Essa situação parece familiar demais.
Lágrimas estão queimando os olhos de Lauren enquanto ela guarda não só as suas coisas, mas também as coisas de Camila nas mochilas, esforçando-se ao máximo para esconder seu rosto, para que assim as pessoas ao seu redor não pudessem vê-lo quando ela começa a fugir dali. Mas dessa vez não é Alexus a causa de sua dor e de sua raiva. É Camila.
Havia uma grande parte de Lauren que hesitava em acreditar que Camila estava pronta para ser vista com ela em público. E não poderia ter sido em uma época pior, considerando que Camila tinha humilhado Alexus na frente de todo mundo recentemente, então é claro que ela e seus amigos não iriam deixar barato. Eles fariam e falariam qualquer coisa que fosse para poder afetar Camila. E funcionou.
Mas Lauren estava disposta a dar à Camila o benefício da dúvida. Afinal, ela enfrentou Alexus na frente de um monte de gente, sem medo, para defender Lauren. Ela confiou em Camila. Agora, ela não tem tanta certeza disso.
Elas não duraram nem quinze minutos fora do quarto antes de Camila se levantar e fugir, deixando-a sozinha para lidar com Samantha rindo e apontando o dedo. Lauren está se sentindo humilhada, mas principalmente, está muito magoada.
O olhar de terror no rosto de Camila no momento em que Lauren mal tocou sua pele foi o que acabou com ela. Seus olhos castanhos ficaram aterrorizados ao sentir o toque de suas peles e Camila rapidamente se esquivou de Lauren como se ela fosse o ser humano mais perverso da face da terra. Camila olhou para Lauren do jeito que Alexus e seus amigos olhariam para ela.
Lauren seca o rosto com as costas da mão de maneira agressiva e tenta colocar as mochilas uma em cada ombro, mas elas eram pesadas e grandes demais para uma pessoa só carregar. Isso até ela sentir as duas mochilas sendo tiradas de seus ombros. Ela se vira e inclina a cabeça para o lado ao se deparar com Dylan.
"Vem." Ele murmura com uma expressão séria, mas determinada em seu rosto ao carregar as duas mochilas em seus ombros largos sem esforço algum. "Vamos sair daqui."
Ela está surpresa ao ver que foi Dylan que veio em seu socorro, mas nesse momento, ela não se importa. Contanto que não seja Camila.
Então Lauren simplesmente assente com a cabeça e caminha perto de Dylan, que está com as pontas dos dedos posicionadas no meio das escápulas dela, como se quisesse confortá-la, mas ao mesmo tempo estivesse sendo cauteloso ao tocá-la.
Eles chegam ao quarto de Lauren logo depois sem despertar a atenção dos outros alunos. Ela destranca a porta e entra no quarto. Mas ela se vira quando não sente a presença de Dylan perto dela. Ele ainda está parado no corredor, um pouco afastado do batente da porta.
Ele está esperando ser convidado para entrar.
Lauren faz um gesto sutil para que ele entre no quarto, desmotivada demais para falar. Ela se senta sobre a cama, colocando o cobertor sobre os ombros. Ela sempre se sente um pouco consolada toda vez que faz isso. Faz com que ela se sinta segura e aquecida.
Dylan entra no quarto antes de colocar as duas mochilas cuidadosamente no chão contra a parede e se senta na cadeira em frente à escrivaninha, de frente para Lauren. Ele parece estar um pouco nervoso e um pouco constrangido também, mas isso porque os dois não se conhecem muito bem ainda. Bem, o fato de ele ter pegado Lauren e Camila se beijando no carro depois de pensar que Camila era hétero talvez tenha a ver um pouco com isso também. E não vamos esquecer que ele é o namorado de mentirinha de Camila pelo bem de Lauren.
Sentindo seu desconforto, Lauren é a primeira a se pronunciar. "Você viu ou ouviu o que aconteceu?"
"Eu não ouvi nada, mas vi quando Camila..." Dylan deixa no ar quando vê o olhar de Lauren cair para o próprio colo. "Oh,,, Hum, desculpa."
Lauren balança a cabeça imediatamente e respira fundo, tentando se recompor. "Está tudo bem." Ela responde, um pouco rápido demais e um pouco forçado demais.
