You without me

Por EmilyChristine8

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~ side-fic de Don't let me go e I am already gone Parecer melhor, mais alegre, mais feliz; parecer se import... Más

I am still here
I wanna feel you

Keep Breathing, Naruto

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Por EmilyChristine8

Notas da Autora 

Emily C Souza: Essa fanfic é uma parceria minha com a Camy, não há como coloca-la como autora dessa fanfic, mas saibam que somos nós duas que escrevemos e que tenho total autorização para escrever essa continuação.

AVISO: É preferível que leiam Don't let me go e I am already gone para melhor entendimento, e à aqueles que já leram essas duas obras maravilhosas, venham chorar com a gente.

Perfil da Camy: https://www.wattpad.com/user/CamyMJ

~~~***~~~


Segurou a mão de Sasuke até Mikoto avisá-lo de que estava na hora. Apertou-o com mais força, esperando que ele abrisse os olhos e que pudessem se perder na alma um do outro só mais uma vez. Kushina, que estivera acariciando seus cabelos negros pelos últimos minutos, foi a primeira a se afastar. Precisou abrir os dedos do filho para que ele o soltasse, e Naruto sentiu como se estivessem arrancando um pedaço seu enquanto o afastavam do namorado.

Não conseguiu olhar a tampa cair sobre o caixão. Ele e Kushina se abraçaram, ambos de olhos bem fechados, e soluçaram alto numa dor tão intensa que fez Fugaku se sentir constrangido.

Minato ajudou a carregar Sasuke até perto da lápide de Itachi, e o resto da família Uzumaki o seguiu em agonia. Não havia volta agora. Os soluços pararam junto da comitiva. Nunca apertou os dedos de Kushina com tanta força.

Naruto não poderia descrever o que sentiu enquanto assistia o caixão descer para a cova. Era uma mistura de vazio e desespero que o deixaram em estado de espera; como se seu corpo e sua mente houvessem desligado. Não havia barulho ao seu redor, as lágrimas não permitiam que visse coisa alguma, não sentia a mão do pai no seu ombro, ou o abraço da mãe. Tudo o que via era o caixão sendo abaixado devagar. Desejou ardentemente ver sua pele pálida de novo, seu semblante tranquilo...

Em silêncio, disse adeus àquele que mais amou e que não pôde salvar.

Os dias que se passaram ao velório de Sasuke foram os mais sombrios da sua vida.

Tudo o lembrava dele: o lugar vazio ao seu lado na sala de aula, o refeitório, o pátio onde suas brigas falsas sempre aconteciam. Às vezes, quando estava caminhando pela escola, podia jurar que Sasuke viraria um corredor e que se encontrariam às escondidas no banheiro. Em casa, Kushina havia colocado um colchão em seu quarto e obrigado Naruto a dormir com eles. Não reclamou. Deitar-se na cama que haviam compartilhado tantas vezes era tortura demais.

Mesmo a coisa mais simples, como jogar World of Warcraft, era sufocante. Lembrava-se de quando jogavam juntos, de como competiam para ver quem era melhor e de como Sasuke o distraía com beijos no pescoço.

A direção da escola montou um mural em homenagem a Sasuke, e Naruto quis destruir tudo. Ninguém ali realmente se importava, ninguém sequer o conhecia. Para eles, Sasuke não passava de um garoto inteligente e misterioso que não se importava com ninguém (se sentia um merda por tê-lo chamado de arrogante tantas vezes). Não sabiam do quanto ele era atormentado, do quanto se odiava; não sabiam quais eram seus demônios. As garotas choravam porque não teriam mais a chance de ficar com ele, e somente Kiba e Sakura sabiam que elas não teriam chance mesmo com Sasuke ainda vivo.

Passou duas semanas dormindo com os pais até se sentir sufocado e pedir um pouco de privacidade. Kushina não ficou feliz; foi Minato quem a convenceu a lhe dar um pouco de espaço.

E então o boato de que Sasuke se matou em um acampamento de cura gay se espalhou.

