48 HOURS

Від yixiuminn

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"Depois de 48 horas, somente um garoto estará vivo nessa casa." Більше

TEASER
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
EPÍLOGO
ANÁLISE DA AUTORA
ANÁLISE EXPLICATIVA
FANARTS

CAPÍTULO 5

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Від yixiuminn

"Líder!" Diz Chanyeol, com sua boca escancarada. Correndo escada abaixo, ajoelhou no chão, assistindo Junmyeon impotentemente. Jongin também fez o mesmo, correu e levantou a cabeça do líder para descansar em suas coxas, numa tentativa de parar o sangue jorrando de seu peito com a palma da mão um pedaço de vidro quebrado foi cravado na costela direita de Junmyeon, enquanto tudo o que fazia era ofegar pesadamente sem dizer uma palavra.

"Líder! Líder, você não pode morrer!" Chanyeol berrou ao perceber a respiração de Junmyeon ficando mais fraca. "Eu... Eu... Por que o Junmyeon?".

Baekhyun estava boquiaberto.

Jongin ergueu a cabeça silenciosamente, olhando para Baekhyun, depois para nós. Chanyeol desferiu um empurrão violento em Baekhyun, ao passo em que suas lágrimas caíam.

"O que você fez?!"

No mesmo instante, Baekhyun começou a soluçar também, balançando a cabeça, desacreditado.

Yixing agachou-se e segurou os ombros de Baekhyun. "Não se apresse para falar, o que aconteceu?"

"Eu vim procurar água." Ele encarou Yixing desesperadamente.

"Eu sei, e depois?"

"Eu andei pelos lados do sofá e vi uma pessoa... Usando um boné, de pé, ao lado do espelho com uma faca... E uma lanterna também..." Baekhyun gaguejava, incessantemente. "Ele olhou pra mim, segurou a faca ao lado do rosto e se aproximou..." Baekhyun disse, logo depois começou a chorar. "Daí... Daí ele... Estendeu a mão para mim... Então, eu o empurrei." Disse. "Ele caiu de costas, e o espelho se quebrou."

"Então, você o matou?" Tao perguntou.

"Não! Não! Não foi por querer! Não foi!" Baekhyun olhou para todos. "Ele se deitou no chão com a voz engasgada, disse algo que eu nem consegui entender..." Os olhos de Baekhyun tinham muita dificuldade de lembrar tudo o que havia acontecido na escuridão. "Daí, daí... ele rastejou na minha direção e pegou na minha mão..."

Ninguém disse uma palavra, estava bem claro o que havia acontecido depois daquilo. Baekhyun havia pego um pedaço do espelho quebrado e o dilacerado inteiro.

"Líder..." Sehun e Kyungsoo se amontoaram por cima. Não nos movemos, os dando o devido espaço.

Ainda assim, a respiração de Junmyeon acelerou, ele havia perdido a capacidade de falar e ficou apenas balançando a cabeça. Ele examinou, procurou por entre a multidão e subitamente agarrou as mãos de Jongin, como se quisesse dizer algo. Eventualmente, uma lágrima escorreu, e a respiração parou.

Aquelas eram, provavelmente, lágrimas relutantes porque, pelo que observei, não havia nenhuma faca no chão, só uma chave de fenda.

Luhan pegou a chave e o parafuso que havia caído do espelho quebrado, olhou para Baekhyun. "A faca da qual você estava falando deve ser isso aqui."

"Antes de subir hoje, Junmyeon me disse sobre as suspeitas de ter uma escuta atrás do espelho." Luhan continuou. "Ele não nos informou e veio checar sozinho."

"E porque você não disse isso pra gente?!" Jongin levantou seus olhos vingativos, Luhan estava sem saber quais palavras usar.

"Como o Luhan saberia que ele estava descendo? Você não pode simplesmente jogar a culpa em outra pessoa!" O tom de Tao ainda era o de alguém que não pensava antes de falar.

"Foi ele quem sugeriu para que não ligássemos as luzes, o que causou o mal-entendido por parte do Baekhyun!"