Ela ergue o olhar e seus olhos pousam sobre a cama perfeitamente arrumada de Camila no outro lado do quarto. Camila nunca arrumava a própria cama nem arrumava a bagunça que fazia nem nada do tipo, mas ultimamente, isso estava mudando. Camila tem feito várias coisas diferentes só porque sabe que isso faz Lauren feliz. É como se ela fosse capaz de fazer qualquer coisa só para colocar um sorriso no rosto da mais velha. Mas esse certamente não é o caso agora.
Lauren balança a cabeça ao sentir as lágrimas se formando em seus olhos. Ela não consegue ficar aqui nesse instante.
Ela se levanta da cama subitamente, assustando Dylan com suas ações repentinas. "O que você está fazendo?" Ele questiona.
"Eu preciso ir." Lauren responde fungando. Ela está começando a ficar com dor de cabeça por causa do choro e do estresse que o dia de hoje causou.
"Ir pra onde?"
Lauren olha para o rosto dele. Ele parece genuinamente preocupado. Suas ações nos últimos dias deram razões mais do que suficientes para Lauren confiar nele, mas ela precisa ficar sozinha nesse momento. Ela precisa estar longe de Camila e longe de tudo que a faz lembrar dela. Ela pega as chaves do carro do porta-chaves que fica na parede perto da porta.
"Pra qualquer lugar que não seja aqui."
• • •
Camila está sentada no telhado do prédio mais afastado do campus onde a área é praticamente deserta. Quase ninguém vem aqui. Ela sabia porque passava bastante tempo aqui em cima sozinha quando precisava de um tempo para si mesma e/ou quando precisava chorar. Hoje ela precisava das duas coisas.
Mais cedo, Camila chorou não só por si mesma, mas também por Lauren. Ela chorou pelo tanto que machucou Lauren. Ela chorou porque não conseguiu fazer de Lauren sua prioridade. Ela chorou porque o que aconteceu apenas comprovou que ela não é a pessoa que Lauren merece.
As coisas são tão simples e fáceis com Lauren na privacidade do quarto delas que às vezes Camila esquece de tudo que acontece fora daquelas quatro paredes. É tanto uma benção quanto uma maldição. Lauren é familiar e segura. Todo o resto é desconhecido e perigoso. Ao que parece, Camila não estava totalmente pronta para unir esses dois mundos ainda e ela e Lauren sofreram por conta de sua decisão precipitada.
Camila pensou que ficaria bem e, no começo, ela estava bem, mas a ansiedade tomou conta de seu ser logo após Samantha ter feito aquele comentário. Foi uma única palavra, mas o jeito que ela disse, a intenção que ela tinha e a verdade por trás de sua afirmação fizeram Camila surtar. Ela foi de não ter ninguém suspeitando de nada a ter acusações e boatos sobre sua sexualidade chegando até ela a torto e a direito. Mas o pior disso tudo é que o efeito colateral dos medos e anseios de Camila afetou Lauren.
O olhar em seu rosto depois que Camila se afastou de seu toque partiu o coração da mais nova em pedaços. Ela não queria ter sido tão dura e cruel. Seu corpo se sentiu em perigo no momento em que ela notou Samantha e seus amigos cochichando e olhando de relance para ela e Lauren, então tudo ao redor dela se tornou uma ameaça, inclusive Lauren. Naquele instante, ela tinha duas opções: fugir da origem do perigo ou ficar e confrontar o perigo. Ela não achou força o suficiente dentro de si para escolher a última opção. Então ela fugiu.
Camila não sabe exatamente há quanto tempo ela está aqui em cima sozinha, mas sabe que faz um tempo. O sol e o céu azul-claro foram substituídos por uma noite escura, nublada e triste. A maioria dos alunos já tinha voltado para os seus dormitórios e as calçadas estavam desertas. Ela se sente tão sozinha quanto se sentia na época do ensino médio, e de repente parece que o mundo inteiro está contra ela e que não suporta vê-la feliz. Ela encontra Lauren, uma das pessoas mais importantes de sua vida, e suas batalhas internas mantêm Lauren afastada de si. Ela não consegue ser feliz uma vez na vida.
