RESGATE PELA GRAÇA (Físico Di...

Bởi JozyRibeiro6

17.3K 608 1.1K

🖤 CAPÍTULOS DEGUSTAÇÃO🖤 Janie Drumond tinha uma família perfeita. Mas tudo muda quando seu marido Allan pas... Xem Thêm

Livro físico 📚
🎬🎥 Book Trailer ( Novo)
CAPÍTULO I (Parte 2)
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III

CAPÍTULO I

1.2K 178 596
Bởi JozyRibeiro6

ATENÇÃO nesta plataforma está disponível apenas 4 capítulos para você conhecer a história. O livro completo está disponível no site da editora Viarteditorial em versão ebook e físico e na Uiclap, clube de autores.

❇️

— Ellen, não acredito que você interrompeu sua lua de mel, só para saber da reunião de ontem! — Janie repreendeu sua amiga em tom brincalhão.

Ellen Miller havia se casado no final de semana. Apesar do pouco tempo que tiveram para organizar tudo, conseguiram fazer do jeitinho que ela sonhava. Janie Drummond era sua madrinha de honra e embora ela não concordasse com a rapidez que tudo aconteceu, dedicou-se ao máximo pelo carinho que tinha por Ellen. As duas eram amigas desde o dia em que Janie entrou no Colégio Universo Novo Sistema há seis anos, ela trabalhava na instituição como professora e Ellen era sua coordenadora pedagógica, ambas desenvolviam um excelente trabalho junto ao corpo docente do colégio. Contudo, fora da instituição conseguiram se tornar companheiras; sempre faziam tudo juntas, compartilhavam sonhos e projetos, sendo que casar e constituir uma família eram os principais desejos de Ellen. Ela sentia que estava travando uma enorme batalha contra o seu relógio biológico, desejava muito ter filhos e talvez fosse esse o motivo de tanta pressa em se casar, afinal conhecia Thomas Barcellos apenas há seis meses, e mesmo tendo um relacionamento perfeito, segundo ela, não entendia o porquê de Janie ter tanta resistência quanto ao seu matrimônio, pois acreditava que ninguém deveria lhe apoiar tanto quanto ela, já que sua amiga era cristã e tinha ideologias tão conservadoras, muitas das vezes até ultrapassadas. Pelo contrário, Janie tentou convencê-la até o último instante há pensar um pouco mais sobre o assunto.

Janie colocou seu telefone no suporte enquanto conversava com Ellen por chamada de vídeo, assim conseguiria terminar de colocar a mesa do café da manhã antes que todos descessem, e dar atenção à amiga, ao mesmo tempo.

— Janie, preciso muito saber qual decisão vocês tomaram a respeito do conselho — insistiu ela, quando, de repente, Thomas surgiu envolvendo Ellen em um abraço desnecessariamente íntimo, interrompendo a conversa.

— Minha esposa é muito comprometida com seu trabalho Janie, isso me fascina! — ele disse beijando o pescoço de sua esposa.

— Se comporte Thomas! — ela lhe dá um tapinha, repreendendo-o divertidamente.

Janie ficou completamente constrangida, talvez fosse o fato de que ele estivesse apenas enrolado em uma toalha revelando seu corpo. Já havia percebido que Ellen vestia apenas um roupão, e estava com os cabelos molhados, o que poderia significar que eles estavam em algum momento bastante íntimo, e era embaraçoso. Janie abaixou a cabeça fitando o chão, algo em sua mente lá no fundo dizia que Thomas fazia isso propositalmente, todavia, desviou de seus pensamentos, afinal eram absurdos.

— Thomas, você sabe muito bem que Janie não gosta deste seu comportamento! — Ellen sussurrou acreditando usar um tom de voz baixo, porém Janie ouviu toda conversa.

— Me desculpem meninas, mas vou deixar vocês à vontade. Tchau, Janie — se despediu, abrindo um largo sorriso e saindo de frente da câmera.

Janie ficou nitidamente mais aliviada.

— Desculpe-me, Janie, mas você sabe como Thomas é.