"Ei, cara!" Tao disse enquanto mexia nas mangas da camisa. "Tudo isso aconteceu por causa do Baekhyun, não tem motivo para nos culpar. No fim, é só o Baekhyun quem não confia em nós, ele acha que estamos por aí com sede de sangue no meio da noite!"

"Não é isso..." Baekhyun soluçou. "Eu pensei que fosse o psicopata..."

"A inocência e os erros do Baekhyun não são da sua conta." Chanyeol olhou para o chão ao invés de Tao. "O líder o perdoaria se não fosse intencional."

"É claro que não é da minha conta." Os olhos de Tao se tornaram vermelhos de novo. "Vocês todos nunca quiseram estar no mesmo time que eu."

"Huang Zitao, pare de falar!" Luhan vociferou em chinês.

"Se estivesse tão relutante assim em entrar no time, você poderia ter dito." Jongin comentou ao caminhar até a frente. "Não precisamos de você."

"Você acha que eu não quis dizer isso?" O olhar de Tao era provocativo, enquanto caminhava uns passos à frente.

"Você quer brigar?" Jongin o encarava com fúria.

"Você acha que ganharia?" Tao inclinou a cabeça, encarando-o de volta.

"Chega." Eu disse friamente.

Kyungsoo ajudou Baekhyun a levantar, seu rosto coberto de lágrimas. Ele se virou para espiar Junmyeon novamente. Yixing foi até Tao para puxá-lo para trás um pouco. Tao olhou para Yixing, enquanto o mesmo balançava a cabeça.

O olhar de Chanyeol não deixou Baekhyun, ao passo em que Jongin apenas ficou grudado ao chão, sem intenção nenhuma de se mover.

"Esse é mais um segmento do jogo." Eu disse para Jongin.

Luhan nos observou antes de se aproximar e puxar Jongin. "Vamos levá-lo ao porão."

Nos deixando com uma expressão queimando em rivalidade, Jongin deu as costas e carregou Junmyeon para o porão junto com Chanyeol. Luhan correu para ajudar a abrir as portas do porão. Kyungsoo abaixou-se para limpar os rastros de sangue. Alguns pedaços de vidro ainda estavam contra a parede, refletindo perfeitamente nossas faces de segregação.

Tudo voltou à 'calmaria' e claridade de antes. Chanyeol e o resto subiram novamente para o andar de cima. Agarrei-me a Luhan.

"Tem água no andar de cima?" Perguntei.

Ele balançou a cabeça impacientemente. "Eu chequei, não tem água nem no banheiro. Mas tem muito álcool, uma ampla variedade de bebidas."

Bebidas? Ficar bêbado realmente não era uma má ideia, mas se eu fosse ficar sóbrio logo depois, o relógio já teria zerado.

"Temos comida aqui." Yixing disse para Luhan. O encarei, tentando manter pra mim mesmo as preocupações que tinha.

"É mesmo?" Luhan tombou a cabeça, e continuou quieto.

"Você está com fome?" Yixing arregalou os olhos, perguntando com uma voz profunda, tensa.

Alguns anos atrás, Yixing havia recebido ordens para perder peso na intenção de se preparar para o debut, Luhan havia comprado escondido pacotes de macarrão instantâneo para ele. Na época, ele costumava dizer: "Você deve estar com fome." no mesmo tom exato.

Algumas coisas haviam inconscientemente se tornado hábitos.

Luhan levantou o olhar a Yixing, enquanto ele pegava na mão de Luhan e corria para a cozinha. Eu fui atrás, assistindo-o abrir a geladeira e procurar por um sanduíche. "Só tem os congelados, coma rápido, coma aqui."

Luhan olhou para Yixing, pegou o sanduíche e começou a devorar. Ele se forçou a mastigar e engolir em uma velocidade muito alta, revelando um sorriso que não se via em um bom, bom tempo.

Aquele sorriso tolo, de sobrancelhas franzidas.

"Você quer outro?" Yixing apontou para a geladeira.

"Estou tranquilo." Luhan limpou os cantos da boca. "Se eu não subir logo, eles vão começar com a suspeitar." Luhan virou a cabeça para me olhar. "Obrigado."

Afinal, ele estava meio distante de mim. Mesmo que tenha sido só um sanduíche, achei o agradecimento desnecessário, eu ainda o devo refeições.