Onde está Lauren agora? E o quão brava e magoada ela está com Camila? Camila não culpa Lauren nem um pouco se ela não quiser conversar, mas Camila quer conversar com ela. Camila tem que pelo menos tentar se desculpar com ela. Não há garantias de que Lauren queira ouvir, mas Camila a respeita e se importa com ela o suficiente para lhe dar algum tipo de explicação. Ela só está nervosa por ter que fazer tal coisa. É difícil o suficiente saber que Lauren está puta da vida com ela, mas ver a mágoa estampada no rosto da mais velha vai ser ainda mais difícil.
Ela odeia aquela desculpa esfarrapada de "não é você, sou eu", mas acontece que nesse caso é verdade. Não era Lauren. Nunca foi Lauren e Camila quer desesperadamente que ela entenda isso.
Ela então sente uma gota de chuva pousar em sua bochecha. Então outra. E mais uma. Um estrondo baixo de trovão surge em seguida. É praticamente o jeito de Deus de dizer para ela deixar suas inseguranças de lado e voltar para o quarto para conversar com Lauren. Ela vale a pena.
Com um suspiro pesado, ela se levanta, para um momento para se recompor e começa a fazer o terrível caminho até o quarto. Se não fosse pela chuva, ela caminharia lentamente para o quarto, tentando adiar a conversa o máximo possível. Mas a chuva começou a ficar mais pesada, forçando-a a correr e chegar até o seu destino em poucos minutos.
O prédio está estranhamente quieto, como se não houvesse mais ninguém no campus além dela. E a essa hora, a chuva está caindo dramaticamente. Ela consegue ouvir o barulho da chuva batendo contra o telhado. Que simbólico. E dramático. Claro que cairia uma tempestade pela primeira vez em semanas na noite em que as coisas não estão nada bem entre Camila e Lauren.
Ela se dá conta de que passou os últimos cinco minutos parada em frente à porta, não mexendo um músculo para entrar no quarto. Ela está com medo. E se Lauren começar a gritar com ela? E se ela ignorar as tentativas de Camila de conversar? E se Lauren odeia Camila pelo que ela fez? Por tudo que ela fez?
Camila balança a cabeça para afastar esses pensamentos que estão tentando impedi-la de prosseguir com seu pedido de desculpas. Ela não pode evitar Lauren para sempre, e ela merece uma explicação. Talvez Camila não tenha sido capaz de fazer de Lauren sua prioridade naquela hora, mas agora ela é capaz. E com isso, ela destranca a porta.
Eis que Lauren sequer está no quarto.
Camila não está necessariamente surpresa com isso. Na verdade, ela fica triste com isso. É uma clara evidência de que Lauren está tentando ignorá-la de propósito. Onde mais ela estaria às onze da noite tendo aula na manhã seguinte?
Ela franze o cenho ao se arrastar até a janela, abrindo as cortinas para ver, bem, nada. Está chovendo tanto a ponto de não se ver nada a um palmo de distância. Sério, onde Lauren está?
Ela liga para Dinah, Ally e Normani, respectivamente, e pergunta de maneira calma se Lauren está com alguma delas. Ela não quer preocupá-las ao usar um tom de voz urgente e ansioso, mas conforme cada uma delas começa a dizer que a de olhos verdes não está com elas, Camila começa a andar de um lado para outro no quarto e a passar os dedos pelo cabelo. Ela para de andar quando nota que a chave do carro de Lauren não está no porta-chaves. Agora ela está ainda mais preocupada.
As estradas não estão seguras para dirigir nesse momento e saber que Lauren está lá fora nesse mesmo instante está deixando Camila apavorada. Você pode ser o melhor e mais cuidadoso motorista do mundo, mas isso não garante que as pessoas dirigindo ao seu redor também são. E a mãe natureza está pouco se fodendo para você.
Agora Camila está ponderando se deve ou não ligar ou mandar uma mensagem para Lauren. E se ao tentar entrar em contato com Lauren isso tire sua atenção da estrada? Camila não seria capaz de viver com a consciência tranquila se algo acontecesse com Lauren e ela tivesse algo a ver com isso. Mas ao não ligar, Camila ficaria na incerteza, o que encheria sua cabeça das piores hipóteses possíveis. Não tinha como sair ganhando nessa situação. Ela só quer saber se Lauren está a salvo.
Por mais que isso tenha a matado por dentro, ela decidiu não entrar em contato com Lauren. Ela confia em seu instinto que diz que a mais velha é inteligente o suficiente para parar o carro no acostamento até a chuva diminuir antes de voltar para a estrada, e que logo logo ela estará de volta.