Foi um choque. Não tanto sobre a sexualidade dele, porque já havia o rumor de que Naruto e Sasuke se encontravam às escondidas, mas sobre o acampamento de cura gay: parecia absurdo acontecer algo como isso em pleno século XXI. Comentários irritantes ("ele nem parecia", "eu nunca ia imaginar", "que desperdício") também percorreram a escola, porém foram minoria. Quem ainda não tinha certeza do romance deles, passou a ter. Várias pessoas que nunca haviam dado um bom-dia a Naruto antes, agora vinham lhe abraçar e dizer que tudo ficaria bem. O que eles sabiam?

Seus amigos, em especial Kiba e Sakura, fecharam-se ao seu redor como um casulo. Afastavam os colegas inconvenientes, tentavam distraí-lo com conversas e se disponibilizaram para conversar. Naruto ia na onda deles, tentando não os preocupar demais, porém era visível o quanto estava abatido.

Numa tarde, um pouco sufocado pela falsa animação de Ino e Sakura, escorregou para longe delas. Queria só fechar os olhos, caminhar pelo pátio e sentir saudade de Sasuke. Estava distraído, pensando no modo como suas provocações faziam aquele sorriso de canto aparecer no rosto dele, quando entreouviu alguns alunos de outra turma.

Falavam do garoto que se matara, e faziam piada ("toda aquela pose de macho escondia um veadinho louco pra abrir as pernas", "decepcionar o pai dessa forma? Por isso se matou, até ele sabia que ninguém deve ser uma bicha de merda", "ele se matou porque descobriu que estava com AIDS e não aguentou viver com a doença").

Tentou se manter quieto, sabendo que era melhor continuar caminhando. Não aguentou. Naruto simplesmente xingou todos e partiu para a briga. Saiu machucado, conseguiu fugir para uma sala de aula e quebrou meia dúzia de cadeiras (quando na verdade queria quebrar a cara de todos eles). Pegou suspensão de três dias.

Sabia que estava preocupando seus pais. Sentia o olhar de Kushina em sua nuca, sempre por perto; ela entrava em seu quarto pelo menos de duas em duas horas, e quando Naruto passou mais do que meia hora no banheiro, ela faltou derrubar a porta. Minato não era tão invasivo; compreendia a dor do filho (por também a sentir) e o deixava à vontade para desabafar quando quisesse.

O caos caiu naquela casa quando Naruto apareceu todo roxo e com a suspensão. Precisou ouvir sua mãe reclamar que ele não parecia o mesmo, e ela começou a chorar. Isso o quebrou. Ver Kushina chorando lhe doía na alma, e precisou abraçá-la com força e prometer que daria seu melhor para seguir em frente, mas que era difícil.

— Eu não posso perder você também, Naruto.

E isso fez o choro aumentar, porque Naruto estava começando a ter bastante certeza de que já tinha se perdido. Quem é Uzumaki Naruto sem Uchiha Sasuke? Ele não faz a menor ideia e não tem vontade de descobrir.

Quase dois meses depois do velório, Naruto estava apagado. Ia à escola, respondia seus amigos de forma monossilábica e recusava todos os convites de Kiba para sair. Ao chegar em casa, comia o suficiente para que seus pais não reclamassem e depois ficava na cama até o dia recomeçar.

Sua mãe não era a pessoa mais paciente do mundo e não demorou para que ela surgisse no seu quarto, limpando tudo, enquanto brigava por Naruto estar dormindo em um chiqueiro. Não prestava atenção de verdade ao que ela dizia; parecia ver e escutar Kushina de outra dimensão, como se apenas seu corpo estivesse presente. O monólogo irritado parou pela metade. A mãe o olhava indecisa, em sua mão uma blusa escura.

O mundo parou de girar. Naruto se lembrou da primeira vez que pôde tocar o corpo pálido do namorado: ele usava aquela blusa. Naruto o convencera a levar uma camiseta sua e a deixar aquela na sua casa (assim você pode dormir comigo mesmo que eu não esteja aí).

Levantou de uma vez da cama e pegou a blusa. Suas mãos tremiam quando a levou ao seu rosto. Respirou fundo, o cheiro de Sasuke ainda ali, fraco demais para ser marcante, mas o suficiente para lhe fazer perder o fôlego.

Engasgou, perdendo as forças e caindo de joelhos no chão.

Kushina piscou, lágrimas quentes e grossas descendo por seu rosto. Mais do que depressa se ajoelhou ao lado do filho, abraçando-o com todas as suas forças.

— Vai ficar tudo bem, meu menino — murmurou, tentando desesperadamente acreditar nas próprias palavras.

