"O silêncio é um amigo que nunca trai."
-Confúcio
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Era uma manhã de sábado. Isaac estava na biblioteca em meio aos livros enquanto fazia suas anotações freneticamente, ninguém sabia ainda, mas ali estava nascendo seu livro sobre os seres mais fascinates: as ninfas.
Ele era detalhista e fazia tudo com muita destreza e dedicação. A capa seria feita com uma encardenação em couro e teria uma folha mais leve.
—Será que Vossa Alteza tem um tempo para mim?—Nathaniel entrou e parou em frente à mesa, usando roupas mais leves do que o habitual.
—Engraçado você.—Isaac revirou os olhos mas acabou sorrindo, transbordando sua animação para Nathiel.—Nath, comecei a escrever um livro, finalmente tenho as informações e inspiração necessária.
O homem mais velho arqueou as sobrancelhas em curiosidade e sem esperar mais nenhum minuto, sentou-se ao lado de Isaac. Sempre soube que o jovem príncipe gostava de se aventurar em meio a inúmeras páginas, porém, não esperava que seu livro viesse a surgir agora.
—Sobre o que é?
—As ninfas. Quero fazer um livro sobre tudo que conheço sobre elas e todas as suas histórias, para que elas nunca fiquem esquecidas.
—Claro. Não posso esquecer a sua fascinação por elas—Nathaniel riu e em seguida apertou os olhos—Por uma ninfa em especial, não é mesmo?
Isaac quase abriu a boca para pedir que ele não implicasse com ele em relação a Ester, mas então ele notou. Notou que Nathaniel falava de Ariadne.
Era verdade, Isaac tinha passado todos esses anos fascinado pela jovem princesa, seus lábios incontáveis vezes abriram-se para falar dela.
Entretanto, com a chegada das ninfas, ela se tornou apenas uma lembrança distante, ocupando seu lugar no passado.
—Enfim..—Tentou desviar do assunto—Estou começando pela parte em que falo da história da Rainha Célia, o início de muita coisa e modificações ao meu ver.
Nathaniel se mexeu desconfortável em seu assento e Isaac sabia, naquele momento, que ele estava escondendo algo, era nítido.
—Você sabe da história da Rainha Célia?—Nath perguntou com cautela.
—Sei. Jack e Dylan me contaram um pouco depois de terem chego. Me explicaram tudo. A paixão dela por um humano, o filho, a morte da mãe.—Isaac notou que Nathaniel continuava desconfortável.—Nath, o que foi? Sabe de algo?
—Não!—Desviando os olhos apenas deixou mais claro que escondia algo.
—Nathaniel. —Sua voz soou em advertência.
Nath suspirou e pensou por alguns segundos, ele guardava aquele segredo há anos, mesmo achando um segredo pesado demais para as suas costas, ele o guardou. Porém, ele também nunca mentia para Isaac, ele era como seu filho, e ele jamais queria que Isaac chegasse a não confiar nele em algum momento.
—Você sabe quem foi o humano por quem Célia se apaixonou?
—Não.—Desconfiado, respondeu.
—Fillipe. Seu pai.
Aquilo foi como um choque, uma pancada forte em seu estômago.
Isaac conhecia o pai, conviveu com o seu gênio todos os dias e tinha consciência que ele era um pouco alterado, egocêntrico e fechado, mas jamais, em hipótese alguma, pensou que ele fosse capaz de ter feito o que fez.
Enganar, trair Célia e ainda por cima abandoná-la grávida.
Grávida de um menino que seria o verdadeiro herdeiro do trono.
Isaac teve um irmão, um irmão que foi morto.
Ele colocou a mão na cabeça com dificuldade para raciocinar aquilo.
—Está passando mal?—Nath se levantou rápido e foi ao lado de Isaac, completamente preocupado.
—Por que eu nunca soube? Por que nunca me contratam?
—Seu pai proibiu a todos que sabiam de falar sobre esse assunto, jurou de morte aquele que espalhasse essa história. Ele apagou todos os registros. Como você acha que a guerra entre as ninfas e os humanos começou?
—Não acredito..—Isaac ainda estava em um estado de transe, sua cabeça estava a mil. Queria subir até o quarto do seu pai e pedir para que ele olhasse em seus olhos e dissesse que era tudo mentira, que ele nunca tinha abandonado um filho.
