Chances (Português)

By lesbianshipper

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Camila e Lauren dividem o mesmo quarto no dormitório da faculdade, mas essa é a única coisa que as duas têm e... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo Final
Epílogo

Capítulo 35

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By lesbianshipper


Lauren ficou do lado de fora da porta do quarto a manhã toda. Ela sequer pensou em ir para algum outro lugar. Para onde ela iria às cinco e meia da manhã, de qualquer forma?

Ela sentou com as costas apoiadas na porta, exatamente do mesmo jeito que Camila estava do outro lado. Ela podia ouvir o som de sua namorada chorando baixinho o tempo todo, e apesar de isso ser difícil de suportar, ela não se levantou para ir embora dali. E se Camila precisasse dela? E se ela abrisse a porta de repente com lágrimas nos olhos e quisesse que Lauren a consolasse?

Mas Camila não fez nada disso. Ela não abriu a porta.

Lauren achou que não fosse possível ficar mais esgotada do que ficou ontem, mas ela também achou que Camila nunca a machucaria ou a trataria de forma tão fria quanto tratou. A vida ama provar o quanto Lauren está errada.

Chegou um momento em que Lauren adormeceu sentada contra a porta e se abraçando em uma tentativa inútil de esquentar seu corpo. Aquele corredor estava congelando. Ela acordou com o pescoço e os ombros doloridos, com os braços e as pernas arrepiadas e com o coração tão cansado quanto antes.

Lauren não sabe que horas são, mas imagina que seja por volta das oito da manhã, com base no número de pessoas que ela vê saindo de seus quartos para irem para suas aulas da manhã. Algumas dessas pessoas olham torto para ela, mas uma de suas colegas da aula de matemática parou e perguntou se estava tudo bem com ela. Lauren tentou fingir que não era nada de mais e que estava bem, mas qualquer um podia perceber que esse não era o caso. A garota amigável lhe lançou um sorriso solidário antes de continuar seu caminho.

Depois de cerca de meia hora, Lauren encosta o ouvido na porta e escuta Camila com atenção. A mais velha precisa voltar para dentro. Ela não pode ser expulsa para sempre.

Então com batidas hesitantes e cautelosas, Lauren chama. "C-Camila? Você pode me deixar entrar, por favor?"

Ela espera alguns momentos. Sem resposta.

"Por favor?"

Nada. Ela começa a pensar que talvez Camila esteja dormindo, mas então escuta o inconfundível som de sua namorada fungando. Na verdade, parece que Camila está bem diante da porta.

"Eu prometo que não vou falar com você nem nada." Lauren murmura com indiferença. "Prometo que vou te deixar em paz."

Depois do que pareceram horas, a porta abre lentamente e revela uma Camila exausta e com os olhos inchados. Há lágrimas recentes em seus olhos e o coração de Lauren quebra com essa visão, sabendo que sua namorada estava do outro lado da porta, chorando a noite toda e ela não estava ali para segurá-la e secar as lágrimas de seu rosto.

Lauren estava perigosamente perto de quebrar sua promessa e puxar Camila contra o seu corpo porque é assim que ela está tão acostumada a fazer, mas em vez disso, ela fica parada com os braços tensos ao lado do corpo.

Camila olha para o chão e dá um passo para o lado, permitindo que Lauren adentre o quarto. A porta fecha atrás das duas e Lauren observa tristemente Camila arrastar os pés até sua cama, entrando embaixo das cobertas e se encolhendo até ficar parecendo uma bolinha.

Por um milésimo de segundo, Lauren quis que Camila não tivesse deixado ela entrar. Vê-la nesse estado é tão doloroso que talvez fosse melhor nem ter visto.

Lauren quer fazer com que sua namorada fale e expresse seus sentimentos porque não quer que Camila sinta como se tivesse que lidar com o que quer que seja sozinha. Foi uma merda ser o alvo de sua raiva noite passada, mas Lauren está mais preocupada com Camila do que com si mesma. Camila não descontaria as coisas nela do jeito que fez sem motivo.

Lauren suspira sozinha e se encaminha ao banheiro para iniciar sua rotina matinal. Ela não tem nenhuma aula hoje, mas Camila tem. Porém ela tem o pressentimento de que Camila não irá deixar o conforto de sua cama no dia de hoje.

