Orgulho e Preconceito

By Classicos

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COMPLETA Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma... More

Concluído
UM
DOIS
TRÊS
QUATRO
CINCO
SEIS
SETE
OITO
NOVE
DEZ
ONZE
DOZE
TREZE
QUATORZE
QUINZE
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
VINTE E UM
VINTE E DOIS
VINTE E TRÊS
VINTE QUATRO
VINTE E CINCO
Vinte e seis
VINTE E SETE
VINTE E OITO
VINTE E NOVE
TRINTA
TRINTA E UM
TRINTA E DOIS
TRINTA E TRÊS
TRINTA E QUATRO
TRINTA E CINCO
TRINTA E SEIS
TRINTA E SETE
TRINTA E OITO
TRINTA E NOVE
QUARENTA
QUARENTA E UM
QUARENTA E TRÊS
QUARENTA E QUATRO
QUARENTA E CINCO
QUARENTA E SEIS
QUARENTA E SETE
QUARENTA E OITO
QUARENTA E NOVE
CINQUENTA
CINQUENTA E UM
CINQUENTA E DOIS
CINQUENTA E TRÊS
CINQUENTA E QUATRO
CINQUENTA E CINCO
CINQUENTA E SEIS
CINQUENTA E SETE
CINQUENTA E OITO
CINQUENTA E NOVE
SESSENTA
SESSENTA E UM

QUARENTA E DOIS

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By Classicos


Se as opiniões de Elizabeth se originassem do exemplo dado pela sua própria família, a sua ideia da felicidade conjugal e de conforto doméstico não poderia ser das mais lisonjeiras. Seu pai, cativado pela mocidade, beleza e aparência de bom humor que a juventude em geral confere às mulheres, tinha se casado com uma pessoa de débil compreensão e de ideias estreitas; muito pouco tempo depois do casamento, esses defeitos haviam extinguido toda a afeição sincera que tinha por ela. O respeito, a estima, a confiança, tinham -se desvanecido para sempre. E todos os seus anseios de felicidade doméstica foram destruídos. Mas Mr. Bennet não era desses homens que procuram se consolar das desilusões causadas pelas suas próprias imprevidências entregando-se a esses prazeres em que os infelizes procuram uma compensação para as suas loucuras e os seus vícios. Ele gostava do campo e dos livros; disso tirava as suas principais distrações, e quanto à sua mulher, pouco mais lhe devia do que os divertimentos que o espetáculo da sua ignorância e a sua falta de senso lhe tinham proporcionado. Essa não é a espécie de felicidade que os homens em geral desejam encontrar no casamento. Mas na falta de outros dons, o verdadeiro filósofo se contentará com os poucos que lhe são dados.

Elizabeth, no entanto, nunca fora cega aos defeitos de seu pai como marido. Aquilo sempre lhe doera, mas admirando as suas qualidades e grata pela maneira afetuosa com que a tratava, Elizabeth se esforçava por esquecer o que não podia deixar de perceber e bania dos seus pensamentos essas contínuas irregularidades de conduta conjugal que, expondo a sua mãe ao desprezo das suas próprias filhas, era portanto altamente repreensível. Mas nunca sentira tão fortemente como agora as desvantagens que devem sofrer os filhos de um casal tão pouco unido, nem compreendera antes tão claramente os males provenientes de uma defeituosa aplicação de talentos; talentos que, bem -empregados, poderiam proteger a respeitabilidade das suas filhas, mesmo se não conseguissem alargar a mentalidade da sua esposa.