—Quando você era apenas um bebê, Célia tentou vir e fazer acordos, por incrível que pareça, ela não queria a guerra entre os homens e as ninfas. Mas seu pai a atacou. Ela estava grávida, grávida da princesa Ariadne. O marido dela atacou seu pai para protegê-la, ele foi morto. A ira de Celia acordou naquele momento, ela só queria paz. Foi quando a guerra ficou ainda pior, o momento em que as proibições ficaram piores.
Isaac negou com a cabeça. Não queria mais ouvir aquilo, não queria mais ouvir o quanto seu pai era uma pessoa horrível.
—Foi por isso. Foi por isso que naquele dia Ariadne disse que tiramos seu pai dela.—Sim, ele ainda se lembrava. Mesmo que naquela época tivesse apenas sete anos, mesmo que mal se lembrasse dos traços da garota ninfa, ele ainda lembrava das suas palavras de julgamento.
—Apenas se acalme. Não fique nervoso—Nath não sabia se tinha feito certo ao contar aquilo, no entanto, as palavras já tinham saído pela sua boca e agora não teria volta.
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Lucy estava andando pelos arredores do castelo quando avistou Jack, eles sempre se encontravam no final da tarde, quando Jack ensinava alguns golpes para ela e eles aproveitavam com Dylan o ar sossegado das plantas do jardim.
Sentiu-se animada. Mesmo achando aquele garoto irritante e muito exibido, ela gostava da sua companhia, gostava de estar com ele e de ter alguém que ela julgava poder confiar tanto.
Entretanto, quando se aproximou um pouco mais, viu que Jack estava com uma garota. Eles conversavam e sorriam.
A menina tinha os cabelos escorridos cortados na altura do pescoço, usava o uniforme real e parecia encantada ao olhar para Jack.
Ela não entendia o motivo, não sabia o que era aquilo, mas seu peito doía. Era algo horrível. Ele sempre doía ao ver Jack com outra garota, ela sempre se sentia machucada quando isso acontecia, e eram muitas vezes. E quanto mais o tempo passava e ela se aproximava dele, mais doía.
Jack foi o primeiro amigo dela, o conhecia desde pequeno, a primeira pessoa que a aguentou, claro, sem contar Ester, mas com Ester era diferente, sempre foi.
Sem pensar duas vezes, ela se virou e começou a andar de volta ao castelo, querendo apagar a cena de sua cabeça e a sensação de seu coração, ela já estava acostumada em fazer aquilo.
—Lucy?—Era Jack a chamando—Lucy!—Ela não precisava se virar para saber que ele acenava para ela,tentando chamar sua atenção.
Fingindo não ouvir ela começou a andar mais rápido de volta para o castelo. Subiu as escadas apressada, quase tropeçando nos próprios pés. Entrou em seu quarto e trancou a porta se jogando na cama, antes que visse as lágrimas já estavam caindo silenciosas, ela as limpava com rapidez.
Se perguntava o motivo de estar chorando, por que estava triste?
Só tinha visto o imbecil do seu amigo, pois era isso que Jack era dela, um amigo de longa data, saindo com mais uma menina.
—Lucy?—Era ele novamente, agora batendo na porta do quarto—O que aconteceu? Você saiu correndo. Está bem?
—Saia daqui.—Ela falou alto, ainda que não entendesse como conseguia estar tão triste e tão brava.—Só vá embora.—Ela sabia que teoricamente ele não tinha culpa de nada, porém, mesmo assim, ela preferia não vê-lo agora.
—Mas o que eu fiz?
Lucy não respondeu, não queria vê-lo, não queria falar com ele.
Alguns minutos se passaram e ela acreditou que ele tinha desisto quando novamente bateram na porta.
—Jack! Vá embora. Eu já falei.
—Sou eu, Lu!—A voz de Ester soou do outro lado da porta—Jack me disse que você estava estranha. Posso entrar?
—Ele está com você?
—Não.
Lucy levantou da sua cama e abriu a porta dando de cara com Ester ,que aparentava estar muito preocupada com a irmã.
—Minha nossa, Lucy. Você estava chorando?
Lucy a puxou para dentro do quarto e novamente trancou a porta, andou até a sua cama e se sentou de braços cruzados.
