Provocando Amor - Série Endzo...

By MariaFernandaRibeir2

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A vida de Peter é uma montanha-russa. Desde que engravidou a tia mais jovem do melhor amigo, as oscilações na... More

Prólogo
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Epílogo

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By MariaFernandaRibeir2

Peter

Semana após semana, o nível de coisas para fazer só aumentava. Consegui que a Noelle pudesse conversar com a amiga no telefone por um tempo curto, mas o suficiente para eu ganhar um beijo cheio de paixão e felicidade. Consegui passar mais tempo com a minha garota e com a minha filha, além de passear com a Amigão toda tarde, quando ela estava mais tranquila e não me puxava na direção do parque. Consegui enviar tudo que precisava para a faculdade antes da Ação de Graças. Conversando com o Marcus, consegui um emprego em Boston, que pagava bem.

Tudo estava certo, até o dia do aniversário da Gwen. Como de costume, comprei um bolo e algumas guloseimas para ela ter uma festinha na escola, com os amigos dela e voltei pra casa. Estava resmungando por precisar tirar umas plantinhas da Amigão, que continuava se aventurando em outros quintais, quando ligaram da escola da Gwen.

— Como assim chorando, Natasha?

— Alguns alunos mais velhos viram a comoção pelo aniversário dela, e descobriram que era sua filha. Fizeram comentários bem feios sobre como em breve ela nunca mais veria o senhor, como ela ficaria sem o pai e a mãe, por supostamente você ir para a prisão novamente, e vandalizaram a festinha. É de partir o coração, senhor, mas ela chora mais pelo bolo, que foi completamente destruído. Diz que só queria um pedacinho.

— Certo. Os pais destes alunos também foram chamados?

— Não, senhor. Os professores avaliaram que não houve necessidade.

Não houve necessidade! Engraçado que, quando as vítimas são filhos de pessoas mais influentes, até um pisão no pé é motivo para chamar os responsáveis do desavisado sobre o tênis sagrado. Desligo, frustrado por ter que manter a Gwen nesse lugar por mais três semanas. Depois disso, iremos para Boston, onde espero que as pessoas parem de tratar as crianças pelo nível financeiro dos pais. É a sexta escola que a Gwen estuda em três anos, e é sempre a mesma coisa.

Pego as chaves do carro, e abro a porta de casa no exato momento em que a Noelle bateria à porta, e quase ganho um soco no ombro.

— Ei gata. O que foi?

— Estava pensando de irmos ao cinema. Você está saindo?

Explico por alto para onde vou e vejo o humor dela mudar.

— Que tipo de escola é este? — resmunga — Nem na Lincoln que era uma baderna diária eles toleravam isso.

— O tipo de onde vou tirar minha filha agora. Quer vir comigo?

O laranja do cabelo dela desce para alimentar o fogo raivoso do olhar quando assente. Há algo que ela não me fala no caminho, e eu não pergunto também, mas descubro o que é assim que pisamos lá.

— Senhorita Bertrand, que honra é vê-la aqui! Seu pai contribuiu muito para a reforma da nossa escola. O pátio está pronto para receber as crianças agora e... — a fala da funcionária morre quando me vê ali. — Como posso ajudar, senhor? Deveria ter ligado antes, temos uma visita importante hoje. — aponta a Noelle, como se ela fosse uma das pessoas mais importantes do mundo para ela também, e não só uma fonte de dinheiro.

Resmungo xingamentos em alemão.

— Na verdade, eu não vim visitar. Vim buscar a minha filha, Gwen Patrowski, cujo ele é o pai. Você deve saber quem é, a criança que pode ser o alvo, já que o pai não pode pagar pela proteção dos professores? — a Noelle se coloca à minha frente, tampando parte de mim para a mulher.

— E-eu não sabia que você era a mãe, senhorita...

— E isso importa? Não sou eu quem estou estudando, mas sim uma criança que é a pessoa mais doce e pura que já conheci. Uma criança, que deveria receber o mesmo tratamento, já que isso é uma escola para forjar humanos. Uma criança, e isso já basta para vocês criarem o mínimo de coragem para protegê-la.