— Tudo bem.

Enquanto surgira algum assunto, Allan, o marido de Janie, entrou na cozinha. Ele estava bastante sério, ultimamente falava pouco, e desta vez, nem as cumprimentou direito. Talvez fosse por estar tão estressado ultimamente e cheio de trabalho, passava horas no escritório de casa trancado ou na empresa, não estava tendo tempo para família e muito menos para igreja. Isso deixava Janie muito preocupada. O pastor Júlio Ferraz perguntava frequentemente por ele, mas isso não o incomodava, na verdade, nada mais incomodava Janie não sabia o que fazer, nem o que dizer.

— B-O-M D-I-A! — Janie falou devagar com um tom áspero, a fim de que Allan desconfiasse de sua falta de educação.

Ele caminhou até a cafeteira e se serviu de um café rapidamente.

— Bom dia — respondeu com um tom de voz seco como se não se importasse.

Do outro lado da câmera Ellen observou a cena nitidamente incomodada com a frieza do marido de sua amiga.

— Bom dia pra você também, Allan! — Ellen disse de forma implicante.

Allan apenas respondeu com um aceno um pouco estúpido para câmera, antes de sair.

— Allan, você vem jantar com a gente hoje? — Janie perguntou antes que ele saísse.

— Não sei, eu já lhe disse que no fim de ano as coisas ficam complicadas na empresa, prometo me esforçar.

E antes que ela tentasse fazer outra pergunta ele já havia pegado sua pasta e alguns projetos em cima da bancada saindo para trabalhar.

— O que foi isso, Janie? Ellen perguntou espantada com a cena que acabou de assistir.

Janie permaneceu com um semblante desolado.

— Eu também não entendo... Allan está cada dia mais distante.

Janie se recordava que exatamente há seis meses estavam comemorando o aniversário de casamento. Haviam feito uma festa no próprio jardim da casa, a pequena Liah entrou na cerimônia com seu lindo vestido de cetim rosê e um enorme laço da mesma cor envolvendo seus longos cabelos lisos. A pequena estava radiante, pois tinha cortado a franja que tanto queria, e Caleb usava um lindo terno azul marinho. Tinha sido difícil convencê-lo a usar o traje, ele está com 16 anos e esta é uma fase bem complicada, andava ansioso, indeciso e em discordância com tudo. Mas Janie se emocionava ao se lembrar dele, seu primogênito, entregando-lhe aquele maravilhoso buquê de rosas, tão tímido como sempre. Talvez Allan devesse ter negociado um aumento de mesada a fim de convencê-lo, pois Caleb jamais aceitaria se expor assim apenas de comum acordo.

Naquele dia, fazia parte dos planos de Allan apresentar Thomas Barcelos o seu amigo solteirão para a famosa amiga de Janie, Ellen Miller, segundo ele, ambos tinham tudo a ver e já que estavam solteiros deveriam se conhecer. Assim tudo havia dado certo, certo até demais, afinal no sábado passado tinham se casado.

— Janie, você não pode dizer essas coisas a uma amiga recém-casada, e que está em lua de mel! — a voz em tom nostálgico de Ellen lhe fez voltar ao presente.

— Ai, Ellen... É que eu não entendo essa distância do Allan, não sei o que está acontecendo!

— Percebi que ele nem se despediu de você...

— Despedir? Allan está tão indiferente... — Janie estava completamente desolada.

A voz de Liah surgiu ecoando pelas casa.

— Mamãe, pede o Caleb para me devolver minha bolsinha das princesas!

Caleb surgiu carregando a bolsinha de lápis da menina. Ele corria em volta do balcão, enquanto era seguido por Liah.

— Isso é coisa de menininha, vê se cresce garota!

Janie encarou os filhos com uma expressão séria.

— Caleb, você é quem precisa crescer. Pare de provocar sua irmã, ela tem apenas cinco anos.

O jovem ergueu os braços com a bolsinha nas mãos, enquanto a pequena dava pulinhos na tentativa inútil de alcançar seu objeto.

