que ela havia guardado por anos.

— Keiton... por que é que você sumiu? A gente era quase irmão e você foi embora do nada.

— Eu não quis te abandonar. Meu problema nunca foi você. Mas você entende, já que veio pra cá.

Ela franziu o cenho.

— Como assim?

— Recomeçar — disse ele, olhando para baixo. — Sem ela.

— Minha mãe?

Foi a vez de Keiton fazer uma careta. Ele não sabia! Droga... Keiton achava que Kristina tinha ido ao Fígado só para sair da vida de Laisa. Agora, ele encarava a garota com olhos desconfiados.

— Não foi por isso? — perguntou ele.

Kristina soltou duas ou três sílabas aleatórias, incapaz de articular uma frase. Então desistiu de falar e bebeu mais água, observando as sobrancelhas de Keiton se contraírem até aparecer uma ruga entre elas.

— Vai dizer que... Quem te trouxe pro Fígado? Tem alguém com você aqui?

— Quem te trouxe pra cá? — retrucou a garota. — Como é que você me achou, e quem é que te falou que eu tinha sumido?

— A tia Laisa. Me mandou atrás de um endereço que tava no seu armário, mas parar no mesmo albergue que você foi uma coincidência. A probabilidade até era grande, já que esse é o único lugar em quilômetros. Mas não deixa de ser coincidência.

Como ela pôde esquecer o papel no armário? Idiota!

— Então agora você faz favores pra ela? Depois de cinco anos ignorando a mulher que te criou como mãe, que te ama mais do que ama a própria filha...

— Você não sabe — interrompeu ele. — Não sabe como era viver com ela depois do atentado. Por anos ela ficou doente, Kristina. Eu era uma criança e ela jogava um peso gigante em cima de mim.

— Foda-se, ela te ama. Você devia dar mais valor pra isso.

— Como se fosse fácil! Eu sei que também tinha amor, e agradeço, mas toda vez que eu penso nela eu lembro daquela tortura psicológica.

— Tortura? — Kristina mordeu o lábio com força. Lembrou-se da caixa sem luz nem som onde Elinor tinha passado o que certamente foram as piores horas de sua vida. Pensou em Ronan, encarcerado por culpa de um grupo de monstros e morto nas mãos outro grupo de monstros.

— Não faz sentido a gente discutir isso agora. Eu já te disse por que tô aqui, agora é sua vez.

Ela olhou para as próprias mãos, respirou fundo, balançou a cabeça devagar de um lado para o outro com os olhos fechados como se negar o presente pudesse, de alguma forma, ajudar a destruí-lo. Mas não podia. Kristina estava encurralada. Sussurrou, ainda sem levantar a face para o primo:

— Só me leva pra casa. Por favor, Keiton, me leva pra casa.

Ele também respirou fundo, pesado, barulhento, antes de dizer:

— Responde minha pergunta. Por que você tá indo pra Melkan? Quem tá com você?

— Você não precisa fazer isso. Você não veio pra cá a serviço.

— Olha minha roupa. Kristina, levanta a cabeça e olha pra minha roupa. — Ela obedeceu. — Eu tô de uniforme. Eu sou um soldado de Kailan, sempre a serviço da nação.

Subitamente, Keiton se levantou e saiu em direção às escadas. A garota observou o movimento do primo e então olhou em volta, desorientada, como se tudo tivesse sido uma ilusão. Com pressa, tirou algumas notas do bolso e pagou ao barman, depois correu de volta para seu quarto. Elinor estava no aposento, revirando a mochila sobre um dos pufes. Kristina parou à porta. Ótimo! Mais um conflito para encarar.

— A Adriana tá com os meninos no outro quarto — disse Elinor. — Mas ela deve vir daqui a pouco, porque já são quase uma e meia e a gente pega a estrada bem cedo amanhã. — Kristina continuou parada. — Tá tudo bem?

— Parece bem?

Com um suspiro, Elinor se despiu de seu teatrinho.

— Tá legal, o Marko me contou por que você tá chateada. Mas a gente pode conversar.

— Chateada?! — Ela entrou no quarto e bateu a porta. — Chega a ser ridículo você falar assim comigo numa hora dessas.

— Você entendeu. Eu sei que a gente te deve desculpas e esclarecimentos, e a primeira coisa que eu tenho que te dizer é que não é fácil pra mim tomar as decisões que eu preciso tomar pro nosso plano dar certo.

— Eu não tenho tempo pra isso agora. Sério. A gente não pode mesmo sair durante o toque de recolher?

— Não dá.

— Ótimo. Perfeito.

Kristina bufou, levando as mãos à cabeça, contendo uma vontade imensurável de gritar. Elinor a olhava como alguém olha uma escultura feia de um escultor renomado.

De repente, as luzes se apagaram.

Elinor começou a ofegar instantaneamente. Inspira---expira, inspira--expira, inspira-expira. Parecia uma máquina em aceleração. O ruído era perturbador. Se ela continuasse assim, iria desmaiar.

— Calma! — disse Kristina, esticando o braço na direção de Elinor. Só depois se deu conta de seu gesto. Mas disse: — Segue minha voz. Eu tô aqui.

As unhas de Elinor foram as primeiras a alcançarem a garota, arranhando sua pele. Mas por que Kristina estava ajudando a assassina? Ao mesmo tempo, como não ajudar alguém tão indefeso?

— Continua falando, Kristina. — A voz estava frouxa, mas o aperto no braço da protetora estava firme. — Por favor.

— Tá. Tudo bem. Tá tudo certo.

Com certeza nada estava certo. Kristina suava frio. Tentou andar para perto das mochilas a fim de pegar uma arma, porém Elinor se manteve pregada ao chão e a ela, travando a garota.

— Eu tenho que ir até lá!

— Não!

Passos se aproximaram pelo corredor.

— Então vem junto. — Kristina abraçou Elinor e a puxou. Conseguiram alcançar os pufes.

Nesse momento, no quarto ao lado, um som de maçaneta rodando, um estrondo e barulhos de tiro. Kristina tateou as mochilas à procura de um zíper, mas aquelas porcarias eram pequenas demais e seria bem mais fácil se Elinor desimpedisse sua outra mão.

Então alguém entrou no quarto delas: uma silhueta grande e forte, usando um capacete. Kristina enfim abriu a mochila, pegou a arma, apontou para a silhueta, mas o soldado foi mais rápido e deu três tiros de pistola. De olhos espremidos, a garota continuou em pé com o braço esticado e o dedo sobre o gatilho, esperando a hora de cair sobre o próprio sangue e morrer. No entanto, só o que aconteceu foi que o aperto em seu braço se desfez e um corpo que não era o dela desabou no chão. Kristina voltou a abrir os olhos, mas nem as silhuetas das coisas existiam mais. Ela piscou várias vezes, procurando desembaçar a visão, mas não deu certo. Tremia, talvez pelo frio repentino que parecia ter se instalado no quarto. Sua boca estava seca e seu coração a espancava e onde estava aquela grande quantidade de ar que deveria existir no mundo? Parecia que de repente se tinha rarefeito, e a quantidade de oxigênio em um sorvo se reduzira à insuficiência. Ela olhou para o corpo aos seus pés. Inspirou profundamente para conseguir falar em um guincho irregular:

— Olha o que você fez, Keiton, ela não ia fazer nada.

Mas Keiton não emitiu nenhuma palavra. Ondeexatamente ele estava? Uma dor aguda surgiu na têmpora de Kristina. Ela perdeuos sentidos.

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