"Você quer levar um para o Tao?" Ele manteve o olhar em mim.

"Esquece, é arriscado demais." Ponderei um pouco antes de falar. "Além do mais, ele está acostumado a ficar horas sem comer, por causa da dieta." Isso fez eu me lembrar das vezes em que Tao enchia meu saco pedindo batata frita de madrugada em nosso dormitório, no passado.

"Então, eu vou indo." Luhan deu a Yixing um tapinha nos ombros, deixando clara a sua saída ao acenar com a cabeça para mim antes de subir, nos deixando na cozinha.

Na noite escura, com dependência do brilho emprestado da luz da lua, parecia que eu havia retornado ao inverno de cinco anos atrás, no festival de primavera lunar.


-


Naqueles tempos, Yixing ficava exatamente do mesmo jeito na cozinha. Dependente daquela iluminação escassa, ele se vangloriava das expectativas e esperanças que havia trazido consigo para a Coreia, e de quantas pessoas estavam presentes no dia de sua partida.

"Meu diretor mencionou durante a reunião, que eu estrearia na Coreia e que um dia teria minha própria rede social!" Ele disse, satisfeito e confiante com aquelas covinhas. "Eu vou conseguir, com toda a certeza, senão, eu definitivamente não volto!"

O antigo Yixing era cheio de falácias, diferente da pessoa quieta e serena de hoje.

"Eu sou diferente de você, que se tornou tão incrível, e eu sou diferente dos que conseguem administrar as coisas direito." Ele abaixou a cabeça. "Eu preciso ser bem sucedido em algum aspecto. Não, o melhor, pra ser exato."

"Quantas pessoas estavam lá por sua causa?" Perguntei. Ele colocou os dedos debaixo do queixo, começando a resgatar suas memórias. "Mamãe, papai, meu avô, minha avó, pessoas das artes liberais na escola, e as pessoas da minha sala também, meu professor, o professor que me ensinou a cantar e alguns outros alunos..."

"Quantas dessas pessoas você acha que são minhas fãs?" Sorrio para ele.

"Está querendo dizer que são mais suas fãs do que minhas?" Ele fez bico.

Abaixei a cabeça, sorri e a balancei. "Imagina."

Pra ser sincero, não queria parecer tão patético assim, eu só tinha a intenção de fazer uma piada idiota.

Yixing dançava igual louco, sem dúvidas. Ele era sempre o primeiro a chegar todos os dias e o último a ir embora. Ele dançava mesmo quando os outros estavam dormindo ou se reunindo para o almoço, mesmo quando as pessoas relaxavam e se divertiam, ele estava dançando. As pessoas que o rejeitaram não tiveram escolha a não ser começar a notá-lo, vendo um trainee chinês como ele treinando e suando no estúdio com seu cabelo despenteado, resistindo àquela enorme pressão.

"Yixing realmente gosta de dançar." Disse Chanyeol, que comparecia às mesmas aulas que eu.

"Ele está mesmo desesperado para debutar." Kyungsoo sussurrou para Junmyeon, e eu acidentalmente ouvi enquanto passava por perto.

No inverno de 2010, certas coisas mudaram. Ele parecia ter ficado mais calmo e silencioso. Uma vez eu entrei no banheiro e vi uma garrafa de vinho, junto ao seu eu sóbrio.

O que eu achei estanho, pois ele costumava ser bem cauteloso, evitando qualquer violação de regras.

Erguendo a cabeça para me ver, ele riu. "Acha que estamos sendo insensatos?"

Tirei a garrafa de suas mãos, sentei ao seu lado e comecei a beber.

"Eu terminei com ela." Ele disse sôfrego.

"É só um término, algo que estava fadado a acontecer mesmo." Eu disse.

"Eu estive dançando desde... desde que perdi tudo... Vou conseguir debutar mesmo assim?"

Me mantive em silêncio, olhando para ele que estava com o rosto pálido depois de se afogar em tanto álcool.

"Se eu não conseguir debutar... O que vou fazer...?" Ele riu um pouco. "Eu nem terminei o ensino médio."

