Provocando Amor - Série Endzo...

By MariaFernandaRibeir2

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A vida de Peter é uma montanha-russa. Desde que engravidou a tia mais jovem do melhor amigo, as oscilações na... More

Prólogo
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Epílogo

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By MariaFernandaRibeir2

Você nunca mudará o que aconteceu e passou.
(Stop Crying Your Heart Out - Oasis)
Peter

A Gwen já me colocou em muitas situações onde desejei poder ficar sozinho um pouquinho, como quando ela era um bebê e fez xixi na minha calça toda minutos antes de uma entrevista de emprego. Naquela ocasião, a Vivian deixou ela comigo pela primeira vez e sumiu, e eu não fazia ideia de que precisava trocar a fralda para não vazar. Só que aquela situação, que terminou em talco e vômito, não se compara a ficar tão envergonhado que a fala me some, como acontece agora.

— Nem só freunds se beijam, Gwen. Pessoas fazem isso sem compromisso, é normal. — digo, sem conseguir pensar em mais nada.

A Noelle balança a cabeça.

— Você está ensinando algo falho a ela, pessoas fazem isso sem compromisso, mas há um consentimento. Fazer só por querer, sem que uma das partes queira, seja ela ou a outra, é errado.

— Claro, isso também. Duas pessoas que querem se beijar, podem fazer isso sem se importar com mais nada. Como quando você quer um lanche que não é seu, lembra? Você pede, e se o outro concordar, você pode pegar.

— Mas você não pediu, papai. Vocês dois quiseram. — ela contrapõe, e nos deixa em um estado de mudez.

— Sim, nós dois quisemos, mas isso não significa que temos um relacionamento sério. Eu e sua mãe nos beijamos muito, mas nunca namoramos. Chama conhecer alguém, às vezes o que descobrimos sobre a pessoa não é tão legal. — digo.

Ela balança a cabeça transtornada.

— A tia Noelle é muito legal, ela quem me ensinava futebol quando o Zack não podia, eu já te contei, por que vocês não podem ser namorados?

Gott sei dank a Noelle toma as rédeas da situação.

— Não é simples assim, Gwen. Conhecer alguém é decidir se os gostos dessa pessoa farão partes da sua vida, tal como a família e as manias, entre outras coisas. Eu e o seu pai estamos decidindo isso, entendeu?

Finalmente há uma luz de entendimento no rosto dela. Franzindo o nariz, ela conta um segredo a ruiva.

— Ele gosta de doce de pão com maçãs. — conta alto demais para eu não escutar — É muito ruim, mas ele gosta. Não deixe ele triste por causa disso.

Rio e elas olham para mim.

Liebe, é minha sobremesa favorita. Você não pode contar um segredo nesta altura.

Me ignorando, a Noelle tranquiliza a minha filha.

— Já vi muitas pessoas comendo Ofenschlupfer antes, nunca deixei ninguém triste, apesar de não ter mesmo uma cara boa.

— Ei, parem de falar mal do meu doce. — reclamo.

O Marcus liga para pedir pra levar a Gwen em uma exposição de dinossauros que está tendo na cidade. Pergunto à Gwen se ela quer ir, e como resposta ela corre até o quarto para trocar de roupa. Tampo o bocal e peço que a Noelle ajude ela com os cadarços do tênis, e ela vai atrás da minha filha.

— Ela vai, Marcus. Já está se vestindo.

— Tem mais alguém aí, Peterson?

É estranho quando o Marcus se preocupa comigo. Sempre achei que, por ele não ser o meu pai, não deveria se preocupar tanto quanto com a Heaven, mas sempre tive a mesma atenção que a pirralha.

— A Noelle. Ela está ajudando a Gwen com os sapatos.

— Então é sério o que vocês têm?

Rio.

— Não, não é. Estamos nos conhecendo.

— Ela é uma boa garota, não a maltrate. — adverte.

Desligo depois de garantir que não vou machucar a Noelle. Minha filha e a rootharige aparecem e é impossível não sorrir ao ver a Gwen toda arrumada.

— Ela pegou aquele vestido que estava pequeno e fez uma blusa, papai! — minha menina conta abismada.

— Ficou muito bonito, liebe. O vovô já está chegando, tudo bem?