Após o alívio que lhe causara a partida de Wickham, Elizabeth encontrou menos prazer do que esperava na partida do regimento. As reuniões em que tomava parte eram menos variadas do que antes. E em casa tinha uma mãe e uma irmã cujas continuas lamentações sobre o tédio da vida que levavam projetavam uma tristeza real sobre o círculo da família. E embora Kitty se mostrasse às vezes mais sensata, pois as causas que perturbavam o seu cérebro tinham sido removidas, em compensação, Ly dia, cujas tendências eram mais perigosas, morando agora num lugar tão impróprio, a um tempo caserna e balneário, acentuaria provavelmente os seus defeitos e a sua inconsciência. Em suma, portanto, descobriu, como anteriormente já muitas vezes acontecera, que os acontecimentos esperados com impaciência não produziam, ao se realizarem,

toda a satisfação que deles esperava. Era portanto necessário marcar um outro período para o começo da sua verdadeira felicidade, ter outros pontos de apoio para os seus desejos e esperanças. E consolava-se atualmente com o prazer de antecipar futuras felicidades. A sua viagem para os lagos constituía agora o objeto dos seus pensamentos mais felizes. Era o seu melhor consolo para as horas desagradáveis que o descontentamento de Kitty e de sua mãe tornavam inevitável. E para tornar o seu plano perfeito, só faltava incluir nele Jane. "Felizmente eu tenho alguma coisa a desejar", pensou Elizabeth. "Se tudo no meu plano fosse perfeito, a minha decepção seria certa. Mas assim, levando comigo uma fonte contínua de tristeza, a saudade de minha irmã, posso razoavelmente esperar que todas as minhas expectativas de prazer se realizem . Um plano perfeito nunca pode ser realizado."

Ly dia, ao partir, prometeu que escreveria frequentemente e minuciosamente para sua mãe e para Kitty . Mas as cartas, ansiosamente esperadas, eram sempre muito curtas. As que eram dirigidas a Mrs. Bennet continham pouco mais do que fatos como estes: tinham acabado de regressar da biblioteca, onde tais ou quais oficiais as haviam acompanhado e onde tinham visto toaletes de enlouquecer; tinham visto um vestido novo ou uma nova sombrinha que ela desejaria descrever com mais detalhes, mas não podia, devido à grande pressa que tinha, pois Mrs. Forster a estava chamando; deviam passear para os lados do acampamento. As cartas de Kitty não eram mais informativas, embora mais longas; a maior parte do sentido estava contido nas entrelinhas.

Depois das três primeiras semanas de ausência de Ly dia, a saúde, o bom humor e a alegria recomeçaram a aparecer em Longbourn. Tudo tomou um aspecto mais agradável. As famílias que tinham ido passar o inverno em Londres começaram a regressar. Reiniciaram -se os divertimentos de verão. Mrs. Bennet voltou à sua volubilidade habitual e no meio de junho, Kitty havia melhorado tanto que já lhe era possível entrar em Mery ton sem chorar, acontecimento tão promissor que deu a Elizabeth a esperança de que no próximo Natal ela tivesse juízo suficiente para não mencionar o nome de um oficial mais de uma vez por dia, a não ser que, por uma ordem maliciosa e cruel do Departamento de Guerra, outro regimento viesse acampar em Mery ton.

A data fixada para a sua viagem pelo Norte estava se aproximando rapidamente. Faltavam apenas 15 dias quando chegou uma carta de Mrs. Gardiner, que ao mesmo tempo adiava a partida e abreviava a duração do passeio. Os negócios impediam Mr. Gardiner de sair de Londres até 15 dias depois da data marcada. E ele era obrigado a regressar dentro de um mês. Esse período era curto demais para que fossem muito longe e vissem tudo o que tinham planejado. Pelo menos impedia que visitassem tudo com o vagar e o conforto que haviam ideado. Portanto eram obrigados a desistir de vez dos lagos. Era preciso fazer um circuito mais reduzido. De acordo com o novo plano, não iriam além do Derby shire.

Naquele condado havia muita coisa a ver e isto dava para encher as três semanas que tinham . E para Mrs. Gardiner esse plano possuía um encanto particular. Julgava a cidade onde passara alguns anos da sua vida tão digna de atenção quanto a célebre região dos lagos.

Elizabeth ficou extremamente desapontada. Tinha um grande desejo de ver os lagos e continuava a pensar que havia tempo suficiente.