"Se isso acontecer, você não vai ter nenhum arrependimento. O mesmo serve pra mim." Encarei a tal garrafa de vinho.

"Cinco anos." Ele levantou os dedos. "Estou me dando cinco anos... Se eu não debutar nesse tempo, vou voltar pra casa."

"Voltar pra casa por quê?" Perguntei.

"Procurar um emprego, me alimentar." Ele abriu um sorriso. "Olha pra minha cara... Eu seria bem sucedido como um dançarino de bar?"

Olhei para ele e balancei a cabeça em ignorância, "Esse, é meu negócio... Se quisesse competir, precisaria de uma plástica ou duas."

"Ei." Ele sacudiu os dedos, também em ignorância. "Você como um dançarino de bar? O negócio não daria certo."

Eu sorri e balancei a cabeça enquanto o erguia do chão do banheiro e o arrastei até a porta para ver a garoa que caia lentamente lá fora.

"Você tem um cigarro?" Ele me perguntou com olhos avermelhados.

"Pensei que não fumasse." Eu disse.

"Me dá um." Ele disse ao buscar em meu bolso o maço de cigarros já pela metade, pegou um deles e colocou na boca, depois procurou pelo isqueiro. Precisou de uma eternidade para acender.

"Dá aqui." Peguei o isqueiro de suas mãos e acendi o cigarro para ele, enquanto o via tossir e se engasgar.

Estendi a mão para pegar um também, e logo o acendi.

Naquela noite, na qual o futuro parecia totalmente imprevisível, nós dois sabíamos que havia sido a melhor noite de todas.


-


Da cozinha, os olhos de Yixing seguiram Luhan escada acima até o quarto. Encostando-se contra a superfície da mesa da cozinha, observei Luhan voar até o segundo andar, cumprimentando Chanyeol e dando soquinhos nas mãos de Jongin. No breu, Chanyeol e Luhan se viraram, falando em um tom que consideravam baixo para continuar com a conversa sobre aquele assunto.

"Baekhyun nunca faria uma coisa dessas, eu não acredito." Ele sacudiu a cabeça, comentando em uma voz assertiva.

"Ele nunca faria, mas alguém o faria fazer isso." A voz de Jongin era medianamente cautelosa.

Chanyeol congelou por segundos, deixando cair o queixo. "Está dizendo que... Kris..."

Jongin o encarou, e virou-se para olhar em volta. "Você poderia falar mais baixo?!"

Chanyeol cobriu a boca, seu rosto se tornou estático por um momento, "Kris... Nunca faria uma coisas dessas... Quando o assunto é matar, ele provavelmente faria pessoalmente."

Isso me abalou por um momento. Chanyeol era alguém que treinou comigo por muitos anos, provavelmente havia levado as mesmas broncas que eu recebia nas aulas, quase sempre. Era inacreditável que me julgasse como portador de um intelecto capaz de mandar alguém cometer um assassinato.

"Então quem teria sido? Não pode ser o Kyungsoo ou o Sehun que obrigaram Baekhyun a matar o líder, eu não acreditaria, nem se eles fossem loucos...", Jongin sussurrou.

"Ei... Em comparação..." Chanyeol afundou-se em pensamentos profundos. "Parece que Kris é o mais suspeito...".

Imaginei sua expressão de retardado, baixei a cabeça e segurei a risada.

"Ah, espera, tem o Yixing!" Chanyeol exclamou como se houvesse achado um novo caminho e recebeu outra olhada de Jongin, que cobriu sua boca novamente e o alertou. "Luhan está no quarto atrás de você, então por favor fale mais baixo!"

"Além disso, Yixing... É o líder." Chanyeol disse com a voz aprofundada.

"Esse garoto..." Jongin negou com a cabeça. "Seu único inimigo é ele mesmo." Ele levantou a cabeça para encarar o teto. "E daí se ele é o líder? Você é o líder, mas é igualmente inútil."

Chanyeol deixou a cabeça tombar para frente e brincou com os próprios dedos, lançando um olhar magoado para Jongin.

"Eu não acho que qualquer um seria capaz de fazer aquilo..." Chanyeol disse meio confuso, seus olhos pareciam um monte de janelas, intocadas apesar do vento. "Talvez as coisas não sejam assim, tão complicadas."