— Olá, tia Ellen! — Liah cumprimentou Ellen ao vê-la na tela do celular de sua mãe.

— Oi, minha bonequinha! Caleb, não faz isso com sua irmã — Ellen pediu ao garoto carinhosamente.

— Oi, Ellen — Caleb respondeu.

A pequena Liah aproveitou a distração do irmão e conseguiu recuperar sua bolsinha, depois ela correu para perto de Janie se escondendo entre as pernas da mãe, em busca de socorro.

— Sua pirralha! Isso não foi nada justo, eu estava distraído! — Caleb disse furioso. Antes que ele partisse para cima da irmã, Janie interveio.

— Deixe sua irmã em paz, Caleb! — disse em um tom protetor.

O jovem se sentou para tomar o café emburrado.

— Ellen, depois conversamos, agora vai ficar impossível. Eu te envio a pauta da reunião por e-mail.

— Tudo bem, me deixa ir então, não posso deixar meu maridão perdido por aí sozinho — brincou Ellen.

As duas se despediram e Janie desligou seu aparelho.

— Mamãe, posso beber iogurte, por favor? — pediu Liah com os olhinhos brilhantes.

O telefone de Janie tocou novamente e ela observou pela tela que se tratava de uma ligação importante e que precisava atender.

— Iogurte não filha, você sabe que tem intolerância grave a lactose. Caleb faz uma torrada para sua irmã. — Janie pediu enquanto saíu da cozinha para atender a ligação. — Comportem-se! — ordenou, enquanto tapava o alto falante do aparelho com a mão.

Caleb fez a mesma careta de sempre, aquela de insatisfação. Ele agia sempre assim diante de alguma ordem, principalmente se estivesse relacionado ao cuidado de sua irmã.

Como todos os dias, Janie deixou Caleb na escola, uma que ficava a alguns minutos do colégio em que ela trabalhava. Ele cursava o segundo ano do ensino médio; era um jovem dedicado, com boas notas, os professores diziam que ele era um bom garoto e isso deixava Janie mais aliviada, apesar de ter se envolvido em duas brigas nos últimos meses. Caleb andava muito nervoso, impaciente, brigando bastante com sua irmã, e o pior ele não queria mais participar dos trabalhos da igreja, na verdade não queria mais sequer ir aos cultos. Janie precisava obrigá-lo e isso era preocupante, pois já não bastava Allan perder o interesse, agora seu filho também.

Depois de deixar Caleb na escola, ela seguiu para o Colégio Universo Novo Ensino, onde Liah também estudava. A pequena estava na pré-escola e fazia parte da turma da senhorita Monique Ross, que apesar de ser jovem, era uma excelente educadora, sempre
comprometida com o desenvolvimento de seus alunos.

A turma de Janie eram os alunos do quinto ano do ensino fundamental. A escola se preparava para a culminância de um grande projeto em que Ellen, como coordenadora, estava organizando junto aos professores. Como já estavam às vésperas do encerramento anual. Aconteceria o evento "Mostra de talentos" no qual todas as turmas estavam envolvidas.

— Professora, posso te mostrar meu poema de natal que estou escrevendo para nossa amostra? — uma das alunas pediu.

Janie leu a poesia da jovem, atenta aos erros de ortografia e corrigindo-os, tinha um bom relacionamento com seus alunos, todos amavam tê-la como professora.

— Muito bem, Lindssem, está lindo seu poema!

— Obrigada professora, Janie — a garota de pele pálida e aparência frágil disse se orgulhando de seu trabalho, enquanto ajeitava seu belo lenço que usava na cabeça.

Era muito bom ver Lindssem tão envolvida com a amostra, Janie sabia que a menina tão jovem lutava contra um terrível câncer e isso a deixava depressiva e com baixo rendimento escolar. Muitas das vezes acompanhava a batalha dela e de toda sua família, porém, naquele fim de ano, ela havia ganhado um presente importante, sua mãe tinha engravidado e tiveram uma irmãzinha que provavelmente a salvaria com um transplante de medula.

— Professora, também estou escrevendo um poema para minha irmã, Loren, você quer ver?