Mas Elizabeth era resignada e certamente tinha bom gênio. Em breve essa decepção tinha passado.

Muitas ideias estavam associadas a esse condado do Derby shire.

Era impossível ler a palavra sem pensar em Pemberley e no seu proprietário. Mas certamente, pensou, poderei penetrar naquela região sem que ele me veja. O período de expectativa fora agora duplicado. Ela teria de esperar quatro semanas até a chegada de seus tios. Mas estas semanas passaram, e Mr. e Mrs. Gardiner apareceram finalmente em Longbourn, acompanhados dos quatro filhos. As crianças, duas meninas de seis e oito anos de idade e dois meninos menores, seriam entregues aos cuidados da prima Jane, que era a grande favorita. O seu bom senso, a doçura de seu gênio, pareciam destiná-la à missão de cuidar das crianças.

Os Gardiner ficaram apenas uma noite em Longbourn, e partiram na manhã seguinte com Elizabeth, em busca de aventuras. Um prazer pelo menos era certo: o de ter bons companheiros de viagem, com saúde, bom gênio para suportar pequenos contratempos, bom humor para realçar todos os prazeres, afeição e inteligência capazes de sugerir novas distrações, caso lhes adviessem decepções no caminho.

Não temos a intenção de fazer a descrição do Derby shire, nem dos vários lugares notáveis por que passaram no caminho. Oxford, Blenheim, Warwick, Kenilworth, Birmingham, etc. são suficientemente conhecidos. Uma pequena parte do Derby shire é o que nos interessa. Eles se dirigiram para a pequena cidade de Lambton, onde Mrs. Gardiner residira. Recentemente descobrira que ainda se encontravam lá alguns dos seus velhos conhecidos. E aí Elizabeth soube da sua tia que Pemberley ficava situada a cinco milhas de Lambton. Pemberley não ficava na estrada direta que deviam tomar, mas a uma ou duas milhas dessa estrada. Na véspera, ao conversarem sobre o itinerário, Mrs. Gardiner tornou a manifestar o desejo de rever a propriedade. Mr. Gardiner concordou e perguntaram a Elizabeth se aprovava a ideia.

— Meu bem, você gostaria de ver esse lugar de que tanto já ouviu falar? — perguntou sua tia. — Um lugar onde muitos conhecidos seus já moraram? Wickham passou lá toda a sua mocidade, como você sabe.

Elizabeth ficou embaraçada. Compreendia que não tinha nenhum interesse em ver Pemberley e foi obrigada a manifestar a pouca disposição que sentia. Declarou que estava cansada de ver grandes casas.

Depois de percorrer tantas, não encontrava mais nenhum prazer em belos tapetes ou cortinas de cetim .

Mrs. Gardiner zombou da sua ingenuidade.

— Se Pemberley fosse apenas uma casa ricamente mobiliada — disse —, eu tampouco faria questão de ir. Mas o parque é lindíssimo, e os bosques são dos mais belos do país.

Elizabeth não respondeu, mas no seu espírito não podia concordar. Imediatamente lhe ocorreu a possibilidade de encontrar Mr. Darcy enquanto visitava o lugar. Seria horrível. A simples ideia a fazia corar.

Talvez fosse preferível contar tudo claramente à sua tia, do que correr um tal risco. Mas contra isto havia objeções. E finalmente decidiu que lançaria mão dessa ideia como último recurso, caso as indagações particulares que fizesse lhe revelassem a presença da família em Pemberley .

Por isso, quando foi se deitar à noite, perguntou à criada se Pemberley não era um lugar muito bonito, qual era o nome do proprietário e, com íntimo alarme, se a família não estava lá para passar o verão.

Felizmente, a última pergunta foi respondida de modo negativo. E cessada a causa das suas inquietações, ela sentia agora uma grande curiosidade em ver a casa. E quando o assunto tornou a ser ventilado no dia seguinte, e novamente lhe perguntaram a sua opinião, respondeu prontamente, com ar de indiferença, que não fazia nenhuma objeção ao plano.

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