Naruto se lembrou do enterro de Itachi, quando disse as mesmas palavras a Sasuke. Mas nada ficaria bem, nunca ficaria bem. Não o teria mais ao seu lado, não sentiria mais os lábios nos seus, não poderia mais abraçá-lo apertado... não trocariam mais olhares intensos (azuis nos negros, negros nos azuis).

Não havia mais futuro possível para eles, jamais assumiram o romance e Sasuke nunca aceitaria quem era.

Havia somente aquele vazio terrível que vinha lhe consumindo nos últimos meses. O vazio do pedaço da sua alma que fora arrancado de si.

— Não vai ficar bem, mãe — sussurrou. — Nunca mais nada vai ficar bem.

Todos os dias vários "e se" passavam pela sua mente. E se tivessem se assumido antes de Itachi morrer? E se não tivesse aparecido no enterro? E se não tivessem assumido de forma descuidada o relacionamento?

Agora não importava mais, aquilo era somente uma tortura pessoal. Sasuke estava morto.

— Eu deveria ter insistido mais, mãe! Deveria ter deixado claro que não seria feliz sem ele, que ele é mais do que importante, que ele é um pedaço de mim!

Não sabia se estava gritando ou não, e isso não era importante. O importante era que sentia seu coração ser dilacerado. Tudo o que planejou, todos o os seus esforços para tê-lo em seus braços, na sua vida, foram em vão. Sentia-se morto.

— Eu não sei o que fazer, mãe. Eu só consigo pensar nele e no que a gente estaria fazendo agora e eu não consigo... Mãe, eu não consigo... Eu não sei. Eu preciso dele, mãe, eu preciso...

Kushina não respondeu, tão desnorteada quanto o filho. Ela também precisava de Sasuke. Pensava nele o tempo inteiro, nas coisas que poderia ter feito para salvá-lo. Se soubesse que isso aconteceria, teria ido à Inglaterra e o retirado daquele lugar terrível à força. Só queria acordar desse pesadelo que era não ter mais seu menino em seus braços.

Minato estava parado no vão da porta. Vê-los daquela forma, vivendo dia após dia sem comer direito ou dormir de forma tranquila, o matava. O que deveria fazer para tirá-los daquele sofrimento sem fim? Não se lembrava do último sorriso de Naruto nem da última vez que vira a esposa verdadeiramente feliz. Estava de mãos atadas, pois sofria tanto quanto a mulher e o filho. Sasuke também era seu, afinal. Limpou os olhos, lembrando-se dos almoços em família e de chegar em casa sempre com um pacote a mais de comida.

Seguiu para o meio do quarto e se ajoelhou ao lado deles, os abraçando. Em silêncio, chorou como não chorava há muito tempo.

O tempo não curou as feridas da família Uzumaki.

Os amigos de Naruto não entendiam o porquê da sua mudança. Sempre o chamavam para festas, implicando com seu aparente voto de castidade. Tudo se tornou mais insuportável quando Ino passou a pressioná-lo:

— Sei que é complicado pra você, mas Sasuke se foi há cinco meses, Naruto! Você precisa seguir em frente! Cê não tá só me preocupando, não. Já pensou nos teus pais? Porque tá todo mundo louco de preocupação contigo.

Ficou envergonhado, baixou os olhos. Era verdade, ele sabia que sim, porém era impossível se forçar a não ficar triste. Não podia simplesmente voltar a sorrir e a sair com todo mundo, porque até respirar era doloroso. Não era como se quisesse viver assim. Sasuke o amava e desejava o melhor para si, que ele fosse feliz, que ficasse em paz, mas... Tranquilidade parecia um sonho distante e inalcançável.

Lembrar-se de Sasuke ainda doía (não que o esquecesse em algum momento), e Naruto não sabia se poderia suportar. Sentia-se preso em um labirinto de dor sem nunca encontrar a saída.

Numa tarde, poucos dias depois do sermão de Ino, Naruto teve uma surpresa ao chegar em casa. Deidara o esperava sentada no sofá.

— Oi, o que cê faz aqui?

Ela sorriu e o abraçou. Naruto a manteve um segundo a mais em seus braços, porque se lembrou de Itachi e teve a certeza de que ela o entendia como ninguém mais. Sentaram-se em seguida. A forma que Deidara o olhava (um misto de carinho e solidariedade) fez com que Naruto soubesse o porquê de ela estar ali: seus pais realmente estavam preocupados.