—Eu não choro.—Comprimiu os lábios.
—Ah, vamos!—Ester sentou na frente dela e pegou nas suas mãos—Você estava chorando, vai me dizer o que foi?
Lucy suspirou derrotada, Ester era a única pessoa de quem ela não conseguia esconder nada e bem, nem queria.
Afinal de contas, Ester era a pessoa com quem ela poderia de abrir.
—O Jack.
—O que ele fez de tão grave para você chorar?
—Eu também não sei.—Lucy deu de ombros—Eu apenas estava andando pelo jardim e o vi com uma garota, depois disso simplesmente fiquei assim, acho que só estou chateada por ele estar se afastando..não sei.
Ester tentou não deixar óbvio o sorriso no canto dos seus lábios, era nítido o que Lucy estava sentindo, Ester sempre soube. A irmã era apaixonada por Jack, mas do jeito que era, seria difícil fazer com ela admite-se.
—Venha cá.—Ester abriu os braços e Lucy a abraçou.—Lucy, posso te fazer algumas perguntas?—Lucy afirmou com a cabeça—Quem é a pessoa que mais te deixa chateada mas mesmo assim você faria tudo por ela?
Lucy pareceu pensar um pouco, porém, a resposta já estava em sua mente.
—Jack..—Falou um pouco duvidosa.
—Quem é a pessoa com quem você mais briga por qualquer coisa?—Ester já tinha as perguntas na ponta da língua.
—Jack!—Respondeu rápido dessa vez, eles sempre brigavam por tudo, até mesmo por coisas banais e corriqueiras, que na manhã seguinte seriam esquecidas.
—Quem é a pessoa que mais te irrita?
Essa pergunta seria um pouco mais difícil, já que todos irritavam Lucy em algum momento do dia, até mesmo aqueles que ela amava, consequência de sua personalidade forte e teimosa.
—Jack.—Disse convicta mais uma vez, ele sabia bem o que a deixava irritada e sempre usava isso contra ela.
—Quem você tem vontade de encher de tapas e beijos ao mesmo tempo?
—Jack!—Não podia negar, ao mesmo tempo que ele a deixava com raiva, a fazia sorrir.
—Quem você ama?—Ester perguntou rápido, sabendo que aquele era o momento certo.
—Jac..—O resto do nome morreu nos lábios de Lucy ,que se afastou perplexa com a própria resposta, de Ester, cobrindo os lábios com a mão.
—Te peguei.—Ester sorriu, satisfeita pela resposta obtida.
—E-Eu falei porque todas as repostas de antes foram ele, isso não tem nenhuma veracidade.—Mesmo negando com palavras ela sentia o coração batendo disparado no peito com aquele pensamento. Será que ela o amava e nunca tinha se dado conta?
—Lu, sou sua irmã. Eu te conheço, convivo todos os dias com você e Jack. Você o ama, só é muito teimosa para enxergar isso, mas está nítido, na minha opinião, sempre esteve.
—Não, eu não o amo assim, amo a ele como à um amigo.—Recebeu um olhar reprovador de sua irmã—Eu não posso simplesmente amá-lo, qual é, estamos falando do Jack. Ele sai com qualquer uma, literalmente. Não é possível, isso não faz sentido.
—É possível sim. Não somos nós que escolhemos quem amamos.—Ester colocou a mão sobre o coração dela—Dá para sentir aqui.
—Eu preciso pensar nisso.—Pela primeira vez ela se assustou com o que podia sentir, algo desconhecido que estivesse escondido.
Lucy estava com aquilo na cabeça, claro que ela não queria aceitar mas sabia que algo ela sentia por ele, só precisava descobrir e ter certeza do que era.
—Está bem.—Ester inclinou-se dando um beijo na testa da irmã—Descanse, está bem? Te espero no almoço, não se esqueça que amanhã teremos um longo dia.
Ester saiu deixando Lucy com os seus pensamentos.
Ester tinha bons planos, mas para realizá-los precisava da ajuda de Isaac, bastava encontrá-lo.
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Chegamos ao fim de mais um capítulo e quantas revelações!
Parece que o Rei Fillipe tem um passado sombrio.
E Lucy? Finalmente entendeu seu amor por Jack?
O que será que Ester está pensando?
Muitas perguntas!!!
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Até logo!♥️