Porém horas e horas se passaram e Lauren ainda não tinha voltado. Camila está mais inquieta do que nunca, embora sejam quatro da manhã. Ela não vai conseguir pregar o olho até ter certeza absoluta de que Lauren está bem. Não para de chover e ela consegue ouvir o uivo sinistro do vento do lado de fora da janela, o que não está ajudando nem um pouco.
Camila deita sobre a cama de Lauren em posição fetal e abraça seu travesseiro contra o peito. A culpa está invadindo cada centímetro de seu corpo porque Lauren não estaria lá fora nesse momento se Camila não tivesse magoado a mais velha. Ela fecha os olhos fortemente e espera, deseja e reza para o universo que Lauren volte para casa.
E funciona.
Camila pula da cama no mesmo instante em que ouve o barulho de chave do outro lado da porta, e um segundo depois a porta abre lentamente e revela uma Lauren encharcada da cabeça aos pés.
"Ai, meu Deus." Camila cobre a boca com a mão trêmula ao sentir um alívio imensurável tomar conta de si, e ela nem ao menos tenta lutar contra as lágrimas ao ir até Lauren e jogar os braços ao redor de sua cintura. As roupas de Camila estão ficando molhadas também, mas ela não poderia se importar menos com isso. Ela se sente sufocada ao experimentar tamanha gratidão e alegria. "Graças a Deus você está bem."
Mas Lauren não está retribuindo o abraço. Na verdade, ela está completamente imóvel, tirando o fato de estar tremendo de frio violentamente. "Ah, então agora você se importa comigo?"
Camila se afasta, franzindo o cenho. Ela ainda está magoada. Camila deixa os ombros caírem ao murmurar baixinho. "Lauren... Isso não é justo."
Lauren empurra Camila pelo peito com o dedo indicador e chega perto de seu rosto. Seus olhos verdes estão escuros e inchados, e ela está com raiva, sem sombra de dúvidas. Camila acha que nunca viu Lauren assim antes e, para piorar, tudo isso é direcionado a ela.
"Não. Deixa eu te dizer o que não é justo." Ela diz de maneira lenta com os dentes cerrados. "O que não é justo é você ter me deixado lá sozinha enquanto Samantha e o resto me ridicularizavam. O que não é justo é você me tratar em público como alguém que não significa nada pra você, mas você me beijar como se o mundo fosse acabar amanhã aqui dentro desse quarto. O que não é justo é você me reduzir à minha sexualidade na frente dos seus 'amigos'. O que não é justo é que eu sinto como se estivesse sempre te escolhendo, mas você não pode me escolher. E eu continuo tentando me convencer de que está tudo bem, mas não está."
Camila estremece com as palavras de Lauren e dá um passo para trás instintivamente. Ela não sabia que Lauren se sentia dessa maneira. Lauren sempre lhe assegurava de que tudo estava bem e que entendia por que Camila tinha que fazer certas coisas para proteger a si mesma. Aparentemente, era só para mascarar como Lauren realmente se sentia sobre a situação toda, mas agora tudo está escapando de sua boca sem filtro nenhum.
"Eu queria que fosse simples assim." Camila murmura fracamente, odiando-se por ter colocado Lauren na posição em que colocou. Ela não consegue sequer olhar a outra nos olhos. "Eu queria poder te escolher toda vez, mas eu só... Não estou pronta ainda." Tal frase partiu o coração de Camila. Lauren merece alguém que a coloque acima de qualquer outra pessoa e Camila acabou de admitir que ela não é capaz disso. Ela acabou de provar para si mesma que não merece Lauren.
"Eu sei que você não está pronta!" Lauren grita repentinamente, fazendo Camila pular de susto. "Eu perguntei pra você hoje mais cedo se você tinha certeza de que estava tudo bem em ser vista junto comigo e você estava toda 'ah, claro, Lauren, tudo bem!'" Ela imita a mais nova de maneira sarcástica. "E adivinha? Não estava tudo bem. Nem quinze minutos depois você me deixou como se mal pudesse esperar para se livrar de mim. Como se eu te desse nojo."