Jongin baixou a cabeça em silêncio.

"O líder desceu para checar o espelho, Baekhyun saiu e o encontrou. Estava tudo muito escuro, e ele estava assustado..." Chanyeol continuou. "Ele perdeu a compostura e empurrou o líder contra o espelho."

Chanyeol correu as mãos pelos cabelos.

"Conheço Junmyeon há seis anos." Jongin sussurrou. "Seis anos e ele nunca me olhou com aquela expressão de hoje mais cedo... Como se quisesse muito dizer algo..." Chanyeol tocou suas costas.

"Se esse jogo for real." Ele levantou a cabeça. "Eu definitivamente não vou morrer antes daqueles caras."

Eu sabia.

No meio daqueles caras, havia eu.

Eu estava relutante em continuar escutando e, logo quando estava prestes a voltar para o quarto, Baekhyun gentilmente abriu a porta e saiu, na escuridão total. Ele parecia estranhamente quieto. Chanyeol foi obviamente alarmado pelos movimentos e sons, então olhou para aquela direção. Quando percebeu que era Baekhyun, ignorou as tentativas de Jongin de segurá-lo e desceu correndo os degraus com suas pernas longas. Ele abraçou Baekhyun e tentou levá-lo para o andar de cima, Baekhyun hesitou por um momento, mas acabou o seguindo.

Andei até o quarto para ver Sehun e Kyungsoo, que estavam obviamente adormecidos e Yixing que se empoleirou junto aos parapeitos das janelas. Andei até sua direção e sentei ao seu lado.

"Estou com tanta sede." Ele disse.

"Se você dormir, não vai mais sentir sede." Respondi.

"Eu posso estar morto amanhã então dormir hoje não vale a pena." Ele encarou o céu através da janela, havia uma quantidade anormal de estrelas. Mas claro que deve ter sido meu inconstante hábito de olhar para o céu.

"Isso é imprevisível." Dei tapinhas em suas costas e o olhei. "Talvez você viva até o final."

"Uma pessoa como eu?" Ele olhou para si mesmo em desdém.

"Que tipo de pessoa você é?" Perguntei brincando.

"Sou o tipo de pessoa que morre primeiro." Ele expressou sua maior confissão. "E minha sorte tem sido muito ruim ultimamente, semana passada meu relógio deu problema, semana antes da semana passada, minha casquinha de sorvete quebrou e caiu no chão..." Por mais que seja difícil comparar os dois incidentes com esse último, finjo ser compreensivo e o dou outro tapinha em suas costas.

"Até agora eu me recuso a aceitar o fato de que não vou conseguir comer uma boa refeição antes de me encontrar com a morte, se pelo menos eles soubessem os anos que passei fazendo dieta..."

Enquanto ele falava sobre sua gula, meu coração começou a se sentir estranhamente calmo.

"Faz mais de um ano desde que estive em casa e nem recebi meu salário do mês passado..." Com suas reclamações incessantes, ele basicamente enfatizou a teoria de que a morte veio no momento errado.

Me apoiei na janela e apontei para fora, "Olhe, pelo menos a noite está bonita hoje."

Na pausa seguinte, ele me perguntou. "Se você fosse a pessoa que vai sobreviver, o que faria depois de sair daqui?" Seus olhos acenderam, se assemelhando às estrelas.

"Eu teria uma vida normal." Respondi.

"E como você teria uma vida normal?"

"Provavelmente... Comendo, dormindo e bebendo." Prometi. Se fosse o eu do passado nessa situação, provavelmente teria deixado o 'bebendo' de fora.

"Ei..." Ele descansou as mãos atrás da cabeça, revelando suas duas covinhas. "Se você fosse morrer amanhã, você provavelmente deveria estar dormindo e comendo hoje, tirando o fato de que não pode beber água."

"Esse pode não ser o caso." Eu sorri e respondi.

"Se amanhã for o dia da minha morte..." olhei pela janela. "Eu provavelmente procuraria alguém pra beijar."

Yixing congelou por dois segundos e riu. "Infelizmente, sua personalidade mudou negativamente nos últimos anos, com todos os hormônios masculinos."

