O Campeonato (AMOR EM JOGO)

By Marciamcl

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Yanni é a filha mais velha entre três meninas. Com seus dezessete anos o seu único sonho é passar oficialment... More

Nota da autora
Prólogo
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By Marciamcl

Ter acesso as redes sociais ou outros meios de comunicação certamente é algo positivo, mas que muitas vezes pode nos afetar de forma negativa diante da vida que vivemos.

            Yanni encontrava-se em um turbilhão de pensamentos nos quais o aspecto principal referia-se a ela e sua família. Como seria deixá-los para seguir seu sonho? Como seria desejar estar em outra cidade, a quilômetros de distancias de seus pais e suas irmãs? A única conexão que haveria entre eles caso possível, seria por meios de ligações, ou então mensagens trocadas em redes sociais e em último caso cartas.

            O seu maior medo era a rejeição que estava prestes a vir à tona. Tinha toda a certeza do mundo que seus pais não reagiriam bem com a notícia que a filha durante todos esses três anos jogava futebol escondida na escola. Ou então, que havia tomado a decisão sozinha de ir embora de casa.

            Ela não estava os abandonando, não tinha nada a ver com isso. Yanni estava apenas fazendo o que seu coração mandava, por pelo menos uma vez na vida havia decidido deixar de lado a opinião alheia para preocupar-se somente com a dela.

            Preferiu não compartilhar a notícia de que os olheiros estariam nas próximas semanas tratando de seu futuro. Uma porque não queria magoar ninguém, principalmente sua melhor amiga Lola, já que mão havia obtido notícias sobre uma possível conversa com ela também. Segundo porque quanto mais pessoas soubessem, sentia que haveria mais chances de algo dar errado.

Yanni não conseguiu ficar parada em seu quarto por muitos minutos, antes de escutar sua mãe chamando-a no andar de baixo. Agora começaria a grande limpeza que não parecia ter fim.

Por sua mãe ser extremamente religiosa e passar praticamente todos os dias na igreja, vários quadros e decorações na casa eram religiosas. Ela começaria a espanar um por um, quanto mais limpo melhor.

— Estive pensando... no fim de semana terá um retiro em nossa igreja, você poderia ir também. — Sua mãe comentou, utilizando um tom de afirmação como se não houvesse alternativas a serem tomadas.

— Não irei conseguir. — Yanni negou pensando em uma mentira. — Sabe que na outra semana tenho provas e que preciso terminar vários trabalhos para semana que vem.

Sua mãe desligou o aspirador de pó e a encarou. Havia tanto magoa em seu olhar quanto desconfiança.

— Acredito que nos últimos dias você tem mentido muito. — Falou incomodada. — Não sinto que esteja sendo verdadeira comigo, por que está fazendo isso?

— É impressão sua. — Mentiu a menina. — Você tem me comparado com as meninas e elas estão só no ensino fundamental.

Com os olhos semicerrados encarou a filha mais uma vez, em busca de qualquer traço que pudesse levá-la a punição.

— Nós iremos passar o final de semana fora. — Contou. — Saímos na sexta-feira a noite e voltamos no domingo à noite. Espero que se comporte como uma menina e com todos os ensinamentos que aprendeu na igreja.

Yanni balançou a cabeça positivamente, pecando diante de sua mãe e de Deus. Seria a primeira vez que iria ficar sozinha em sua casa.

Ela não pensava em sair ou de fazer qualquer coisa que desrespeitasse seus pais. Mas o simples fato de estar sozinha, em um silêncio somente dela, seria o suficiente para deixá-la feliz.

O suor escorria pela sua testa. Os braços estavam doloridos pelos movimentos constantes e iguais. Debruçada sobre sua cama, a única coisa que desejava era um banho quente, mas suas pernas estavam cansadas demais para se movimentarem até o banheiro.

— Yanni? — Athany apareceu na porta despenteada com as madeixas molhadas. — Você penteia o meu cabelo?