Atenta a mim, a Noelle percebe minha falta de intimidade com a palavra "vovô" e pergunta como é ela em alemão.

Opa, mas como ela usa com o Marcus e ele fala mais inglês que alemão, ele prefere vovô. Já pegou tudo que precisa, Gwen?

O Marcus passa aqui, e conversa comigo sobre a mudança que vai fazer para treinar um time profissional, indo para outra cidade em breve. Fico feliz por ele e digo que não há problema, ele cumprimenta a Noelle e sai. Ela está vendo um filme francês no lugar do desenho da Gwen, as legendas automáticas em alemão.

— Estou aprendendo alemão com essas legendas que não saem. Já sei o que é Schlampe. — diz, vidrada nas legendas.

Balanço a cabeça.

— Não ensine isso a Gwen. Você quer almoçar? Podemos ir a algum lugar ou pedir comida, tenho que fazer compras ainda.

Os ombros dela caem.

— Tenho que ajudar minha mãe no restaurante. É meu dia de servir.

— Então vamos para lá.

Algo no rosto dela chama minha atenção, que não notei com a Gwen precisando do meu foco.

— Gata, você esteve chorando? — paro na frente dela, segurando o rosto. Sim, é choro.

— Não é nada, Peter, vamos logo. — se irrita um pouco, mas não saio do lugar.

Ela me olha dirigindo toda a irritação para mim.

— Vou sozinha então. — bufa.

— Noelle, o que aconteceu? Por que você estava chorando?

— Por nada. Última chance.

Sigo ela até o restaurante sem dizer uma palavra mais. Sentado lá, fico olhando a garota trabalhar até a mãe dela aparecer.

— Aconteceu alguma coisa entre você e a Noelle? Não para de olhar para ela.

— Na verdade, sim. Ela apareceu na minha casa hoje cedo, antes de virmos para cá, e acho que estava chorando antes de ir lá pra casa. Jeanne, eu não gosto de me meter na vida dos outros, mas aconteceu algo em casa para ela querer chorar?

— Nada que eu saiba. A não ser que... — tristeza é tudo que vejo no rosto dela.

— Alguém machucou ela? Eu trabalho para a polícia, não será difícil prender a pessoa.

— Ela sofre dessa melancolia maligna que puxa ela para o fundo do poço às vezes, Peter. Faz o tratamento, mas tem recaídas, principalmente quando não toma o remédio e não vai a terapia. O terapeuta está viajando por duas semanas, mas os remédios... ela esquece de tomar às vezes. — a mãe diz, dando um olhar preocupado para a filha.

— A Noelle?

Nunca conheci ninguém que sofria de algum problema que aflige a mente tão fundo, mas do que já ouvi falar, não parece nem um pouco que ela tem isso.

— Sim. Na maior parte do tempo está tudo bem, ela faz o tratamento direitinho, só que essas crises podem acontecer. Hoje cedo achei que ela estava tendo uma, e fiquei apavorada por que eu não sei como lutar com a mente dela. Como ela está passando muito tempo com você, preciso saber se notou algo diferente no comportamento.

Olho para a ruiva mais uma vez, antes de dirigir a palavra para a mãe dela.

— Eu não conheço ela há muito tempo, Jeanne, mas vou prestar atenção.

Sigo ela com o olhar enquanto serve as mesas, e volta e meia ganho um sorriso pequeno dela. Uma hora, ela para na minha mesa para perguntar se vou querer algo.

— Não, gata. Eu gostaria de conversar com você sobre algo, entretanto.

— Meu horário de almoço começa depois que eu terminar de servir aquela mesa, aí venho comer aqui.

Concordo com isso, e espero ela terminar estudando mecânica no celular. Levanto o olhar quando ela senta.

— O que você quer falar? — pergunta, enchendo a boca de salada.

— Sua mãe conversou comigo, disse algo que você não me disse.

Ela nem tenta fingir que não sabe o que é, só inclina a cabeça.

— Não sei onde você quer chegar.

— Gata, você tem que me contar essas coisas. Podemos até não ser freunds, mas passamos muito tempo juntos. Eu posso tentar te ajudar também, mas para isso você terá que prometer não mentir.

Um suspiro audível sai da boca dela, que remexe a salada.