Ela sai do banheiro algum tempo depois e Camila ainda não se moveu um centímetro sequer. Lauren daria tudo para poder segurá-la nos braços, mas é bastante óbvio que Camila quer ficar sozinha nesse momento, então ela tem que respeitar a sua vontade.

Lauren pega suas chaves e seu celular e vê que recebeu uma mensagem de Normani cerca de uma hora atrás.

Normani (08:52): ally contou pra gente o que aconteceu mas eu não quis incomodar a camila. ela está bem?

Lauren já estava na metade da resposta quando se deu conta de que seria muito mais fácil falar sobre isso pessoalmente. Além do mais, ela mesma precisava de um pouquinho de conforto.

Lauren (09:45): estou indo aí agora. não tenho outro lugar pra ir mesmo

Normani respondeu alguns minutos depois, dizendo que Dinah também estava lá, o que não é surpresa alguma e também não é problema algum para Lauren. Quanto mais gente para consolá-la, melhor.

Ela está prestes a sair do quarto quando para no lugar e vira a cabeça para olhar para Camila mais uma vez. Ela quer dizer alguma coisa. Ela quer assegurar Camila que ela vai ficar bem, mas ela prometeu que não iria falar.

Seus olhos caem sobre a pilha de post-it em cima da escrivaninha e ela não hesita em caminhar em silêncio até lá e pegar um papelzinho. Ela pega uma caneta preta e escreve um bilhetinho.

Eu te amo muito e estarei aqui se você precisar de mim. Por favor, não se esqueça disso.

- Lauren

Ela cola o bilhete na tela do celular de Camila, que está sobre a mesinha de cabeceira ao lado de sua cama. Agora Lauren se sente um pouco melhor sabendo que foi capaz de expressar o que queria que Camila soubesse, mesmo sem falar coisa alguma. O importante é que ela saiba.

Lauren então se dirige até o quarto de Normani. O dia está nublado e cinzento e, infelizmente, o clima sempre influenciou muito em seu humor. Em dias assim, é inevitável que ela se sinta triste. Nos últimos meses, o clima não importou muito porque Camila sabia que os dias não tão bonitos eram os dias nos quais ela mais precisava de amor e carinho. Mas agora Lauren se sente mal porque Camila não está aqui para melhorar o seu humor.

Normani abre a porta depois de algumas batidas e olha para Lauren carinhosamente por um instante antes de puxá-la para um abraço. Lauren nunca foi boa em disfarçar como se sente.

A garota de olhos verdes se permite ser aconchegada pelo abraço acolhedor e apoia o queixo no ombro de Normani, os braços ao redor de seu tronco. Lauren avista Dinah vindo até elas, com os braços abertos, e quando vê, está sendo feita de sanduíche entre Normani e Dinah.

Ela sorri e ri pela primeira vez pelo que parecem anos. "Obrigada, eu precisava disso."

Dinah bagunça seu cabelo antes de passar o braço pelos ombros de Lauren e guiá-la para dentro do quarto. Todas elas se sentam juntas na cama com a de olhos verdes no meio.

"Eu não estou gostando do tom da sua voz e nem da sua carinha." Dinah franze o cenho. "Você está bem?"

Lauren dá de ombros. "Presumo que o Dylan e/ou a Ally contaram pra vocês o que aconteceu ontem." Normani e Dinah assentem. "Então, ela saiu correndo e eu fui atrás dela e ela estava morrendo de tanto chorar quando nós entramos no quarto. Eu a segurei por horas antes de ela chorar até dormir. Mas então essa manhã, eu fui ao banheiro pra ver como ela estava e do nada ela... tipo... nem sei o que aconteceu, pra falar a verdade. Ela estava sendo muito fria comigo."

Lauren faz uma careta com a lembrança, o tom amargo da voz de Camila soando em sua cabeça.

"O que você quer dizer com ela sendo fria?" Normani pergunta, colocando uma mão sobre a de sua amiga. "Ela disse algo em particular?"

"Ela estava... Agindo como se não me quisesse por perto. Eu tentei tocar seu ombro e seu rosto e ela se encolheu e começou a me atacar como se eu tivesse feito alguma coisa pra ela. Então ela disse, hum, que não queria falar comigo e me expulsou do quarto." Lauren explica tristemente.