— Mikoto me disse que sua mãe tá muito preocupada. Ela pediu que eu conversasse com você.

Não soube como lidar com aquela informação. Por mais que soubesse que Mikoto tentara ajudar Sasuke, ainda se ressentia por ela ter passado a vida inteira o ignorando. Se não fosse por isso, Sasuke ainda estaria ali. Naruto não sabia se um dia conseguiria perdoá-la. Sua mãe dissera que Mikoto estava tentando fechar alguns centros de reorientação (com a ajuda de Minato), mas no fundo Naruto não se importava. Sasuke não estava mais ali, ele não poderia ser salvo, não mais.

— E por que ela pediria para você vir aqui falar comigo?

A pergunta foi feita com tom de desdenho. O olhar, contudo, não mudou, e Deidara não pareceu se incomodar. O sorriso que recebeu foi de alguém que sabia exatamente o que ele sentia, o que ele estava sofrendo.

— Cinco meses, né?

A mais remota menção da morte de Sasuke rasgava seu peito. Respirou fundo, engolindo o soluço e reprimindo as lágrimas (ainda não conseguia falar dele sem se desmanchar em lágrimas, e não sabia se um dia conseguiria). Olhou intensamente para os olhos tão azuis quantos os seus, e só naquele momento percebeu que ambos os irmãos tinham o mesmo gosto. Deidara parecia muito consigo, mesmo no olhar: vazio e sem brilho.

— Sim, tem cinco meses que ele morreu.

Deidara segurou as suas mãos, os olhos marejados.

— São cinco meses em que você conseguiu aguentar essa dor terrível, Naruto.

Ela acariciou seu rosto, lembrando a forma que Kushina tinha de demonstrar apoio. Ela seria uma ótima mãe, Itachi também seria um ótimo pai. Naruto quis muito chorar ao perceber que seria tio, se tudo tivesse sido diferente.

— Parece impossível agora — ela continuou —, mas você vai encontrar alguém que vai amar, e então você vai seguir em frente.

Saber que ela passou (e ainda passava) pelo mesmo que ele lhe dava mais consolo do que qualquer outra pessoa havia conseguido; Naruto, no entanto, não acreditava em suas palavras. Deidara sabia como era perder um grande amor, mas ela não sabia como era perder o Sasuke.

— Deidara, eu preciso que você me ensine como voltar a viver. Passo a passo, bem devagar, com todos os detalhes. Porque eu não faço ideia de como seguir em frente, não depois de perder ele.

Deidara sorriu melancólica.

— Essa dor não vai sumir, Naruto. Ela vai sempre estar com você, como uma ferida aberta que nunca sara.

Seus olhos azuis se desviaram para as mãos entrelaçadas. Não queria que Naruto visse como ainda estava ferida, como ainda sentia a agonia de não ter mais Itachi ao seu lado. Já tinha se passado mais de um ano e, mesmo assim, ainda acordava de madrugada procurando por ele em meio aos lençóis revirados.

Todos os dias era como receber aquela mesma ligação. Todo dia o desespero que sentiu quando soube que o perdeu voltava. Mas não podia dizer isso a Naruto, não podia olhar nos olhos azuis e dizer com todas as letras que nunca sairiam daquele pesadelo, que nunca mais seriam os mesmos, que não havia como seguir em frente, e que o fato de todos acharem que sim era mera ilusão.

— E então, dia após dia, você levanta da cama, segue sua rotina, e tenta não sufocar em agonia.

Voltou a olhar para ele, mas Naruto não olhava para si. Os olhos estavam desfocados, perdidos em dolorosas lembranças.

— Não há como seguir em frente, não é?

A pergunta fora feita em um sussurro. As lágrimas passaram a descer pelo rosto bronzeado. Naruto sequer piscava, totalmente perdido na confusão de sentimentos pesados que o acometia.

Ter essas palavras jogadas contra si foi como receber um soco. Deidara tentou não cair.

— O que nos resta, Naruto, é aprender a conviver com a dor e tentar seguir em frente. A gente tem que se mostrar forte para não preocupar quem nos ama. Um dia vai ser mais fácil. Precisa ser.

Naruto a consolou com um abraço. Deidara chorou (fazia isso quase que todos os dias). Não disseram mais nenhuma palavra vazia, porque sabiam a verdade: estavam no fundo do poço.

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