Sangue Real [✓]

By TalitaPC

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Alicia Dolohov viveu a vida toda em Cérnia, um dos dez reinos de Régnes. Sua vida era comum, como a de qualqu... More

Epigrafe
Prólogo
DreamCast - Parte Um
DreamCast - Parte Dois
DreamCast - Parte três
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Papo sério
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Uma espiadinha nas redes...
Capítulo 30

Capítulo 13

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By TalitaPC


Ouvi o sinal tocar, indicando o fim da aula. Ajeitei os materiais e estava pronta para levantar quando a professora Savanna chamou a atenção.

— A diretora Analise pediu que avisasse que a urna para se inscreverem ao show de talentos desse período está na mesa ao lado da escada, — anunciou, sorrindo levemente — Joana está à disposição para tirar qualquer dúvida.

Savanna finalmente nos dispensou e esperei estarmos no corredor para questionar Vaiola.

— Show de talentos? — franzi a testa.

— Todo semestre é feito um show de talentos, em que os alunos se inscrevem em diversas categorias, — gesticulou enumerando com os dedos — Música, dança, artes cênicas e outras tantas coisas. — revirou os olhos — Depois disso as inscrições são analisadas e apenas um número X é selecionado. O evento acontece um pouco antes das férias, assim os alunos têm tempo de se prepararem.

— Então nem todos são selecionados? — ponderei.

— Não, — negou com a cabeça — Imagina se todos os alunos da Escola se inscreverem? Iríamos passar uma semana vendo apresentações.

Entramos no refeitório e seguimos até o buffet, nos servindo. Sentamos com nossos amigos e o assunto da mesa era obviamente o show. Luiza estava animada, dizendo que iria se inscrever, segundo ela as aulas de balé que fez dos quatro aos doze anos ajudariam a ganhar.

— Vai participar? — Piter questionou.

Ele estava sentado ao lado de Frederick, que resolveu repentinamente prestar atenção na conversa.

— Não sei, — dei de ombros — Acho que não seria selecionada.

— Ata! — Piter desdenhou e revirou os olhos — Não é a sua mãe que cantava e tocava?

— Sim. — concordei.

— Impossível que não tenha herdado nada do talento dela. — comentou.

Remexi a comida em meu prato enquanto pensava naquilo. Lembrava dos vários vídeos da minha mãe cantando e tocando, que eu passava horas assistindo, sentada no chão da sala.

— Você pode tentar. — Fred interveio fazendo com que o encarasse — Não custa nada.

— E você? Vai participar? — arqueei uma sobrancelha.

— Quem sabe. — deu de ombros — Sou cheio de surpresas. — piscou com um olho só.

Bufei baixo e voltei a comer, prestando atenção na conversa da mesa e encerrando o assunto. Luiza ainda falava animada, mas dessa vez Ximena a acompanhava.

Quando terminamos o almoço e saímos do refeitório, encontrando uma grande quantidade de alunos perto da escada, ao redor de uma urna preta. Será que estavam todos se inscrevendo para o tal show?

Percorri os vários alunos com os olhos, parando na garota que tinha acabado de colocar um papel dentro da urna. Óbvio que Jasmine se inscreveria, pois pelo pouco que percebi seu ego não deixaria que ficasse fora disso.

— Essa competição já está ganha! — afirmou enquanto jogava os cabelos sobre os ombros.

Fiz uma careta de desgosto e nesse exato momento nossos olhos se encontraram, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. Senti alguém segurar meu braço, fazendo com que continuasse andando. Nem percebi que estava parada no meio do caminho e que outros tentavam passar.

— Você tem que aprender a disfarçar. — Piter repreendeu enquanto nos guiava para fora da Escola.

Puxei gentilmente o braço e bufei alto. Não tinha feito nada demais, apenas expressei descontentamento ao ver algo que não achei legal.

Não conseguia encontrar uma lógica para Jasmine ser tão mesquinha. Quem sabe seja por causa da posição que ocupa, como futura líder de um reino. Às vezes as pessoas se perdem em aparências e esquecem que o que importa mesmo é o que realmente somos.

Se fosse uma princesa, ou rainha, não iria querer ser lembrada apenas pela beleza ou qualquer superficialidade, mas sim pelo que fiz ao meu povo, as coisas boas que realizei durante a vida.

— Alicia! — ouvi alguém chamar e percebi que tinha ficado para trás.

Acelerei os passos e deixei esses pensamentos de lado. Não era princesa e nem deveria me preocupar com isso.