Dinah, com seu braço ainda ao redor de Lauren, puxa a mais velha contra o seu peito e faz carinho em seu braço. "Sinto muito por ouvir isso." Ela sussurra de maneira sincera. "Acho que ela está muito abalada e não sabe como se expressar e está brava com a situação toda."

"E eu não a culpo." Normani se manifesta, apertando a mão de Lauren. "Porra, eu estaria puta com o mundo se eu fosse a Mila. Ela foi colocada em uma posição em que ela ou se assumia mesmo não estando pronta ou via o Dylan ser ridicularizado por algo que ele não fez. Ela estava entre a cruz e a espada. Não foi algo justo com ela e o fato da Alexus, a maior homofóbica do mundo, estar lá e presenciar tudo... É uma merda."

Lauren solta um murmúrio triste. "Eu sei, e eu me sinto horrível por ela ter passado por isso, então não a culpo de estar brava e chateada, mas eu estou confusa porque não sei o motivo pelo qual ela está puta comigo. Eu só quero ajudá-la, sabe? Eu quero segurar a mão dela e estar ao seu lado durante tudo isso, mas ela só me afasta. Vocês tinham que ver o jeito que ela me olhou hoje... Como se eu fosse a pior coisa que tivesse acontecido com ela."

"Não se atreva a dizer isso." Dinah diz de maneira firme, mexendo seu corpo para trás para poder olhar sua amiga nos olhos. "Nunca diga algo desse tipo, Lauren. Você e todo mundo aqui sabe muito bem que você é a melhor coisa que já aconteceu com ela e vice-versa. Eu não sei o que está acontecendo com a Mila, mas eu sei que ela te ama. Vocês sempre voltam uma pra outra. Só dê um tempo pra ela. Acho que é exatamente isso que ela precisa nesse momento."

Lauren lhe lança um sorriso agradecido. Ela sabe que Camila a ama, mas isso é algo fácil de esquecer às vezes durante as brigas que elas têm. Ela está feliz por Dinah ter feito ela se lembrar disso.

"Obrigada." Lauren a abraça carinhosamente. "Eu só sinto a falta dela. Eu estou acostumada a ser quem ela procura quando precisa de algo ou de alguém."

"Eu sei." Normani dá um tapinha no joelho de Lauren. "Ela vai voltar atrás. Pode ficar tranquila."

Lauren se sente um pouco mais esperançosa do que antes e se sente muito grata por Dinah e Normani. Ela sempre pode contar com suas amigas para o que der e vier.

"Espero que sim."

• • •

Lauren foi para o quarto de Ally logo depois para ver como sua amiga estava. Ela não teve a oportunidade de conversar com a menor sobre tudo que aconteceu no dia anterior.

Quebrou o coração de Lauren ouvir Ally contar que ela e Dylan estavam se sentindo muito culpados pelo que aconteceu. Ela falou que se os dois tivessem sido um pouco mais cuidadosos em manter as coisas em segredo, então Camila não estaria nessa situação porque eles não teriam sido flagrados aos beijos.

Lauren tentou ao máximo reassegurá-la de que não era culpa deles, mas era evidente no rosto de Ally que ela não estava convencida. Ela se sente totalmente responsável pelo que aconteceu.

Mas não é culpa de ninguém. As únicas pessoas responsáveis por isso são aquelas que metem o nariz onde não são chamadas e aquelas que fizeram Camila sentir tanto medo de se assumir. A maneira como Camila se sente é culpa dessas pessoas.

Lauren passou a maior parte do seu dia no quarto de Ally. Ela precisava de companhia, assim como Ally, então elas passaram horas assistindo filmes, ouvindo música, dançando feito idiotas e comendo porcaria. Só Deus sabe há quanto tempo ela não passava um tempo tão bom assim com Ally e ela sentia muita falta disso. Mas para alguém tão pequeno, a garota tinha energia até demais. Era como ser babá de uma criança de cinco anos de idade.

Passar o dia com sua amiga ajudou Lauren a esquecer da briga que teve com Camila, e ela se sente extremamente grata por isso. Se ela ficasse sozinha o dia todo, ela ficaria reprisando os acontecimentos da manhã em sua cabeça até enlouquecer.

Mas quando chegou a hora de voltar para o próprio quarto, Lauren estava quase com medo de ter que fazer tal coisa. Ela não quer voltar se Camila não a quer lá. É difícil sua presença não ser bem-vinda pela pessoa a qual você mais quer presente.

