- Então aquele que é o médico da sua avó?- Perguntei meio sem graça.
Eu não tenho certeza qual a razão de eu ter perguntado aquilo, acho que talvez a beleza exótica do rapaz me incomodou.
Não que a minha beleza também não seja algo que...
Ah qual é! Ele parecia o Elliott do Mr robot e aquele ator é bem sedutor, capaz até de arrepiar os dedinhos dos pés de qualquer pessoa!
Quem seria Jason Philipp Miller na fila do pão com alguém com quem ela claramente tinha uma carga com história!
Eles já namoraram, certeza que já!
- Bem.- Ela riu e tenho certeza que ficou sem graça- Pra falar a verdade, ele é um amigo da família.- Respondeu ela me tirando dos meus devaneios idiotas.
- Olha, eu acho que é de grande ajuda ter algum tipo de amizade com um médico.
Ela sorriu, mas era possível perceber em seu olhar que não queria continuar o assunto.
Minha irmã ficava assim também quando não queria falar sobre o Júlio, o ex doido dela, ele era muito confuso, e idiota, ainda bem que se separaram.
- Você tem algum tipo de hobby?
Droga Jason! Muito original seu besta!
- É meio complicado, eu até tinha um, apesar de eu não saber ao certo se balé é considerado um hobby, mas eu gostava muito, pelo menos até meus 11 anos.
- O que te fez parar?
- Meu pai.
Muito bem, muito bem.
Eu tinha duas opções:
Opção 1: Perguntar o que o pai dela fez, e talvez ser invasivo demais e um complemento babaca.
Claro que essa é a opção certa já que o nosso relacionamento não chegou a esse patamar ainda, já que também nem um relacionamento isso é... Por enquanto.
Opção 2: Mudar de assunto.
É claro que eu iria escolher a opção certa.
- Seu pai? O que aconteceu?
Que merda! Droga Jason! Eu não dou uma dentro!
Acredito que eu até sigo uma linha de raciocínio quando penso, mas quando abro a boca só falo asneira!
Eu vejo no olhar de Olivia que aquela foi a escolha errada.
É claro que foi a escolha errada.
- Ele me deixou com a minha avó e fugiu para nossa casa na Itália, ele não suportou a morte da minha mãe muito bem, mas foi só naquela época mesmo, porque logo depois que foi embora, se casou com uma mulher que nunca conheci e hoje é muito feliz com sua nova família. - Ela riu debochando de si mesma por um momento. - Eu parei com o balé, porque, sendo sincera, eu só dançava pra ver ao final de cada apresentação o sorriso perfeito e o brilho nos olhos dele.- Ela parou um pouco.- Depois disso eu só conseguia pensar no...
- O que tinha feito de errado para afastar a pessoa que você mais amava, afinal você era apenas uma criança, porém em sua cabeça o motivo estava em você, só podia estar em você.- Não entendi a razão pela qual eu completei sua frase, talvez por sentir o mesmo em relação ao meu pai.
- É.
Ela apenas concordou.
Eu tinha que tirar esse clima ruim do ar.
- Então...Uma casa na Itália,né? Você é rica?
Meu Deus qual era o meu problema!
Sabe aquela cena de um filme em que todo mundo bate a mão na testa?
Senhor que vergonha alheia de mim,
Apesar de tudo, ela riu.