— Sim, claro, Lindssem.

A menina imediatamente pegou um papel bordado de coração guardado na mochila e a entregou, entusiasmada.

O amor me salvou
O amor não tem cor.
O amor não tem sabor.
Mas o amor tem a forma de Deus.
Pois ele amou os seus.
Ele te fez irmã.
Para minha vida salvar.
Ele nos salvou na cruz com o amor do seu filho Jesus.

Janie ficou nitidamente emocionada. Como podia uma menina de apenas dez anos passar uma mensagem tão linda como aquela? Lembrou-se de como a Carmem, a mãe da garota, lhe procurou por várias vezes triste, sem forças, tão incrédula quanto à cura, mas certa de que Lindssem não voltaria do hospital com vida. Havia falado com ela sobre fé e sobre os propósitos de Deus, fortalecendo-a, tentando trazer um pouco de esperança. Janie não podia negar que por várias vezes conseguiu se colocar no lugar de Carmem, não imaginava sua vida se Liah ou Caleb sofressem algo parecido, não suportaria tamanha dor.

— Muito lindo Lindssem — Janie não se conteve, abraçou a menina se lembrando de seus filhos agradecendo a Deus por eles estarem bem.

📚

Naquela manhã o trânsito estava mais horrível do que nunca. Allan ficou parado na Av. Cabral por quase uma hora. O que o deixou estressado, mais do que o normal, pois estava atrasado para reunião com os alemães, passou a noite inteira organizando a pauta da reunião, além de analisar os arquivos que Vivian havia lhe enviado pelo whatsapp.

— As mensagens! — ele se lembrou de algo importante. — Não posso me esquecer, droga!

Antes de descer do carro, no estacionamento da empresa, Allan pegou seu celular e apagou toda sua conversa com sua secretária de seu telefone. Ainda decidiu mudar a senha do aparelho, assim se sentiria mais tranquilo, quanto a possibilidade de Caleb ou Janie ter acesso. Apesar de que iria ter uma conversa séria com Vivian, ela não poderia misturar as coisas, ele era seu chefe e o fato de ter sido um fraco quando passou a noite com ela, não significou algo a mais, entretanto, ela o enchia de mensagens carregada de expectativas quanto a um possível relacionamento, relembrando com detalhes o encontro que tiveram desejando repetir a dose.

Assim que tivesse um tempo conversaria com ela e a proibiria de mandar mensagens que não fossem assuntos profissionais.

— Bom dia, senhor Allan! — Vivian disse em um tom completamente profissional.

— Bom dia, Srta Vivian! — Ele correspondeu na mesma intensidade.

— Allan, enfim você chegou, graças a Deus! — Benjamim disse desesperado ao vê-lo.

— O trânsito está pior que nunca!

— Eu sei Allan, você passou pela Av. Cabral?

— Não tenho outra opção.

— Verdade, as coisas por lá estão caóticas. Bom dia, senhorita Vivian! — Benjamin cumprimentou, observando-a de cima a baixo.

Vivian Barcelos era o tipo de mulher que chamava a atenção por onde passava, morena de cabelos lisos da altura dos ombros, tinha um corpo escultural, além de lábios grandes sempre cheios de batom vermelho, usava roupas decotadas e justas, além de ser completamente sedutora.

— Bom dia, senhor Benjamim! — respondeu.

— Eu já te falei que "o senhor' está no céu". Chame-me apenas de Benjamin, por favor — ela soltou um belo sorriso simpático deixando o presidente executivo da empresa mais
cortês ainda.

— Poxa, seu irmão está fazendo uma tremenda falta, você sabe quando Thomas volta de sua lua de mel, Vivian?

— Acho que em dois dias.

Ele se virou para Allan deixando Vivian para trás a fim de resolver imediatamente o problema com os alemães.

*

Na Igreja

Porque, para mim, tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.
Romanos 8:18 — o pastor Júlio ministrava.

Era o culto da Igreja Batista e Janie estava exausta. Aquela escola sem Ellen ficava desgastante, deu graças em pensamento pelo retorno breve de sua amiga.