"É por isso que eu não vou morrer." Eu disse.

"Olha, tem um mosquito fêmea aqui!" Ignorando meu olhar de desprezo, ele continuou a apontar para mim.

"Tem certeza de que não vou beijá-la até a morte?"

"Se você realmente não conseguir, Luhan pode ser capaz de ajudar.,." Ele disse fervorosamente, dando todas as suas sugestões construtivas.

"Sou exigente." Ajeitei o colarinho.

"Parabéns por pedir a minha mão depois de todos esses anos." Ele sorriu.

Fiquei estático por um momento antes de chutá-lo, dizendo. "Seu idiota, não fale isso com segundas intenções." Yixing me deixava calmo até em uma situação fodida daquelas que nós nos encontrávamos, impressionante.

A conversa de Baekhyun e Chanyeol continuou exatamente como nos velhos tempos. Falhei em me lembrar da conversa, e não tinha lá muita certeza de qualquer razão para abrir minha boca. Era como se eu pudesse falar com o ar a qualquer hora, porque eu sabia que ele iria responder. Eu podia quase imitar Zhang Yixing.

"Eu vou parar de falar." Ele fechou os olhos e disse.

"Por quê?" Perguntei.

"Porque preciso conservar minha saliva." Continuou falando com os olhos fechados. "Conversar com você não me oferece escapatória, preciso me salvar."

"Parabéns pelo seu perfeito método autodidata." Eu disse. "Todos têm algumas facetas boas."

"Por que eu não escolhi o Luhan então?" Ele fechou a cara.

"Você poderia ter guardado isso pra você." Pisquei. "Falar isso foi desnecessário."

"De acordo com a sua habilidade intelectual, você levaria uma surra dos outros em pouco tempo." Ele disse duramente.

"Eu sou maior, levaria um tempinho para ganharem de mim." Eu disse meio descontente. "O mais fácil de ganhar seria você, máquina da dança."

"Ah, claro, máquina da repetitividade...", ele me encarou atenciosamente, "Qual dos seus coleguinhas pode nos ajudar a espionar um pouco?"

"Chanyeol...?" Revirei os olhos. "Por que você não vai procurar o Luhan?"

"Por que você não vai procurar o Tao?" Ele apertou os olhos, apoiou-se em mim e bocejou.

"Você acha que Tao falaria comigo? Eu iria se ele não quisesse me socar." Puxei um cobertor para perto e cobri seu corpo.

"Se você fez algo de errado, você merece uma punição." Vociferou, nunca falhando em me dar conselhos sinceros no momento certo.

"Você vai dormir?" O olhei. "Com menos de quarenta horas pra viver, você está se preparando para dormir logo antes da morte."

"É um instinto humano, como beijar." Ele disse e fechou os olhos. "Pessoas que morrem no sono são as mais abençoadas."

"Se alguém vier te matar, eu não vou salvá-lo." Continuei.

"Beleza, te vejo no céu." Ele resmungou.

"E se fosse eu quem te matasse?"

"Daí você iria pro inferno..."

Não me importei com aquele olhar de desprezo em seu rosto, na verdade, eu ri. Estávamos acostumados com esse tipo de provocação um com o outro.

Yixing finalmente adormeceu, inverti seu corpo para que ficasse contra o criado-mudo e sorrateiramente saí em direção ao banheiro. No breu total, observei enquanto Baekhyun se deitava ao lado das taças de vidro na sala de estar, incerto de suas ações. Deixei uma jarra para ele na porta do quarto, e em cerca de uma hora ele levantou e andou até o banheiro.

Baekhyun ligou as luzes, me apoiei contra a porta para assisti-lo se aproximar do espelho, pegar um delineador e começar a desenhar naqueles olhos cuidadosamente. Ele continuou com o olho direito, depois o esquerdo e ocasionalmente retirando alguns traços errados, como se estivesse se preparando para uma performance, no momento.

Abaixando a cabeça, reprimi a sensação peculiar em mim e, sem conseguir pensar em qualquer ideia, deixei a porta aberta e fui me esgueirando de volta para o quarto.

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