Nós sentamos em um dos bancos do pátio e ficamos conversando enquanto não chegava a hora da aula complementar. Vaiola estava ao meu lado e não pude deixar de notar como parecia melhor depois da conversa que tivemos há alguns dias. Deveríamos ter feito a tal intervenção antes.

Quando era hora subi ao quarto para me trocar.

— Hey! — cumprimentei Michely que ajeitava os travesseiros, trocando as fronhas.

— Olá. — sorriu levemente — Seu uniforme já está separado. — indicou a pilha de roupas no canto da cama.

— Um anjo. — afirmei.

Peguei o uniforme e segui ao banheiro, onde tomei um banho rápido antes de vesti-lo. Era aula de defesa pessoal e com certeza suaria horrores, mas estes dias de verão estavam sendo intensos, então qualquer momento era propício para um banho gelado.

Calcei o tênis esportivo e dei tchau a Michely, saindo ao corredor enquanto amarrava o cabelo. Cumprimentei alguns alunos conforme passava por eles e desci a escada, saindo do internato.

Quando entrei no ginásio vi o professor Elliot já passando algumas orientações sobre a aula, então corri para sentar na beirada do tatame.

— Vou demonstrar para vocês e depois quero que formem duplas, ok? — Elliot comentou.

O professor pediu se alguém se voluntariava para a demonstração e um menino moreno ergueu a mão. Me acomodei melhor e prestei atenção na explicação.

Acordei mais animada do que o normal. O motivo? Hoje era sábado, não tem atividade extracurricular e estou em Cérnia.

Sim, tinha conseguido vir para meu reino. Cheguei ontem à noite, então não tinha visto ninguém além de Leila. Nós pedimos pizza e comemos enquanto contava sobre como estava indo as coisas na Escola.

— Bom dia! — beijei a bochecha de Leila.

Sentei à mesa e peguei uma torrada, passando geleia.

— Bom dia querida. — sorriu e encheu minha xícara com café — Como dormiu?

— Muito bem. — bebi um pequeno gole — Toda vez que venho para cá lembro o quanto gosto dessa casa, do meu quarto... — suspirei baixo.

— Aqui sempre será seu lar. — colocou a mão sobre a minha, apertando-a gentilmente.

— Eu sei. — concordei.

Continuamos tomando café enquanto conversávamos. Durante a manhã também ajudei Leila a fazer um bolo de chocolate e depois o almoço. Foi como voltar no tempo, que não fazia tanto assim, mas era nostálgico, com certeza.

...

— Nos vemos mais tarde. — Leila se despediu.

Estávamos agora no centro do reino, ela trabalhava no sábado à tarde, então combinei de sair com meus amigos. Nos encontraríamos na mesma cafeteria de sempre.

Estava com saudades de andar por Cérnia. Era bom reconhecer os lugares pelos quais passava e lembrar alguns momentos que vivi.

— Alicia. — a senhora de meia idade sorriu quando me viu entrar.

— Margarete. — cumprimentei.

— O mesmo de sempre? — arqueou uma sobrancelha.

— Sim. — afirmei.

Sentei em uma das mesas perto da janela e peguei o celular, conferindo as horas. Vi que havia algumas mensagens e resolvi respondê-las para passar o tempo.

Esta foi a resposta de Jordan depois que falei não estar em Zifush neste final de semana. Recebi um convite seu para sairmos, mas já havia combinado com Leila de vir a Cérnia e não podia desmarcar, então sugeri que nos víssemos um dia desses quando ele estivesse na Escola Real.

Jordan ajudava o professor de fotografia, mas não era todas as semanas, então não tínhamos conseguido nos ver novamente.

— Adivinha quem é? — alguém questionou enquanto tampava meus olhos.

Dei risada e puxei as mãos de Sansa, levantando e abraçando-a. Depois foi a vez de Ryan.

Quando estava na Escola Real não ficava pensando muito em Cérnia e nas pessoas que amo e deixei, afinal isso não ajudaria na adaptação. Mas quando estava aqui sentia o coração apertado e torcia para que o tempo passasse lentamente.

Margarete trouxe meu chá gelado e a fatia de torta de maçã. Depois anotou o pedido de Sansa e Ryan.

— Então, conte-me tudo e não esconda nada. — sorri maliciosamente, olhando para Sansa.

Sabia que ela e Eduardo estavam saindo. Nós três costumamos conversar quase todas as noites por vídeo chamada e Ryan fazia questão de pegar no pé de Sansa puxando este assunto.

— Nós só estamos nos conhecendo... — deu de ombros.