O olhar da irmã era de carência. Uma criança naquela idade deveria estar preocupada em brincar e com a escola, mas mamãe fazia questão de preocupa-las com questões de adultos, com os seus futuros com Deus.

Yanni Collister

Talvez uma boa parte de mim tenha se afastado dele por conta dessa pressão psicológica em ser perfeita perante a ele. Se ele quisesse seres perfeitos não teria nos criado diferentes. Esse era o meu pensamento, o que eu deixava guardado somente para mim.

O fato de mamãe ter me afastado dele, não me fez deixar de acreditar. Ou então parar de agradecer cada segundo pelas oportunidades que a vida havia me oferecido como por exemplo, o futebol.

Mas eu já não queria mais frequentar a igreja. Preferia fazer minhas orações de dentro do meu quarto ou então nos campos de futebol. Lá era o meu momento com ele, sem ninguém para me dizer qual era a maneira certa para orar.

Não acredito que exista um passo a passo de como orar, se alguém me diz que existe — como mamãe costuma dizer —, então faz toda a magia se tornar algo superficial, ao menos que você esteja ensinando alguém pela primeira vez.

— Como estão as coisas na escola? — Perguntei preocupada com o seu estudo, já que mamãe não costumava perguntar muito.

— Ah... mamãe me fez sair de uma equipe do trabalho que tínhamos que apresentar. — Contou triste.

— Como assim? Por que? — Perguntei.

E assim, enquanto ela explicava o fato de ser uma apresentação onde teriam que dançar varias musicas populares, passei a entender o que já havia vivenciado anos atrás.

Pela lista de músicas que citou, não havia nenhuma letra que desrespeitaria Deus e tudo aquilo que eu acreditava referente a ele. Não estava falando sobre o que mamãe havia ensinado, e sim no que havia aprendido sozinha.

Mamãe estava ferindo uma liberdade que não era sua. Estava fazendo com que mais uma de suas filhas sofresse em ser deixada de lado.

— Um dia quero simplesmente levá-las daqui comigo. — Cochichei em seu ouvido.

A irmã estava prestes a completar treze anos e querendo ou não a descobrir coisas diferentes, principalmente por estar conectada em um ensino onde havia uma grande diversidade.

O problema era não conseguir se aproximar das pessoas por medo.

— Você não viverá nesta casa para sempre. — Cochichei mais uma vez. — Você pode ser quem quiser ser.

Provérbios 12:20

"O engano está no coração dos que maquinam o mal, mas a alegria está entre os que promovem a paz."

Ler a Bíblia já não era mais um hábito constante. Às vezes eu a pegava por puro costume, por anos de uma máquina que mamãe havia criado, que no caso era eu.

Mas claramente conseguia lembrar de algumas citações que mexiam comigo e expressava-me em palavras.

Maquinar o mal mesmo que indiretamente é errado, o problema que a maioria das pessoas não percebe que está pecando até que alguém a mostre que o que está fazendo é errado.

Mamãe fazia isso. Era obcecada pela igreja e tudo que estivesse ligado a ela.

Jeannine apareceu minutos depois e deitou-se ao meu lado. Parecia emburrada com alguma coisa, na realidade, ninguém aqui em casa parecia bem.

— Preciso de um celular. — Reclamou alto. — Todos da minha turma tem.

— Sabe como nossos pais são... — Iniciei o discurso de sempre. — Eu só consegui um celular e o mais simples que tinha aos dezessete e ele mal faz ligação.

— Você não está entendendo. — Cruzou os braços se sentando. — O cara mais descolado pediu o meu número e eu simplesmente não tenho.

— Se quiser usar meu celular para trocar mensagens. — Dei de ombros entregando o aparelho.

Automaticamente um beijo estalado surgiu em minha bochecha, fazendo com que minha satisfação em ser a irmã delas aumentasse.

Eu era toda delas. Do início ao fim do meu ser, tudo que fazia era para que um dia conseguisse salvá-las daquela casa.

Lola

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