A mulher se afasta murmurando que vai chamar a professora e buscar a Gwen, e eu arqueio uma sobrancelha.

— Sua filha, uh?

— A menina me deu um band-aid quando eu bati a cabeça na semana passada. Já fui inocente a este ponto, e dei um band-aid para uma pessoa que havia sido baleada. Eu não posso deixar fazerem com ela o mesmo inferno que fizeram comigo na França. Só tive coragem de voltar para a escola aos dez anos, após seis estudando em casa. Se para isso ela precisa de uma mãe, então estou bem aqui.

Nem discuto, o olhar dela é feroz demais para eu, um mero mortal, ousar falar algo. Ela cansa da demora, e vai ela mesma atrás de um responsável da escola, e eu fico esperando a coisa mais preciosa da minha vida aparecer. A Gwen aparece no colo da professora de artes.

— Eu não quero a mamãe, tia. Quero o papai. Eu tô com o papai agora, a mamãe vai ficar muito bava por eu não ter feito nada. — chora.

Liebe. — chamo — Eu estou bem aqui, mein Schatz.

— A tia disse que a ma-mamãe tava aqui. — soluça, vindo para o meu colo e quase choro junto com ela.

— É a Noelle, liebe. A mamãe está presa ainda.

Ela chora o resto das lágrimas antes de dormir no meu ombro, esperando a Noelle voltar. Ela volta com as mãos cheias de tudo que comprei para a festinha da Gwen.

— Se ela não vai comer, ninguém vai. — resmunga.

— O que você estava fazendo?

— Deixando bem claro que a minha família não apoiaria mais um lugar onde a hierarquia social é mais importante que o humanismo. Eu sou a prova do quão errado isso é, olhe para mim! Traumas de infância que me perseguem até hoje, me fazendo ser agressiva e perder oportunidades. Não vou deixar isso acontecer se posso impedir.

— Tudo que vejo é uma futura veterinária e uma namorada incrível, não consigo enxergar mais que isso.

Ela para de marchar para me beijar, o que é difícil já que sou mais alto e estou com uma criança no colo, mas ela consegue.

— Você é um pai, mecânico e detetive incrível. E claro, o melhor namorado que existe. E agora temos uma festa a fazer para a nossa filha.

Sorrio.

— Você é um inferno de uma mãe boa. Em que momento decidiu que ela era sua?

— No momento que ela precisou ser minha. Que saco, crianças deveriam ser mais legais hoje em dia, elas têm literalmente tudo que a gente sonhava.