— Isso é muito vago, — desdenhei — Você pode ser bem mais detalhista do que isso Sansa. — acusei.

— Ok. — suspirou baixo.

Sorri vitoriosa e me acomodei melhor na cadeira, bebendo um generoso gole de chá enquanto Sansa iniciava seu relato.

Ficamos na cafeteria conversando por várias horas. Já tinha ouvido sobre Eduardo e as aulas de Ryan em Volmart, também os atualizei sobre a Escola Real. Sansa insistiu para que falasse sobre a tal 'garota esquisita', como intitulou Jasmine, mas não tinha muitas informações para lhe dar, pois estava a evitando. Comentei sobre o show de talentos e isso animou os dois, que ficaram enchendo meus ouvidos dizendo que deveria participar.

— Você anda muito saidinha, senhorita Alicia. — Sansa sorriu maliciosamente — É assim que gosto!

Agora estávamos falando sobre Jordan. Não sei como o assunto parou nisso, na verdade, acho que porque falei sobre o pub que havia em Zifush e o karaokê. Sabia que os dois adorariam ir até lá.

— Não estou fazendo nada demais. — neguei.

— E merece um tapa por isso. — interveio e se inclinou sobre a mesa, batendo em meu braço — Onde já se viu, dois tremendos gatos a fim de você e a senhorita não dando uns bons beijos em nenhum? — fez uma careta.

Dei de ombros e bebi mais um gole no segundo copo de chá do dia.

Quem sabe estivesse sendo burra, porém me conhecia o suficiente para saber que não ficaria com duas pessoas ao mesmo tempo. Frederick era uma opção remota, pois não gostava de garotos muito insistentes e tinha aquela sensação sempre presente de que não devia me meter com ele. Já Jordan era interessante, engraçado e tinha um papo bacana, além de ser lindíssimo, na verdade, nada impedia de futuramente rolar algo. Apesar de não estar procurando envolvimentos amorosos no momento, queria me concentrar na Escola e fazer merecer a bolsa que ganhei.

Depois de satisfeitos, nós saímos da cafeteria e andamos pelo centro do reino, passeando calmamente. Passamos em um sebo e comprei dois livros, além de um disco para a tia Leila, que gostava de ouvir músicas no vinil. Depois sentamos em um banco da praça e compramos sorvete, saboreando enquanto conversávamos. Era engraçado como nós três sempre tínhamos assunto.

Quando já era noite me despedi de Sansa e Ryan. Era muito bom os momentos que passávamos juntos. Tinha aquela sensação de acolhimento, pertencimento, de estar em casa. Cérnia sempre teria um pedaço do meu coração. Era meu lugar no mundo.

Chamei um carro e segui para casa, onde Leila esperava para jantar. Nós preparamos juntas uma torta salgada e comemos enquanto ela falava sobre seu dia no trabalho.

Deixamos a cozinha limpa e fomos para a sala. Peguei a caixa na estante e escolhi uma das fitas, colocando-a no aparelho. Sorri nostálgica assim que a imagem da minha mãe surgiu na tela da tv.

— Ela era muito bonita. — Leila comentou.

Assenti, indo sentar ao seu lado no sofá. Tia Leila me puxou para mais perto e passou o braço pelos ombros. Apertei o play e imediatamente a voz de minha mãe preencheu o ambiente. Um arrepio percorreu meu corpo.

Quando era criança costumava assistir os vídeos dela com frequência. Foi a forma que encontrei de lidar com sua ausência e a saudade. Não tínhamos tantos vídeos assim, mas a maioria era de suas apresentações e alguns caseiros.

Deitei a cabeça no ombro de Leila e fechei os olhos, apenas escutando a melodia da música e a voz suave da minha mãe. Um calor surgiu em meu peito e por alguns poucos minutos deixei uma pontada de tristeza me envolver, lamentando os momentos que não tive ao lado dela.

— Sua mãe te amou muito. — Leila afirmou segurando minha mão — Você foi muito desejada por ela.

Assenti e sequei uma lágrima solitária que escorreu pelo meu rosto. Era reconfortante saber que minha mãe me quis, já que não aconteceu a mesma coisa com meu pai.

Nós ficamos ali na sala até que o sono chegasse. Na verdade, cochilei ouvindo as músicas e Leila me acordou para que subisse, dormir no quarto, mais confortavelmente.

Nessa noite sonhei com uma mulher de cabelos loiros, tocando piano. Quando a música terminou ela levantou e andou em minha direção, sorrindo. Foi quando a reconheci, era minha mãe. Nos abraçamos apertado e lembro de ter sido extremamente reconfortante.

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