Concentrada, olhou para seu lado, Caleb estava com sua cabeça inclinada para baixo, enroscando seus dedos na pulseira do seu relógio por repetidas vezes distraído, era nítido que o jovem não queria estar ali.

Sentada na ponta do corredor, uma encantadora jovem de aproximadamente 15 anos, se erguia na tentativa de acenar para Caleb. Aquela era a neta da senhora Margoh Lombardi. Seu nome é Sara, uma jovem incrivelmente linda, com seus cabelos longos e dourados que a deixavam radiantes, além de ser meiga e educada. Caleb, no entanto, não percebia a jovem ou pelo menos fingia não nota-la, ainda mais naquela noite, em que seu mau humor estava ainda pior do que o normal.

— Queridos irmãos, quero compartilhar com vocês o que Deus falou comigo através desta palavra: Muitas vezes enfrentamos dificuldades que não entendemos. Os problemas tiram nosso sono, e na pior das hipóteses abalam nossa fé.

Irmãos, quantos de nós nos sentimos desamparados quando estamos sentindo muita dor? Na alma, no corpo, a dor do abandono, a dor da traição, a dor da perda ou a dor física e não conseguimos enxergar que não estamos sozinhos, mas que Deus está sempre conosco.

Aqui em Romanos, vemos uma grande promessa, aquela que diz que há algo para nós que ainda será revelado e que será muito recompensador.

Neste momento, o pastor Júlio abandonou o púlpito e desceu caminhando de um lado para o outro, enquanto continuava com o sermão.

Cada um de nós temos nossas próprias dores, das quais não podemos comparar umas com as outras. Mas nenhuma delas foi tão cruel quanto à dor de Cristo. Dor física pelos cravos, interior pelo desprezo do seu povo, mas ao terceiro dia ele teve uma glória maior do que toda dor que ele sentiu, quando ele ressuscitou, e venceu o inferno.

— Amém! — toda a igreja respondeu.

Conosco não é nem será diferente, toda dor tem um fim algum dia e, através dela, a glória e a graça de Deus há de ser revelada na sua vida!

O pastor Júlio olhou para Janie, claro que coincidentemente, mas ela pôde sentir um nó no estômago, uma sensação estranha, seria algum tipo de aviso?

Depois do culto, Liah repetiu várias vezes sobre a linda história que a tia da salinha das crianças havia contado. Caleb rapidamente se sentou no carro afim de não ouvir aquela história com toda seu mau humor de sempre.

— Mamãe, Enoque sumiu! Ele andou com Deus, até que Deus o levou. Será que Deus me levaria? Eu gostaria de morar com ele!

Janie se espantou com o pedido da menina, sabia que era pura inocência, mas aquela ideia era algo terrível. Ela se abaixou ficando na altura da garota.

— Meu amor, você ficaria longe da mamãe?

— Mas mamãe, se Deus me levar, eu vou virar um anjo.

Janie apenas abraçou Liah apertado, enquanto um nó se formava em sua garganta.

— Não diga isso, minha filha, Deus não vai te levar.

— Mas ele levou Enoque.

Aquela ideia era algo doloroso, ficar sem seus filhos. Janie não podia imaginar sua vida sem eles, aquela seria uma dor enorme, ela se lembrou das palavras do pastor e de como ele a olhou ao dizer aquelas palavras, de que Deus se revelaria através de sua dor. Seu coração se estremeceu e ela mais uma vez abraçou sua filha bem forte.

— Filha, com Enoque foi diferente, ele já era bem velhinho e você ainda tem muito o quê viver aqui na terra.

— Mas deve ser muito bom morar com Deus — Liah disse entusiasmada.

Felizmente, foram interrompidas pelo pastor Júlio e sua linda esposa, a simpática Jéssica Ferraz, as mulheres se cumprimentam com um abraço.

— Janie, tudo bem? — Jéssica perguntou preocupada ao perceber um semblante triste de Janie.

— Sim, estou bem — Janie não quis dizer sobre seu diálogo instantes antes com Liah.