— Nós também tivemos tudo que nossos pais sonhavam, ter não é a chave. Ser é.

~~~~~

Com a Gwen no carro, vamos até o restaurante da Jeanne para termos um almoço especial de aniversário para ela. Antes de sairmos do carro, porém, a Noelle pede para dizer algo a Gwen.

— Gwen, eu também não tenho a mamãe que me colocou no mundo por perto. Mas a Jeanne fez isso por mim e me educou como pôde. Só depois ela conheceu o Maurice, e aí eles viraram os meus pais. Acredito que a nossa relação possa ser assim, então, se você quiser me chamar de mamãe agora...

A fala dela é interrompida por um soluço da minha filha. Em pânico, a Noelle olha para mim em busca de ajuda. Sabendo que não é um choro triste, mas sim emocionado, peço licença, saio do carro e tiro a minha menininha também.

— Ei liebe, tá tudo bem. Pode chorar, não precisa ter vergonha. — digo ao ver que ela tenta se esconder — Eu sei que são muitas emoções para um dia só. Você confia no papai quando digo que está tudo bem agora? — ela responde um "sim" abafado.

Converso com ela por muito tempo, e no meio disso a Noelle sai do carro e aponta o restaurante, indicando que vai esperar lá. Assinto e continuo conversando com a minha filha.

— Eu te amo, papai. — ela me abraça apertado, limpando o nariz na minha blusa.

Faço cócegas nela por sujar minha blusa, mas respondo.

Ich liebe dich, Schatz. Você mudou a minha vida de muitas maneiras diferentes, e nenhuma delas foi pra pior. Nunca. Tive medo de você, sabia? Mas você me mostrou que o medo se combate com a coragem e com amor. Agora vamos entrar, estou morrendo de fome!

Ela diz que quer muito comer batata frita, e eu rio, ela sempre quer comer batata frita no aniversário. Abro a porta do restaurante e congelo.

— Surpresa!

Cada pedacinho do restaurante está enfeitado como nas festas que sonhei em poder dar pra Gwen. Há uma mesa de doces, decoração de futebol americano e muitas referências à Capitã Marvel, a heroína preferida da minha menina. Agacho no chão, chorando, sem acreditar no que está acontecendo.

— É uma festa pa mim, papai! É uma festa pa mim!

Ela sai correndo pelo lugar, dando risada de cada coisa que me pedia e eu nunca pude dar. A Noelle me abraça do jeito que consegue, já que ainda estou agachado.

— Eu vi um caderno na sua casa com tudo que a Gwen pediu para você nos últimos aniversários, e já que podia fazer, conversei com a minha mãe e fiz. Me desculpa por ter pegado sem avisar.

— Te desculpar, Noelle? Olhe para a Gwen e me diz se eu preciso te desculpar.

A menina está batendo palmas no colo da Jeanne, enquanto o Maurice fala algo para ela.

— Depois que você ligou dizendo o que fizeram na escola, eu fiquei desesperada porque esperava ela aqui só no final da tarde. Algumas coisas ainda não estão prontas, mas acho que foi bom ela ter saído de um ambiente como aquele para cá.

Sem ter palavras para dizer, beijo a garota com todo o amor que sinto. Fico perto dela, observando a Gwen descobrindo os detalhes da festa e periodicamente vindo até nós para contar sobre cada um. A ruiva inclina a cabeça para trás, olhando para mim.

— Você tem notícias da mãe dela?

— Não. — suspiro, frustrado por isso — Está presa, mas é tudo que sei. Inúmeras acusações pesam contra ela, e eu não me surpreenderia se pegasse prisão perpétua.

Ela olha para o meu rosto.

— E por que você está triste por isso?

— Ela é a mãe da Gwen, e conseguiu por algumas semanas ficar limpa depois que ela nasceu. É uma boa pessoa quando não está sob efeito do que for. Tem um trabalho. Uma família. Uma vida inteira que vai jogar fora por ter conhecido um idiota que estragou tudo.

Soltando-se do meu abraço, ela me encara de frente.

— Você gosta dela, Peter?

— Não do jeito que a sua pergunta sugere, Rothaarige, mas sim. Eu gosto da Vivian, e sei que ela poderia ter sido muito mais, mas escolheu outro caminho. O fato de ter sido uma escolha dela pesa demais, o que é diferente da minha irmã, que foi aliciada a participar deste mundo horrível dos entorpecentes.

Quieta, ela olha pra mãe trazendo mais um presente para a Gwen.

— Se ela aparecesse aqui, limpa e saudável, você ficaria com ela?

Não é uma pergunta ciumenta, e percebo isso. É uma questão protetiva. Solto os braços cruzados dela e puxo-a para perto.

— Nunca. Se estou com você, Noelle, então estou com você. A Vivian tem os problemas dela e eles batem de frente com os meus, como água e óleo. Já tentei fazer dar certo, não deu, segui em frente e encontrei uma ruiva que faz uma ligação direta que me encantou. — o meu sorriso sugere o que eu queria dizer, mas não disse pelas outras pessoas perto.

Ela revira os olhos.

— No dia que você mudar, Peter, eu juro por Deus que aquele planeta que inventaram estar em rota de colisão com a Terra nasce e explode tudo aqui. Então, por favor, evite o Nibiru e não mude nunca.

Sem fazer ideia do que é Nibiru, prometo só não mudar. Apesar da minha filha achar que sou parecido com um tal de Loki por ter origem nórdica e, segundo ela ele e eu termos jeitos parecidos de fazer algumas coisas, entre elas sermos criativos em situações sem esperança, eu não sou capaz de desviar um planeta do nosso. E nem quero ser capaz disso.

Qual é o melhor anti-herói dos quadrinhos e por que o Loki?

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