Porém Lauren sabe que não pode evitá-la para sempre. Elas vão ter que confrontar a situação mais cedo ou mais tarde. Então ela deixa de lado sua hesitação e seus medos e abre a porta.

Ela vê Camila sentada com as costas apoiadas na cabeceira da cama e com as pernas esticadas. Seus olhos estão fechados e seus fones estão cobrindo seus ouvidos, o som abafado da música que a mais nova está ouvindo vazando por eles.

Camila obviamente não ouviu Lauren entrar, então ela só suspira e resolve não dizer nada. Ela troca de roupa e escova os dentes antes de deitar na cama sem ser percebida por Camila.

Lauren nunca tinha se dado conta do quanto odiava dormir sozinha até dormir nos braços de Camila pela primeira vez.

• • •

Qualquer esperança que Lauren tivesse de Camila se alegrar e finalmente voltar para ela diminuía a cada dia em que a mais nova não dirigia uma palavra sequer a ela. Lauren não escuta a sua voz faz uns cinco dias e ela está ficando maluca.

Não é como se elas nunca tivessem entrado em brigas antes nas quais elas ignoravam completamente uma à outra, mas dessa vez nem chega a ser uma "briga" em que uma das duas fez alguma merda. Lauren ainda não faz a mínima ideia do porquê Camila está agindo assim com ela. Ela quer muito saber, mas teme que isso afaste a mais nova ainda mais.

Como se isso fosse possível.

Lauren sente a falta dela. Ela sente falta do seu toque, da sua voz, do seu beijo, do seu sorriso, de tudo. Ela ainda é a mesma Camila que sempre foi, mas ao mesmo tempo, ela não poderia ser mais diferente do que é.

Lauren, sendo a pessoa protetora que é, sempre observava Camila a uma certa distância pelo campus quando ela ia para suas aulas. Mas sua cabeça estava sempre baixa e seus olhos estavam sempre grudados no chão. Sua confiança radiante praticamente se reduziu a nada, mesmo ela não tendo nada a esconder agora.

Com base no que Lauren viu, ninguém a incomodou. Algumas pessoas olham para Camila um pouco mais que o necessário, mas é só isso. Ninguém que Lauren conhece mexeu com ela ou está fazendo-a passar por maus bocados. A única pessoa fazendo isso é ela mesma.

A cada dia mais em que elas não se falam é difícil, mas nesse dia em particular, Lauren se sente pior do que nunca.

É o aniversário de um mês de namoro delas.

Lauren chorou baixinho até dormir quando o relógio bateu meia-noite na noite passada e elas estavam em lados separados do quarto de costas uma para a outra. Ela não tem certeza se Camila ouviu, mas se ouviu, não se importou. Se elas não estivessem na situação em que estão, ela teria sufocado Camila com beijos e abraços, mas esse não é o caso.

Ela estaria mentindo se dissesse que uma parte dela não desejou que Camila tivesse mencionado alguma coisa hoje, mas a mais nova não falou nada. Nada no dia de hoje foi diferente da semana passada.

Lauren esteve distraída o dia todo porque estava preocupada com Camila. Ela não conseguia se concentrar em nada, não importava o quanto ela tentasse. Agora são oito da noite e ela está olhando para a parte de trás da cabeça de Camila, que está sentada em frente à escrivaninha, e não consegue mais segurar as lágrimas.

Como Camila consegue ser tão boa em não falar com ela? Como Camila consegue ser tão boa em ignorá-la? Como ela consegue ser tão boa em fazer Lauren sentir que ela não a ama mais?

Lauren limpa os olhos com a manga da camiseta e quando vê, está de pé e caminhando em direção a ela. Lauren lhe deu tempo e espaço para impedir que ela se afastasse, mas é exatamente isso que está acontecendo.

Ela funga e sua voz quebra ao chamar o nome dela. "Camila?"

A mais nova para de escrever em seu caderno abruptamente. Ela está ouvindo.

Lauren quer dizer muitas coisas para ela, mas a primeira coisa que escapa é um "eu sinto a sua falta."

Camila não se vira para olhar para ela nem tampouco diz alguma coisa, o que ofende Lauren muito mais do que ela gostaria. Às vezes o silêncio fala mais alto que as palavras.