— É por causa do olhar que está no seu rosto agora que não contei.

— Noelle, ei, não estou te julgando. Inferno, você não escolheu ter isso. Só que estou preocupado porque a garota linda com quem estou saindo acha que nada do que faz é bom ou que ela não é boa, por causa da própria mente. Ou estou enganado? — inquiro, olhando bem para aquele rosto austero que faz parte de todos os meus sonhos bonitos.

— Não, não está.

— Você promete não mentir para mim? Você não está sozinha, e se sentir assim alguma vez, é só me ligar. Quero te ajudar, gata.

— Por quê?

Por que não?

— Bem, você coloriu a minha vida com este cabelo laranja e o sorriso bonito, posso retribuir o favor. Promete?

Ela olha para fora, e pra mim.

— Você tem ideia de que isso te une a mim, certo? Talvez não de maneira romântica, mas eu vou ligar para você bem tarde às vezes. Não quero prometer algo a alguém que vai ficar irritado se eu ligar.

Entrelaço meus dedos nos dela, e acaricio a mão calejada.

— Quando você precisar, eu estarei lá. Talvez a Gwen também, mas é um talvez bem grande, só para o caso de um meteoro cair na cabeça do Marcus e da namorada. — digo brincando, mas retomo a seriedade. — É sério. Não vou me irritar por você precisar de ajuda. Agora, sobre o romance...

Ela revira os olhos.

— Vá direto ao ponto, Patrowski.

— Eu ia direto ao ponto, liebe. Se você quiser, podemos tentar. Um teste. Se der certo então seremos... — qual é a palavra mesmo?

— Namorados. — diz, falhando ao tentar não rir do meu inglês ralo.

— Isso, esse negocio. Não se sinta pressionada para ser incrível, eu nunca tive uma, então o que você for será ótimo para mim... desde que não cometa nenhum crime, o que me obrigará a cumprir meu dever e ter meu coração partido.

— Peter Patrowski, eu pareço alguém que se sujeita a ir para a prisão? Não, quer saber? Não responda. A Gwen vai ficar ok com isso? Com um possível relacionamento, quero dizer.

Sorrindo, os olhos brilhando de um jeito que sei que destoa das roupas escuras que uso, beijo a testa dela.

— Acho incrível que você se preocupe com a Gwyneth, mas não há com o que se preocupar neste quesito. Ela te adora. E eu adoro você, por isso me prometa ligar se precisar.

Vejo ela entrar em um dilema consigo mesma.

— Às vezes é bobagem.

— Não. — digo, certo disso — Se machuca, não é bobagem. Se tira seu sono, não é bobagem. Se te faz pensar que vai me atrapalhar por ser bobagem, não é bobagem. E mesmo se for uma bobagem, eu vou querer saber. Mesmo que seja para rir ou para pensar no quanto você é especial por me acordar de madrugada só para contar como fez um sanduíche espetacular, ouvir sua voz me acalma.

O sorriso no rosto dela morre assim que uma sombra paira sobre mim.

— Seu horário de almoço acabou, Noelle. Ao menos que pegue uma sobremesa, não pode ficar conversando com um cliente. — a voz do pai dela é séria, mas sei que está brincando. A Noelle nem é funcionária daqui, afinal.

— Vou querer um pudim, então. Você? — a ruiva pergunta para mim, e eu peço o mesmo.

O pai dela nota nossa proximidade e anota no bloquinho os pedidos antes de falar.

— Vocês não tem nada a contar? Algo como "pai, eu e o Peter estamos juntos" ou "Maurice, estou com a Noelle agora. Você não precisa mais levá-la ao cinema para ver filmes de heróis, eu faço isso agora".

A Noelle bate a mão na mesa, ultrajada.

— Isso é injusto, você gosta dos quadrinhos. — ele olha para ela e ela suspira — Estamos juntos. Quero o pudim com calda.

— Estamos, é? — tento não sorrir.

— Estamos. Como conversamos, não é sério, mas pode ser. O período de testes começou há cinco minutos, é bom você se dedicar. — estreita os olhos, mas vejo diversão neles.

E nenhum título do futebol americano (nem o de capitão que mais grita em campo, meu favorito) se compara a conquista que é ouvir isso.

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