End Game ?

By ca_0zz

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Uma pessoa que se denomina "Mesias" começa a sequestrar os "pecadores" de Toronto, e cada um irá pagar por se... More

Índice
Capítulo I
Capítulo III
Capítulo IV

Capítulo II

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By ca_0zz

   - Alice ? - ouvi alguém me chamando, mas alguma coisa tampava meu rosto e me impedia de ver de onde vinha a voz. Coloquei as mãos sob aquilo, era alguma coisa feita de plástico. Puxei e abri os olhos, que demoraram para se acostumar com a luz. Um barulho de água veio junto com a claridade. A pressão da água estava tão forte, que até parecia uma cachoeira. Quando consegui me adaptar, vi onde estava : era uma sala enorme com holofotes em cada um dos quatro cantos, todos focados em mim, talvez na intenção de me deixar cega. Com exceção dos holofotes e da maca onde estava, era tudo completamente vazio. Ou quase, quando virei vi de onde vinha o som da água. Não tinha nenhum holofote ali, quase não tinha luz na verdade, mesmo tendo uma fenda no teto, por onde vinha a água, provavelmente de uma cachoeira acima, e caía por outra fenda que tinha no chão.

   - Lis ? Você está aí ? - ouvi de novo, e vinha de dentro daquela mini cachoeira. Do nada alguma coisa, ou melhor, alguém saiu do meio da água, preso pelos tornozelos de cabeça para baixo em uma corrente, que balançava para frente e para trás. De ponta cabeça, e com o corpo todo encharcado quase não reconheci ele, mas aqueles cabelos loiros e grandes eram inconfundíveis. Pulei da maca no instante em que vi seus olhos azuis arregalados me encarando.

   - Henry ? - Meu irmão estava sem camisa, e cheio de cicatrizes pelo abdômen, todas no formato de uma cruz. Aquilo era como um pesadelo. Não. Era pior. Tinha tantas perguntas para fazer, mas não conseguia. Era informação demais para sair qualquer som da minha boca. Mesmo sem dizer nada, Henry entendeu oque estava tentando dizer.

    - Não é oque parece. Não estou sentindo dor. - ele sorriu, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Como se estivesse dizendo que prefere pipoca com ketchup do que com manteiga.

    - Não ? - não conseguir falar mais que uma palavra, estava me irritando. Antes que pudesse pensar em outra coisa para perguntar, ouvi o barulho das correntes se mexendo, e vi Henry prendendo a respiração, não entendi o porquê na hora, só quando ele sumiu, sendo puxado para aquela correnteza. Tentei correr e gritar, mas meu corpo não saía do lugar, e minha boca não emitia som algum.

    A luz que já era horrível antes, piorou. Os holofotes apagaram, me deixando numa completa escuridão. E quase ao mesmo tempo, o som da água e das correntes também pararam. Demorou, mas quando a luz voltou, tudo, inclusive ela estavam diferentes. A luz de uma lâmpada no teto era vermelha, e não iluminava muita coisa, a sala antes gigante, agora era um cubículo só com espaço suficiente para mim e a maca. Tão apertado que não tinham portas nem janelas ali, porque não caberiam. A luz piscou e as coisas em volta ficaram menos visíveis. Senti um ar quente perto da minha orelha esquerda, e virei para ver o que era aquilo. Henry estava todo vestido de preto, mas mesmo no escuro, suas cicatrizes nos braços eram chamativas. Ele abriu os braços marcados, me convidando para um abraço, aquilo era tudo que eu precisava, toca - lo para saber se oque estava acontecendo não era um sonho. Conforme ia me aproximando, maior ficava a distância e uma barra de ferro começava á surgir em sua mão direita,  quando já estava perto o suficiente para abraça - lo, vi oque a barra de ferro era. Um ferrete com a ponta avermelhada,e uma marca com o formato daquela cruz horrorosa. Parei de andar, e dei vários passos para trás.

    - Não precisa ter medo. Eu não faria com a minha irmã o que fiz com os outros. Mas para saber se posso confiar em você, precisa esticar a mão. - quando ele apontou aquele ferro quente para mim, congelei.

    - "Oque fiz com os outros"… ? Do que você está falando ? - Henry riu, tanto que parecia que alguém estava o cutucando no pescoço com uma pena, até lágrimas saíram de seus olhos.