"Você pode, por favor, me dizer o que eu fiz de errado?" Ela tenta arrancar algo de Camila, olhando para o topo de sua cabeça. Ela não consegue se lembrar da última vez em que a olhou nos olhos.

Os dedos de Camila começam a batucar na escrivaninha, um sinal claro de que ela está desconfortável e que ela quer que Lauren saia dali. Mas Lauren está cansada de não a incomodar. Isso foi tudo que ela fez a semana toda.

Agora a frustração toma conta de Lauren. Se Camila vai agir dessa maneira, ela ao menos poderia ter a decência de dizer por quê. A mais velha passa os dedos pelo cabelo de maneira agressiva, seu rosto ruborizado por conta da raiva. Ela tentou ao máximo ficar calma e ser paciente com Camila, mas ela não pode continuar esperando por algo que claramente não vai acontecer. Ela precisa resolver isso aqui e agora.

"Puta que pariu! Você não vai falar nada?" Lauren grita, liberando as palavras que estavam entaladas em sua garganta. Ela até poderia se sentir culpada por gritar, mas nesse momento, ela não poderia se importar menos com isso.

Ela é pega de surpresa quando Camila bate as mãos na escrivaninha de maneira agressiva e se levanta. Ela se vira e finalmente olha para Lauren com o rosto vermelho e visivelmente puta da vida.

"Que caralhos você quer que eu diga?" Camila joga os braços para o alto, exasperada. O tom venenoso de suas palavras faz Lauren dar um passo para trás. Ao menos ela finalmente conseguiu fazer Camila reagir.

"O que foi que eu fiz pra você ficar tão brava comig-"

"Tudo, Lauren!" Camila explode, trazendo seu rosto para perto do de Lauren. Ela consegue ver com clareza as lágrimas se acumulando nos olhos da mais nova e a exaustão e a hostilidade presentes em suas feições. "Você arruinou tudo."

Lauren franze as sobrancelhas e seu queixo cai em completa confusão e descrença. Ela dá mais um passo para trás, intimidada pela fúria de Camila.

"Do que... Do que você está falando? Eu nunca te fiz nada! Eu estive do seu lado desde sempre!"

"E é exatamente esse o problema." Camila responde sem pensar duas vezes. Ela nunca pareceu ou soou tão séria assim antes. "Você é o problema. Eu-eu estava perfeitamente bem sem você na minha vida e estava perfeitamente bem sem ninguém saber sobre a minha orientação sexual. Ninguém tinha problema nenhum comigo. Ninguém suspeitava de nada. Eu não me sentia de modo algum pressionada a me assumir. Até você aparecer."

Lauren não sabe de onde encontrou forças para ficar ali e ouvir aquelas palavras, cada uma delas parecendo uma facada no coração. Ela não consegue fazer nada além de ouvir tudo aquilo de cabeça erguida.

Camila trava a mandíbula e sua respiração fica cada vez mais irregular. E quando Lauren achou que Camila tinha dito tudo que precisava dizer, ela respira fundo e dá o golpe final no coração de Lauren.

"Me apaixonar por você foi uma das piores coisas que já aconteceu comigo."

Lauren tenta engolir o caroço que se formou em sua garganta enquanto fecha as mãos em punho, tentando não deixar escapar as lágrimas implacáveis em seus olhos e o soluço que está desesperado para sair. Ela arranca os olhos dos de Camila, sentindo como se estivesse prestes a desmaiar. O sangue está pulsando em seus ouvidos, mas não alto o suficiente para bloquear o som ensurdecedor das palavras de Camila se repetindo em sua mente.

O corpo de Lauren reage antes de sua mente e ela se vira, pegando suas chaves e uma jaqueta com as mãos trêmulas. Ela precisa sair daqui. Ela não consegue mais ficar nesse quarto na presença da outra.

Então Lauren olha para o rosto de Camila uma última vez, apertando as chaves de seu carro nas mãos enquanto algumas lágrimas escorrem de seus olhos. Ela não consegue decifrar a expressão de Camila, mas está certa de que Camila não está sentindo algo remotamente parecido com a dor agoniante que a está queimando por dentro nesse momento.

"Feliz um mês de namoro pra você também." Lauren consegue dizer antes de deixar o quarto.

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