— Como está o Allan? — o pastor perguntou acreditando ser o único motivo de tanta angústia.

— Ele está trabalhando bastante, não está tendo tempo, pastor — Janie tentou justificar a ausência do marido.

Seu semblante era de desolação e Jéssica tentou mudar o assunto, a fim de melhorar o ânimo.

— Liah, você está ensaiando para a Cantada de Natal?

— Mamãe, diz pra tia Jéssica como estou me saindo bem — a pequena falou ansiosa.

— Sim, Jéssica, ela tem ensaiado bastante.

Liah havia escolhido uma música tradicional da harpa cristã. Ela passava a maior parte do dia ensaiando Noite de paz, a menina se dedicava completamente, adorava participar dos festivais da igreja.

— Mas meu papai virá me ver, eu tenho certeza — Liah os surpreendeu, mostrando que a pequena estava prestando atenção na conversa.

— Claro que sim, ele virá, Liah! — Janie prometeu, sem saber se conseguiria cumprir.

Todos se entreolharam, na verdade, sabiam que Allan estava distante de tudo, era como se nada mais importasse. Aquele homem dedicado à família e compromissado com as coisas da igreja parecia não existir mais.

— Pastor, o senhor esqueceu suas chaves no púlpito!

O jovem Mateus os interrompeu entregando as chaves que estavam em suas mãos.

— Obrigado, meu filho! — Júlio agradeceu.

— Esse menino é uma benção! — Jéssica o elogiou.

— Boa noite, Caleb! — Mateus o cumprimentou pela janela.

Houve um longo silêncio e foi preciso Janie franzir a testa demonstrando sua insatisfação pela falta de educação do filho para que ele respondesse.

— Boa noite — ele respondeu secamente.

— Caleb, você vai participar da cantada de natal? — pastor Júlio perguntou empolgado.

— Não — outra resposta cheia de mal humor.

Houve outro silêncio, Janie sentiu vontade de dar uns bons tapas no garoto, afinal ele estava sendo muito malcriado.

— Eu vou tocar junto com a banda. Nós estamos nos preparando desde a semana passada!— Mateus contou seus planos todo empolgado, ignorando a antipatia de Caleb.

Você é um bom garoto, Mateus! — Janie enfatizou, na intenção de mostrar seu filho como deveria se comportar.

— Mateus, filho... — a voz da senhora Mariah soou de longe.

— Eu preciso ir, combinei de ajudar mamãe a entrar com a vovó no carro.

Enquanto Mateus se afastava, todos se admiravam com o bom comportamento do menino, principalmente em se dispor a ajudar sua avó que já era de idade avançada.

— Esse menino é um tesouro! — Janie tornou a elogiar o garoto.

Ela não entendia como ele poderia ser tão diferente de Caleb se ambos tinham a mesma idade.

Despediram-se do pastor e de sua esposa e entraram no carro. Antes de saírem Janie precisou chamar atenção de Caleb mais uma vez, agora ele discutia com Liah como se tivesse a mesma idade da menina por causa da música que ela havia escolhido. Janie já estava ficando nervosa. Liah colocava suas músicas prediletas com seu tablet, enquanto Caleb desligava tudo pelo Bluetooth de seu smartphone.

Đọc tiếp

Bạn Cũng Sẽ Thích

831 115 41
Ivy herdeira do trono de Amaryllis e levada embora ainda quando criança, por viver sua vida tomando um chá do esquecimento acabou se esquecendo de s...
76.9K 119 1
LITERATURA CRISTÃ | TRILOGIA "ATÉ" Livro 1 "Ser encontrada. Eu glorificava a Deus por ter sido encontrada por Ele." Essa é a história de uma borbole...
12.3K 1.2K 63
Jasmine Freire é uma jovem gentil, de boa alma e amada por todos, com seu carisma e maneira de ser consegue conquistar qualquer um a sua volta. Ama o...
29.7K 1.8K 52
Para uma menina comum a vida de Catherine poderá ter uma reviravolta é tanto.