    - Ainda não entendeu ? - ele perguntou, limpando os olhos - Fui eu Alice. Eu matei todas aquelas cinco pessoas, e as marquei. Pecadores como eles, não mereciam mais nenhum segundo na Terra, então cumpri com o plano que Deus me ordenou.

    Ouvir aquelas palavras foi pior do que ter sido queimada pelo ferrete. Desejei que aquilo fosse mentira, que fosse só meu cérebro brincando comigo. Enquanto ele ria da minha "burrice", eu respirei fundo, fechei os olhos e coloquei toda a minha força neles, quando os abri tudo estava claro demais de novo.

    - Ela acordou. - ouvi alguém dizendo.

    Mesmo com os olhos ainda se adaptando, senti que estavam olhando para mim. Pisquei algumas vezes, e a primeira coisa que vi foi Charlotte, praticamente em cima de mim, me assustei com os olhos castanhos dela tão perto do meu rosto, e fui um pouco para trás. Eu estava deitada, num sofá de couro branco, muito parecido com o da cena do crime. Sentei rápido, não entendendo o que estava acontecendo. Charlie estava sentada do meu lado, me encarando, com o rosto com manchas roxas e azuis, e um macacão jeans velho todo sujo de tinta de todas as cores que conhecia. Ela estava trabalhando.

    - Como se sente ? - Ian perguntou, de pé ao lado do sofá. Muito inquieto talvez por preocupação comigo.

    - Bem, eu acho. O que aconteceu ? - olhei em volta, e tive certeza de que o sofá não era "parecido" com o do apartamento, era ele. Ele foi de enfeite de janela, para cama improvisada. Isso explicava porque Ian estava tão estranho, eu estava provavelmente alterando uma cena do crime, enquanto deveria estar trabalhando. Levantei.

    - Adair te achou desmaiada no corredor. Como já tínhamos coletado todas as evidências aqui, ele te colocou no sofá. - depois que Ian falou, que eu percebi que Adair não estava ali.

    - Eu preciso investigar oque aconteceu. Tinha outro corpo no banheiro. - não sei se foi por falar rápido, ou ter levantado do sofá do nada, mas me deu uma tontura e sentei de novo.

    - Isso a gente já sabe, Bela Adormecida. Queremos novidades - meu educadissímo parceiro, entrou pela porta destroçada de balas, comendo um hot-dog. A ausência dele pareceu tão agradável, que suspirei, arrependida de ter me perguntado onde ele tinha ido.

    - Eu vi um celular dentro do vaso - não achei necessário dizer que o aparelho tinha tocado - Talvez seja a prova d'água, por que ainda funcionava.

    - Um perito já pegou e levou para examinar. - Adair falou, engolindo o hot-dog todo de uma vez.

    - Okay. Quero os nomes das vítimas, causa das mortes, imagens das câmeras de segurança, depoimento de todos os moradores desse andar e do abaixo e, quando conseguirem desbloquear o celular, quero ser a primeira a saber. - Levantei de novo, dessa vez não senti nada, na verdade senti sim. Ansiedade. Eu precisava descobrir quem era esse tal "Mesias" antes que ele decidisse punir outras pessoas, e acima de tudo : precisava provar que ele não era o meu irmão.

    - Não, você vai para casa descansar. Você desmaiou, não pode sair por aí salvando o mundo sem se preocupar com o próprio bem estar, Lis. - Charlie levantou e parou de frente para mim, e apesar da voz autoritária, ela estava preocupada.

    - Esse é o meu trabalho, isso é oque eu faço. Adair - olhei para ele, que estava mexendo no celular, envolvido em seu próprio mundo - você vem comigo, vamos começar essa investigação logo. - ele guardou o celular e me seguiu enquanto eu saía do apartamento.

        ~  ~ ~ ~        ~  ~ ~ ~         ~  ~ ~ ~

    - Nada disso se encaixa no que pensei que tinha acontecido. - eu estava analisando o vídeo da câmera do corredor, na minha sala, mas minhas teorias, quase todas estavam erradas, e isso me deu vontade de socar aquele computar parado na minha frente. Tudo que sabia até ali, era que as vítimas tinham 23 anos, Piper tinha sido morta envenenada, e Lucy baleada quatro vezes, três no estômago, causando uma hemorragia - o que explicava tanto sangue - e uma no coração.

    - Qual o problema ? - meu parceiro perguntou, enquanto vinha girando na cadeira com rodas da minha sala.