Cada palavra que sai da boca de Lauren é como um tapa na cara. Lauren mostrou que duvida que Camila se importe com ela e isso não só machuca, como também a ofende profundamente. "Como você pode dizer uma coisa dessas?" Camila sussurra incrédula, seu corpo esquentando ao sentir a raiva se espalhando por cada pedaço dele. "Não existe ninguém com quem eu me importe mais do que você! O que, você achou que eu queria te machucar de propósito? Que eu queria te deixar lá sozinha?"
"Bem, é bastante óbvio que você não lutou por mim também." Lauren responde com a voz muito mais calma dessa vez. Como se ela não estivesse se sentindo nem um pouco afetada com o que aconteceu. Como se ela tivesse aceitado tudo. "Eu te disse que esperaria por você, mas agora não tenho tanta certeza se posso fazer isso. Eu te dou o espaço que você precisa e sacrifico minhas próprias vontades por você, mas sinto como se você não conseguisse fazer o mesmo."
"O que você quer?" Camila pergunta, sua voz falha enquanto sua garganta se fecha. Lauren está escapando de suas mãos e é como se Camila continuasse tentando segurá-la pelas pontas dos dedos. Ela sente como se tivesse levado um pé na bunda e elas nem sequer estão juntas. Machuca igualzinho.
"Você. Eu só quero você. Você por inteiro." Lauren espirra e se abraça, seu corpo ainda tremendo. Ela estava lá fora andando nessa chuva e, para piorar, ela sempre está com frio, especialmente nesse quarto. Ela deve estar congelando.
"Mas você me tem-"
"Não, eu não tenho." Lauren a interrompe com a voz cansada. Ela seca os olhos com as costas da mão, seu rímel e delineador borrados. "Talvez aqui onde ninguém pode nos ver, sim, mas assim que botamos o pé pra fora desse quarto, você não é nem um pouco minha. Eu quero segurar sua mão e te beijar sempre que eu quiser, onde eu quiser, porque eu quero mostrar pro mundo que você é minha. Mas eu não posso fazer isso, então você não é minha. E eu sei que você não pode ficar comigo agora, mas eu só... Eu não posso esperar por uma pessoa que não luta por mim o tanto que eu luto por ela."
Camila mal consegue ver Lauren nesse momento, lágrimas quentes estão escorrendo livremente por seu rosto e ela não está fazendo o mínimo de esforço para secá-las. Seria inútil mesmo. Seu coração está doendo tanto que parece que ela nunca mais vai conseguir parar de chorar. "Eu não posso ser quem você quer que eu seja agora." Ela luta para conseguir falar de maneira coerente. "E eu sinto muito por isso, Lauren, mas só porque eu não pude lutar por você nesses momentos não significa que eu não te quero mais do que qualquer coisa nesse mundo."
O lábio inferior de Lauren treme e ela vira a cabeça para o lado. "Talvez... A gente não era pra ser. O universo continua jogando coisas em nosso caminho para impedir que a gente fique juntas e eu acho que é melhor que a gente dê ouvidos."
Camila pisca olhando para ela. "Então é isso?" Ela deixa escapar com a voz trêmula. "Você vai desistir assim de nós? De mim?"
Lauren fica em silêncio por um momento, mas seu silêncio foi mais do que suficiente para responder à pergunta de Camila.
"Eu... Eu não consigo ficar aqui agora." Ela murmura, recusando-se a olhar para o rosto da mais nova. Isso basicamente significa "eu não consigo ficar com você aqui agora". Então Lauren se vira nos calcanhares e faz seu caminho até a porta.
Camila corre até ela imediatamente e agarra seu pulso. Ela não iria deixar Lauren sair de novo, especialmente porque ela ainda está com as roupas encharcadas e congelando até os ossos.
"Eu vou." Camila oferece tristemente. "Eu sei que você só quer se afastar de mim, então deixa que eu vou. Você pode ficar."
Lauren hesita por um momento, mas então assente com a cabeça. E sem falar mais nada, Camila pega sua chave e sai pela porta, fechando-a atrás de si.
Ela respira fundo antes de começar a caminhar pelo corredor vazio, seu coração doendo a cada passo. Ela continua olhando para trás para ver se Lauren tinha corrido atrás dela, mas não há nem sinal dela.
É engraçado como Lauren disse que precisava de alguém que lutasse por ela tanto quanto ela lutaria por esse alguém, mas foi justamente ela quem desistiu de Camila.