    - Olha isso - voltei o vídeo do começo para mostrar a ele - às 16:00 a Lucy chegou na porta do apartamento, com uma sacola, que tinha um pacote de cervejas. Ela bateu na porta, e a única coisa suspeita foi Piper ter demorado para abrir.

     E depois disso, nada de estranho aconteceu, só pessoas chegando do trabalho, mercado e academia. Acelerei o vídeo até algo de interessante aparecer. Quando deu 20:45 a imagem começou a falhar. Ouvi o elevador abrir e uma sombra apareceu no corredor, a pessoa andou só até onde a câmera não a gravaria. Quando já estava suspeitando que aquela pessoa podia ser o assassino, a porta do apartamento da Piper abriu, ela olhou para os dois lados do corredor, e quando viu quem quer que fosse, se assustou, mas mesmo assim foi até lá. Ela voltou com alguma coisa nas mãos, mas logo escondeu por baixo da roupa.

    - Ali. Oque ela pegou ? - Adair apontou para a tela, e antes que eu pudesse me mexer, ele congelou a imagem e deu um zoom. Consegui ver claramente o medo no rosto dela,o brilho do rifle, mas não consegui identificar as outras duas coisas, mas como se tivesse lido minha mente, Adiar completou :  - uma arma, um frasco com veneno e um celular. Tudo oque uma garota dos dias de hoje leva na bolsa. - ele riu,  olhou para mim, e depois continuou o vídeo.

    - Isso não tem graça. Ela obviamente foi forçada a se matar, ou matar a amiga - a resolução da imagem voltou ao normal, e nada aconteceu durante muito tempo.

    Só depois das 03:27 da madrugada, que a porta voltou á abrir, Lucy saiu, meio desastrada, talvez pelo excesso de bebida ingerida, e bateu a porta, mas continuou parada de frente para ela. E começou á chorar…?

    - Isso são lágrimas ? - pensei em voz alta, mas antes que pudesse entender oque estava acontecendo, ouvi um disparo. Junto com o barulho, lascas da madeira da porta caíram pelo corredor. Não dando tempo de o tiro que atingiu certeiramente o coração da menina, fazer seu corpo cair, outros tiros foram dados, três de uma vez. E finalmente Lucy caiu, já morta, sujando todo o corredor com o seu sangue que jorrava para todos os lados. A porta praticamente destruída, se abriu, e duas mãos trêmulas surgiram dela, puxaram o corpo da primeira vítima pelos saltos para dentro.

    - Já sabemos quem matou, fim do caso - Adair voltou girando para o outro lado da sala, enquanto eu não entendia nada.

    - Isso não acabou, nem faz sentido na verdade. Tudo que sabemos é que elas iam beber juntas, alguém apareceu e entregou as armas dos crimes, alguma coisa aconteceu nesse meio tempo, e a Lucy ia ir embora, mas parou para chorar e esse foi o erro dela. Não sei como, mas a Piper sabia exatamente para onde mirar o rifle, para acertar o coração e estômago dela. - levantei e comecei a ficar andando em círculos ao redor da escrivaninha. - O celular. Como não pensei nisso antes ? Tinha alguma coisa nele que fez elas brigarem. - saí da sala e dei de cara com um perito, que nunca conseguia lembrar do nome. Ainda bem que ele falou antes que aquilo ficasse constrangedor.

    - Detetive, eu consegui desbloquear o celular, e acho que você vai gostar do que tem aqui. - ele me entregou o aparelho, e foi embora.
   
    Liguei o aparelho e procurei em todos os aplicativos padrões dele, mas não tinha nada de suspeito ali. Já estava desistindo quando um aplicativo com o logo de uma máscara negra chamou minha atenção, e " End Game? " escrito em vermelho sangue me deixou mais ansiosa ainda. Cliquei nele e toda a tela ficou preta, depois palavras surgiram dizendo :

         " SE VOCÊ RECEBEU ESTE APARELHO, É POR QUE ESTÁ NA HORA DE SER JULGADO. PONHA SEU DEDO NA TELA POR CINCO SEGUNDOS E DESCUBRA O QUE O SENHOR RESERVA PARA VOCÊ "

   Um pouco relutante, coloquei o polegar ali e esperei. Uma cruz branca apareceu, se destacando no meio daquele preto todo, e outra vez as palavras enormes e vermelhas dominaram a tela, escrito :

         " Olá detetive Alice Danver. Seu julgamento final ainda não chegou, Lis, então não poderá ver nada"

    Oque era aquilo ?

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